Borderline escrita por Thais LeFey


Capítulo 13
A clínica


Notas iniciais do capítulo

Oiii turminha, eu voltei, mas ainda não é para ficar, a falta de retorno de vocês me deixa bastante frustrada, mas enfim, eu vou postar o capítulo 13 e quem quiser pode conferir também o capítulo novo em secrets and lies (repostada) espero que goste, agora chega de enrolação e leiam o capítulo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/668895/chapter/13

Depois do meu ataque de raiva há dois dias, Rachel conversou muito comigo sobre a possibilidade de eu ser internada.

—Sany, você não precisa ser internada, entende? Não é porque você teve um ataque  de raiva que deveria ser internada.

—Mas Rachel, eu tenho transtornos mentais.

—Nem todas as pessoas que sofrem de transtornos mentais precisam ser internadas Santana, tem pessoas, como você que conseguem viver muito bem em sociedade, que sabem se portar muito bem. – Sorriu e me abraçou no sofá da sala. – Você não tem noção do quão forte você é Sany. – Tentei interrompê-la. – Não estou falando da sua mesa voadora. – Ela riu. – Estou falando da sua força interior. Pessoas mais frágeis, não teriam suportado o que você sofreu com sua avó, não teriam suportado o que você passa na escola, elas teriam se entregado antes. – Suspirou. – Você não, você está aqui, em pé, você é uma vencedora.

—Mesmo?

—Mesmo. Agora vamos na cozinha que eu preciso preparar o almoço. – Sorriu me tirando do colo e seguindo para o cômodo.

Faltava uma semana para as férias de inverno, Rachel prometera que passaríamos este ano em New York, Britt iria com os pais e Quinn inventara uma desculpa para não viajar este ano para a família do pai dela e iria conosco. Ficaríamos até dia primeiro de janeiro e voltaríamos para o inicio das aulas.

—Sany. – Minha irmã me chamou, assim que saímos da escola, eu não estava muito bem, queria ficar com ela hoje, até aceitaria ir na tal clínica, odiava aquele lugar, mesmo nunca tendo entrado lá, mas só a perspectiva de um dia poder ser internada em um lugar como aquele parecia assustador. – Te llevaré en  la casa y voy trabajar. Porfavor, obedezca Úrsula.

—¿Hoy, puedo ir contigo?

—Sany, me voy a clínica, no te gusta de ese lugar, pequeña.

—Lo sé, simplemente no quiero alejarme de ti hoy, no me siento bien.

—Está bien, puede ir conmigo, Sólo tengo que decirle a Úrsula que no necesita aparecer en la casa.

—Gracias Rach.

—Pero sabes que yo trabajo allí no puedo darle atención todo el timpo.

—Lo sé. Puedo estar haciendo las actividades que tienen allí. ¿O solo los pacientes pueden?

—Tu puede también, el director sabe acerca de usted.

—¿Usted hay hablado de mi en su trabajo? – Coloquei a mão na boca e comecei a sugar ansiosa.

—Sí, he dicho que tengo una hermanita, especial. El director me dijo que  puedes ir cuando quieras. Usted puede hacer todas las actividades cada visita a la clínica.

—¿Voy a ser una paciente? – Perguntei assustada.

—¡Por supuesto que no, Sany! Sólo será una paciente se quieres.

—¿Tengo que ser internada para ser paciente?

—¡Por supuesto que no! Algunos pacientes no son internos – Explicou –Algunos sólo necesitan  las consultas y actividades,  pero no viven. No necesitas temer, no quiero internar usted. – Suspirei alto e voltei a sugar a mão com mais calma.

—Tengo miedo Rach, muchas famílias renuncian personas como yo.

—Nunca te abandonaré o renunciaré de ti Sany, debe saber.

—Lo sé pero soy una persona insegura.

—Lo sé. – Beijou meu rosto e chegamos ao estacionamento.

Rachel ligou para Úrsula e avisou que eu iria para a clínica, ela teria a noite de folga.

Quando Rachel chamou Úrsula me assustei com a ideia de ter uma enfermeira, fiz o maior escândalo, disse que minha irmã não confiava em mim para ficar sozinha. – Bem eu não confio em mim para ficar sozinha, mas não vem ao caso.  – A ofendi de vários nomes e mais um monte de merda, Rachel explicou mais de uma vez que como trabalha a noite e eu precisava de cuidado e atenção especial ela precisaria contratar alguém, fiz de tudo para afastar aquela mulher, no começo eu a odiava porque ela não era a Rachel, e eu queria a minha irmã, parecia uma criança mimada, ela precisou usar a contenção a semana inteira, porém é delicada e carinhosa, nunca me tocou ou me machucou, depois de um tempo ela se tornou minha amiga, me ajuda em matérias da escola quando tenho dificuldade, assiste filmes comigo, é super paciente, não sei como ela me aguenta, sério, vários dias eu cuspi comida na cara dela só de implicância a comida dela é boa, ela apenas limpava o rosto e voltava com um sorriso e sentava ao meu lado para me alimentar, quando estava contida.

—Sany. Querida – Rach me sacudiu, pra voltar a mundo real. – Chegamos. – Ela sorriu. Ela percebeu que estava assustada porque  acariciou a minha mão e voltou a falar. – Esta tudo bem, não esqueça você é minha irmã, não é uma paciente, certo? – Assenti.

—E se eles me tratarem como paciente?

—Não irão, porque eles sabem que é minha irmã, e que não admitirei que te tratem como se fosse uma das pacientes.

—Certo. Obrigada Rae.

—Está agradecendo muito, Sany, devo me preocupar? – Assenti. Ela me encarou analisando. – Eles não podem tocá-la, se tiver um surto, eu serei a única pessoa que vai encostar em ti, certo? Vou te acalmar e te deixar segura, como sempre.

—Você me amarrará lá? – Suguei a mão assustada.

—Não Sany, lá não, porque você não é uma paciente da clínica, entendeu? Vou te tirar de perto das pessoas, te levar para uma salinha vazia ate que te acalme.

—Tudo bem. – Falei sem tirar minha mão da boca, eu estava muito assustada, mas não queria ficar longe da minha irmã, não hoje, precisava ter ela por perto.

Saí do carro e olhei a fachada, era uma casa amarela com flores nas janelas e um caminho de pedras que separava a grama e pequenos canteiros, parecia um lugar simpático. Rachel entrou pegou seu crachá mostrou ao recepcionista.

—Boa noite doutrora.

—Juan, já conversamos sobre isso. – Sorriu simpática.

—Desculpa Rachel. – Ele assentiu sorrindo timidamente. – Tu hermana? – Perguntou.

—Sí, esta es Santana, mi pequeña.

—Encantado de conocerte, chica, tu hermana habla muy bien de usted, es muy hermosa. – corei e sorri timida, ele era simpático não me tratava como imbecil ou como louca, gostei dele, quando estendeu a mão a apertei. Rachel não ficou surpresa sabia que me sentia segura quando me tratava como uma pessoa “normal”, ela odeia que eu fale isso, mas enfim.

—Es un placer conocerte tambien Juan. – O sorriso dele aumentou, Juan era um rapaz latino, bem jovem e simpático.

—Vamos adelante Sany? – Perguntou com a mão na maçaneta da outra porta. Coloquei a mão de volta a boca e comecei a sugar ansiosa.

—No tengas miedo niña, son buena gente, y ellos saben que no es una paciente, Rachel ha dejado claro – Juan me confortou pacientemente.

—Gracias Juan. Digo esto a ella desde que salió de la escuela, pero necesita de una confirmación. ¿Puede darnos un gafete de visitante?

—Por supuesto. – Pegou um crachá e estendeu para Rachel que pendurou na minha blusa.

—Gracias Juan, tenemos que ir ahora.  Hasta luego. – Rachel girou a maçaneta e abriu a porta. Suguei a mão com mais força. Rach me abraçou fazendo com que eu ficasse calma – No tengas miedo, es mi hermanita, no es una paciente, cierto? – Assenti.

—Rachel!!! – Escutei uma voz animada e desconhecida.

—Não liga para ela, é mais doida que os pacientes. – Riu para mim. – Hei Jane, olha quem veio visitar. – Cumprimentou uma morena de olhos cor de mel.

—Uau, quando você fala da tua irmã com os olhos brilhantes e um sorriso enorme, eu achava que era exagero, mas sério Rachel, ela é linda, e agora eu vejo que a beleza da família caiu para ela. – Deus e eu achando  que eu sou louca, Jane é doida, no começo ela assusta depois a gente acostuma. – Muito prazer Santana, agora eu entendo a  admiração que ela tem por ti. E não liga para mim, eu sou meio doida mesmo. – Sorriu, e eu sorri de volta sem tirar a mão da boca, porém agora estava mais calma. – Na verdade o meu trabalho como psiquiatra é um disfarce só pra não me internarem. – Rachel caiu na gargalhada e Jane piscou para mim.

—Viu, eu falei que ela era doida. Como está tudo por aqui? – Minha irmã perguntou agora séria.

—Calmo, a Gabrielle está no quarto branco, ela surtou de tal forma que só contenção não adiantou. Sua irmã por sorte não vai ter o desprazer de conhecer.

—É a única paciente que não gostamos, os outros são melhores bem melhores. – Rachel explicou e Jane concordou. – Quer conhecer a clínica, Cariño? – Assenti.

Rachel me mostrou diversas salas de consultas, espaços de atividades, me apresentou alguns profissionais e pacientes, menos o tal quarto branco, o que me deixou feliz, Rachel me explicou para que funcionam estes quartos, ela tem um em casa e um em New York, mas já me tranquilizou que só usará se for mesmo necessário, ate que uma criança loirinha de olhos verdes , veio correndo em direção a nós.

—Tia Rach! – Sorriu animada. – Que bom que chegou, essa é a Santana? – Perguntou apontando para mim.

—Sim esta é a minha irmãsinha. – Sorriram para mim. – Sany, essa é a Clair, nossa mascote aqui da clínica, ela é filha da maluca da Jane.

—É eu não sou paciente aqui, só acompanho minha mãe algumas vezes. – Sorriu. – Prazer em te conhecer, espero que a Rach te traga mais vezes, aqui é bem legal. – Saiu correndo de novo.

—A Clair é uma pestinha, como a mãe dela. – Piscou para mim, eu tinha um sorriso nos lábios escondido pela mão. – Vamos, vou te apresentar o diretor. – Congelei. – Sany, só te apresentar, ele tem curiosidade em te conhecer, de tanto que eu falo em ti, vamos cariño, não é nada demais!

Rachel me puxou e eu a segui maquinalmente, estava tremendamente assustada, com medo que ela me deixasse lá, internada, nem abri a boca e não tirei minha mão da boca para nada.

Rachel bateu na porta e escutamos um entre. Entramos, o escritório era grande, com uma escrivaninha, vários certificados na parede, uma estante , um sofá duas cadeiras e uma mesa com tampo de vidro para reuniões. Atrás da escrivaninha estava um homem de descendência latina com aparência jovem deveria ter uns quarenta e cinco anos, o sorriso sedutor e o corte de cabelo moderno.

—Rachel!  Vejo que finalmente trouxe sua irmã para nos visitar. – Muito prazer meu nome é Jesse Katsopolis. – Permaneci em silêncio, apenas assenti. – Sentem-se. Eu não queria sentar mas Rachel me dirigiu a cadeira sem soltar minha mão da sua.

—Está gostando da Casa Santana? – Perguntou com a voz calma. O nome da clínica é “Home” fiquei intrigada com o nome no primeiro momento, era estranho, uma clínica com esse nome, pelo menos eu pensava.

—Santana está um pouco assustada. Ela levará tempo ate se sentir segura para conversar. – Rach explicou e acariciou meu rosto.

—Ah entendo. Mas não se preocupe, não temos intenção nenhuma de interná-la ou algo parecido Santana, só fiquei curioso sobre você porque Rachel fala tanto  e com uma admiração tão forte, que eu realmente queria te conhecer, ela sente muito orgulho de você, sabia? – Assenti e sorri timidamente. – Bom, agora eu entendo. – Sorriu. – Espero que goste daqui, somos como uma família. Por isso a clínica tem esse nome, somos uma família e todos devem se sentir em casa, certo Rach?

—Certo Jesse.

—Rachel já te mostrou a casa? – Assenti. – Vou te dar um documento onde te autoriza a participar das atividades como visitante, apenas para conhecer nosso trabalho, certo? – Perguntou, assenti novamente. Quando ele me entregou o papel me pus a ler e suspirei aliviada quando vi que era exatamente o que ele me dissera.

—Agora acredita em mim? – Rachel perguntou brincalhona. Assenti e sorri para ela. – Ótimo, ahora puede relajar un poquito.

O tempo que a Rach ficou trabalhando eu fiquei nos espaços de atividades, era muito legal, os terapeutas ocupacionais da clínica tem uma paciência de Jó com os pacientes, nos tratam bem. O primeiro dia que fui na clínica apenas como visitante, eu estava com medo no começo, não sabia o que encontraria e principalmente se me obrigariam a ficar, mas depois quando eu relaxei de vez eu pude aproveitar a tarde e o passeio, me diverti.

—Sany, Cariño. Já está na hora de irmos. – a encarei triste.

—Ah, já? Eu nem vi o tempo passar. – Fiz beicinho.

—Ué? Você não odiava a clínica, não dizia que adoraria passar longe? – Baixei a cabeça rindo tímida. – Viu só, não é tão mal, certo?

—Sim, é legal aqui, conheci bastante pessoas legais, pessoas como eu.

—Viu só?

—Sim, eles não parecem loucos, parecem normais.

—Mi amor, todos vocês são normais, apenas diferentes. Não é porque você tem algumas limitações assim como eles, que você não seja normal.

—É que a vida toda falaram o contrário para mim e eu comecei a acreditar.

—Lo sé mi amor, lo sé, pero ahora no necesitas más creer en todo o que hablaran acerca de ti. ¿De acordo? – Sorriu e me abraçou carinhosa.

Saímos da clínica, entramos no carro seguimos para casa conversando.

—Eu posso vir mais vezes?

—Claro que pode.

—Eu acho que gostaria de ter algumas consultas lá, você acha que eu poderia?

—Claro que poderia, mi amor. Como eu disse, não precisa ser uma interna para ser paciente da clínica.

—Tá bom, eu acho que eu vou então. – Coloquei a mão na boca e comecei a sugar, Rachel sorriu doce.

 

Rachel

Estacionei o carro e percebi que Santana dormia, o dia dela fora bastante agitado, mas o bom é que ela passou bons momentos na clínica, jantou comigo no refeitório, comida dos médicos é claro, alguns dos enfermeiros torceram o nariz mas não falaram nada, eu não permitiria que destratassem a minha irmãsinha. Peguei Sany no colo e fomos para dentro de casa, coloquei ela na cama, dei um banho de paninho apenas para tirar o suor do corpo e coloquei o pijama. A acordei apenas para lhe administrar os remédios via oral, a única vez que peguei a injeção ela acabou se machucando, foi horrível  e ela acabou com um braço quebrado, depois disso  nunca mais injetei a medicação.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Borderline" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.