Um toque especial escrita por White Manju


Capítulo 1
One Shot


Notas iniciais do capítulo

Queria muito agradecer a fofa da Alice Alamo, minha beta, que foi simplesmente um doce de pessoa! Muito obrigada por sua ajuda e pelas observações feitas. :)

Eu escrevi essa fic para uma amiga que é fã de carteirinha do Shiryu, e como Shun é o meu amorzinho só foi misturar açúcar, tempero e tudo que há de bom que "poof", essa coisa fofa nasceu!

Também é a primeira vez que eu escrevo yaoi, por isso eu espero, realmente, que vocês curtam a história.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/668873/chapter/1

O suave vento da manhã serpenteava por entre os seus cabelos verdes, fazendo com que o jovem cavaleiro de bronze recordasse de seus dias de treinamento na Ilha de Andrômeda. Claro que nem todas as lembranças eram boas, mas, ainda assim, haviam aquelas que ele guardava com todo o amor e carinho. Os tranquilos momentos em que June afagava seus fios de forma quase maternal e os frequentes conselhos de seu falecido mestre, Abiore, eram algumas delas. E eram essas lembranças, além de outras coisas mais, que faziam com que tudo que havia feito valesse à pena.

Remexeu a água da piscina com os pés submersos de uma forma quase infantil, apreciando a tranquila solidão daquela bela e pacifica manhã de sábado. Havia decidido ficar só enquanto os demais moradores da mansão se encontravam fora em outras atividades. Não que fosse do tipo solitário, deixava esse papel a cargo do irmão, porém era como se, naquele dia, uma estranha necessidade de ficar a sós com os seus pensamentos tivesse brotado dentro de si.

Lembrava-se vagamente de ouvir Geki, Nichi, Ban e Ichi mencionarem alguma coisa sobre passar a manhã no karaokê, enquanto a senhorita Saori, que era sempre escoltada por Tatsume e Jabu, estava cuidando de alguns assuntos referentes a Fundação Graad. Já Seiya e os outros haviam convencido Ikki, que surpreendentemente tinha dado o ar da graça, a sair com eles em algum programa de gosto duvidoso que o cavaleiro de pégasus planejara.

Shun deitou-se, fechando os olhos. à borda da piscina, aproveitando o clima gostoso que fazia. Os pés ainda dentro d’água e os raios dourados aqueciam seu rosto e braços nus.

Sorriu ao visualizar em sua mente a insistência de Seiya em fazê-lo sair de casa, chegara até a pondo de ajoelhar-se e agarrar uma de suas pernas, mas, no fim, havia sido fiel a sua decisão. Era uma oportunidade rara, afinal, nunca se sabia quando a próxima batalha iria irromper e se todos sairiam vivos dela. Por isso, o que o Amamiya mais queria naquele momento de calmaria era curtir o momento.

Até que gostava de sair com os amigos, apesar de achar tais saídas um tanto quanto barulhentas demais para o seu gosto, mas, em geral, eram momentos divertidos. Isso quando Seiya não saía gritando pelo meio da rua, enquanto Hyoga e seu irmão trocavam farpas (quase socos) um com o outro. Apenas Shiryu, que sempre permanecia calmo e tranquilo, parecia ser o mais normal e centrando dos quatro.

E, sinceramente, Shun gostava muito da companhia do amigo dragão.

Ficou ali de olhos fechados por mais algum tempo antes de respirar fundo e pôr-se de pé, recolhendo os sapatos que estavam ao seu lado. Estava ficando com fome, e, pela posição do sol, deveria estar perto do meio dia. Andou despreocupado em direção à mansão e seguiu direto para seu quarto. Queria se lavar antes de ir até a cozinha e preparar alguma coisa.

Tomou um rápido banho de cabeça e tudo e logo já estava vestido com um conjunto de roupas limpas, uma camiseta monocromática de gola em “v” listrada e uma bermuda branca. Dirigiu-se para fora do quarto com os cabelos ainda úmidos e com os pés descalços, indo em linha reta até chegar ao seu destino. Seu estômago já começava a reclamar e estava com uma estranha vontade de comer katsu de frango com curry. Só torcia para que todos os ingredientes de que precisaria estivessem a sua disposição.

Não demorou a por o arroz no fogo e ir até a geladeira procurar pelo resto dos ingredientes. Sorriu ao encontrar o frango e as verduras, continuando, assim, com os preparos de sua refeição. Tampou a panela em que o curry estava sendo cozinhado e voltou sua atenção para o frango quando ouviu uma voz vinda da porta da cozinha.

− Que cheiro bom − o timbre calmo e suave da voz de Shiryu ressoou em seus ouvidos fazendo o mais novo encará-lo um tanto surpreso.

− Shiryu? – indagou, encarando o moreno que estava encostado, de braços cruzados, no caixão da porta. − Não sabia que já estava em casa. Onde estão os outros?

− Bem... − começou dando um sorriso de canto enquanto passava a mão pela nuca. − Digamos que eu não cheguei a ir muito longe com eles....

Ficou encarando o amigo por mais algum tempo, até que a ficha pareceu cair.

− Espere um pouco − franziu o cenho enquanto examinava os olhos turquesa do amigo. − Está me dizendo que você estava aqui esse tempo todo?!

− Não exatamente − sorriu da cara bonitinha de confuso que o cavaleiro de Andrômeda fazia. − Na verdade, eu os acompanhei até a metade do caminho de onde Seiya estava nos levando, mas, quando percebi que minha presença não faria muita falta, decidi voltar. Para ser sincero, só concordei em ir porque Seiya já estava me irritando com esse assunto.

Shun não pôde evitar uma leve risada escapar-lhe os lábios, sabia bem como Seiya poderia ser quando queria muito alguma coisa, ele simplesmente ganhava pela insistência.

− Se eu soubesse que estava aqui, teria feito companhia a você. Por que não me chamou?

− Eu até fui atrás de você − sorriu de forma doce e suave, indo em direção ao amigo. − Mas, quando te vi tão tranquilo ali na beira da piscina, não tive coragem de te perturbar.

A maneira como Shiryu havia lhe sorrido fez seu rosto queimar. Era raro ele demonstrar tanto carinho na frente de outras pessoas, e sentiu-se muito feliz e privilegiado por ser quem recebia tal demonstração.

− Não sabia que você cozinhava − falou analisando o conteúdo de uma das panelas.

− Foi o Ikki que me ensinou − riu ao ver a cara de pura surpresa do amigo e voltou a dar atenção ao frango à sua frente. − Pode não parecer, mas o meu irmão é um ótimo cozinheiro.

− O Ikki? É sério isso?

− É sim, mas não conte a ninguém. Meu irmão não gosta muito que os outros saibam desse lado caseiro dele.

Shiryu acenou positivamente e continuou observando a maneira hábil com que o amigo se portava na cozinha. Shun parecia tão “normal” fazendo aquilo que chegou a pensar que o rapaz seria a pessoa que melhor se adaptaria a uma vida sem as constantes batalhas.

Passaram um tempo em confortável silêncio, Shun até cantarolava uma canção, quando o ouviu dirigir-lhe a palavra:

− Espero que esteja com fome. Pode me ajudar a arrumar a mesa?

Shiryu assentiu dirigindo-se aos armários, procurando por pratos e talheres, e não demorou muito para que a mesa estivesse posta e ambos sentados prontos para comer.

− Itadakimasu! − agradeceram pela comida e foram ao ataque.

Shun comia com um sorriso no rosto, foi só quando colocou a comida na boca que percebeu o quão faminto ele estava. E poder comer o que estava desejando era um grande bônus.

Mas foi quando viu Shiryu parado, olhando fixo para o prato e com a colher a meio caminho da comida, que ficou preocupado. Será que o que havia preparado não estava de seu agrado? Será que ele havia achado a comida muito temperada?

− Não gostou?− perguntou em um tom triste pelo amigo não ter, aparentemente, gostado do que fizera.

Era a primeira vez que alguém, além de Ikki, provava alguma coisa que ele mesmo havia preparado, e queria muito que ele gostasse da refeição.

Shiryu pareceu despertar de seus devaneios pela pergunta e, ao ver o semblante triste que o amigo sustentava, percebeu que sua reação havia sido mal interpretada. A comida à sua frente não estava apenas deliciosa, ela lembrava-lhe muito a comida da Shunrei. Ela tinha um gosto especial, um toque caseiro que aquecia o coração e dava a sensação de estar de volta em casa, uma sensação que, para alguns, remetia às lembranças da infância e da tão famosa “comida da vovó”.

− Não, não é isso. A comida está deliciosa − sorriu calorosamente olhando para o rapaz a sua frente. − É que a sua comida me trouxe boas lembranças. Me lembrou dos meus dias de aprendiz em Rozan.

Shun não conseguiu evitar que seu rosto ruborizasse novamente. Além disso, podia jurar que seu coração havia se esquecido de bater por um momento. Estava presenciando um lado do amigo que era totalmente novo para si, sempre havia admirado Shiryu por diversos motivos, mas agora o via por um ângulo diferente, e isso apenas fazia com que aquele pequeno sentimento que estava escondido em seu coração começasse a dar as caras novamente.

De uns tempos para cá, havia começado a sentir algo diferente em relação ao amigo. Pegou-se várias vezes encarando-o por longos períodos de tempo quando ele não estava olhando. Além disso, sentia o coração acelerar com o mais simples dos contatos físicos.

Negava a si mesmo a atração que sentia e se iludia dizendo que tudo não passava de uma mera admiração pelo irmão de armas. Mas agora... agora que estavam a sós naquele momento tão íntimo, dividindo, de acordo com Shiryu, uma deliciosa comida caseira, não sabia, ao certo, se poderia continuar mentindo para o seu coração.

− Oh, é mesmo? − falou meio acanhado, desviando os olhos e remexendo sua comida com a colher.− Fico feliz que tenha gostado.

Shiryu acenou positivamente com a cabeça, e continuaram a comer em silêncio. Silêncio esse que perdurou até o fim da refeição e continuou até que a louça estivesse limpa e devidamente guardada, fato que começou a incomodá-lo bastante.

Não gostava de vê-lo calado daquela forma, simplesmente não combinava com ele. Shun era uma figura alegre e gentil, o tipo de pessoa que trazia a felicidade a tiracolo e conseguia por um sorriso no rosto de qualquer pessoa, sem contar que sua sensibilidade e compaixão só poderiam ser equiparadas a da própria Athena. Por isso, vê-lo tão quieto daquela forma o deixava um pouco angustiado.

Porém, lá no fundo, Shiryu sabia que esse não era o único motivo.

− Você quer sobremesa, Shiryu? –pronunciou-se tentando soar descontraído, apesar do clima um tanto incômodo − Eu comprei alguns manjus ontem, podemos comer tomando chá.

Shiryu nada respondeu, apenas continuou observando o companheiro ir em direção à geladeira, retirando os doces e, logo em seguida, indo atrás das xicaras. Foi então que tomou a decisão de se mover.

Shun precisava distrair-se daquela situação constrangedora, e a melhor forma que encontrou para fazer isso foi tentando agir naturalmente, mas sabia que estava falhando de forma miserável. Assim, voltou sua atenção para o armário à sua frente, abrindo-o e procurando por um par de xícaras que pudesse usar.

Contudo, foi a respiração quente em seu pescoço e os fortes braços rodeando sua cintura que fizeram seus movimentos pararem.

− Shi...Shiryu? – murmurou, sentindo seus batimentos cardíacos decolarem. − O que está fazendo?

− Você me perguntou se eu queria sobremesa − falou se enterrando ainda mais naquele pescoço macio e depositando um beijo demorado. – Mas o que eu quero é outra coisa...

− O que?!

− Você.

O beijo foi a única que Shun conseguiu perceber naquela rápida desenvoltura de acontecimentos. Não sabia como havia ficado de frente para o moreno e nem quando uma das mãos dele, que estava em sua cintura, foi parar na parte de trás da sua cabeça, mantendo-o no lugar. A única coisa que sabia era que, se aquilo fosse um sonho, não queria acordar nunca mais.

Shiryu separou seus lábios por um breve instante, mas logo voltou a uni-los em uma carícia lenta e apaixonada. Beijava-lhe os lábios, vez ou outra lambendo aquela boca macia, descendo para o queixo e depois para o pescoço; sentia-se totalmente viciado em Shun e, se dependesse de sua vontade, não o largaria nunca mais.

− Humm... Shiryu... − gemeu sentido dentes roçando-lhe o pescoço. Aquilo tudo era tão surreal que sua única prova da realidade era as costas da blusa a qual se agarrava.

− Shun...

− Eu acho que estou apaixonado por você − sussurrou ofegante próximo ao ouvido do amigo.

− Bom − respondeu com um sorriso largo − Assim não teremos problemas.

O Amamiya inclinou a cabeça em um gesto de confusão e piscou algumas vezes. Não havia entendido o que o amigo queria dizer com aquilo.

− Como assim, “não teremos problemas”?

− Você acha mesmo que eu iria te deixar escapar tão fácil depois do que aconteceu aqui?

Shun não falou nada, deixou que o rubor em seu rosto e o lindo sorriso bobo falassem por si. Abraçou o amigo pela cintura, sendo abraçado logo em seguida, e deitou a cabeça em seu peito, fechando os olhos e apreciando o calmo bater do coração do dragão.

− Promete que nunca vai me deixar?

− Nem mesmo quando meu cosmo deixar de queimar − beijou suavemente a testa do rapaz, para logo beijar-lhe os lábios. − E você?

− Eu o que?

− Cozinha pra mim de novo? – falou sorrindo de forma marota.

Shun não conteve uma risada gostosa perante aquela pergunta.

− Claro − sorriu sereno − Só para você.

Fim.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem, e até a próxima fic! :DAbraços da Manju!