Recomeço escrita por bonniesun


Capítulo 1
Capítulo Único.


Notas iniciais do capítulo

Oi c: Essa não era bem uma fanfic de ano novo, era algo que eu tinha parado aqui, dei uma editada e saiu isso >u<. Acho que ficou legal. Sei que não é ano novo ainda, mas fiquei ansiosa para postar. Espero que gostem. E Jerza, porque Jerza nunca é o suficiente.
Boa leitura, pessoas! ♥



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Naquela sexta-feira à noite, a rua repleta de salões e bares estava movimentada. Era começo de madrugada da véspera de ano novo e, o homem solitário caminhava sem pressa, desviando de alguns bêbados ali.

Aquela noite estava fria, como um final de ano deveria ser. Anunciaram naquela manhã a neve que viria com tudo naquele ano novo. Mais uma coisa para completar sua infelicidade, não que estivesse contando-as. Vestia um terno, o que um homem de escritório vestia normalmente. Por baixo do paletó, um suéter que, junto ao sobretudo marrom e ao cachecol felpudo, o mantinha aquecido.

Jellal Fernandes recostou-se à porta de uma boate e retirou do bolso o maço de cigarros, colocando um na boca e acendendo. Ele não era uma figura incomum ali e provavelmente não era o único com uma vida horrível naquela grande cidade que nunca parava. Não era o único a trabalhar demais por pouco dinheiro, não poderia ser o único a não ter sonhos ou objetivos.

Estava em seus trinta anos, não tivera uma juventude cheia de histórias pra contar. Não atraía ninguém, e até se atraía por poucas mulheres, mas nada que o motivasse a fazer algum movimento, até porque todas eram inalcançáveis. Para ele não havia festas e feriados de fim de ano. Para ele, esses eram apenas dias mais barulhentos. Só vivia como um saco vazio e aguardava sua morte, às vezes pensando em adiantar sua vinda.

Antes de terminar o cigarro, adentrou na boate. O lugar fedia a bebida, suor e perfume barato. Algumas pessoas o cumprimentaram e ele apenas acenava com a cabeça esperando que elas entendessem aquilo como uma saudação.

Além do mau cheiro, ali estava lotado. Não ficaria por muito tempo.

Ordenou um uísque enquanto se acomodava como podia na banqueta. Coçou os olhos pesados pela falta de sono, suas olheiras ficavam cada vez mais visíveis. Sua aparência não era a pior se comparada com outros ali. Pelo menos tinha higiene.

Tomou um gole do líquido sentindo sua garganta queimar e uma ânsia vir. Não era o primeiro copo naquela noite. Logo, estaria zonzo.

Seus olhos passearam pelo local mirando as pessoas que se divertiam e algumas das muitas prostitutas que, sorrindo, tentavam trabalhar por algum dinheiro. Isso resumia aquele lado mal iluminado da cidade que as mães sempre diziam aos seus filhos para não irem.

Em meio a sua não cautelosa visão, Jellal pensou ter visto um borrão vermelho vívido por ali. Pendurou novamente o cigarro na boca e fitou seus próprios pés, querendo ficar acordado por mais tempo, ou talvez fosse melhor passar um tempo sonâmbulo, não pensando em seu árduo trabalho e em sua enfastiante vida.

Ao voltar o olhar, reconheceu cabelos escarlates, lábios que não esboçavam nem sequer a farsa da felicidade, olhos aflitos sem nenhum brilho que passavam por todo o local.

A bela moça dona dessas características que o chamaram a atenção estava recostada à parede, enquanto um homem de meia idade tentava puxar assunto praticamente em cima dela.

Ela não revidava, mas aquele olhar enfrentava-o. Ela estava com medo. Aquele comportamento não era o mesmo de outras ali. Prestando mais atenção, viu seus punhos cerrados.

Sua roupa também se diferia, nem esse esforço ela fizera para chamar atenção. Não era o que os homens que frequentavam aquele lugar procuravam, mas ainda assim, parecia haver vários à disposição dela, cada vez se juntando mais à mulher. Ela usava um vestido bege que ia até acima dos joelhos. Simples, sem decote, mas que contornava seu corpo e, como um mimo, um fino cinto que o prendia, acentuando sua cintura. Os braços longos estavam desnudos. Suas pernas eram cobertas por uma meia-calça fina e escura e seu pé calçava uma bota preta de salto de cano curto. Segurava uma bolsa em sua mão e seus cabelos lisos caíam por seus ombros e costas.

Quando uma mão tocou o rosto dela, Jellal pensou que a veria hesitar, mas nada aconteceu além de seu olhar demonstrar uma pontada de desespero. Pela quantidade de homens que se aproximavam, era como se leiloassem a mulher.

Sentiu angústia quando a visão que tinha dela foi coberta. Ali se reuniam os mais ricos daquela cidade, pessoas sujas que, na frente do público eram admiráveis. Não que ele estivesse em posição de falar estando em um lugar daquele, porém, ele possuía uma face só. Sendo assim, tentariam convencê-la a passar a noite com eles pelos mais altos preços.

Um incômodo o fez levantar e andar até a multidão. Empurrou quem estivesse em sua frente para poder enxergá-la, tendo de ouvir coisas nojentas e o protesto de outras prostitutas que tinham a atenção roubada por uma mulher bem vestida, cuja beleza não necessitava adornos. Ao chegar perto o suficiente, sua presença chamou a atenção dela. Seus olhos escuros pareciam pedir por socorro, transbordavam tristeza e cansaço, mas ninguém ali pareceu notar, já que seus interesses se mostravam outros.

Alguns passos foram dados até que ficassem de frente um para o outro e suas mãos se encontrassem. A primeira coisa que ele pensou foi que estava fria e trêmula. Depois sentiu um rápido aperto em seus dedos. Os olhos verdes dele tentou estudar os castanhos dela que finalmente pareceram ganhar vida. Aquilo não durou nem dez segundos, mas para Jellal pareceu mais tempo.

Puxou-a pelo braço sem muita delicadeza e, inconsciente quanto às reclamações dos outros, a arrastou para fora e continuou a levá-la pela avenida até que ela forçasse a parada e se soltasse por si.

Respirando fundo, ele virou para encará-la. Ela possuía o cenho franzido e nada disse. Apenas acariciou os próprios braços para se aquecer.

Ele retirou o sobretudo que usava e, caminhando rápido para trás dela, a ajudou a vesti-lo, passando rápida e ligeiramente as mãos por seus braços, por cima do tecido.

— Jellal, eu... – ela chamara seu primeiro nome. Sua voz estava diferente, entrecortada, e pôde notar, no mínimo, vulnerabilidade.

— Vamos para sua casa. – interrompeu voltando a andar, sem esperar respostas.

— Não. Não para minha casa. – ela retornou mesmo assim.

Olhando-a por cima do ombro, a viu se encolher e fitar os próprios pés.

Mudando o rumo em sua mente, voltou a andar, esperando que ela o seguisse e a mulher o fez. Andaram um pouco, desfazendo o caminho que ele fizera e descendo até o metrô de volta para casa.

Por mais que ele quisesse perguntar e descobrir o que ela estava prestes a dizer, não pronunciou uma palavra sequer. Aguentou o silêncio matador até que chegassem ao destino.

O condomínio era simples, de aparência abandonada. Por fora era horrível, por dentro até aceitável. Subiram até o terceiro andar já que o elevador não funcionava fazia tempos.

O apartamento era arrumado, porém fazia jus ao resto do prédio, precisava de uma reforma, mas ele não parecia se importar. O lugar era tão desgastado quanto o resto de sua vida.

Os dois caminharam até seu quarto, onde uma cama de solteiro estava vazia e desarrumada. Ele fechou a janela ao lado, cortando o inverno que insistia em entrar. Abriu o armário e tirou de lá um pijama, jogando-o numa velha poltrona deixada no canto.

Quando se voltou para a moça, ela olhava para baixo, mexendo na manga da blusa que era muito grande para si.

— Você pode se trocar aqui. – disse se dirigindo para a porta – Eu já volto.

Foi direto para a mini cozinha daquele apartamento que mais parecia um ovo, colocou um pouco de água no bule e deixou no fogão. Abriu a janela e se sentou em sua borda, encostando-se à escada de incêndio enferrujada do lado de fora. Acendeu um cigarro e ficou a pensar sobre esse incidente inesperado. Conhecia-a há anos, mas nunca foram exatamente próximos. Ele morava num pequeno cômodo junto com sua mãe, que era empregada da família. Nunca saía de lá, a não ser para ir para a escola. Quando saíra certa vez, eles brincaram juntos, mas o pai dela não pareceu gostar, então sua mãe se precaveu e o proibiu de vê-la. Um homem assustador. Eles iam para a mesma escola, mas aquela garota era a mais adorada e inteligente, nem pensava em se aproximar dela sendo tão diferente. Hoje, trabalhava para a empresa da mesma família num cargo fraco. Ela era sua chefe e o pai dela também. Por que ela estava naquele lado perigoso da cidade? Não fazia ideia. Estava morrendo para saber o que uma mulher tão poderosa fazia lá.

Quando o bule apitou, preparou um chá para ela. Ele abriu a porta de forma lenta depois de bater algumas vezes. Seus olhos estavam focados no chá, cuidando para que o líquido não fosse derramado. Fora um erro tirar os olhos dali. Olhando pela janela, estava ela, parecendo ter se esquecido do frio, ou querendo pegar um resfriado. Seus pés delicados estavam no chão frio, coberto apenas pela meia fina que subia por suas pernas até o meio de suas coxas torneadas. A calcinha caleçon trabalhada em renda era uma provocação para quem queria ver mais, por mais que a vista já fosse o suficiente para despertar os instintos de alguém. Seu quadril era largo, o que acentuava sua cintura fina. Suas curvas pareciam ter sido desenhadas. Quando ela virou, pôde notar uma cicatriz quase apagada em sua barriga, do umbigo até abaixo dos fartos seios cobertos por um sutiã com os mesmos detalhes de renda da calcinha. Outra cicatriz se fazia presente em sua clavícula, esta possuía uma coloração avermelhada, parecendo mais recente. Sua pela era realmente alva. Podia notar sardas clarinhas em seu peito e ombros, quase não notáveis. Os cabelos escarlates se destacavam e seu corte chamava a atenção para a feição incerta.

— Erza... – pela primeira vez em muito tempo, chamou-a pelo nome, não pelo cargo.

Erza Scarlet caminhou até ele de forma lenta. Seus dedos frios foram para os dois lados do rosto dele. Ela se aproximou mais, deixando uma distância inexistente entre os corpos. Os lábios secos dele roçavam nos rosados e carnudos dela, mal se encostavam, até que ela se rendesse e finalmente os pressionasse num beijo que não se desenrolou. Apenas Erza fazia movimentos tentadores, enquanto sua mão acariciava a nuca do homem à sua frente.

Ele se afastou. Seu coração batia acelerado no peito.

— Por favor, vamos fazer isso logo. – Erza pediu, parecendo tão insegura quanto estava no bar, o que não era a intenção dele. Queria que ela se sentisse melhor, segura, longe daqueles olhares que a devoravam. Mas quem era ele? Jellal podia conhecer Erza, mas Erza não conhecia Jellal. Ele era apenas um estranho, um funcionário.

— Erza, eu... – precisava de um tempo para se recompor, longe do corpo seminu da mulher – Eu não tinha essa intenção, só queria te tirar daquele lugar. – não queria, mas soou magoado.

Os olhos dela se arregalaram e depois fugiram por vergonha. Ela foi rápida em esconder, mas ele viu a ligeira lágrima escorrer pelo rosto corado.

Jellal tomou a mão dela e colocou a xícara de chá que trazia.

— Vista aquilo. – apontou para o pijama que deixara na poltrona. – Fique na minha cama essa noite. Tem outro cobertor no armário se você sentir frio. Eu vou estar na sala.

— Você não entende. É algo que eu preciso fazer, eu preciso do dinheiro! – sua voz era trêmula e falha.

— Erza... Eu não sei os seus motivos, não sei o que está acontecendo, nem tem a ver comigo, mas eu não vou deixar você fazer isso com a sua vida. Descanse. Se você quiser finalmente conversar, eu vou estar bem ali. – apontou para a porta antes de sair.

Jellal retirou o paletó, o suéter e a gravata, se confortando como pôde no sofá, tendo um cobertor fino para se proteger do frio naquela noite. Pelo cansaço, dormiu rápido, mas não bem. O sono foi pesado e turbulento. Entre suas poucas atrações e interesses, Erza era sua perdição. Uma mulher linda e forte que mexia com ele, mas já fazia anos, então aprendera a ignorar sabendo que não passava de um funcionário qualquer para ela. Aquele sorriso dela hipnotizava qualquer um, assim como seu jeito que também amedrontava. E agora, a mulher que estava em sua vida desde sempre, porém tão longe, agora estava ali em seu apartamento, fazendo-o ter algo com que se preocupar. Aquela lágrima o deixou aflito, e agora aparecia em seus sonhos.

Quando colocou os pés no chão pela manhã, um frio subiu pela espinha, fazendo-o bater os dentes. Passou a mão na janela embaçada ao lado e viu que a neve caía lá fora, como o previsto. O relógio apontava nove da manhã. Não trabalharia naquele dia.

Caminhou até o quarto, abrindo a porta vagarosamente, não conseguindo evitar que a mesma rangesse. A cama estava arrumada e vazia, com o pijama dobrado sobre ela. Não sabia por que aquilo o surpreendera. Nenhum bilhete, nada. Apenas o vazio que voltara em seu peito.

Foi para o banheiro e tomou um banho rápido, antes que a água quente acabasse, o suficiente para tirar o odor de cigarro e bebida de si. Voltou para o quarto e deitou em sua cama, que também não era a mesma já que agora possuía um doce cheiro que o perseguiria por um tempo.

Esperou que a luz viesse ao abrir os olhos, mas não aconteceu. Estes pareciam estar cheios de areia. O ambiente estava escuro e a única coisa que enxergava era o relógio digital que apontava dezenove horas. Seu corpo pesava, o que não era para menos. Não comia nada desde o almoço do dia anterior, dormira o dia inteiro, como não fazia há séculos.

Pela segunda vez naquele dia, se levantou, tocando o chão frio com os pés descalços. Tateando o escuro, encontrou a maçaneta da porta e a girou. Logo que o fez, um cheiro peculiar invadiu suas narinas. Um cheiro bom que lhe despertava o apetite.

Atrás da bancada da pequena cozinha, estava ela, concentrada no que fazia, vestindo o pijama dele novamente. Seus cabelos pareciam úmidos, faziam leves ondas.

Ele pensou estar ainda adormecido. Se bem se recordava, ela havia o deixado naquela manhã depois do incidente da madrugada anterior. Com as mãos cerradas em seu antebraço, Jellal se aproximou fazendo com que ela notasse sua presença.

— Oi... – Erza deu um sorriso minucioso, parando o que fazia.

— Pensei que tinha ido embora.

Ela soltou o ar pelo nariz, numa tentativa de riso.

— Não tenho para onde ir. – seu sorriso não era sincero, mas agradava mais do que aquela expressão assustada daquela noite – Eu tinha ido comprar algumas coisas para fazer café, mas quando cheguei você estava dormindo. Achei que alguma coisa tinha acontecido com você, até fui lá algumas vezes pra ver se você estava respirando.

Foi um momento que se amaldiçoou por ter aquele sono pesado.

— Você gosta de bife à parmegiana? – ela perguntou.

Jellal apenas assentiu olhando para o que ela fazia em sua bancada. Não parecia ser muito organizada, mas ele não se importou. Saiu dali e sentou no sofá, passando os dedos entre os cabelos desordenados.

Enquanto estavam ali, Erza evitava qualquer coisa que redirecionasse para a noite anterior, evitava o silêncio constrangedor, no entanto. Ela falava de qualquer assunto, por menos interessante que fosse, sobre como havia gostado do livro que estava na mesinha de centro, sobre como não daria para ver fogos de artifício naquela noite, sobre os fogos de artifício assustarem os animais, sobre como era estranho ver o cabelo dele tão rebelde, sendo que estava sempre penteado para trás no trabalho, também mencionou gostar mais do jeito que estava naquele instante. Jellal corou. Jellal não corava, mas corou. Pouco a pouco, ela tirava o desconforto do ambiente e o tempo passava mais rápido.

Eles se sentaram no velho sofá e jantaram, tomando um vinho barato que Erza trouxera. Estava delicioso. Mais uma qualidade daquela mulher. Ele tentou elogiá-la, mas as palavras não saíram. Apenas concordava com o que ela falava.

— Eu não sou mais sua chefe, não precisa ter medo de mim. – declarou com um sorriso torto.

— Eu não tenho. – disse sem olhá-la.

Ela respirou fundo antes de voltar a falar.

— Jellal, eu... Me desculpe pela noite passada. Eu estava fora de mim. – sua voz estava embargada. – Sabe, meu pai sempre quis um filho. Ele tem tentado me casar e o meu “não” tomou proporções que eu não imaginava e agora... – Erza não pôde evitar que as lágrimas caíssem. Como num reflexo, Jellal as enxugou com a parte de trás dos dedos. Uma memória piscou em sua mente. Já secara as lágrimas dela antes, na infância. – O que é um filho para um pai? O que deveria ser? Você sabe?

Jellal não sabia. Até porque não tivera um pai. Sempre invejou as outras crianças por terem dinheiro e amor da família, principalmente Erza que era tão especial. Mas agora via que se tratava de aparências. E agora se perguntava sobre as cicatrizes na pele da ruiva.

Ele não podia ajudá-la. Não podia perguntar a história completa. Naquele momento, Jellal se sentiu inútil, mais do que se sentira em toda sua vida.

— Uma coisa que eu sei é que sempre podemos recomeçar, Erza. Você não é aquela empresa, você não é um peão deles. Você é incrível e... – antes que pudesse terminar, ela afundou a cabeça em seu peito, descansando as mãos em sua cintura. Jellal a abraçou também. Não podia fazer muita coisa, mas pelo menos aquilo.

Ficaram naquilo um tempo, até que as lágrimas cessassem. E quando isso aconteceu, os fogos começaram a estourar. Era meia-noite de um novo dia, um novo ano.

— Eu quero ver... – ela disse num tom infantil, quase em sussurros.

Ele deu a ela o casaco da noite anterior e seu cachecol para tornar o frio lá fora, no mínimo, suportável. Jellal também se agasalhou e eles subiram até o telhado do prédio.

Os fogos eram soltos de todos os lados da cidade, mas apenas poucos eram claramente visíveis. Os outros mostravam suas cores diversas, porém turvas. Brilhavam fracamente por trás da neblina. Erza não parecia se importar. Olhava para aquilo distraída, com o olhar tranquilo pela primeira vez. E Jellal a olhava com um sorriso. Nem lembrava qual tinha sido a última vez que sorrira e agora exibia ali, aquele reflexo de felicidade, um calor diferente.

Erza percebeu o olhar dele sobre ela. Caminhou alguns passos até Jellal, encostando a cabeça do ombro do mesmo e o envolvendo com os braços, sendo retribuída.

— Obrigada.

Ela agradecia pelo ato, pela chance que ele lhe dera de não estragar tudo, mesmo mal sabendo do que se tratava. Todos mereciam um recomeço. Ali, ele notou que ele precisava de um também.

Antes que notasse, os lábios estavam juntos novamente, num beijo calmo, que evoluía vagarosamente. Ele apreciava a maciez dos lábios dela, do leve gosto de vinho de sua boca. Acariciava os cabelos escarlates e segurava delicadamente sua cintura pressionando os corpos.

Não podia dizer que era um beijo de amor. Era um beijo com potencial para tal. Jellal sabia o que sentia pela mulher em seus braços, mas ela talvez só precisasse daquilo por ora, precisava que ele fosse seu porto seguro. Os dois precisavam. Nos braços dele, ela podia sentir que alguém se importava com ela, fora de qualquer interesse financeiro e material. Nos braços dela, ele pôde encontrar uma razão para acreditar. No fim, o que todos precisam é de um recomeço.

"Chego a chorar, manso de tristeza. Depois levanto e de novo recomeço." (Clarice Lispector)


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Notas finais do capítulo

Obrigada por terem lido. Se puderem, comentem e favoritem, vai me deixar muito feliz!
Beijos trevosos! (/*3*)/ E Feliz Ano Novo a todos!