Sábado de manhã. Gina acordara cedo, às 11:00 da manhã, simplesmente para lembrar que precisava ir na casa de Eric, o que a deixou com uma vontade tremenda de voltar a dormir. Mas sabia que não poderia fazer isso.

Se levantou e foi quase se arrastando para o banheiro. Olhou no espelho e seu cabelo ruivo e ondulado mais parecia uma árvore de tão bagunçado. Deu um jeito de prendê-lo e lavou o rosto. Não estava com muita fome, então ao tomar café comeu apenas alguns cookies.

Ainda era 11:40, então Gina decidiu arrumar a casa. Era um apartamento de 55 metros quadrados, com dois quartos, cozinha, sala, banheiro e lavanderia. Nada muito grande, mas era suficiente para uma pessoa só viver.

Eric estava acordado desde as 8:20. Seus pais trabalhavam muito, inclusive aos sábados, então ficava cuidando de seu irmão mais novo, Albert, embora ele já tivesse 13 anos. Ao contrário de muitos irmãos, ambos se davam muito bem.

Eram 13:00, e Eric havia saído. Foi para um campo que sempre ia quando queria testar algo à céu aberto. Foi para tentar alguma coisa relacionada à magia. Mexia os dedos, as mão, falava "palavras mágicas", mas nada. Ficou tentando até ver que ja eram 13:57, então foi correndo pra casa.

Gina estava vestida com uma calça jeans preta, all star, uma camisa roxa qualquer e o cabelo estava preso num rabo de cavalo. Seu olhar estava tão entediado como nunca. "Espero que ele não consiga nenhuma prova real desse conto de fadas" pensava no caminho.

Eric chegou em casa ofegando muito de tanto que havia corrido. Entrou e se dirigiu à cozinha para beber água. Assim que pegou o copo a campainha tocou.

Gina tocou a campainha duas vezes e esperou alguns segundos. Ficou observando a frente da casa de Eric: era realmente grande. Eric abriu a porta tentando disfarçar o cansaço.

– Oi Gina.

– Oi. Verfluchter.

– Verfluster. Hmm não quer entrar?

– Ah, não, quero ficar aqui, de pé, olhando essa sua cara de pato. - Gina disse com um sorriso sarcástico - Claro que quero entrar. Eu moro a 8 milhas daqui e vim à pé, espera que eu fique aqui nesse Sol?

Eric revirou os olhos e abriu um pouco mais a porta para que Gina pudesse entrar. Albert ouviu a voz dela e foi ver. Ele era um pouco mais baixo que Eric e seus cabelos eram mais longos, bagunçados e claros. Mas a cor de seus olhos não deixava duvidas que ele realmente era irmão de Eric.

– Mano, quem é essa? - perguntou.

– Ah, Albert, essa é...

– Gina - a jovem cortou - Gina Gargarin.

– Muito prazer, meu nome é Albert Verfluster, irmão mais novo do Eric. - o garoto sorriu

– O prazer é meu, Albert.

– Ok, ja se conheceram, certo? - disse Eric - Irmão, vou dar uma saída rapida com a Gina, mais tarde eu volto.

– Eric... - disse Albert, olhando fixamente nos olhos do irmão - Parabéns por deixar de ser um virjão.

Eric corou e ameaçou dar um tapa na cabeça do irmão, que estava rindo com a própria piada. Gina também não pode segurar uma risadinha. Se despediram de Albert, e saíram novamente.

– Seu irmão é um fofo. - disse Gina

– Calada.

– Bem diferente de você.

– Calada.

– Talvez devesse aprender com ele e parar de acreditar em contos de fadas.

– Ja disse pra ficar calada.

– Se seu irmão fosse mais velho eu ja estaria transando com ele.

Eric não conseguiu suportar a raiva e beliscou com força o pescoço de Gina, que lhe devolveu com um tapa na cara. Eric decidiu não devolver ou logo estariam brigando no meio da rua.

Alguns minutos depois eles chegaram no campo que Eric costumava ir. Havia apenas alguns garotos jogando futebol. O céu estava um pouco nublado, então o clima estava bem agradável.

– Por que viemos aqui? - questionou Gina

– Precisamos de um local aberto. Não sabemos a proporção da magia nem o que ela faz.

Eric se afastou um pouco da garota e estendeu os braços para uma árvore e tentou forçar. Nada.

– É, acho que era só um conto de fadas - provocou Gina - Não é, Eric?

– Não, eu tenho certeza...

– Admita logo e pare de me incomodar Eric.

– Espera...

Eric parou por um momento e se aproximou de Gina, a segurando pelo braço e começando a andar.

– Verfluchter...! Ei, para onde está me levando?!

– Ja sei por que não funcionou. Vem.

Gina revirou os olhos mas foi seguindo o rapaz, embora não tivesse muita opção, já que ele não soltava seu braço.

Ele a levou na biblioteca da escola. Era a única parte de lá que funcionava aos sábados. A biblioteca era uma área realmente grande, com pelo menos 20 prateleiras de 15 metros de comprimento e 3 metros de altura cada uma, todas cheias de livros dos dois lados. Sem falar nas paredes, que também tinham prateleiras muito grandes que formavam vários corredores. No fundo, havia uma área destinada aos computadores para pesquisas dos alunos que tinham pressa ou preguiçosos.

Eric levou Gina para a sessão com os livros de navegações, cartas geográficas e história da Europa, e pegou um livro realmente antigo, com a capa em madeira revestida de couro. As folhas estavam realmente amareladas e algumas um pouco manchadas. O titulo, "Europa do século IX" já dava uma ideia para Gina do que seria aquele livro.

Ambos os jovens foram para uma das longas mesas que havia na biblioteca, destinadas à leitura ou para escrita. Eric abriu o livro em cima da mesa e saiu folheando o livro como se procurasse um tesouro oculto. Quando chegou na pagina que queria, Gina viu o desenho de um homem idêntico ao rapaz.

– Esse aí é...

– Endric Verfluster. O maior lider de guildas de 873 d.C.. Olha aqui. "Verfluster Endric tinha uma otima afinidade com magia, em especial magias da categoria Aeris, ou magias com relação ao vento e ao ar."

– Ok, mas no que isso vai te ajudar a fazer magia?

– Não entendeu? Se a melhor habilidade dele era com o vento, provavelmente eu devo controlar bem o vento também. Agora...

Eric se levantou e guardou o livro onde o encontrou. Foi para a sessão de livros religiosos e procurou algum sobre bruxas e feitiços. Assim que encontrou, voltou para a mesa, onde Gina ficou esperando.

– Ah, agora sim provou acreditar em contos de fadas - disse Gina. - Vai virar uma bruxa agora?

– Calada. Deve ter algo aqui que vai me ajudar.

O rapaz abriu o indice e ficou procurando qualquer coisa que falasse sobre feitiços e magias com o vento. Gina ja estava realmente entediada, e ficou ali, com a cabeça deitada sobre a mesa. Logo adormeceu.

– Gina. - sussurrava Eric - Gina, acorda, achei.

– Oi? Que? Como? - Dizia a jovem com voz de sono.

– Achei algo. Tenho certeza que vai me ajudar. Vamos.

O rapaz pegou o livro e o levou até a recepção, para poder levá-lo para casa. Gina o seguiu, mas um pouco irritada, ja que Eric a estava arrastando para todo lugar num sábado. "Eu poderia estar dormindo, mas estou aqui com esse cara de pato tentando me provar a vericidade de um conto de fadas... Mereço..." pensava a jovem.

Eles voltaram ao campo, onde os garotos continuavam a jogar futebol, mas alguns pareciam ter ido embora. Logico, ja eram 17:55 da tarde.

– Pois bem, - disse Eric, confiante - vamos ver se é ou não verdade.

O rapaz leu um trecho do livro e o colocou no chão, mas manteve-se olhando para ele.

– Ventum mille gladios!

Eric fez um movimento de corte com ambas as mãos, cruzando-as. Então uma espécie de lâmina de vento se formou, cruzando o ar até atingir uma árvore, marcando-a com um grande corte, mas não muito fundo.

– O que.... - disse Gina, olhando aquilo estupefata.

– Eu disse que era verdade! Eu sabia!

– Ok, ok, me convenceu. Feliz? Agora pare de me incomodar com essa história.

– Não, calma, olha só esse aqui.

Eric deu outra olhada no livro. Assim que o colocou de volta no chão e se levantou, abriu os braços com a palma de ambas as mãos abertas.

– Mortiferum fluctus aeris!

O rapaz fechou rapidamente os braços para frente, batendo uma palma que estalou alta. Então, uma espécie de bolha de ar muito grande surgiu, se lançando rapidamente para a direção do Sol.

– Viu? - disse ele - Achei melhor lançar esse para o alto, já que essa bolha forma uma espécie de explosão de ar.

– Okay, isso é legal. Seria legal o seu irmão fazer isso também, aí eu transava com ele na mesma hora.

– Dá pra parar com esse assédio ao meu irmão?