Estava uma tarde fria, nublada e agora chuvosa. Exatamente como a pessoa que eu amei e magoei. Vê-la onde estava e pensar em como eu terminaria sem ela eram coisas que eu não conseguia suportar.

Não vejo mais você faz tanto tempo
Que vontade que eu sinto
De olhar em seus olhos, ganhar seus abraços
É verdade, eu não minto

Estou acabado..., pensava o rapaz com os cabelos negros despenteados no apartamento escuro. A falta que sentia Dela era grande, a falta que Ela fazia era imensa. Depois de tanto tempo não sabia como haviam acabado tudo, na verdade sabia sim... A culpa foi toda minha.

Ele entornou o restante da garrafa de vodka e continuou olhando a cidade luminosa através das cortinas finas e só o que pode ver foi a imagem Dela atrás de si, estava com tanta saudades que era capaz se senti-la lhe abraçando carinhosamente por trás, como costumava fazer sempre que chegava em casa. E sentia-lhe os olhos verdes lhe fitando e os lábios formando o sorriso que tanto adorava ver.

E nesse desespero em que me vejo
Já cheguei a tal ponto
De me trocar diversas vezes por você
Só pra ver se te encontro

As farras da semana acabaram, não saia com tanta frequencia como antes. Fazia isso por Ela, mesmo que já fosse um tanto tarde de mais. Via-a sempre ao seu lado, embora estivesse magoada com ele, em todos os locais, em todos os espelhos, como sempre era para ter sido. Mas eu tinha que fazer besteira.

Ainda lembrava de como eram felizes e para tentar sempre manter viva essas memórias, mesmo que as mais recentes fossem dolorosas, ele passou a frequentar os mesmos lugares onde esteve com Ela. Como se quisesse encontrá-la de novo.

Você bem que podia perdoar
E só mais uma vez me aceitar
Prometo agora vou fazer por onde nunca mais perdê-la

--Sakura volta aqui! - ele correu para alcançá-la.

--Não! Me deixa! Não quero saber de mais nada! - ela gritou, a voz alterada e o rosto denunciando o choro compulsivo.

--Deixa eu te explicar! - disse segurando-a pelo pulso e fazendo-a virar-se - Me escuta, droga!

--Não quero ouvir. Eu te amava, por quê fez isso com...

O beijo desesperado dele a impediu de continuar a falar. Ele a abraçou forte, desesperado, sabia que a perderia e que a culpa era toda dele, rezou para que ela deixasse que ele explicasse, mesmo sabendo que não teria perdão. Ela não lhe deu oportunidades, empurrou-o e lhe deu um forte tapa no rosto para sair correndo em seguida.

Agora, que faço eu da vida sem você?
Você não me ensinou a te esquecer
Você só me ensinou a te querer
E te querendo eu vou tentando te encontrar
Vou me perdendo
Buscando em outros braços seus abraços
Perdido no vazio de outros passos
Do abismo em que você se retirou
E me atirou e me deixou aqui sozinho

O que eu vou fazer sem você?

Parecia que anos junto dela acabaram tendo um efeito bem forte, mesmo depois de começarem a seguir caminhos diferentes, mas três meses nunca fora pouco tempo para ele esquecer uma relação, embora o caso dela fosse diferente.

Ele parou o carro na frente de uma casa cheia de neons, uma casa bem afastada do centro, onde nas janelas era possível ver os vultos das mulheres dançando e se abrindo para os homens.

Veja o que aconteceu comigo. Sakura, você não me ensinou a te esquecer, você só me ensinou a te querer. Ele a queria, nem que fosse apenas uma pessoa parecida com ela, mas contando que lhe lembrasse dos momentos bons, não se importava. Mesmo que tivesse que recorrer a prostitutas para satisfazer-se carnalmente.

Agora, que faço eu da vida sem você?
Você não me ensinou a te esquecer
Você só me ensinou a te querer
e te querendo eu vou tentando me encontrar

Naquela hora o mundo não importava mais, nem seus pais, nem seus compromissos. Era só ele e ela juntos, sozinhos naquele apartamento.

Ele, deslizando a mão pelas curvas do corpo feminino e indefeso debaixo do seu, suspirando o cheiro de pêssego que tinha o pescoço alvo e beijando cada centímetro de pele que lhe era permitido. Ela, ofegando com cada carícia, contorcendo o corpo em busca de um contato mas intimo, sedenta por carinho e dando a ele tanto prazer quanto sabia que podia dar-lhe.

Com certeza não pensavam em mais nada, só sabia que se encontravam um no outro, que fazia parte do mundo um do outro.

E nesse desepero em que me vejo
Já cheguei a tal ponto
De me trocar diversas vezes por você
Só pra ver se te encontro

Queria poder ter feito diferente, sem ligar para a opnião dos próprios pais, até Mikoto fora contra o casamento e Sasuke nunca havia imaginado que a mãe teria tal opnião. Itachi também lhe roubou a felicidade por ser o irmão que podia fazer tudo e por ter tido a coragem de enfrentar o pai e dizer que não queria assumir a companhia Uchiha.

Agora vendo, se eu tivesse feito a mesma coisa ela ainda estaria aqui, o jovem Uchiha pensava olhando para a única foto que guardara de Sakura, a foto dela dormindo sem preocupações, sem saber o que aconteceria.

Você bem que podia perdoar
E só mais uma vez me aceitar
Prometo agora vou fazer por onde nunca mais perdê-la

--Desculpa Sakura, hoje não posso, estou ocupado com as coisas da empresa – deu uma desculpa para mantê-la longe do apartamento por um tempo.

--Hmm – soou triste -. Então posso te ver no domingo? Preciso te contar uma coisa importante – disse sorrindo radiante.

--Claro – respondeu ele sem demonstrar muito interesse e dando um rápido beijo no topo da cabeça de Sakura e entrou no carro.

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Naquela noite Sasuke não ouviu a porta sendo aberta, estava ocupado com outras coisas para se concentrar no som das chaves.

Era Sakura que havia entrado, levando a comida favorita de Sasuke já que ele deveria estar com fome depois de um dia cheio de trabalho. Ela deixou a comida na cozinha e foi chamá-lo no quarto, mas gostou nada dos sons que saiam de lá: gemidos e provavelmente o som da cama se chocando com a parede.

O jovem Uchiha apenas conseguiu olhar a luz do corredor pela porta semi aberta e enquanto quase chegava ao orgasmo, viu aqueles olhos esmeralda o fitando com tantos sentimentos misturados que Sasuke ficou imóvel.

Agora, que faço eu da vida sem você?
Você não me ensinou a te esquecer
Você só me ensinou a te querer
E te querendo eu vou tentando te encontrar
Vou me perdendo
Buscando em outros braços seus abraços
Perdido no vazio de outros passos
Do abismo em que você se retirou
E me atirou e me deixou aqui sozinho

Haviam se passado cinco anos desde que Sakura e Itachi morreram e agora Fugaku o estava forçando a se casar de novo. Sasuke não aguentava mais as ordens do pai. Maldição!, disse derrubando um vaso de cima da mesa e passando a mão pelos cabelos rebeldes, nessas horas as garrafas de vodka do bar da casa eram suas únicas companhias.

Sabia o quanto Sakura não gostava quando ele bebia, mas ela o deixou em um abismo ou pior, ele mesmo havia se atirado em um, Mas pelo menos ela deve estar um lugar melhor agora.

Ele não estava feliz a muitos anos, mas era capaz de se contentar, afinal pelo menos ela havia sido feliz em seus últimos dias, mesmo que com Itachi.

Agora, que faço eu da vida sem você?
Você não me ensinou a te esquecer
Você só me ensinou a te querer
e te querendo eu vou tentando te encontrar
Vou me perdendo
Buscando em outros braços seus abraços
Perdido no vazio de outros passos
Do abismo em que você se retirou
E me atirou e me deixou aqui sozinho

Sasuke estava voltava voltando para casa de campo da família no início da manhã, como vinha acontecendo muitas vezes desde que toda a família resolveu viajar para tirar férias e como não teve como fugir ao menos evitava ficar perto da casa a maior parte de seu tempo.

Ele andava cambaleante até que conseguiu se encostar em uma das paredes externas e pôr tudo do estômago para fora. Quando levantou a cabeça para a casa principal, lá estava ela, usando uma das camisas brancas de seu irmão, semi abotoada e apoiada no parapeito da sacada.

--Sakura... - sussurrou a observando.

Parecia uma pintura quando ela se esticou, se abraçou e ficou olhando o sol nascer, os cabelos também balançavam um pouco conforme a brisa da manhã, mas um baixo choro vindo do quarto apenas serviu para lembrar a Sasuke que ela não estava sozinha. Logo Itachi, trajando apenas a calça do pijama, apareceu na sacada segurando a filha de ambos e a entregou para a mãe, que sentou-se na cadeira de balanço e deu de mamar para o bebê enquanto Itachi as observava orgulhoso da família.

--Família que deveria ser minha – pensou Sasuke fugindo da visão daqueles três.

Agora, que faço eu da vida sem você?
Você não me ensinou a te esquecer
Você só me ensinou a te querer
E te querendo eu vou tentando me encontrar

Sasuke era o dono das Empresas Uchiha à sete anos e os negócios iam bem, ainda que o velho Fugaku ainda tentasse lhe dar ordens.

Em sua sala, Sasuke esperava para cumprir seu último compromisso da tarde onde fecharia um contrato com um sócio, pelo menos era o que achava.

--Sr. Uchiha seu compromisso das 16h acaba de chegar – avisou a secretária.

--Mande entrar, Hinata – respondeu impassível.

A pessoa entrou na sala, mas Sasuke não deu atenção, estava terminando de assinar alguns papéis, apenas disse para a pessoa se sentar. Quando levantou a cabeça para cumprimentou o “sócio”, quase não conseguiu disfarçar a surpresa.

--Muito prazer Sr. Uchiha, sou Sanshike Senjuo.

--O prazer é meu – apertou a mão dela e pela primeira vez em anos, sorriu.

Sorriu porque parecia que os céus haviam lhe dado outra oportunidade, afinal Sanshike era em tudo muito semelhante a sua Sakura. O rosto, a voz, o corpo, tudo, mas seus cabelos eram dourados e os olhos cor de mel. Dessa vez tudo será diferente, prometeu mentalmente Sasuke a olhando enquanto ela falava, Dessa vez eu lutarei por nós dois.

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