Frustrações escrita por Aeikin


Capítulo 1
Capítulo Único: Tolo


Notas iniciais do capítulo

Fofos :)



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Frustrações

Suas asas estavam encharcadas. Naquele momento, o peso delas parecia-se assimilada a concreto, cansando-lhe as costas. Morgana também, ela estava totalmente ensopada. A longa e fria saia roxa colava em suas pernas, arrepiando todos os pelos de seu corpo.

Achou estranho no começo. Essa forma esquisita da água cair do céu. Achava que os pingos doeriam ao cair em suas asas, achava que com a velocidade da qual os pingos caíssem iam furar seus olhos, caso lá caíssem.

Mas toda a física de seu antigo mundo era desprezado naquele lugar. As gotas de água faziam cócegas contra o seu rosto, e por alguns segundos, as covinhas de suas bochechas apareceram com um sorriso.

Foi rápido, até. Aquela sensação de felicidade. Um momento compartilhado apenas com a chuva que caía, o momento apenas das duas. Morgana só pode saber que estivera feliz depois que ele se encerrou, e aquilo novamente a deixou sem reação.

Olhou para o céu cinza da onde vinham as gotas. Ela estava presa. Acorrentada com correntes invisíveis, presa ao chão desse mundo como planta. Não havia como escapar, não havia como morrer... Apenas reviver e matar, tantas vezes.

Toda vez que se lembrava, a tristeza andava sobre sua pele, tirava o seu sorriso – que não era comum – e obscurecia a sua face. E como se estivesse cometendo um pecado ao ficar feliz, sua mente voltava a lembrar de sua prisão. Ecoando e ecoando, a lembrando de todo o ódio por sua irmã.

Sabia que não seria desviada. Ou o correto seria sabia que não poderia desviar? Morgana entendia. As asas que caíam de Kayle eram douradas, e querendo ou não, aquilo mudava tudo...

Ela abaixou o olhar, olhando longe para as grandes pilastras do Instituto da Guerra. Seus olhos percorreram o hall por completo, e depois, eles capturaram Malzahar encostado em uma das pilastras. Sem respirar fundo ou melhorar sua cara, ela se pôs a andar até ele... Sem ao menos sorrir.

Aproveitando a grama fresca sobre seus pés? – Ele falou com seus braços cruzados no peito, enquanto a boca era tampada pelo robe roxo.

Morgana franziu os olhos com a observação.

Não é à toa que é chamado de profeta, Malzahar. Seus olhos conseguem ver o que está de baixo dos panos... literalmente falando. – A risada abafada debaixo do robe entrou em seus ouvidos, causando-lhe uma sensação agradável.

A única coisa que fiz foi te observar. – Ele descruzou os braços, a encarando. – Me diga o que faz nessa chuva...

Sua voz soara dócil, digna e rouca, perto de uma súplica. Aquilo a aqueceu internamente... Mas logo depois, a culpa cresceu sobre seus ombros, não permitindo-se sorrir para aquele homem.

No meu mundo, as gotas não caem do céu. – Ela omitiu suas preocupações, deixando os estranhos fora de sua mente e coração. – Achei curioso essa queda...

Então, – Ele pegou uma de suas mãos, observando-a da forma estranha da qual ele gostava. – não havia o ciclo da água em seu mundo?

Apesar de aquela aproximação ser comum, ela não podia ignorar que gostava. O homem em sua frente era um tolo, igual todos aqueles humanos da qual ela convivia diariamente, e por mais estranho que parecesse, aquele era o único tolo que a agradava...

É complicado explicar, acho que Vel'Koz seria mais viável nesse momento. – Com seus cabelos roxos grudados em sua face, os mesmos cabelos que também já foram dourados, ela falou o olhando enquanto ele observava cada detalhe minucioso da palma de sua mão.

Não repita o nome desse ser insolente enquanto observo a sua mão. – Agora os olhos brilhantes a encararam, exalando incomodidade.

Apesar de soar estranho, Morgana conseguia entender esse ódio que Malzahar tinha. Ele era um deles agora, e mesmo sendo de Vazio, a ira e a inveja sempre perseguiria os seres, os colocariam em guerra. Ela sabia... sabia que não importava para quantos mundos fosse, isso sempre ocorreria.

Então não me pergunte coisas que não irei te responder. – Ela o respondeu com um sorriso no canto dos lábios, sabendo que estaria o provocando.

Ele largou sua mão e ela pode repousar ao lado da saia molhada. Mas logo em seguida, as mesmas mãos que a observavam, dançaram em sua cintura, a segurando e a levando contra o corpo dele.

As suas asas, parecendo esqueleto de tão molhadas que estavam, se arrepiaram inteira.

Ah, mas ele via suas preocupações... Via suas frustrações. Aquele maldito humano era um tolo por a abraçar dessa forma, era um tolo por se aproximar de forma tão imprevisível, tão sorrateiramente.

E talvez Morgana estivesse se acomodando demais com aquele mundo, em breve seria uma tola igual Malzahar. Mas depois daquela maldita chuva, ela só precisava daquele seu abraço quentinho.


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