Meu Amado Suícida escrita por Júlia Ritto


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Espero que não tenha ficado tão ruim, escrevi no começo do ano como uma redação para a escola... Tava arrumando meus materias do ano e achei legal mudar algumas coisas no texto e postar aqui.



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Ninguém podia negar que estávamos em perigo. Era fato que continuávamos vivos por pura sorte. Mesmo assim, meus primos continuavam cegos perante a necessidade de investigação.
Encontrava-me frente ao detetive August Altreider, na principal delegacia de Londres.
-Seu caso necessita de certa urgência. Tratarei de informar meu assistente o quanto antes.
-Não será necessário! Insisto que me deixe ocupar este cargo. Sinto-me na obrigação de participar. E, se me permite, tenho ótimo raciocínio lógico.
O detetive me analisou prestando atenção nos mínimos detalhes, de minha vestimenta à minha bengala. Quando pareceu satisfeito, me estendeu a mão.
-Começaremos a investigação na cena do crime
-Certo! O levarei até lá.
Percebi certo desconforto por parte do detetive quando chegamos a velha mansão da família para onde meus primos tinham se mudado. o local podia ter sido invejado por muitos no passado, mas o abandono e falta de dinheiro fez com que fosse apelidada de mal assombrada pela, nem tão próxima, vizinhança.
-Seus primos se encontram em casa?
Questionou-me, ainda entretido com as paredes cheias de rachaduras da mansão.
-Estou quase certo disso.
Observei Altreider bater na porta com cautela, já que tudo ali parecia prestes a desmoronar. Minutos depois Clara apareceu na porta.
-Então você realmente encontrou um detetive...
Ela passava o olhar de mim ao detetive repetidas vezes, claramente incomodada com a situação.
-Fiz apenas o necessário.
Bufando, ela fez sinal para que a seguíssemos até a sala. A casa era um pouco mais apresentável no interior, mas sem deixar de causar calafrios.
Sentamo-nos um em cada sofá, e encarando Altreider, Clara deu início ao interrogatório.
-Vamos logo com isso, me faça as perguntas. Não tenho nada a esconder!
Ela parecia querer provocar o detetive, mas ele apenas a ignorou.
-Conte me a história desta casa.
Mesmo que sem vontade, ela contou tudo com os detalhes. O fato de que ela pertencia ao nosso bisavô, Nathaniel Marques, e costumava ser uma das mais luxuosas de Londres. Mas quando ele morreu levando consigo todo o dinheiro e poder da família, ela foi abandonada e sofreu nas mãos do tempo. Clara e seu irmão mais velho, Elliot, foram despejados da antiga casa por falta de dinheiro e tiveram como única alternativa se mudar para cá.
-O bisavô não deixou herança?
-Ele morreu repentinamente, o único bem deixado foi a mansão que estava em nome de toda a família Marques, mas devido ao estranho assassinato de parentes ocorrido há duas noites, agora está em nome de meu amado irmão Elliot, de Thomas-direcionou o olhar a mim- e meu.
-Interessante...
Murmurou o detetive.
-Clara, poderia me levar até os quartos onde ocorreram os assassinatos?
Sem dizer nada, ela se levantou do sofá e nos levou até o enorme corredor de quartos.
Altreider observou atentamente o corredor e as portas que nele estavam.
-Toda família estava presente no dia?
-Estavam todos os herdeiros da mansão. Vieram para nos ajudar a organizar as coisas, eu não queria chamar ninguém, mas meu irmão é muito preocupado comigo e disse que não queria eu me esforçasse demais-o detetive a encarava como que pedindo por mais informação – Se quer saber, tivemos uma tarde normal – continuou de forma ríspida- , a mansão está muito melhor que antes. Quando terminamos de limpar cada um foi para seu quarto. A única entrada deles é pela porta que liga ao corredor. Há também uma janela no interior, mas está esta a uma grande distância do chão e não acredito que alguém tenha acesso pelo quintal. Mesmo assim, quando acordamos de manhã encontramos todos mortos e sem sinal de um assassino.
Altreider analisou as três primeiras portas e direcionou o olhar para Clara.
-As vítimas estavam nestes quartos, certo? Vou começar a investigação.
Minha prima olhou perplexa para ele por ter adivinhado apenas olhando onde ocorreram as mortes. Enquanto o detetive procurava as pistas, eu segui atentamente seus movimentos com o olhar, procurando entender suas técnicas.
Nossa sorte era que Clara não teve coragem de limpar o local e tudo estava aparentemente intacto. Mesmo assim, não tinha muito para ver no primeiro quarto, nenhuma mancha de sangue ou resquício de arma, parecia que nada tinha acontecido ali. Eu já estava quase saindo dali quando algo chamou a atenção de Altreider.
-Isso é um frasco de cicuta... Clara, tinha algum ferimento no corpo do parente que morreu aqui?
Ela balançou a cabeça negativamente.
O detetive pareceu pensativo, mas logo seguiu para o próximo quarto. Este tinha resquícios de sangue próximos a cama, os quais o detetive analisou, depois ele encontrou um cadarço próximo ao armário e assim com fez como a cicuta, guardou consigo.
No terceiro quarto já era claro que havia acontecido um assassinato, havia bastante sangue no chão e uma faca suja que o assassino não fez questão de esconder.
Eu não entendia qual podia ser a ligação dessas diferentes mortes, muito menos o culpado. Mas o detetive parecia ter cada vez mais certeza das respostas.
Depois de analisar as portas dos quartos, Altreider concluiu que as quatro primeiras portas haviam sido cautelosamente arrombadas.
- Mas a quarta porta é a minha!
Clara exclamou e o detetive deu de ombros, como se fosse óbvio.
-Seu amado irmão está em casa?
-Não, ele foi no sapateiro comprar um cadarço novo.
Ela disse em meio a inocência e fez o detetive sorrir.
-Irei investigar o quarto dele.
Clara pareceu aflita e até irritada com a insinuação de que seu irmão era um suspeito.
-Não! Ele não gostam que invadam a sua privacidade, tenho certeza que ele é inocente e não faria mal nem a uma mosca, ele é meu irmão, afinal-ela começou a falar rápido demais- Quer saber, deve ter sido tudo um mal entendido, por que não esquecemos tudo isso?
-Apenas me deixe investigar, se ele não tiver mesmo nada haver com isso não teria nada a esconder.
Clara se rendeu e destrancou a porta do último quarto.
-Ele não queria que chamasse um detetive, se não deixar rastros da sua presença, eu agradeço.
O detetive adentrou o quarto e observou atentamente cada detalhe, inclusive a pasta de documentos que estava em uma gaveta destrancada por Clara.
Antes de sair do quarto, Altreider analisou uma muda de amora localizada próxima a porta, ele coletou as folhas de uma planta aparentemente diferente que se encontrava entre as amoras.
-Já tenho minha conclusão.
Anunciou ao avistar Elliot no fim do corredor, este não parecia nada feliz ao encontrar o detetive em seu quarto. Antes que pudéssemos fazer qualquer coisa ele correu escada a baixo seguido por Clara que carregava um semblante preocupado.
Eu olhei para o detetive, pedindo respostas.
-A primeira coisa que notei foi que a sequência das mortes seguia a das portas, sendo assim, Elliot seria o último a ser morto. As armas do assassinato foram distintas, quase pensei que não tinham ligação ao ver o frasco de cicuta, indicando um suicídio no primeiro quarto, mas encontrei esta folha da planta escondida na amoreira do seu primo. O segundo morreu por enforcamento com um cadarço que descobri ser de Elliot, o sangue no chão foi o mais intrigante pois não pertencia ao corpo, mas ao assassino, encontrei a embalagem dos esparadrapos que ele usou no lixo de seu quarto. O terceiro era o único óbvio, e de certa forma o mais provocativo, ele fugiu da linha dos outros assassinatos, corpo foi esfaqueado, isso me faz pensar que seu primo não foi o único assassino..
-Então, foi realmente ele... Mas, qual o motivo? E quem é o outro assassino?
-Não precisa de nenhum depoimento para saber que este lote vale muito dinheiro, encontrei o número de uma empresa produtora de leite nos documentos de Elliot, um dos muitos interessados na mansão. Para poder vendê-la e ficar com todo o dinheiro, ele precisaria matar os outros herdeiros. Mas ele não sabia que mais alguém pensava como ele e...
Eu não tive muito tempo para processar as informações e tampouco o detetive pode concluir seu raciocínio, logo ouvimos um grito estridente vindo do primeiro andar e descemos as escadas o mais rápido possível.
Encontramos Elliot em cima de Clara em uma pose assassina, com o cadarço novo em suas mãos tentando atingir o pescoço da irmã, eu estava prestes a arrancar meu primo de seu posto, quando Clara cautelosamente tirou uma faca marcada com sangue do bolso de seu vestido e quando o cadarço estava prestes a enforcá-la a fincou subitamente no estômago de Elliot, que caiu desfalecido ao seu lado.
Eu e Altreider olhamos perplexos para Clara que chorava histericamente, embora estampasse um sorriso no rosto. Demorou certo tempo para que o detetive se lembrasse do que deveria fazer.
-Você fica aqui- ele olhava para Clara-, eu vou ligar para a polícia!
O sorriso psicopata de minha prima apenas aumentou enquanto ela dizia o que seriam suas últimas palavras.
-Meu corpo fica aqui, mas minha alma vai para o inferno.
Em meio a uma risada perturbadora ela se abaixou para pegar o cadarço da mão do irmão morto, e antes que pudéssemos fazer qualquer coisa, se suicidou com um laço no pescoço.

-Uma ótima atriz. – finalizou o detetive.


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Notas finais do capítulo

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Também postei no spirit (meu usuário lá é MissTomorrow)



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