Love Is On The Radio escrita por woozifer


Capítulo 1
Janela


Notas iniciais do capítulo

Minha amiga é uma menina... Ela é loira... O nome dela começa com O e termina com lívia... não pera, não sei brincar dessas "pistas" de amigo secreto, desculpa Livs HEEUHEUEHUHEUEH.
Não tem nem graça eu fazer suspense porque até os olimpianos já sabiam que eu tinha tirado tu (talvez isso tenha acontecido porque eu tenho uma boca muito grande? Talvez, não sei), então eu só gostaria de dizer que tá uma merda mas eu não vou refazer pela quarta vez, desculpa EHEUEHUEHEU e é isso, espero que goste ^-^'



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/668309/chapter/1

24 de dezembro de 2015; trinta minutos para o natal

Dei play na música clichê de Mariah Carey, All I Want For Christmas Is You, aquela que todos ouvimos e mal entendemos que fala de natal porque na verdade ela foi feita para aquelas mulheres solitárias que passam o natal desejando alguém pra beijar em frente ao pinheiro enfeitado – como eu- e me levantei da cadeira acolchoada que me pertencia todas as noites a partir das dez horas da noite.

Acho que ser a novata no estúdio e ter o ultimo programa da noite contribuíram na decisão dos meus superiores de me colocar para trabalhar naquela noite, você sabe, mesmo que fosse a maldita véspera de natal.

Pelo que eu sabia estava sozinha naquele estúdio macabro, quase a meia noite, e olhe, não sou a pessoa mais corajosa do mundo porém nunca fui de ter medo de coisas sobrenaturais, entretanto aquele estúdio me dava nos nervos durante a madrugada. A boa notícia era que eu poderia sair trinta minutos antes do meu horário, desde que deixasse uma playlist natalina com músicas o bastante para tocar por quatro horas, quando começaria o programa da madrugada da rádio na qual trabalhava.

Chequei uma ultima vez a playlist com todas aquelas músicas felizes e irritantes que sempre tinham sino de fundo, oitenta músicas, havia oitenta músicas natalinas naquela lista o que ainda daria cerca de vinte minutos para Robb, o cara que fazia o próximo programa além das quatro horas que o chefe me fez prometer por na lista.

Agora tudo o que eu tinha que fazer era correr para a casa de Dakota para passarmos o natal juntas, caso contrário ela provavelmente me castraria.

Dakota era minha melhor amiga, que era tão porra louca quanto eu, exceto pelo namorado com quem estava há três sofridos anos e por essa mania de querer comemorar feriados.

Peguei meu casaco e minha bolsa em cima de outra cadeira que havia no estúdio, pousei meus fones vermelhos no lugar onde ficavam, dei uma ultima olhada em tudo para ver se não havia esquecido nada e ao constatar que tudo estava comigo, desliguei as luzes e saí da sala a prova de som, entrando na sala de espera que ficava ao lado da onde aconteciam os programas.

A sala estava enegrecida completamente, a única coisa que eu podia ver eram as luzes vermelhas da máquina de café no canto da sala. Tateei pela parede até encontrar o interruptor e ao acender tudo um grito morreu em minha garganta ao mesmo tempo que um rapaz resmungava deitado no sofá preto de couro da sala de espera.

Demorei certo tempo para reconhecê-lo. Ele era o estagiário/faz tudo da rádio, eu o vira certas vezes pelos corredores, carregando pastas ou cafés por aí.

— O que você está fazendo aqui? – falei tentando acalmar meu coraçãozinho que batia desritmado depois daquela pequena desencarnação que tive.

— Apague a luz Lolly – ele resmungou com a mão no rosto e se sentou no sofá.

Jack era seu nome, pelo que me lembrava dos meus colegas gritando “Jack onde está minhas rosquinhas?” e dando-lhe tarefas absurdas apenas para depois se virar uns para os outros e cochichar um “Esse Jack é muito bobo, coitado”. Jack era bonito se é que você gosta do tipo dele, tinha os cabelos negros, os olhos azuis, pele sem imperfeições, cabelos cortados no estilo filhinho-de-papai e cara de inocente. Definitivamente não fazia meu tipo, considerando que meus últimos namorados tinham quase o dobro da idade de Jack – que por sua vez tinha cerca de vinte anos-, barba e eram babacas.

— O que diabos você está fazendo aqui Jack? – perguntei.

Ele arrumou os cabelos desgrenhados e abriu o zíper da jaqueta pesada que usava.

— Fui escalado, como você – murmurou.

Se eu for parar para pensar, aquela estava sendo nossa conversa mais longa desde que entrei na rádio, há seis meses, e Jack já estava aqui, carregando cafés e coisas do tipo. Ele parecia bem simpático, mesmo que às vezes parecesse que as pessoas abusavam de sua boa vontade, ele conversava com todo mundo como se fosse intimo de cada um deles, e mesmo com todas as piadinhas que meus colegas faziam em relação a ele, todos tinham algum carinho por ele, contudo aquela simpatia não valia para mim. Nesses seis meses eu o observava me dar nada mais que um sorrisinho antes de sair apressado de onde eu estava, ou me dirigir poucas palavras. No início imaginei que aquilo era comum, que era apenas a falta de intimidade falando mais alto, porém quando Peggy também entrou na rádio, o comportamento dele com ela fora bem diferente do que era comigo, visto que em duas semanas eles já pareciam melhores amigos.

E antes que lhe venham pensamentos distorcidos dos motivos pelos quais eu observava Jack, eu gostaria de deixar explicito aqui que não estou acostumada a pessoas me evitarem, sério, mesmo quando elas não gostam de mim ainda fazem questão de conversar comigo apenas para irritar-me, então um rapaz que praticamente corria de mim era algo peculiar na minha vida.

— E você estava dormindo? – indaguei divertida. Ele sorriu envergonhado e deu de ombros, calando-se como sempre fazia. Esperei mais um instante que ele me respondesse, porém quando a resposta não veio, sorri amarelo e ajeitei a alça da minha bolsa no ombro – Você vai fechar o estúdio então? Já é quase meia-noite e imagino que não haja mais trabalho algum por aqui agora, você devia ir para a casa, aproveitar o resto da noite.

— Hã, não posso ir embora.

— Porque não? – franzi as sobrancelhas.

— Porque estou preso aqui – ele suspirou cansado e mexeu nos cabelos negros.

— O que quer dizer? Você tem muito trabalho a fazer? – indaguei confusa.

— Não, estou literalmente preso aqui, aliás estamos – ele apontou para a janela que estava escondida pela grossa cortina.

Fui até lá sem entender do que ele falava e avistei o chão branco, coberto de neve numa camada muito alta, alta suficiente para chegar à metade da porta do primeiro andar e começar a cobrir as janelas. Eu sabia que estava nevando, só não imaginei que a coisa estava tão feia assim.

— Eu já tentei abrir a porta, está emperrada – ele disse, mas eu como boa cética que sou, tentei ir até lá e abrir a porta mesmo assim, e é claro que ela não moveu um centímetro que fosse.

Aquilo só podia ser brincadeira, zuera dos céus pela noite de 2009 em que transei com Peter Johnson durante a virada do dia 24 para o 25. Sempre imaginei que era pecado transar no dia que Jesus veio ao mundo, eu sabia! Sabia! Agora estava sendo castigada ali.

Bom, se eu for parar para pensar, aquela minha teoria fazia muito sentido, porque desde aquela noite só desgraças aconteciam na minha vida, era tipo carma, eu tinha feito sexo num dia sagrado e agora minha vida estava fodida plenamente.

– Você já ligou para a polícia, bombeiros, caminhão de neve? – perguntei frustrada. Dakota arrancaria minha bile pelos olhos se eu faltasse em seu jantar.

– Já, todos eles só voltam a trabalhar amanhã, depois das cinco da manhã – Jack respondeu caminhando calmamente até a máquina de café.

. . .

24 de dezembro de 2015; 10 minutos para o natal

Sempre fui uma mulher elétrica, no auge dos meus doze anos fui diagnosticada com hiperatividade e DDA*, e se desde então eu uso essa desculpa para todas as merdas que faço por aí? Claro que sim.

Agora eu estava com meus vinte e seis anos, roendo as unhas das mãos, encarando incomodada a calmaria de Jack. Como ele podia estar calmo daquele jeito enquanto eu quase subia pelas paredes? Tudo naquele moleque me irritava, desde seu jeito calmo até sua capacidade de conseguir me ignorar ali.

— Chega! – gritei histérica e me levantei do sofá de couro onde estava sentada naquela sala de espera maldita.

— O que foi Violette? – ele indagou bebericando seu café, sem ao menos se assustar com meu grito repentino.

Espera... Como ele sabia meu nome? Com exceção da minha mãe, mais ninguém sabia que meu nome era Violette. Será que Jack estava me perseguindo? Será que ele era um psicopata?

Bom, como eu disse, ele parecia bem simpático, entretanto Norman Bates também era muito simpático antes de matar Marion Crane em Psicose.

— Eu que cuido dos contratos dos novos radialistas – ele explicou parecendo ler meus pensamentos. Além de psicopata é telepata também?

Ok, a explicação dele parecia bem mais plausível que a minha, mas ainda insisto na minha teoria de que ele ia aparecer com uma faca, vestido de velha quando eu estivesse no banho... Tudo bem, a paranóia agora foi demais até para mim.

— Tanto faz – resmunguei caminhando novamente até a janela quadriculada, daquelas malditas que não abrem.

— Porque você está brava, Violette?

— Não me chame de Violette! – extravasei. – Existe um motivo para ninguém me chamar assim, e se eu me apresento por Lolly, é assim que você deve me chamar. Ou no seu caso, nem disso já que adora me ignorar não é mesmo?

— Eu não ignoro você – ele sorriu afetado e eu o olhei séria. Jura que ele ia insistir naquilo?

— Ah não? Você brinca com cada pessoa nesse estúdio, mas mal me cumprimenta Jack.

— Na verdade eu achei que você nem sabia meu nome – ele sorriu de canto, para o chão. Mas o quê...?- E me desculpe se parece que eu não gosto de você, acho que na verdade é o contrário que acontece.

Ergui uma sobrancelha. O que aquilo queria dizer? Olha, eu não gosto de piadinhas de loiras, mas se eu disser que não sou lerda, estarei mentindo.

— É que... Você me intimida Lolly – ele frisou meu apelido com uma careta -, é muito mais fácil para mim falar com as outras pessoas da rádio porque eu não pareço um garotinho da primeira série apaixonado pela professora quando converso com elas, mas com você... Eu fico nervoso e desembesto a falar, como estou fazendo agora.

Ouch, essa me pegou de surpresa. Sempre imaginei que ele não falava comigo porque não gostava de mim, e não porque ficava nervoso por gostar demais de mim.

— Então eu meio que te assusto – conclui ainda confusa. Ele riu se aproximando num passo lento.

— Meio não, totalmente. Acho que sou apaixonado por você desde que me mudei para o seu bairro. Você não sabia dessa né? Moramos na mesma rua, já passei por você uma dúzia de vezes e você nunca me vê, mas eu sempre te vejo. Na verdade desde a primeira vez que te vi fiquei naquela de garoto assustado, indeciso entre falar ou não com você, mas eu não falei, e logo depois você entrou aqui.

Sem palavras, era o que eu estava, e isso era algo extremamente raro de acontecer.

Porém Jack parecia estar no meio de um desabafo, ele começara a falar e não parava mais, os olhos inseguros procurando os meus confusos.

— Mas eu já não tinha coragem para fazê-lo. Eu não venho ignorando você ou te evitando Lolly, eu venho tentando criar coragem para falar com você, e depois de uma boa garrafa de vinho, eu decidi que essa seria a noite, então tente não me odiar muito por fingir que a janela não pode ser aberta para que possamos sair daqui, só porque eu queria ficar aqui aproveitando calado sua companhia na noite de natal.

Era ele quem estava falando, mas era eu quem estava sem fôlego, e o retomei dando um sorriso para Jack. Ele podia não fazer meu tipo fisicamente, mas o menino sabia ser sincero quando queria, e agora estava sendo corajoso de dizer tudo aquilo para mim – a menina sem coração que disse não a um rapaz que a pediu em casamento em frente à família dele, mas isso já é outra história – e eu o admirava muito por aquele gesto, e por isso o beijei.

A surpresa de Jack quando toquei meus lábios nos seus fora rapidamente substituída pela vontade de me beijar de volta, coisa que ele fazia muito bem.

Ouvi ao longe sinos tocarem, mas não do modo romântico como você imagina, era apenas o sino da igreja dando as doze baladas. Era natal.

Suspirando o rapaz segurou meu rosto e colou nossas testas, murmurando um abafado:

– Desculpe ter te prendido aqui, mas eu precisava falar isso. A janela está livre para ser aberta se você ainda quiser ir embora.

– Janela? Que janela? – me fiz de desentendida e voltei a beijá-lo, Jack riu e me puxou mais contra si.

Se todas as desgraças da minha vida vinham acontecendo por ter transado no natal, eu gostaria de saber por quantos outros anos eu seria castigada se repetisse a mesma façanha com Jack Scar no sofá de couro daquela sala de espera.

Só hipoteticamente falando... Talvez.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

As loud as you can make it go
'Cause love is on the radio ♪♥

*DDA : Distúrbio de Déficit de Atenção.

Feliz natal super atrasado, mas eu sou a rainha dos atrasos, então tá tudo lindo EHUEHEUEEHUH