O cheiro de omelete se espalhava pela casa ainda pouco iluminada pelo sol da manhã. A brisa entrava calma por entre as cortinas. O apartamento estava silencioso, como costumava ficar antes de seu mais recente morador se unir ao antigo.

Kagami se acostumou a morar sozinho, nunca lhe foi um incômodo. Até gostava de ficar naquele apartamento sozinho, mas, bem, isso era antes. Depois que Aomine passou a frequentar seu apartamento, ficou cada vez mais difícil aguentar a quietude do local.

Todos os dias sentia falta da voz alta e rouca de Aomine, das suas coisas espalhadas pelo sofá, como naquele exato momento. Sentia falta das risadas, das horas assistindo filmes..., entretanto isso já não era um problema, a saudade. Agora Aomine morava consigo e preenchia seus dias de felicidade; claro que também brigavam, mas Kagami nunca viu aquilo como um problema. Estranho seria se não brigassem.

Não conseguia lembrar bem – nunca conseguiu – quanto tempo já estava com Aomine. Mas sabia que estavam naquele relacionamento há um bom tempo, provavelmente mais do que sete meses. Bem, pelo menos o namoro tinha por volta desse tempo. Mal podia acreditar que realmente namorava aquele homem...

Ainda mais o quanto o amava.

Kagami riu para si com seus pensamentos matutinos sobre Aomine, talvez fosse influência da Primavera. Deixou a omelete num prato ao lado da boca do fogão; olhou para o prato bem feito e sorriu satisfeito. Em breve iria acordar Aomine. Colocou o último prato sobre a mesa de centro da sala e caminhou novamente para a cozinha americana.

A única coisa que Kagami não notou era que estava sendo atentamente observado pelo homem no qual pensava. Aomine estava com os braços cruzados enquanto seu ombro lhe dava apoio no encosto da porta; observava Kagami preparar o café da manhã, como costumava fazer, sempre preferiu ficar com as refeições enquanto Aomine ficava com a limpeza.

Aomine caminhou devagar até a cozinha, esperando não ser notado e abraçou a cintura de Kagami, que sorriu fraco. O ruivo sentiu os beijos do namorado em seu ombro nu e fechou os olhos aproveitando o carinho. Aomine o beijava com carinho, podia sentir seus lábios deslizando por sua pele recém-lavada, fazendo-o suspirar.

- Bom dia, Taiga – murmurou Aomine, sua voz ainda estava rouca de sono.

- Bom dia, Daiki. Dormiu bem? – O menor se virou devagar nos braços do namorado e encarou os olhos azuis do namorado.

- Uhum, mas você saiu cedo demais da cama... – Kagami riu baixo e beijou a testa do outro.

- Você que acordou tarde. Vai se atrasar para o trabalho desse jeito... vai para a mesa, só falta fazer o suco – o menor apontou para a mesa com o café da manhã pronto e Aomine suspirou, sabendo que realmente precisava se ajeitar. – Vamos, senhor policial, pare de ser molenga.

- Não sou molenga – resmungou Aomine, caminhando devagar até a mesa indicada pelo namorado anteriormente. – Queria ficar em casa com você hoje.

Kagami sorriu fraco ao ouvir a frase.

- Eu também, Daiki, mas também tenho que trabalhar. Que horas você sai hoje?

- Vou ter que cobrir um Wakamatsu, então vou voltar bem tarde – o ruivo sentiu sua expressão mudar um pouco e segurou um suspiro triste. – Não precisa me esperar para o jantar, eu vou comer algo na rua.

- Ok... – o homem de cabelos azuis encarou as costas nuas de seu namorado e suspirou, queria muito ficar mais tempo com ele, porém a delegacia estava tomando a maior parte do seu tempo. Manhãs como aquelas já estavam ficando monótonas, mesmo com todo o carinho que tinham um pelo outro. – Mas vou deixar algo no micro-ondas para você.

Não demorou muito e Kagami já estava fazendo companhia a Aomine na mesa. Começaram a comer em silêncio, com algumas trocas de olhares rápidos. Ambos sabiam que o clima calmo e apaixonado do início da manhã já não existia.

- Taiga – o policial chamou a atenção do outro homem.

- Diga.

- Eu sei que não tenho sido tão presente quanto gostaria, mas...

- Ei – Kagami o cortou com um sorriso –, eu sei que é importante. Não se preocupe. Não vou ficar chateado... digo, claro que estou um pouco, mas não é culpa sua. Ainda temos que manter o apartamento e a nossa vida, quando estivermos melhor posicionados em nossos trabalhos, isso vai mudar e teremos mais tempo.

- Ok, eu vou acreditar que não vai ficar chateado – Aomine suspirou e se levantou, foi até Kagami e sentou ao seu lado. Observou com carinho os olhos rubis e sorriu quando o ruivo fechou os olhos ao toque de seus dedos. – Eu te amo, Taiga.

Kagami abriu os olhos e correspondeu ao sorriso de Aomine. Passou os braços pelo pescoço do maior e o apertou com carinho. – Eu também te amo, Daiki, te amo muito – sussurrou antes de selar os lábios do namorado.

Alguns minutos depois, Aomine já estava fardado e Kagami estava separando a marmita de ambos para o almoço. Terminaram de arrumar suas mochilas e trocaram um último beijo antes de se separarem.

Sabiam que sentiriam saudade durante todo o dia, mas também sabiam que, quando a noite chegasse, o corpo de um aqueceria o corpo do outro.