Âme escrita por LC_Pena


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Então Patricia, seu presente logo mais chegará, mas enquanto isso não acontece, fiz essa oneshot para compensar sua espera, afinal, é Natal!

Espero q vc goste.

Bjuxxx



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– Isso vai ser incrível.

O jovem senhor da casa avaliava o nível de loucura da sua esposa, que comandava um exército de elfos doméstico na grande missão de decorar Malfoy Manor para o Natal. As criaturinhas pareciam estar vivendo o seu próprio milagre natalino, ajudando-a e acatando suas ordens.

– Eu disse “isso vai ser incrível”. – A mulher de longos cabelos cheios o olhava por cima do ombro, de um jeito que não cabia dúvidas, ela queria uma resposta. Mesmo que não houvesse pergunta alguma.

– Vai sim, querida.

Ele tirou a mão do queixo, mudando o aspecto contemplativo para um mais simpático. Sua esposa o encarou por mais alguns segundos, provavelmente tentando detectar se havia alguma ironia na sua voz.

Ela se voltou para as atividades que demandavam toda sua atenção.

– Se por incrível você quer dizer um desastre... – O homem sussurrou para si mesmo. Meu Merlin, esse Natal seria muito, muito longo. Hermione mostrava-se uma mulher pouco sensata, para ser aquela que havia sido considerada “a bruxa mais brilhante da sua geração”.

Mas ele a amava mesmo assim, sensata ou não.

***

Toda a Mansão, localizada nos campos cobertos de neve de Wiltshire, estava impressionante. Hermione Malfoy não havia economizado na iluminação, ao estilo trouxa, alimentada por geradores elétricos.

Mas também havia seguido a linha tradicional, com pinheiros enfeitados, distribuídos por cada cômodo da casa, folhas de azevinhos e mistletoe², estrategicamente colocados para garantir a diversão dos convidados mais atrevidos.

Todo o lugar cheirava como um bosque encantado e Draco não pôde deixar de pensar que o aroma de baunilha dela combinava perfeitamente com todo o resto. Pena que esse era o único pensamento positivo que conseguia ter no momento.

Sua querida esposa tinha feito questão de convidar a senhora Potter, ex-Lovegood, a senhora Zabine, ex-Weasley e o descendente mais próximo do senhor Olivaras. Ao menos Dino Thomas havia tido a suficiente sensatez para declinar o convite.

Hermione estava decidida a deixar o passado no passado e queria que todos que tiveram suas vidas traumatizadas naquelas paredes, ou pelos habitantes daquelas paredes, - no caso de Ginevra Zabine , torturada pelo seu sogro em seu segundo ano de escola - tivessem novas memórias da Mansão.

Era um sentimento nobre, como ela, mas extremamente absurdo.

Sua esposa pareceu ler seus pensamentos, pois o abraçou pelas costas, aproveitando a paz do ambiente, para tentar convence-lo de que tudo daria certo, pela milésima vez.

– É Natal, Draco, época perfeita para o perdão. – Ela encostou a cabeça nas costas do marido e suspirou. – Isso vale para você também, mocinho.

– Não se preocupe, eu já te perdoei por aquele seu gancho de direita. – Ela o abraçou mais forte, sabendo que ele tinha entendido o que ela estava realmente querendo dizer. – Já me perdoei também, amor, não se preocupe.

Ela o virou e plantou um beijo bem no lugar que sabia que estava o seu coração, o contato delicado pôr sob as vestes negras o aqueceu mais do que o calor da lareira. Ele queria não ter que mentir para ela.

– Agora trate de vestir sua melhor… - Ele a olhou, com uma sobrancelha arqueada, questionadora. Enquanto Draco Malfoy estivesse vestido e lúcido suas vestes sempre seriam as melhores. – Cara simpática.

Ah.

–Simpática “boba” ou simpática “só estou aqui porque minha mulher me obrigou”?

– A Simpática “é melhor se comportar ou vai dormir no banco de ferro forjado lá fora”. – Draco olhou pela janela, que emoldurava a linda e fria tempestade de neve nos jardins da mansão.

– Essa é a minha cara favorita.

– Eu sei que é. – Hermione sorriu, ironicamente, dando as costas, determinada a conferir a preparação da ceia na cozinha. Sabia que seu marido havia entendido o recado. Esperava que ele também tivesse entendido todo o porquê dela estar fazendo aquilo.

***

Draco tinha que admitir, estava surpreso. Não, era mais do que surpresa, ele estava assombrado e Hermione não parecia muito diferente. O primeiro casal a chegar era ninguém mais, ninguém menos do que Pansy Parkinson e Ronald Weasley.

Sua ex e o ex dela.

– Que surpresa... Err… - O loiro olhou para a esposa, mas ela refletiu a mesma cara de incompreensão dele. – Agradável?

– Draco, querido, não precisa disfarçar, eu sei que você está encantado em me ver. – A jovem bruxa deixou o casaco escuro cair elegantemente de seus ombros, mas antes que este tocasse no chão, desapareceu por magia.

Pansy sabia que nem mesmo Granger poderia ter estragado o bom serviço dos Malfoy em apenas dois anos de casada. Virou para sua anfitriã da noite, na sua melhor versão cortês.

– E você, senhora Malfoy... O casamento realmente te fez bem, não foi? – Hermione a olhou mais surpresa ainda, porque, na verdade, o cumprimento soou... Sincero? – Ambos parecem bem, não é mesmo, Rony?

Draco sorriu, dessa vez sem nenhum resquício de dúvidas. Sabia que se tinha alguém no mundo que entenderia o que acontecia ali em Mansão Manor, esse alguém era Pansy Parkinson. A mulher entendia tudo sobre se reinventar.

A demora de Rony não passou despercebida, então Pansy emendou uma cotovelada nas costelas do noivo.

–Ah é, claro! – Deu uma piscada para acordar das suas divagações e realmente olhar para Hermione. Há quanto tempo ele não a via? Parecia realmente mais bonita, de fato. – Mas Malfoy ainda se parece com uma doninha albina, devo dizer.

Os anfitriões aceitaram o cumprimento com bom humor, afinal, como poderiam se irritar vendo a engraçada expressão de concordância de Parkinson? Aqueles dois eram um casal muito estranho, mas até que bonitinho.

A dupla já estava de saída para o elegante salão dos Malfoy, quando o loiro sussurrou para a ex-namorada, de uma maneira que fez Hermione olhar desconfiada.

– Devo me preocupar com Weasley? – Pansy lhe deu seu melhor sorriso condescendente.

–Ah, não se preocupe com Rony... – disse ela, ajeitando o colar de pérolas no vestido negro muito decotado, parecia uma das damas da década de 20 trouxa, com seu corte Chanel característico. – Nós temos um pacto.

Draco arqueou as sobrancelhas.

– Por que será será que essas palavras, saídas de seus lábios, produzem terror em minha alma? – Hermione entreouvia a conversa, tentando disfarçar sua curiosidade com um cumprimento educado aos convidados que acabavam de passar pelo pórtico frontal.

– Ah, pois, não sei. – Pansy respondeu alegremente, dando uma piscadinha travessa para a outra mulher. Concluiu o raciocínio com um sorriso mais gentil. – Esperava que sua alma já tivesse superado meu terror.

Depois disso, seguiu tranquilamente seu noivo, que já bebia sua primeira dose de whisky da noite. Hermione soltou um fôlego que nem sabia que estava segurando. Confiava em Draco, mas ter Pansy ali trazia um pouco do passado que estava tão disposta a esquecer. Felizmente, a mulher também parecia inclinada a fazer o mesmo.

Aquele Natal não era só para ele, percebia agora.

Draco olhou a esposa de soslaio, queimando-a com todo o sentimento expresso naquele único olhar. Ela não sabia, mas havia sido ela, Hermione, quem havia devolvido sua alma. Pansy poderia colocar terror nela o quanto quisesse agora.

Essa noite, enfim, o homem compreendeu o que sua esposa queria dizer com “deixar o passado no passado”.

Hoje, finalmente, sentia como se sua alma realmente fosse sua.

Ou melhor, dela.


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Notas finais do capítulo

¹âme é alma em francês, achei adequado.²Mistletoe é o famoso visgo que sempre aparece nas histórias de Natal como motivo para beijar. A senhorita Ly Anne ficou de gracinha com o visgo do diabo, então decidi deixar o nome em inglês mesmo.



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