Obs: Neste momento da história ela se passa antes dos personagens como Henry, Emma, Regina, David ou Regina chegarem na Terra do Nunca, ok?

Acordo um pouco atordoada, olho em volta e percebo que estou no meio da floresta, tudo me parece tão familiar, porém tão diferente, tudo parece mais escuro, as árvores parecem clamar por ajuda, observo e tudo parece sem vida. Tento pensar por quanto tempo estive fora, imagino que por tempo suficiente para tudo que construí estar este caos, como posso pensar assim se antes de apagar tudo já estava assim.

Começo a andar pela floresta, até chegar ao penhasco, de onde posso ver grande parte da terra do nunca, parece que tudo caiu na escuridão, não posso acreditar, esta pior do que antes.

Olho em volta, e voo até a praia, não me lembro da ultima vez que tive essa sensação, é como se as lembranças voltassem aos poucos. A praia, um lugar agradável, costumava observar as ondas, o horizonte. Ouço passos, me viro rapidamente para ver quem é que atrapalha meus pensamentos, afinal não é todo dia que alguém consegue me achar ou me ver na Ilha. Vejo um garoto, com seu 15 ou 16 anos, loiro de olhos verdes, olhos tão sombrios, que se parte das lembranças de antes de eu apagar por sabe-se lá quanto tempo não tivessem voltado, eu teria medo.

- Ora ora ora, se a sombra não me fez a burrice de me mandar mais uma vez uma garota. – disse o garoto com uma voz irritada e ao mesmo tempo sombria e quase que irônica.

- Não acredito – pousei uma mão sobre o coração e fiz uma cara típica de espanto, porém totalmente falsa - que depois de sabe-se lá quanto tempo, tenho o prazer, - dei uma pausa e revirei os olhos - ou desprazer de conhecer pessoalmente o famoso Peter Pan! – disse num tom carregado de irônia.

Ele mudou sua expressão para uma pitada de surpresa

- Não achou mesmo que a sua sombra mandaria outra garota depois do caos que foi a primeira não é? – sim, Wendy, aquela garota causou um caos no período em que estava aqui, via de longe o que Peter fazia com ela, se eu me metia no meio? Claro que não, você deve pensar que tenho medo de Pan, pois tire isso de sua cabeça, não me metia porque não era problema meu, pelo que ouvi a menina sabia a onde estava se metendo quando veio para cá, as pessoas daquele reino, que pelo que sei não existe magia, deveriam aprender que nem tudo é um mero conto de fadas.

- Quem é você? Como sabe disso? – ele estava gritando de um jeito que em anos eu nunca tinha visto.

Dei passos calmos pela praia, o deixando cada vez mais irritado. Deixei que o silêncio reinasse entre nós, queria testar sua paciência. Quando ele me prensou em uma árvore, com as mãos no meu pescoço, numa ameaça falha de tentar me enforcar.

- Eu perguntei quem é você e como sabe disso – ele disse de vagar e entredentes. Via em seus olhos que estavam tão perto dos meus, a curiosidade, a raiva e até mesmo um fundo de maldade.

- Quem você pensa que é pra falar desse jeito comigo?

- Eu sou Peter Pan, o mais poderoso ser desta ilha, o primeiro a pisar aqui, o fundador.

Com um simples gesto da minha mão, o fiz voar e bater com as costas em uma árvore, dei uma gargalhada tão gostosa, e tão boa que o deixou confuso, ou será porque ele achou que era o único com poderes na ilha?

- Você realmente não achou que era o único com poderes aqui não é Peter – ele já estava de pé, olhando pra mim com uma cara surpresa – você achava? E também acredita que é o primeiro a viver na Ilha? – um sorriso sínico surgiu nos meus lábios. – você não passa de um homem frustrado, e louco para ter uma vida eterna. Você não passa de um garoto. Agora se me der licença, tenho mais coisas pra fazer.

Ele ainda me olhava irritado, levantei voo sem aviso prévio e o deixei com seus pensamentos.

Peter Pan P.O.V.

Estava totalmente abismado, não estava acreditando que aquela menina que eu nunca tinha visto antes estava acabando comigo, ela zombou de mim, e usou magia, MAGIA, só eu tinha poderes aqui nessa ilha, mas parece que me enganei, ela era toda misteriosa, e sarcástica, me arrisco a dizer que até um pouco parecida comigo.

Ela conhecia histórias sobre o que aconteceu na ilha, mas como se era a primeira vez que a via aqui? Como, se eu conhecia este lugar como a palma da minha mão? Ela falava como se vivesse aqui até mesmo antes de mim, mas como se fui o primeiro a vir pra cá? Essa garota estava me dando nos nervos.

Decidi que não ia contar nada aos meninos perdidos, nem mesmo ao Félix, não enquanto eu não descobrir mais sobre essa garota misteriosa, e eu ia descobrir. E vou encontra-la de novo para tirar essa história a limpo.

Fui interrompido de meus pensamentos quando ouvi alguém se aproximando, já sabendo quem era não me dei ao trabalho de virar, então continuei olhando o horizonte tentando ainda entender quem era aquela garota misteriosa, porém em vão.

- Algum garoto chegou à ilha Peter? Por que não me comunicou? – indagou Félix.

- O que? Não, não temos nenhum garoto novo na ilha, e isso me irrita, porque enquanto ele não chega, menos tempo eu tenho. Mas agora vamos, está na hora da diversão.

Já estava anoitecendo, e não me demorei em começar a tocar minha tão preciosa flauta, ela alegrava os meninos, e eles se divertiam, dançavam e brincavam em volta da fogueira, e é isso que eu mais gostava, ver o que conseguia proporcionar a esses garotos.

Percebi algo se movendo no meio da floresta, então parei de tocar e fui ver o que era, poderia ser aquela garota, deveria estar procurando por abrigo ou algo do tipo, porém cheguei ao local onde havia visto movimento e não encontrei nada, ainda procurei mais ao redor, mas continuei na mesma, não era possível, sinto a presença de alguém mas não consigo distinguir de quem ou o local exato de onde esta, e isso não acontecia comigo, eu simplesmente conseguia sentir toda ilha, mas agora por que essa maldita sensação esta voltando?