Haunted escrita por lais


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Gente, olha eu aqui de novo!
Esse capítulo não demorou pra sair, né? Adorei os comentários no prólogo e quero pedir pra vocês divulgarem a fic pra mim. Indiquem para suas amigas, parentes, inimigos...
Boa leitura



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07/02/2016

Encostei minha cabeça no vidro da combi antiga de minha mãe. As árvores e arbustos passam como um rabisco verde-musgo sob os meus olhos semicerrados. Era Fevereiro e como era de se esperar, fazia um calor do diabo lá fora. O sol já estava se pondo, mas o calor era iminente naquela época e, possivelmente, a localidade da cidade não ajudava muito. Observei uma placa encostada na estrada, um pouco caída para o lado, no qual dizia em grandes letras desgastadas:


"Bem-vindo a Gracevill
População local: 9.000 habitantes"

Olhei-a até ela desaparecer por completo da minha vista. Gracevile. 9.000 habitantes. Uma cidadezinha do interior. Soltei um murmuro de reprovação, não era aqui que eu esperava passar minha juventude. Não mesmo! A única coisa importante que me empurra para cá é minha mãe. Estamos passando por uma crise financeira e a única solução foi uma livraria/café que ela está abrindo com um antigo amigo de escola. E, claro, no contrato incluía em letras vermelhas e maiúsculas a seguinte frase: DEIXE SUA MARAVILHOSA VIDA EM NOVA YORK. VENHA PARA GRACEVILLE: UMA CIDADE PACATA NO MEIO DO NADA! E TRAGA O FEDELHO DE SEU FILHO JUNTO

Parece pirraça, mas essa história de abrir uma livraria não me convenceu muito. Estávamos tão bem há algumas semanas atrás e como num passe de mágica, aparece essa crise batendo na nossa porta. Como isso era possível? Uma crise não surgi assim do nada, a menos que...

— Percy, querido, se for dormir pelos menos pegue o travesseiro. —queixou-se minha mãe, cortando meus pensamentos. — Não quero o meu menino com torcicolo logo no primeiro dia na cidade.

Odeio quando ela me trata como menino, odeio mais ainda quando ela faz isso em público. Mas decidi não discutir, apenas peguei o travesseiro no banco traseiro e coloquei-o entre a janela e minha cabeça. Contei mentalmente quantos minutos minha mãe levaria para achar a casa nova sem a ajuda do GPS do carro. Bem, levaria um longo tempo. Senti meus olhos se fecharem involuntariamente enquanto minha mãe tagarelava alguma coisa relacionada a livros e café, a combinação perfeita. Depois disso não ouvi mais nada, simplesmente deixei-me cair na escuridão dos sonhos — ou pesadelos — novamente.

No meu sonho eu via um homem a minha frente, sorrindo, cujo seu rosto eu não pude ver pela escuridão do quarto, mas eu tinha certeza que era um homem. Ouvia risos e gargalhadas abafadas por outras. Uma voz feminina — a qual eu podia jurar ser da minha mãe — dizia em alto e bom som como estava feliz e contente com tudo aquilo. De repente a imagem mudou, agora uma enorme tempestade caía do céu escuro. Gritos de terror e sons de tiros preenchiam o lugar. Um tiro foi disparado. Mais um grito. Em seguida mais um e mais um. Tampei os ouvidos com força e caí de joelhos no chão. Lágrimas se formaram em meus olhos e pingaram no chão de mármore. Mais um grito abafado. Minha cabeça girava e eu podia jurar que a qualquer momento aqueles tiros iriam ser para mim... Logo os meus gritos se fundiram com os demais. E então uma voz sussurrou em minha cabeça, prendendo minha atenção:

"Salva-me"

Acordei com as palavras na minha garganta, "Salva-me". Aquilo rodava meus pensamentos. Eu nunca em toda a minha vida eu sonhei com aquilo, claro, tive outros sonhos estranhos, mas nenhum se compara com esse. As vozes, gargalhadas, gritos... Tudo parecia tão familiar. Estava suando frio e com os olhos marejados, mas minha mãe pareceu não reparar enquanto estacionava o carro na garagem, cantarolando.

Ela desceu do carro e pegou as malas no momento em que eu descia sem muita pressa e peguei minha mochila velha, colocando-a no ombro. Minha mãe tinha um sorriso radiante e presunçoso no rosto. Ela está feliz, a única coisa que posso fazer é ficar feliz também... Por ela.

Um homem de meia idade e com cabelos loiros, que me lembravam muito a areia, estava na entrada da garagem, sorrindo e com os braços abertos.

— Sally? É você? —minha mãe deu pulo e sorriu ao perceber quem era, dando um abraço para lá de apertado nele. — Que bom que você chegou. Eu estava morrendo de saudades. — Os enormes olhos castanhos agora me fitavam, curiosos. — Esse é o seu menino? Cresceu tanto, né?
Deu um sorrisinho forçado e peguei o restante das malas.

— Percy, esse é o Frederick Chase. Ele um antigo amigo de escola. — assenti sem dar muita bola. — Foi esse incrível homem que me ofereceu a proposta da livraria barra café. — Ela deu abraço de lado no Sr. Chase e depois um sorriso de agradecimento.

— E falando em amigos de escola, eu soube que o Percy vai estudar na mesma faculdade que minha filha, Annabeth. Ela está na nossa livraria nesse exato momento, vocês não querem conhecer o lugar? — ele disse numa empolgação que eu pensei que ele tinha ganhando na mega-sena. — Assim o Percy aproveita para fazer novas amizades por aqui.

— Seria ótimo, não acha Percy? — arqueei as sobrancelhas. Eu mal tinha chegado nessa maldita cidade e já estão me empurrando para uma garota desconhecida, sério?

Dei meu melhor sorriso e disse:

— Acho que vou deixar para outro dia. A viagem foi longa e o que eu mais quero e deitar na minha cama. — O que eu mais quero é voltar para Nova York.
O Sr. Chase pareceu desapontado, mas entendeu minhas desculpas e levou minha mãe para a tão falada livraria. Fiquei sozinho, me dando tempo para vasculhar minha nova casa. A casa é grande e espaçosa, tem quatro quartos e dois banheiros. Me enfiei em tudo que é buraco naquela casa, mas o que me chamou mais atenção foi o quarto pintado de azul-marinho. Ao contrário dos outros, estava cheio de caixas e de poeira. O cheiro era uma mistura de maresia e de coisas antigas. Livros amontoados de qualquer maneira completava o visual.

Eu gostei.

Permaneci parado observando cada centímetro do quarto. Era conchegante e estranho ao mesmo tempo como se já estivesse aqui antes, não sei explicar exatamente. Pulei na cama a ali permaneci de olho fechado, quase dormindo, esperando a voz do sonho ecoar por meus pensamentos e ela voltou, mas não em pensamentos e muito menos em sonho. Eu a ouvi. No quarto. Na vida real.

As palavras foram as mesmas, sempre sofridos e sussurradas:
"Salva-me"


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram? Eu adoraria um comentário.



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