Minha História no Mundo Olimpiano escrita por Vencedora de Lesmas


Capítulo 17
Relembrando


Notas iniciais do capítulo

Quase um mês sem postar *deprimente* Mas como eu disse, a escola não dá trêgua! E valeu pela recomendação da história, LuluBola, que agora se tornou minha rival por causa da paixão por Hermes, rs! Somos duas, rs! Boa leitura



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  Ok, repassando nossa situação: Estávamos indo atrás de uma espada que andava sozinha, não comíamos fazia horas, na pregávamos os olhos fazia um bom tempo, e eu estava cada vez mais apaixonada por Hermes. Sei o que vocês devem estar pensando: “Mas ela já não era?” Sim, eu já era, mas eu estava MAIS AINDA. Como isso é possível? Quando eu descobrir partirei a informação. Mas, provavelmente, Eros devia ter me acertado com uma flecha dourada, aquela que provoca uma intensa paixão incontrolável. Não consegui parar de pensar nele um segundo sequer. Quando sobrevoávamos algum hospital, meu coração disparava a ver o caduceu. Ah, e minhas costas haviam parado de doer, tudo por causa da tal pomada. Fiquei agradecida por Hermes ter aparecido. Bem..... não somente por isso, claro! Enfim, 4 dias após nossa viagem ter começado estávamos chegando próximos a Nashville. O caminho estava sendo percorrido em uma velocidade impressionante.

  Hermes está nos ajudando, comentou Odisseu.

  Era uma boa possibilidade. Até então, a espada não havia se deslocado. Eram 2 da tarde, fazia 5 horas desde que saímos da loja de Donut’s, os pequenos momentos continuavam vivos em minha memória.

  Como um flash, uma coisa me passou na cabeça: Como estávamos voando, estávamos passando pelo ar. E como estávamos passando pelo ar, nosso cheiro estava se espalhando. E como nosso cheiro estava se espalhando, monstros estariam nos detectando. E... você já entendeu, né?

  Enfim, Odisseu começou a pressentir isso e me mandou telepaticamente. Éramos como João e Maria deixando uma trilha de migalhas de pão que aos poucos eram devoradas pelos monstros sanguinários à procura de carne de semideusa. Nos aproximávamos de uma floresta e  isso me deu uma idéia.

 

 

 

  Espantei o lagartinho que estava na moita em que eu me escondera. Eu havia obrigado Odisseu a pousar aqui, bem, como aquele antigo ditado dizia: Se Maomé não vai até a Montanha, a Montanha vem até Maomé. Mas, no nosso caso, era algo do tipo: Se os monstros demoram pra vir até nós, vamos parar e acabar com a raça deles de uma vez. É, eu preferia a adaptação. Ficamos ali por uma meia hora, mais ou menos, esperando o-que-quer-que-fosse-que-estava-nos-seguindo. Comecei a ficar com tédio, e lancei o olhar para o céu. Poucas nuvens sobrevoavam minha cabeça, às vezes escondendo o sol. Encostei-me em uma pedra próxima e esperei.

  Fiquei com um tédio inacreditável, admito. Mas, cara, nada aparecia fazia 16 minutos!!! Nada!!! Nenhum som, nenhum rastro, nenhum cheiro, nenhum movimento, nenhuma tentativa de me matar, nada!!! Comecei a lutar com minhas pálpebras, que faziam a força oposta para se fecharem. Deixei ceder aos poucos.

  Um movimento rápido, e algo passou assoviando ao lado da minha cabeça. Não importa com quanto sono você estiver, um objeto voador não identificado voando à 150 km/h te acorda fácinho! Desviei com habilidade, e quando digo ‘habilidade’, quero dizer que me joguei pro lado com toda a força do meu corpo. Me sobressaltei, levantado com a espada substituta já em mãos. É, eu usava uma espada provisória fazia um tempo, pois a minha fiel Última Sombra fora roubada. E isso me dá muito ódio!!!

  Virei o rosto para a árvore que estava atrás de mim, buscando saber o que era. Senti um soco na boca do estômago ao ver que uma clava fora jogada com tanta força a ponto de abrir uma lasca no tronco, e lá permanecer. Certo, aquilo não é algo que te deixa relax, e tal, por isso engoli em seco.

  Um alvoroço foi feito por entre a floresta, dando espaço a uns oito lestrigões que derrubavam tudo em sua frente. Eles pareciam um tipo de valentões, só que mais burros e mais trogloditas. Os “caras” estavam fortemente armados, ou, em outras palavras, carregavam todas as árvores do Central Park em forma de porretes. Não usavam armaduras, apenas um elmo feito de pedra – pedra mesmo, parecia que havia sido cavoucada para eles enfiarem a cabeça –e um peitoral de couro. Algo me fez pensar que aquele couro havia sido arrancado da pior maneira possível.

  Deixei de analisá-los, pois outra clava vinha em alta velocidade em minha direção. Como eu estava preparada, cortei-a no meio com um movimento rápido de espada. Afinal, aquilo não deixava de ser madeira. Mas a clava não foi a única coisa que veio até mim, dois lestrigões brandindo os porretes acompanhavam-na. Avancei contra um, acertando-o no estômago. Por sorte, eles eram inacreditavelmente lerdos. Por azar, ele não evaporou em poeira, ficou parado e sólido, e minha espada ficou presa. Tentei tirá-la de lá uma vez, dando um puxão, o que não deu certo, e também não tive outra oportunidade de tentar, pois o monstro iria arrancar minha cabeça. Dei um pulo para trás, e logo me abaixei, desviando de um golpe transferido pelo outro. Me sentia o Mário no Wii. Apoiei a mão no chão, e desviei o pé em rumo aos deles, na tentativa de uma rasteira. Nem devo comentar que não deu certo, né? Acabei me enrolado e caindo de costas na terra. Um bastão de madeira veio de encontro ao meu corpo, o qual se desviou para o lado. Levantei rapidamente, sacando uma faca que eu tinha na cintura. Bem, não era exatamente uma faca, era uma adaga. Uma adaga de bronze celestial, toda detalhada, com uma lâmina fina e aerodinâmica, complementada pelo cabo de couro preto, junto com a base dourada. Forjada por mim, claro.

  Acertei no braço o que tentava me acertar novamente. Um grito de dor inundou meus ouvidos, o que desabrochou um sorriso em meus lábios. Puxei a lâmina, e posicionei minha mão esquerda, que estava livre, em forma de apoio no peito do lestrigão. Com um movimento rápido, lhe finquei a arma em sua garganta. Poeira dourada correu por meu braço até o chão.

  - Ok – zombei, sorrindo maliciosamente e me virando para o resto, que me olhavam com ódio- Quem é o próximo?

  Um monstro rugiu e veio em minha direção. Desviei para o lado e o estoquei na lateral do corpo. Um minuto era um bobão-valentão-monstrengo, no outro um bando de pó. Faltavam seis.

  - POR HEFESTO!!! – gritei e parti pra cima. Certo, não foi a coisa mais inteligente, mas e daí?

  Dessa vez me senti mesmo o Mário, só que uma versão feminina e sem o bigode. Pulei, joguei pedras, pulei em cima, acertei com a adaga, e até gritei “Here we go!”. No final, só sobrara dois. Eu ofegava enquanto ia ao encontro deles. Infelizmente, algo me acertou com força na barriga, em fazendo voar uns três metros para trás. Quem me dera que fosse a terra macia que eu tivesse aterrissado!  Em vês disso, foi nas pedras molhadas de um riacho próximo. A água era rasa, mas quando eu caí deu pra molhar boa parte de minhas roupas, e de machucar boa parte de meu corpo. Tentei me levantar, mas minha costela doía, assim como meu braço esquerdo. Algo começava a se formar em minha boca, sufocando-me. Cuspi o liquido e senti repulsa pro ver que era sangue. Não tardou aos dois lestrigões chegarem até mim, rindo, com aquela cara de bobalhões. Eu estava completamente concentrada neles, por isso não prestei atenção quando alguma coisa aparece por trás e me acertou fortemente na cabeça. Eu apaguei.

 

 

Quando eu estava desacordada, imagens vieram à tona em minha mente, memórias antigas e outros sonhos:

  Era cerca de 7 anos atrás, eu só tinha onze, e estava sentada na praia, ao lado de um garoto loiro de olhos azuis, belos olhos azuis. E sua face também era muito bonita, mesmo com uma cicatriz horrível que a desfigurava. Era de dia, os raios solares cortavam o céu.

  - Seu pai não te odeia, Luke – repreendeu minha versão mais nova.

  - Odeia sim – disse ele sombrio.

  Coloquei minha mão em seu ombro, instantaneamente corando, enquanto ria secamente sem humor.

  - Ele não te odeia – repeti.

  - Como você pode saber? Você não o conhece.

  - Meu pai me odeia. Eu sei como é. E pelo que deu pra ver, Hermes não te odeia.

  Ele bufou.

  - Você não sabe de nada! – seu tom era sério e irritado. E ele tinha 17 anos.

  - Ok, ok...  – respondi, encolhendo minha mão.

  - Desculpe, eu....- Dei de ombros antes que ele terminasse.

  - Nhá! Tudo ok.

  - Hefesto não te odeia, Dessa.

  Ri secamente e abracei meus joelhos.

  - Odeia sim.

  - “Meu pai me odeia. Eu sei como é. E pelo que deu pra ver, Hefesto não te odeia.” Certo?

  Rimos, eu dessa vez com humor. Seus olhos percorreram até meu pulso esquerdo, o qual eu virei para que ele pudesse ver que horas eram no meu relógio.

  - Tenho que dar aula de esgrima agora – lamentou-se Luke.

  - Vai nessa – sorri.

  - Você não quer tentar?

  - Sabe que não sou boa com espadas – disse, balançando negativamente a cabeça.

  - Já tentou? – ele sorriu, levantando-se.

  - Já – menti.

  - Ora, vamos!!! – não vou mentir, aquele rosto e aqueles olhos me seduziram, obrigando-me a levantar enquanto ele me puxava pela mão.

  - Está bem! – meu rosto estava quente.

  - É isso aí! – continuou sorrindo, mas soltou minha mão. – Que tal uma corrida?

  - Tá – omiti o fato de minha perna machucada. Nunca quis que ninguém soubesse, muito menos que estragasse a nova animação de Luke.

  Ele disparou na frente, sendo muito mais rápido que eu. Sofri para tentar acompanhar seu ritmo, mas não deixei de me divertir. Sempre quando eu estava com aquele filho de Hermes, eu me sentia bem. Gostava muito de Luke. Corri atrás dele, rindo comigo mesma. E a cena mudou.

  Um furacão branco envolveu a imagem da praia e foi se fixar na floresta do Acampamento, na mesma noite em que eu fizera meu juramento para Zeus. Um clarão havia me cegado, embora tenha dado tempo de fechar os olhos antes d’eu me transformar em poeira de semideusa. Quando consegui distinguir a o vulto que estava em pé, poucos centímetros à cima do punho de Zeus. Meu coração parou, e começou abruptamente a bater acelerada e loucamente.

  Um homem, aparentemente de vinte anos, usava um uniforme dos correios, com uma pasta postal no ombro, um elmo alado sob os cabelos castanhos encaracolados, e carregava um bastão no braço com duas cobras entrelaçadas e com asinhas no topo. Fiquei boquiaberta com a visão. Ele tinha feições élficas, orelhas um pouco pontudas, e a sombra de um sorriso zombeteiro no rosto. E seus olhos... me perdi neles, os quais possuíam um brilho malicioso, extremamente atraente. Já foi difícil não babar, muito menos falar alguma coisa. Seus tênis, que também tinham asinhas, pousaram na rocha e depois desceram para o chão, ficando na minha altura, ou quase. Eu estava muito próxima dele, e não sabia o que fazer, nada nunca fizera eu me sentir daquele jeito. Ele me sorriu, e achei que o mundo havia parado. Tentei dizer algo inteligente, mas não consegui nada mais que um balbuciar de palavras.

  - Olá, Andressa – sorriu ele.

  Então era esse o meu nome?

  - Ahn-er-o-olá! – gaguejei, ficando vermelha. E vermelha, mesmo!

  - Você é muito nova para comprometer já todas as suas batalhas – seu rosto ficou sério, o que me fez engolir em seco.

  - N-não sou! – gaguejei, parecendo mais infantil do que eu era.

  Seus olhos varreram meu corpo, se fixando nos joelhos esfolados, ensangüentados e enlameados. Ele se aproximou, ficando mis perto de mim. Prendi a respiração. Ele me tocou com o bastão nos joelhos. E quando reparei, o sangue havia sumido e eles não doíam mais.

  - O-o-obrigada.

  Ele sorriu.

  - Você vai acabar morrendo assim – sua voz era gentil, e incrivelmente sedutora.

  - N-não me-e imp-porto – eu não conseguia parar de gaguejar – Mas... quem é você?

  Ele ergue um sobrancelha, sorrindo.

  - O deus dos mensageiros e viajantes, não é? Hermes? – perguntei ingenuamente, chutando.

  Ele sorriu mais ainda, de modo caloroso. Senti meu rosto pegar fogo, e ficar em uma cor púrpura.

  Own que bonitinha, zombou uma voz masculina em minha cabeça, ela está louquinha por você, Hermes.

  George, cale a boca! repreendeu uma voz feminina.

  Ah, fique calada, Martha! Ei, menina, você tem um rato?

  - Ã... não – respondi, começando a sentir um pouco de raiva desse tal George.

  - Caladas, as duas! – disse ele se dirigindo para o nada, e depois se virou para mim: Ah, não ligue para eles – disse Hermes dando de ombros – Cobras são irritantes mesmo.

  Então a voz era das cobras?

  - Er.... Senhor Hermes?

  - Sim?

  - Ahn.... por que está aqui? – me arrependi imediatamente dessas palavras no momento em que as disse, eu não queria que a frase tivesse esse sentido.

  - Ah, sou o deus dos mensageiros, como você mesma disse! – ele disse aquilo como se fosse óbvio, o que fez eu me odiar mais ainda.

  - Tem uma mensagem para mim, então? – tentei, mas não consegui, as palavras continuaram saindo soltas e sem noção.

  - Sim, uma mensagem de Zeus.

  Engoli em seco

  - Ele disse que o que você fez é digno, blá blá blá, que há tempos nenhum meio-sangue demonstrava tal respeito ou queria tanto, blá blá blá, e que você terá que provar que merece a bênção dele.

  Senti como se tivessem me dado um soco no estomago.

  - Como vou fazer isso? – perguntei em um murmuro.

  - Use sua criatividade – aconselhou-me ele. Hermes deu mais alguns passos, se aproximando mais, e colocando sua mão em meu ombro.

  Minha respiração acelerou, e ele pareceu perceber, mas não ligou.

  - Você pensará em algo. Mas, se quer uma dica: o senhor Zeus adora quando “puxam o saco” dele. E você parece saber muito bem como fazer isso.

  Balancei a cabeça para os lados, envergonhada. Ele se aproximou mais, o que fez meu coração sair do compasso já irregular, e  prender minha respiração. Hermes me lançou uma piscadela junto com as palavras “Boa sorte” e pensei que meu mundo iria cair.

  A imagem mudou novamente, mas dessa vez eu despertei. Eu continuava no riacho, mas não sentia dor nenhuma. Os lestrigões haviam sumido, e uma sombra humana se curvava sobre mim.


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Notas finais do capítulo

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