— PRÓLOGO —

Os relógios marcavam três da tarde quando uma figura esquecida começou a caminhar pelas ruas de Sobral com um propósito macabro em mente. Ele caminhava lentamente, protegendo-se nas sombras dos muros do Instituto Federal (IFCE), enquanto repassava diversas vezes em sua mente o plano de sua vingança.

As ruas estavam vazias naquele momento. Raramente se via algum carro ou mototáxi passar por ali, e quando passavam, não notavam a presença do rapaz que caminhava pelas sombras e que já começava a avistar o local de seu objetivo, o Centro de Educação à Distância (CED). Ali estava sendo realizado um novo evento de cultura pop oriental, o Art Fest Animation (AFA), e muitos jovens e adultos de toda Sobral e cidades vizinhas se reuniam para prestigiar o evento, participando de diversas atividades muito divertidas e recreativas.

Quando as sombras dos muros e prédios em volta desapareceram e não mais puderam protegê-lo do sol, o rapaz se aproximou do CED, rodeando a cerca metálica externa do local até encontrar a entrada que dava acesso ao campus. O rapaz continuava a caminhar pacientemente enquanto controlava sua ansiedade. Ele vestia uma blusa preta com a imagem do personagem Saga de Gêmeos do anime Os Cavaleiros do Zodíaco e usava uma calça jeans bege bem apertada que combinava muito com seu tênis All Star acinzentado.

De repente, o rapaz parou. Diante dele, a entrada externa que dava acesso ao campus do CED estava aberta — aberta para a sua vingança. Ele sorriu. Em breve ele faria justiça!

O rapaz continuou observando da entrada, quando dois adolescentes passaram por ele, entrando no local com muita empolgação. Ele não se importou quando uma grande e bela borboleta de asas negras pousou em seu ombro direito, balançando levemente suas asas que exibiam figuras que mais pareciam dois olhos felinos cor de fogo.

“Então... quando pretende me contar o que anda planejando, Luiz?” perguntou a borboleta através de sua telepatia, com uma voz masculina distorcida.

Luiz olhou de relance para a borboleta em seu ombro, então retirou do meio de seu rosto a franja de seu cabelo castanho-claro que havia crescido bastante nos últimos meses. Ele ficou em silêncio por alguns instantes, refletindo sobre seu passado, então falou telepaticamente para a borboleta:

“O básico você já sabe... Nosso segundo plano mestre será adiado para o próximo ano, porque primeiro existem outras questões importantes a serem resolvidas neste momento. De alguma forma, alguém que estava no FAMS conhecia o ritual que eu apliquei naquele dia, e o desfez, estragando tudo. E, além disso...” Luiz serrou seus dentes e fechou seus punhos, exalando sua raiva. “O ou Os malditos ainda tentaram apagar a minha existência da História. Por isso, eu tenho outra finalidade para o evento que está acontecendo aqui hoje.”

“Vingança,” revelou a borboleta, “é vingança o que você procura hoje, não é?”

“Hum, isso vai muito além de vingança,” Luiz mentiu, tocando na mecha vermelha de sua franja que ficara meio desbotada com o passar do tempo. “Temos que identificar os indivíduos que desfizeram o ritual enoquiano àquela vez e matá-los. Ou, então, nosso próximo plano mestre também correrá o risco de ser estragado,” concluiu o rapaz, olhando para a borboleta.

“Mas como você pretende fazer isso? Que magia executará aqui?”

“Isso é uma surpresa. Mas...” Luiz expressou um sorriso sarcástico, tocando na alça de sua mochila azul-escura e fazendo com que a borboleta saísse de seu ombro. “A surpresinha que eu tenho guardada aqui, vai tornar a vida de todos num grande inferno.”

Luiz começou a caminhar para dentro do CED enquanto a borboleta misteriosa o acompanhava de longe. O grande momento se aproximava! Logo, o antigo e impiedoso vilão que dizimara quase toda a Sobral durante o FAMS, sob o título de Luiz-Madara, teria sua grande e esperada vingança. E as vidas de todos os que prestigiavam o AFA corriam sérios perigos.