O Cair das Folhas escrita por Crispim R


Capítulo 1
Capítulo 1: Prisão


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem :p



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/667787/chapter/1

–Para onde vocês estão me levando? - Soltem-me – Dois homens altos encapuzados me carregavam e ambos eram conduzidos por uma garota de estatura baixa. Debati-me.

–Garoto! Se você continuar a resistir, ordenarei que eles apelem para a violência.

Andamos mais um pouco através dos corredores até nos depararmos com uma porta de ferro. Ela digitou rapidamente uma senha e a porta abriu – Joguem ele ai, não precisam ter cuidado.

Eles me arremessaram dentro da sala e assim que eles me soltaram, tentei correr, mas logo de imediato a porta se fechou e fiquei mergulhado na escuridão do local. Bati algumas vezes na porta inutilmente, já que não obtive nenhum tipo de resultado.

Desisti, já que de qualquer forma ninguém ajudaria. Comecei a tatear a sala, adquirindo o máximo de informações sobre ela, era bem ampla e retangular sem nenhuma irregularidade, outra coisa que notei é que as paredes eram geladas. Caminhei até o centro e esbarrei em alguma coisa.

No mesmo instante, eu escutei um gemido abafado. Senti um frio percorrer toda a minha espinha e me afastei o mais rápido possível dali, encostando minhas costas em uma parede qualquer. Tinha alguém ou alguma coisa ali, começando a se mexer bem devagar em cima, tal ato procurava um leve ranger metálico.

–Socorro! - Gritei, minha garganta começando a doer sede. Como antes, não obtive respostas.

Voltei a tatear as paredes do local até encontrar a porta e me sentei ali perto, parando então para pensar em tudo que tinha acontecido. Eu estava com tanta fome e sede que cedi a tentação de roubar e, infelizmente, tive a má sorte de invadir a mansão de algum louco. Deu tempo apenas de beber um pouco de água e comer uma maçã que estava em cima da mesa quando um alarme soou. Tentei correr, mas já era tarde e, no primeiro correr que virei, esbarrei na pequena garota de cabelos dourados, olhos azuis e semblante sério e seus dois guardas.

Eu estava jogado no chão frio agora, no escuro, não tinha mais noção nenhuma do tempo e vez ou outra escutava aqueles gemidos seguidos do ranger metálico, isso me assustava de uma forma estranha. Eu não sabia se era por representar algum perigo ou simplesmente um enorme medo de algo desconhecido.

De repente, uma pequena portinhola foi aberta, a luz que invadiu o local foi forte demais e me cegou temporariamente. Escutei um barulho um tanto desagradável de ferro batendo no chão. Quando abri os olhos novamente, a portinhola já estava fechada.

Engatinhei até a porta e, devagar, verifiquei os objetos metálicos. Felizmente um deles continha algo líquido, era água, o outro recipiente era uma bandeja de metal e havia um pão médio. Comi vorazmente metade do pão e guardei a outra metade em um bolso do casaco, esperando o pior, também bebi metade da água e permaneci com o copo em mãos para não perder, nem derramar.

Depois de alguns momentos, sentei-me um pouco mais distante da porta, virado para posição oposta, apoiei o copo no chão ao meu lado, a uma boa distancia para que eu não o derrubasse sem querer e, muito cansado, adormeci. Um sono intranquilo.

Quando acordei, certifiquei-me se a água ainda estava ali e após confirmar, comi a metade do pão que guardei e bebi um pouco mais da água. Não havia terminado de beber quando a portinhola abriu novamente, eu pisquei algumas vezes para me acostumar com a luminosidade.

–Ei! Devolva o copo, não quero ter que mandar meus guardas pegarem – Era a garota de cabelos dourados de novo com seu tom ameaçador.

–O que você quer comigo? - Perguntei, já passando o copo pela portinha por pesar.

–Por hora, só que você fiquei aqui, afinal, não quero meu bichinho de estimação sozinho – Ela colocou uma nova vasilha de ferro contendo dois pães no chão, depois colocou 2 copos cheios d'água – Alimente-o dessa vez.

Sem muito entender, virei-me e, no centro da sala, havia algo que parecia uma cama e algo em cima. A luz que vinha da portinhola revelava que uma pessoa, deu apenas para ver seu rosto antes de fecharem a portinhola e, com isso, a escuridão retornar, ele estava amordaçado, provavelmente deveria estar preso à cama.

De repente, eu senti que precisava ajudá-la, ela estava ali antes de mim, com mais fome e sede, sofrendo a bem mais tempo. Lembrei então o que a garota falou sobre ele ser o bicho de estimação dela, preso para não fugir...

Tateei até a porta e repeti o processo, ingeri metade e guardei a outra metade. Ajudar aquela garota seria um pouco mais complicado, por causa da total escuridão, principalmente. A princípio, pensei em levar normalmente, mas eu poderia acabar tropeçando e derrubando tudo.

Então fiz diferente, segurei em uma mão só o pão e o copo, deixando a vasilha para trás. De joelhos, engatinhei até o centro da sala usando a mão livre para verificar o que havia em minha frente, até encontrar a cama. Apoiei o copo no chão e levantei, descendo então a minha mão para encontrar com a garota.

A primeira coisa que senti, então, foi seu peito, nu, que me relevou que não se tratava de uma garota e sim de um garoto, ele tremeu em calafrio. Na segunda tentativa, alcancei seu queixo, removi a mordaça, abaixando-a até abaixo do pescoço.

–Me desculpa – Foi a primeira coisa que disse, quase que de imediato, com a voz falhando.

–Calma, esta tudo bem – Menti, não estava, mas eu precisava acalmá-lo.

–Me descul... - Foi só o que disse antes de tossir e voltar a ficar quieto.

–Tenho água para você, consegue pegar o copo? - Ele não deu resposta, mas escutei o ruido metálico, indicando que ele estava preso.

Tentei derramar a água na boca dele, mas ele engasgou e voltou a tossir. Esperei até que ele parasse e tentei de um modo diferente, apoiei o copo em seus lábios e curvei o copo levemente, a principio, estava indo bem, mas logo voltou a engasgar e tossi.

Desisti e parei par apensar um pouco, que ele deveria estar acostumado a ser mau tratado, deve ser por isso que ele não reclamou nenhuma vez que eu o fiz engasgar, não disse nada. Então uma ideia surgiu, não era a melhor de todas, mas iria ajudar.

Levei o copo até minha boca e conservei um pouco d'água ali, fui até ele e encostei meus lábios nos dele, abrindo-os devagar, passando um pouco de água. A principio, ele se assustou, mas logo captou o que eu estava fazendo e começou a absorver o líquido, a boca dele tinha um gosto doce, mas logo comecei a me distrair a fim de evitar esse tipo de pensamento.

–Tenho um pedaço de pão aqui, quer? - Perguntei assim que finalizamos aquele beijo.

–Á-água... - Foi só o que disse, mas logo entendi.

Transferi a água da mesma forma duas vezes mais, então perguntei novamente se ele gostaria de comer o pão

–Quem é você?- Perguntou ao invés de me responde.

–Eu sou Freddie, preso aqui igual a você e você? - Respondi incerto.

–Eu...eu me chamo Aldrich – A voz dele estava trêmula.

–Pão? - persisti e ele concordou dessa vez.

Pedacinho por pedacinho, fui colocando na boca dele, mas ele demorava bastante para mastigar e engolir, fazendo-me esperar. Depois de terminado, ainda sobrou um pouco do pão dele que guardei junto ao meu. Nessa hora, ele perguntou se havia mais água, então transferi o resto da água para ele.

–Ei...Por que está fazendo isso comigo? - Perguntou desconfiado.

–Hã? Eu estou só tentando ajudar, já que também estou preso aqui – Dizendo isso, um silencio se formou, que fiz questão de quebrar algum tempo depois – A quanto tempo está aqui?

–Não sei, a última data que me lembro é 09 de agosto de 2042 – Enquanto ele falava, mexeu novamente naquilo que fez um ranger metálico, correntes.

–Fazem exatos 3 meses que você está aqui, se eu estiver certo, hoje já é ou ainda é dia 09 de novembro, fui preso ontem a noite – Não tinha muita certeza se eu estava correto, pois não tinha noção do tempo passando.

Ele não disse mais nada, sua respiração foi se tornando mais tranquila, e logo não ouvi mais nada, como da primeira vez que estive na sala, presumi que estava dormindo ou que havia se acostumado a fazer isso. Mordisquei mais um pedacinho de pão, bebi mais uma parcela da água e fui até a porta, aconchegando-me o mais confortável que consegui no chão gelado e adormeci.

A primeira coisa que fiz ao acordar foi tentar pegar meu copo d'água, porém não estava ali. Conferi se eu ainda tinha os pedaços de pão comigo e, felizmente, eu ainda os tinha. Eu deveria estar muito cansado para não ter notado quando eles entraram. Eu me preparei para levanta, mas, nessa hora, a portinhola abriu.

–Muito criativa a forma ao qual você recorreu para matar a sede do meu bichinho – Disse a garota, dessa vez usando um tom falsamente meigo, enquanto passava nossos mantimentos para dentro do quarto.

–Como você sabe disso? Você é usuária de magia de espionagem? - Questionei e, se fosse verdade, escapar dali se tornaria muito mais difícil.

–Por favor, me poupe, minha magia é muito mais útil – Debochou – Enfim, eu uso câmeras, idiota, e devo admitir que não acreditei quando vi você o ajudando – Disse, por fim, surpresa.

–Não o deixaria morrer, mas, por que faz isso conosco? Por que me prendeu aqui? - Perguntei, meio que já desconfiando da resposta.

–Você, criança, porque tentou nos roubar, não é óbvio? - Respondeu com desdém.

–E ele? - Aquele garoto teria tentado roubar também?

–Ah, a razão dele é muito mais complexa – Explicou

–Como assim? - Interrompi, será que ele era perigoso e por isso estava preso?

–Eu não deveria falar, mas, como você não tem futuro, tanto faz – Sorriu malvadamente – Aquele garoto é uma fada, com magias misteriosas e, além disso, vale muito no mercado. Sem contar que até o governo os quer – Sorriu novamente.

–Nunca soube que fadas exis... - Antes de terminar de falar, ela fechou a portinhola.

Então ele era uma fada, mas, se é tão forte como ela disse, como ainda não fugiu? Era uma questão intrigante. Em todo o caso, comi um pedaço de pão, bebi metade da água e os guardei como o de costume e esperei que Aldrich acordasse.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Bem, espero que tenham gostado.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Cair das Folhas" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.