Stars And Butterflies escrita por Lieh


Capítulo 3
Capítulo III




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Todos os acontecimentos da noite anterior se uniram e dançaram feito bolhas na cabeça de Bella. Era mais um fim de tarde. Estava sentada no jardim dos fundos da casa vendo o dia consumir e a noite chegar.

Não parava de pensar no Sr. Edward Cullen e na festa na casa da sua avó. Refletiu sobre o comportamento estranho da Srta. Jéssica sobre a família Cullen, mas não conseguiu chegar a nenhuma conclusão. O pior de tudo é que não viu a prima quando saiu da festa e nem a reação dela quando o Sr. Edward a convidou para dançar, por isso tinha pouco no quê se basear, além do mais, conhecia muito pouco a prima, então deixou essa questão de lado. Outro assunto que lhe ocupou a mente foi o sonho do Sr. Edward em ir para a guerra. Bella não sabia qual era o seu real sentimento em relação a ele, mas era forte o suficiente para tentar protegê-lo e faria qualquer coisa ao seu alcance para convencê-lo a desistir e a voltar para a faculdade. Só não sabia quando voltaria a vê-lo para colocar seu plano em prática.

Voltou a fitar as belas rosas que recebeu do jovem cavalheiro naquela manhã, como forma de agradecimento pela noite tão divertida que tiveram juntos. O cartão era simples e só havia uma pequena mensagem, mas o suficiente para fazer o coração da jovem inchar de felicidade:

“Para a mais Bella das senhoritas, que me deu a honra de uma dança”.

Edward Cullen

Bella não sabia quais eram as intenções do rapaz para com ela, mas isso pouco a preocupou.

Os dias foram se passando, e aquilo que ela nunca esperava que acontecesse estava se concretizando. A situação estava mais tensa na Europa; oficialmente a guerra não havia começado ainda, porém os dois blocos de países inimigos estavam se atacando indiretamente. Agora seria impossível dizer que não haveria um confronto. E dos feios.

Mas por enquanto não é o que nos interessa no momento.

Num outro belo fim de tarde, enquanto o vento carregava as folhas secas das árvores, num aviso certeiro que choveria naquela noite, Bella, muito surpresa, recebeu uma visita inesperada do próprio Sr. Edward. O Sr. Charlie não havia chegado em casa, mas isso não impediu do jovem cavalheiro de entrar, apesar de ter contrariado a governanta, que com um olhar muito zangado rondava o visitante e a própria Bella. Por causa disso, não tiveram oportunidade de conversarem intimamente como na festa na casa da Sra. Helen.

- Espero que esteja bem, Sr. Edward.

- Estou ótimo, senhorita, muito obrigado. – Diferentemente de quando Bella o conheceu, noites à trás, o rapazinho estava desconfortável e constrangido e ela estranhou tal comportamento, concluindo que talvez fosse pela impertinente governanta, que o olhava feio. Permaneceram num silêncio vacilante por alguns minutos, até que o Sr. Edward falou:

- A senhorita toca? – Gesticulou para um lindo piano encostado num canto da sala.

- Sim, e o senhor?

-Claro, é um dos meus hobbies favoritos.

- Por que não me delicia com sua música, Sr. Edward?

- A senhorita gostaria que eu tocasse?

-Oh, nada me deixaria mais encantada!

Então, ele se levantou e sentou-se na banqueta. Fitou as teclas e em seguida seus dedos as tocaram delicadamente, começando com pequenas perfusões de notas,logo se transformando numa linda canção. A melodia era doce e suave, mas tinha um aspecto triste, apesar de sua beleza. Não só a canção, mas também o intérprete. Bella, que estava sentada no sofá próxima a ele, notou em suas feições um semblante triste, como se ele estivesse passando por algo doloroso. Ela não fazia ideia de qual era o problema, mas partia-lhe o coração vê-lo tão infeliz.  O ritmo da canção foi diminuindo e por fim terminou lenta, deixando uma nota pairando no ar. O Sr. Edward virou-se e fitou Bella. Seus olhos verdes estavam angustiados, seu rosto corado e suas mãos suavam. Parecia querer dizer alguma coisa, pois seu olhar não se fixava em lugar nenhum e ele abriu e fechou a boca várias vezes.

- Esqueci de perguntar-lhe, senhorita, se gostou das rosas e do cartão que lhe mandei.

- São lindas, senhor, e agradeço de coração.

Ele apenas assentiu e caíram num silêncio constrangedor, enquanto a governanta fingia limpar a lareira, lançando olhares suspeitos para os dois.

Logo que esta saiu para a cozinha, o Sr. Edward se levantou apressadamente dirigindo-se até Bella, ajoelhando-se diante dela. A jovem arregalou os olhos, tamanho era seu espanto pela ousadia do cavalheiro de tomar-lhe as duas mãos e beijá-las carinhosamente e ardentemente. Seu coração pulsava, o corpo enfraqueceu-se e as mãos estavam suando. O Sr. Edward pegou a mão esquerda de Bella e a colocou em seu rosto dirigindo-lhe o olhar. Suas feições continuaram com cor, mas não era de acanhamento, era pura ternura, e isso ficou evidente em seus olhos, que faiscavam como chamas.

- Senhorita, perdoe meu atrevimento, em primeiro lugar de visitá-la sem avisar, principalmente o Sr. Swan, quem nem imagina que vim visitar sua bela filha sem sua supervisão. E em segundo lugar, por demonstrar tal intimidade. Mas a senhorita vem tomando-me os pensamentos e sonhos desde o dia que a vi na festa. Estava louco para vê-la novamente e me dirigi a sua casa por impulso e sem avisar. Oh, perdoe-me, mas compreenda que a saudade estava me sufocando. – Sorriu docemente e continuou a acariciar as mãos de Bella. Ela estava em choque e mais deslumbrada pela afeição explícita do Sr. Edward. Também estava com morrendo de vontade de vê-lo novamente e seus sentimentos só se intensificaram para com ele a partir daquele momento. Mal o conhecia e já o tinha em alta estima e carinho. E algo mais.

Aos olhos de quem não conhece a situação dos dois, a atitude do Sr. Edward de visitar uma senhorita, que se encontrava sozinha em casa, sem o pai saber de tal visita e muito menos alguém da família para supervisar, seria um ato de completa imprudência e até escandaloso. Por isso mesmo, depois de conversarem muito pouco e trocarem mais carinhos, principalmente da parte do Sr. Edward, Bella pediu docemente que ele voltasse para casa, pois tanto ela quando ele estariam encrencados se essa visita chegasse aos ouvidos do Sr. Charlie, e além do mais, a governanta estava voltando para espioná-los e Bella temia que ela contasse tudo ao seu pai quando chegasse.

Bella o acompanhou até a porta, e despediram-se de forma mais cortês como bons amigos, para não levantar suspeita que a velha governanta tinha. Antes de ir, o Sr. Edward, virando para Bella, perguntou:

- Antes que eu me esqueça, a senhorita e o seu pai irão ao teatro no fim de semana? Chegou à cidade um recital que eu já tinha visto nas minhas férias na Europa, mas gostaria muito que a senhorita também assistisse, “Tristão e Isolda” adaptada por Richard Wagner. Diga-me que irá, senhorita, eu lhe imploro. Deixar-me-ia muito satisfeito ter a sua companhia.

- Bom... Eu não sei Sr. Edward. Preciso saber se meu pai também gostaria de ir. Mas conhecendo-o como eu conheço talvez ele queira assistir. Se ele for, prometo que irei junto... – Jamais imaginou que desejaria isso, mas ela torcia que seu pai fosse assistir ao recital, assim poderia conversar melhor com o Sr. Edward sem interrupções. O jovem assentiu, sorrindo e saiu.

Bella voltou para a sala, e antes mesmo que ela pudesse falar alguma coisa, a governanta já disparou em falar, repreendendo-a severamente:

- Senhorita, como governanta e sua protetora com ou sem ausência do Sr. Swan, e digo-lhe que seu comportamento há poucos minutos foi pecaminoso e escandaloso! Como deixa um cavalheiro, por mais honrado que seja, vir visitá-la com a ausência de seu pai, sem avisar nada, e ainda mantendo conversa privada com tal cavalheiro? E em sua própria casa?! Oh, a senhorita pode pensar o que quiser de mim e até me chamar de arcaica, mas quero deixar claro que as coisas não mudaram significantemente na época que eu era jovem para os dias de hoje. E a senhorita tem conhecimento que esse tipo de comportamento é intolerável. Não me resta alternativas a não ser contar ao Sr. Swan o que acabou de ocorrer para que ele tome as providências necessárias.

- Oh, por todos os anjos do céu, Dolores, não conte nada a papai! Eu sei que o que aconteceu foi errado, mas por Deus, pela alma de minha estimada mãe: Guarde tudo o que viu entre mim e o Sr. Edward e leve até o túmulo, se for necessário! Estou muito feliz, como não me sentia em meses, e se a senhora contar a papai o que aconteceu é bem capaz dele me castigar! Deixe que eu conte, com minhas palavras eufemísticas, em dada oportunidade, pois se for com tuas palavras desaprovadoras só piorará a situação! Não adiantará de nada. Além do mais, nós duas seremos culpadas: eu por conversar com ele privadamente e você por deixá-lo entrar, mesmo contra a sua vontade. – Bella sentiu-se aliviada do pânico e satisfeita por ver a robusta Dolores recuar, vendo que o raciocínio da jovem era lógico.

Mal se sucedeu a visita do Sr. Edward, a campainha tocou apresentando a Srta. Jéssica Stanley. Como sempre estava eufórica, porém também estava com uma pitada de frustração.

- Boa noite minha querida prima! Meu Deus eu achava que não ia conseguir chegar nunca! Olha o terrível temporal que está caindo! Faz dias que não cai uma chuva dessas! Oh, senhorita, minhas roupas estão ensopadas! Como posso jantar com a senhorita e o Sr. Swan assim?! Que vergonha! Desculpe minha euforia, mas detesto ficar desarrumada e feia! Eu vim visitar-lhe toda animada para ter um jantar agradável com os Swa’s, a quem os tenho como parte da minha família, como eu disse no meu telegrama, e me acontece uma desgraça dessas! – Ela continuou lamuriando, enquanto Bella se sentiu envergonhada, pois na verdade não leu e nem soube do telegrama da Stra. Jéssica, tal absorta estava no cartão do Sr. Edward.

A jovem acalmou a prima escandalosa e mandou pegar um dos seus vestidos para emprestar para a Srta. Stanley, que ficou radiante com tamanha bondade.

Pouco depois, o Sr. Charlie chegou e claro, ficou feliz pela adição de mais uma companhia à mesa. Ele a Stra. Jéssica dominaram a conversa durante o jantar, enquanto Bella só assentia e fingia que escutava, mas na verdade seus pensamentos estavam distantes.

-... Eu não entendo por que o Sr. Edward Cullen saiu com tanta pressa quando cheguei, e não quis jantar conosco... – Bella levou um susto com a menção do nome do jovem cavalheiro, como se tivessem chutado suas pernas.

- O Sr. Edward Cullen esteve aqui? – indagou o Sr. Charlie, franzindo a testa e largando o garfo – O que ele veio fazer aqui?

- Papai, o Sr. Edward só veio me fazer uma breve visita... De cortesia – respondeu a filha, expirando o ar com dificuldade, além de corar e ficar completamente desconfortável.

Naquele momento estava odiando a prima.

- Eu não sabia que ele vinha visitar-lhe, filha. Você deveria ter me avisado! Vocês dois ficaram sozinhos, sem nenhuma outra companhia? – O Sr. Charlie estava exasperado olhando Bella com desaprovação. Para apaziguar a situação desconfortável provocada pela Srta. Stanley, que só assistia a cena, a governanta veio no auxílio da Srta. Swan:

- Não, meu senhor, eles não ficaram sozinhos. Eu estava por perto, como é meu dever. E não se preocupe, a visita foi curta e não falaram nada de comprometedor que deixaria o senhor ofendido.

O Sr. Charlie relaxou e voltou a pegar o garfo, mas ainda mantinha as feições graves, e Bella soltou o ar com alívio.

- Querida – Disse o pai para a filha – Eu não me importo que você tenha amigos, muito pelo contrário, isso me satisfaz. Eu só peço que passemos a confiar um no outro. Então, se for receber a visita de algum cavalheiro, por favor, me avise. Estamos entendidos?

- Sim papai – Bella e a Sra. Dolores trocaram um olhar de cumplicidade e a primeira, também de agradecimento.

Ela fitou a Srta. Jéssica com um olhar duro, porém a prima inocentemente deu de ombros, o que deixou a jovem Swan frustrada. Estava passando a descobrir o verdadeiro caráter da prima, apesar de não ter realmente certeza se ela fez aquilo para prejudicá-la ou só foi um comentário em má hora e sem segundas intenções.

Passaram a conversar assuntos mais leves e banais e dessa vez, Bella ficou atenta para não ser pega desprevenida por algum outro comentário impertinente da Stra. Jéssica em relação ao Sr. Edward Cullen.

- O senhor irá assistir ao recital no fim de semana, Sr. Swan?

- Puxa, eu não sabia que havia um recital em cartaz no teatro.

- Sim, chegou há pouco tempo. Eu, madrinha e Lauren iremos. Diga que irá, Sr. Swan! E leve a Srta. Bella é claro. Vai ser tão divertido!

O Sr. Charlie não relutou em prometer que ele e Bella iriam, deixando a Stra. Stanley eufórica, enquanto a primeira também se animou, mas discretamente, não pelo recital em si ou as companhias, e sim por um jovem cavalheiro que não é necessário mencioná-lo, mais do que já foi mencionado.

Na noite de sábado, o teatro estava radiante e barulhento. Parecia que toda a aristocracia da cidade se encontrava ali. Tudo era muito glamoroso e de bom gosto,  não demorando muito para Bella e seu pai encontrar as irmãs Stanley e a Sra. Helen.  Mas quem realmente Bella queria ver não se encontrava ainda ali. Só tinha visto a Stra. Alice e a Sra. Rosalie com seu marido e nada do Sr. Edward.

Por fim, não podiam se demorar mais na entrada, então entraram e se acomodaram nos seus camarotes. Mas qual não foi a surpresa de Bella ao ver que dividiram o espaço com a Srta. Alice e seu irmão. Não era exatamente o que ela esperava, até por que, não poderiam desfrutar da companhia um do outro com a Srta. Jéssica espreitando e a Sra. Helen e seus sentidos aguçados, mas conseguiram ficar mais afastados dos outros.

Antes de tudo, os Cullens apresentaram-se e cumprimentaram a todos cordialmente, mas havia um quê a mais de felicidade e sorrisos no Sr. Edward que deixou todos deliciados com a doçura e educação do rapaz. Nem imaginavam que tamanha extroversão era por causa de certa senhorita próxima a ele, que também compartilhava dos mesmos sentimentos. A Srta. Alice não ficou para trás na educação e boas maneiras. Bella agradeceria a ela um pouco mais tarde, pois entreteve a todos, menos a Srta. Lauren, que continuava na antipatia de sempre. Só assim, Bella e o Sr. Edward tiveram mais privacidade, mesmo rodeados de amigos.

- Devo dizer que a senhorita está deslumbrante esta noite.

- Eu digo o mesmo, Sr. Edward, tal charmoso o senhor está. – Os dois coraram e riram baixinho. Tanto ele quanto ela não eram acostumados a fazer elogios.

O recital começou, encantando toda a platéia, pelo clima romântico e épico da ópera. Bella vagou seus pensamentos ao passo da voz da atriz-cantora. Era tudo relacionado ao Sr. Edward Cullen: seu perfume, seu sorriso, seus olhos ardentes, sua voz, seu charme... Sentiu um impulso louco de tocá-lo ali mesmo, afagar seu rosto, seus lábios...

Mas controlou-se tamanho absurdo que pensava. Olhou de esguelha para ele, vendo que ele também a fitava timidamente. Desviou o meio olhar, ficando constrangida, porém radiante.

De vez em quando comentavam o recital, o desempenho dos atores e o rumo trágico que a peça tomava. Pararam aí. Haviam muitas coisas que desejavam falar um ao outro, mas aquele não era o momento propício.

Bella continuava tentando dominar-se para não fazer algo imprudente e vergonhoso, entretanto estava difícil com a proximidade íntima do Sr. Edward juntando a isso, o modo como a olhava. “Oh, meu Deus, perdoe meus pensamentos luxuriosos em relação ao Sr. Edward”, pensava a jovem, com aflição. Então, para se distrair de tais pensamentos, concentrou-se completamente na peça.

A história, que começou romântica somada ao heroísmo de Tristão, estava caminhando para a tragédia e amargura, assim como Romeu e Julieta. Bella parecia sofrer junto com a tristeza de Isolda, com o medo de nunca ver seu amado novamente. Não entendeu bem porque estava com esses sentimentos, mas ela não poderia mais negar ao seu coração que sentia mais do que uma simples carinho pelo Sr. Edward.  Não que ela não quisesse isso para si, mas tinha certo receio que acontecesse a mesma coisa que Tristão e Isolda e Romeu e Julieta: que acabasse tudo em tragédia ou que não conseguissem ficar junto com o Sr. Edward, como aconteceu com o primeiro casal. O segundo pelo menos se amou e até se casaram em segredo, e no final das contas, mesmo com a morte, ficaram unidos para sempre. Tristão e Isolda não tiveram tanta sorte, mas pelo menos estavam juntos quando morreram. E foi assim que o recital chegou ao seu fim, encantando a platéia e emocionando algumas damas mais sensíveis, como Bella, por exemplo, que deixou algumas lágrimas caírem.

Surpreendeu-se ao ver que o Sr. Edward tomou-lhe a mão direita, segurando por alguns instantes. Bella não conseguia olhar para ele, nem para tanto, pois tiveram que se levantar para aplaudir o elenco. E todo o teatro aclamou com um bate palmas animado o talento dos atores e os dois seguiram o exemplo.

Logo em seguida, todos foram para o grande salão do teatro para uma pequena recepção antes de irem embora. Agora Bella e o jovem Cullen teriam que se juntar aos outros familiares e tentar estabelecer um relacionamento cordial entre ambos. A mocinha acompanhou e conversou com o pai, a avó e as primas enquanto o Sr. Edward foi para perto de seus companheiros. Constantemente Bella e ele se olhavam de longe.

Todos tomavam um pouco de champanhe suave, comentando sobre o recital. O Sr. Charlie adorou o roteiro e a atuação do elenco, seguido da Sra. Helen que num discurso pomposo compartilhava das mesmas opiniões do filho, que Bella fez questão de não prestar atenção em tamanha tagarelice.

Enquanto a sua avó e a Srta. Jéssica disputava junto com o Sr. Charlie para ver quem falava mais, Bella desviou sua atenção para a família Cullen. Dessa vez não foi o Sr. Edward que a encarou, este conversava com a mãe, mas sim a Sra. Rosalie McCarty. O contraste do olhar dela para com o do irmão era evidente. Era um olhar de completo desprezo e desdém para o seu objeto de observação. Foi questão de segundos, mas o suficiente para fazer o estômago de Bella se revirar, desviando o olhar rapidamente.

Esqueceu do que aconteceu com uma exclamação alta demais da Stra. Jéssica:

- Puxa, que surpresa! Não sabia que o Sr. Jasper Hale havia chegado à cidade! Tão pouco que iria vir ao teatro! – Ela apontou para um rapaz alto, loiro e leonino, muito bonito por sinal, que conversava com o Sr. Emmett McCarty. A Srta. Stanley continuou:

- O Sr. Jasper Hale é um soldado em treinamento na Flórida, vem de uma família nobre assim como a da senhorita, além de ter boas condições financeiras. Apesar de ser o único herdeiro da família Hale, é um rapaz prudente, que pensa no bem-estar dos pais, agora de idade avançada. Nessa época do ano sempre vem visitar os amigos, assim como o Sr. Emmett, que são amigos desde os tempos de escola, e também aos outros Cullen’s. Eu e Lauren também o conhecemos há anos, pois minha família morou alguns anos no Texas, que é a terra natal do Sr. Jasper, então tanto a família dele quanto a minha éramos vizinhos e muito íntimos.

 A jovem Stanley pediu licença para a prima, dirigindo-se ao encontro da irmã para falar da novidade. Esta, no começo, pareceu surpresa, o que era raro ela expressar algo, mas logo caiu na indiferença costumeira, enquanto a irmã insistiu com ela para irem cumprimentar o visitante e velho amigo. Em fim, as duas foram conversar com Sr. Jasper, deixando Bella curiosa para ver o reencontro deles, porém não pôde prestar atenção devido à aproximação do Sr. Edward e da Srta. Alice Cullen.

O Sr. Edward, depois de todos os cumprimentos de praxe, travou uma conversa animada com o Sr. Charlie e sua mãe sobre a peça, sem mencionar também que de vez em quando olhava para Bella e esta retribuía feliz por ele estar ganhando o afeto de seus familiares. A Stra. Alice, ao contrário, manteve-se calada, o que despertou a curiosidade de Bella, pois as feições da jovem Cullen estavam triste, completamente oposta de como estava na casa da Sra. Helen. Bella não tinha prática em travar uma conversa e muito menos com alguém que nunca dirigiu a palavra. Entretanto não precisou se preocupar com algum assunto para começar, pois a própria Stra. Alice iniciou um diálogo.

- È de uma grande honra finalmente falar-lhe, Srta. Bella. Meu irmão diz maravilhas da senhorita, despertando a minha curiosidade em conhecê-la, para comprovar tal fato.

- Eu é que agradeço a amabilidade de seu irmão, senhorita, além claro de conhecê-la. Porém saiba que o Sr. Edward exagerou. – As duas riram, chamando a atenção do cavalheiro em questão, que sorriu confuso.

Diferentemente da Srta. Jéssica Stanley, a alegria e espontaneidade da Srta. Alice era amável, e de caráter verdadeiro, nada impertinente. Mas mesmo assim, Bella percebeu que a jovem mocinha estava com algum tipo de aflição. De fato, isso nem seria percebido por outra pessoa, contudo Bella era muito analítica, não demorando em perceber que a Srta. Cullen dirigia constantes olhares para o Sr. Jasper Hale e as irmãs Stanley’s, que conversavam animadamente. Tirando esse pequeno detalhe, que Bella não descansaria até descobrir o que havia entre a sua nova amiga e ele, as duas moças conversaram bastante, dando-se muito bem.

Logo as irmãs Stanley’s trouxeram o jovem Hale para apresentar aos amigos. Era um rapaz educado e culto, somando ao porte elegante, consequência do treinamento no exército. Cumprimentou a todos, e como sempre, a Sra. Helen e o Sr. Charlie sondaram o jovem com várias perguntas, querendo conhecê-lo melhor. O Sr. Edward, nem tanto, pois já o conhecia há mais tempo, mas participou da conversa.

O que deixou Bella com mais suspeitas foi o silêncio repentino da Srta. Alice com a chegada do Sr. Jasper. Procurou algum sinal da parte de ambos que ajudasse a entender o que se passou ou se passava entre os dois, porém seus esforços foram em vão.

A Srta. Jéssica, que até então se manteve quieta, uma raridade que não se vê todos os dias, não aguentou mais e acabou se intrometendo na conversa, rondando o Sr. Jasper com sua extravagância, fazendo o Sr. Edward afastar-se se aproximando de Bella e da irmã. Ele olhou a Srta. Alice querendo lhe dizer alguma coisa, ela, no entanto abaixou a cabeça. Bella não entendeu nada do que se passou só o que tinha certeza era que tinha algo a ver com o Sr. Jasper, e com certeza o Sr. Edward sabia o que era. Só que ela teria que esperar para obter respostas.

O Sr. Edward começou um assunto agradável, não demorando muito para a jovem Cullen voltar a falar novamente, sem mencionar o olhar satisfeito e afetuoso que o rapaz dirigia a elas. Ele visualizava aquele momento repetido milhares de vezes, só que com Bella como parte oficial de sua família.

 


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