Vegeta já estava acostumado ao termo ''Natal'', não presenciou essa comemoração em seu planeta de origem, mas o ensinaram tudo sobre a mesma quando ele se tornou um herói da Terra.

Por mais que estivesse acostumado ao termo, nunca esperaria toda a animação de sua trupe enquanto o Natal se aproximava. Não importa quantos anos passasse na Terra, nunca entenderia toda aquela comoção apenas pelo ato de dar e receber presentes... Ele nunca tinha comprado ou dado nada para ninguém, não via porque naquilo afinal; mas sempre recebera algo, de meias que nunca usaria à pequenos atos de Bulma que faziam seu coração palpitar mais rápido. Ele, definitivamente, amava aquela mulher.

Esse ano, quando o dia vinte e cinco de Dezembro amanheceu, Vegeta foi surpreendido. Normalmente, nas manhãs de Natal, ele receberia uma Bulma animada pulando em si, vez ou outra receberia um café da manhã caprichado ou Trunks com algo feito à mão como presente... Mas hoje, foi surpreendido pelo nada, acordou sozinho.

Explorou a própria casa e nada, apenas um bilhete na geladeira: ''Eu e Trunks fomos até uma festa de Natal na casa da Chichi, sabemos que não é fã disso então nem o acordamos. Feliz Natal, Vegeta.''

Leu e releu mais uma vez, aquela mulher passou anos falando para ele que Natal foi feito para passar com a família e... E ele nunca ligou. Bem, não custa nada ir até aquela festa.

Colocou a primeira roupa que viu no armário e foi até a casa de Kakaroto, onde seria a dita festa de acordo com o bilhete. Chegando lá, esgueirou-se pelas paredes para passar, ao menos, um pouco despercebido.

Enquanto ainda estava junto a uma parede, viu sua mulher e seu filho em uma gritante discussão.

— Pare de birra! Só vai abrir os presentes em casa... –Bulma dizia nervosa.

— Mas eu quero abrir os presentes agora! –Trunks quase gritava em resposta. Bulma apenas suspirou derrotada.

— Pode abrir, mas não quero choradeira se perder algo aqui! –disse mantendo a postura nervosa, postura essa que não durou muito vendo a alegria do filho ao abrir os embrulhos.

Vegeta odiava se sentir culpado mas, no momento, não podia evitar. Nunca tinha dado presente nenhum para aqueles dois, que amava tanto por mais que não admitisse com palavras. Afinal, não precisava ficar falando se eles soubessem... Mas, será mesmo que eles sabem?

O príncipe Saiyajin resolve então, depois de muitas discussões consigo mesmo, mostrar pelo menos uma vez que ama aqueles dois. Não pode ser tão difícil assim. Precisava de ideias, mas não era naquela bagunça que chamavam de festa que ia consegui-las.

Deu as costas e afastou-se um pouco dali, claro, não antes de olhar para traz uma última vez e ver esposa e filho ainda sorrindo; daqui a pouco ele seria o motivo daqueles sorrisos.

Vegeta passou algumas horas pensando em presentes perfeitos mas, por mais perfeitos que fossem, eles nunca chegariam aos pés da perfeição de sua família. Achou algo que lhe agradece enfim, não era muito mas, por hora, serviria.

Voltou-se para a festa, novamente tentando não ser avistado e conseguiu aproximar-se das crianças sem chamar atenção.

— Pai! –Trunks correu para si quando o viu feliz de início, mas fechou a cara em seguida- O senhor esta zangado por não termos o acordado?

Vegeta ficou sem reação por alguns segundos...

— Venha comigo, Trunks –disse já dando as costas para a festa e, consequentemente, se afastando do filho. Trunks estava receoso, seria punido? Mesmo na dúvida, apertou o passo e alcançou o pai.

Já bem afastados da festa, Vegeta pega o pulso de Trunks e o guia o caminho todo. O menino estava confuso, nem olhava para o caminho, apenas encarou a mão de seu pai em seu braço, não estava machucando, era um toque quase que carinhoso...

Quando chegam em seu destino, Trunks ainda encarava a mão em seu braço e Vegeta, ao perceber, o solta e cora um pouco. Enquanto o filho lhe oferece um sorriso, Vegeta suspira derrotado apontando para a construção mais a frente.

— É seu presente, pirralho.

Trunks olha para seu ''presente'', um parque de diversões!

— Eu posso mesmo ir? –pergunta a criança gaguejando em euforia.

Vegeta apenas confirma com a cabeça, escondendo o sorriso que queria aparecer ao ver a alegria de seu filho. Trunks sem pensar duas vezes puxa o pai pelo braço e entra no parque.

— Ei! Eu não vou nessas coisas não! –Vegeta disse incomodado, Trunks o olhou tristonho – Tudo bem! Mas só uma vez...

~~~

Depois de centenas de voltas em dezenas de brinquedos e atrações diferentes, o sol já estava prestes a se pôr.

— Acho que já é hora de voltarmos, sua mãe deve estar achando que alguém te raptou ou algo do tipo... –disse abrindo a boca de sono.

— É... –Trunks concordou- Eu me diverti muito, pai... –fez uma pausa e abriu o maior dos sorrisos –Obrigado pelo presente!

Vegeta mais uma vez naquele dia se pegou sem palavras, corou, mas logo tratou de disfarçar.

— De nada –disse em um sussurro enquanto bagunçava os cabelos do filho.

— Pai? –Trunks falou e esperou o homem o encarar para continuar – Eu amo o senhor!

Vegeta esbugalhou os olhos.

— Eu também te amo, pirralho—disse tão baixo que o garoto mal ouviu.

Voltaram e deram de cara com uma festa prestes a acabar. Bulma circulava a região inteira com uma expressão preocupada enquanto gritava por Trunks. O garoto correu para a mãe e levou um tapinha na cabeça, mas isso não lhe fez perder o sorriso enquanto começava a contar sua pequena aventura com o pai, este que estava alguns passos atrás.

— Hum... Por que não vai se despedir do Goten e dos outros? Já está na hora de irmos embora –sugeriu Bulma depois de Trunks ter terminado de contar sobre sua tarde. O garoto sai correndo atrás dos amigos enquanto Bulma caminha com passos lentos até o marido.

— Você tem ideia do quanto ele adorou receber um presente de você? –disse a mulher com um meio sorriso. Vegeta ergue os olhos que até agora encaravam o chão.

— Mas ainda tem o seu presente... –disse abrindo um sorriso de canto. Então, em um movimento rápido, ele pega Bulma no colo, no estilo ''princesa''.

— Trunks, vamos! –Vegeta grita antes de partir, o garoto termina de se despedir e faz o mesmo que o pai. Após curtos minutos de viagem, Vegeta para em uma pequena montanha não muito distante da casa de sua família.

O Príncipe Saiyajin sentou a esposa no chão e se sentou ao lado dela enquanto Trunks começou a rondar a região brincando.

— Então, aonde está o meu presente? –disse Bulma com um sorriso brincalhão. Vegeta só suspirou.

— Devo admitir, encontrar um presente para Trunks foi difícil mas, para você, foi quase uma missão impossível... –ele encarou Bulma olhando-a meio tristonho – Mas tive uma ideia.

Vegeta, sorrindo, estendeu a mão em direção aos céus e começa a carregar um Galick Run. Bulma o olha surpresa, seu marido estava maluco?

O golpe foi lançado, acertando algum ponto no universo e causando uma gigantesca chuva de meteoros e estrelas cadentes... Bulma olhou estupefata para o céu noturno, maravilhada com aquele espetáculo.

— Cada estrela que ver cair, pode fazer um desejo... –Vegeta disse em um sussurro. Bulma colocou um dedo no queixo pensando nos seus pedidos.

— Já pensou no que pedir? –perguntou Vegeta curioso abaixando a cabeça por causa de um rasante de Trunks que cortava os céus junto aos meteoros.

— Trunks está perto demais para falar meu desejo em voz alta... –Bulma sorriu bobamente.

Vegeta estava feliz, realizaria qualquer pedido de Bulma naquela noite mas, sabia que ia ser difícil se ela pedisse para ele pegar meteoro por meteoro e estrela por estrela para reconstruir Marte...