Quatro vezes em que Regina Mills ficou bêbada escrita por Sneaky Parsley


Capítulo 1
Quatro vezes em que Regina Mills ficou bêbada


Notas iniciais do capítulo

Essa fic era pra ter saído mais cedo lol, MÃS enfim, aproveitem e espero que gostem :3



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/667617/chapter/1

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

.

A primeira vez foi na Páscoa.

Uma época a qual a cidade inteira usa como desculpa para se entupir de bacalhau, colomba pascal e licor de chocolate, inclusive a prefeita. Mas veja bem, páscoa é uma época ambígua para vossa majestade: Foi quando Daniel a dera um pequeno cavalo de chocolate que ele mesmo havia feito, isso semanas antes de sua querida mãe esmagar o coração do cavalariço em sua frente. Também era uma das épocas mais festejadas no reino de Leopold e, nessa época em particular, um de seus deveres como esposa do rei era usar um vestido todo branco cheio de babados que parecia ter uns trezentos anos – e deveria ter, sendo tradição e tudo o mais – e ficar desfilando pelo palácio com uma cesta oferecendo chocolate para os nobres que visitassem o reino nessa época.

Mas, páscoa também foi quando ela tirou a primeira foto de Henry sem dentes lambuzado de chocolate olhando para um dos coelhinhos de doce como se fosse a melhor e mais importante coisa do mundo.

Como disse, completamente ambígua.

E foi com esses sentimentos ambíguos sobre a páscoa que aceitou o convite dos Charming para a festa de páscoa que eles dariam, aparentemente na praça da cidade para que ninguém se sentisse excluído, não que ela pudesse recusar, Henry não deixaria de jeito nenhum.

Henry amenizava um pouco esses sentimentos nessa época e foi com o que o filho dissera sobre novas memórias e novas tradições na cabeça que foi para a festa.

E não se arrependeu nem um momento de ter ido: Ajudou a pintar patinhas de coelho para as crianças, brincou de caçar os ovos coloridos pela cidade com Henry, discutiu receita de bacalhau com, pasmem, Gold e ensinou Leroy parecer sofisticado enquanto bebe com uma taça chique, essa última levou mais tempo e tentativas que o previsto. E ela deveria ter desistido quando duas garrafas vazias apareceram na mesa. Ou quando começou a rir de tudo que Leroy dizia e fazia. Ou quando achou que era uma boa ideia beber com Leroy pra começo de conversa.

Algo que sua mãe sempre dizia desde que Regina tinha idade o suficiente para começar a tomar vinho nas festas que Cora organizava era que deve-se ser vista bebendo, mas beber dois copos no máximo e tomar água o resto da noite. Assim ela não pareceria uma puritana, mas manteria a elegância.

Se tivesse lembrado disso, teria parado de beber com Leroy.

Se tivesse parado de beber com Leroy, não teria exagerado quando alguém disse que Henry era um menino estranho, com direito a virar a mesa da cidadã e a ameaçar com uma bola de fogo com um David assustado a segurando pelo braço.

E definitivamente, se tivesse parado de beber com Leroy, não teria desembestado a chorar de emoção na frente de praticamente a cidade inteira quando Henry deu para ela um cavalinho de chocolate que ele achou bonito. E não teria saído correndo da festa porque era simplesmente demais para ela.

Regina Mills, a prefeita de Storybrooke, a rainha má em pessoa, o auto controle em pessoa – nos últimos anos pelo menos – não se descontrola daquele jeito na frente de outras pessoas. E, definitivamente, não é encontrada sentada em um banco na praia, falando enrolado e parecendo um guaxinim por uma Emma Swan.

“Sabe... Ninguém lá tá te julgando, Regina. Todo mundo tem direito de chorar.”

“Agora não, Emma...”

“Digo, o Henry foi mega fofo e talz, e eu sei o quanto você ama cavalos.”

“Emmaaaa…”

“Mas eu sinto que tem algo a mais nisso, não tem? Aquilo não foi só choro emocionado.”

“...Daniel... Ele me dava cavalinhos de chocolate na páscoa...”

“Oh.”

“É...”

A xerife pôs sua mão na da prefeita. “Sabe... Isso só te dá ainda mais direito de chorar, digo, foi um gesto que significou tanto pra você...”

“Xiiiiu, Emma…”

“E foi até meio poético, digo, foi algo que seu primeiro amor fazia aí o maior alvo do seu amor, da sua vida, seu filho, faz o mesmo, qualquer um teria – “

O monólogo da loira foi cortado por lábios cheios e macios atacando seus próprios. Depois de alguns segundos e depois de reaprender como fazer seu corpo funcionar, Emma empurrou e segurou a prefeita à um braço de distância.

“O.K. O que foi isso?”

“Parecia o único jeito de você parar de falar.”

“Você tá bêbada, Regina.”

“Você também deve estar... Pra estar falando tanto assim....”

“Talvez.”

Regina segurou o rosto da loira e a olhou nos olhos enquanto se aproximava dela. “Quão bêbada...?”

“O suficiente...”

“Ótimo.”

E nenhuma das duas tocaria mais nesse assunto, ou nos outros assuntos daquela noite. A sorte foi que Henry dormiria na casa dos avós, e que ninguém viu o chupão que a rainha tentara futilmente esconder na manhã seguinte. Mas pela cara de Snow e o sorrisinho de Charming quando ela entrou no Granny’s, eles devem ter decidido ignorar.

.

A segunda vez foi no Quatro de Julho.

Um feriado relativamente novo para o povo de Storybrooke, digo, eles o comemoraram por vinte e oito anos, mas não eram realmente eles, eram personagens de uma maldição, então não têm muita experiência com esse. Claro, fora discutido em algum momento em comemorar o Dia do Reino ao invés do Quatro de Julho, mas isso quase causou uma guerra civil na cidade, com tantos reinos e realezas diferentes.

Então, incrivelmente, foi Emma Swan quem teve a ideia de manter o Quatro de Julho como forma de comemorar o novo começo que todos na cidade tiveram, e lutou bravamente contra Albert Spencer, quem queria por tudo que seu reino fosse o celebrado. Regina suspeita que ela só fez isso porque é o único dia no ano em que soltar fogos de artificio é legalizado.

Enfim, o dia do feriado foi bem normal, digo, para um feriado, e a festa seria uma coisa bem simples, cada família comemoraria de um jeito, em certo momento surgiu a ideia de se fazer uma grande festa da cidade, mas, como Bella argumentou brilhantemente, cada pessoa e família de Storybrooke teve um novo começo diferente e têm motivos diferentes para celebrar, então cada família daria sua própria festa.

Mas claro que para a preciosa família dourada da cidade o termo ‘família’ era um termo relativo e interpretável, o que explica o desfile de anões, lobisomens, piratas, marionetes, bibliotecárias, bruxas e criaturas das trevas que passeavam pelo quintal de nossa excelentíssima prefeita - algo sobre ela ter o maior quintal entre eles. Se perguntassem a opinião dela, a prefeita também tem o melhor quintal entre eles - carregando tigelas de purê, carne, carvão, hambúrguer e aquele mijo de ogro que Srta. Swan insiste em chamar de cerveja. Pelo menos Malévola teve a decência de levar bebida de verdade e a rainha tinha cidra o suficiente para todo mundo, para a noite toda.

Bem, era o que ela pensava.

Se perguntassem quando exatamente Regina começou a beber naquele dia, ela diria que foi entre a Mal ter posto fogo na churrasqueira e Leroy se enroscar na toalha de uma das mesas.

A Rainha tinha um objetivo aquela noite: Não se embriagar. Claro que entre pessoas que ela considera – só um pouquinho – como amigos ou até família, brincando e tirando sarro uns dos outros, rindo de tudo e fazendo besteira o tempo todo, isso mais o fato de terem apontado Mary Margaret como a motorista – e Regina nunca, nunca, admitiria em voz alta mas considerava a princesa o adulto mais responsável da festa depois dela claro – a prefeita chegou no ponto de nem ligar que Emma e David arrumaram gravetos em algum lugar e começaram um torneio de esgrima em cima da mesa. Ela achou engraçado.

E, no outro dia, só rezou para que ninguém tivesse ouvido a conversa, se é que pode ser chamada de conversa, que aconteceu logo depois de David levar uma estocada tão forte no peito que caiu de costas da mesa rindo e Snow correndo desesperada para ver se o marido estava bem.

A Xerife desceu da mesa com um sorriso metido no rosto girando o graveto e rindo de algo que um dos anões disse antes de ver Regina parada ali perto, se aproximar e fazer uma reverencia.

"Espero que o show de hoje atingido suas expectativas de entreteni – entreteri – de diversão, Vossa Majestade.”

“Já vi lutas melhores em uma creche, Srta. Swan.”

“Nah, nah, nah, Majestade. Sir Swan. Acabei de vencer um torneio.”

“Contra seu próprio pai.”

“Não. Contra o cavaleiro campeão do Reino de Mary Margaret de Storybrooke.”

“Pff... E você luta por quem, oh nobre cavaleira?”

“Ora... Pelo nobre Reino do Fusca Amarelo Batido, Vossa Majestade.” Outra reverencia. Regina nem conseguia mais se fingir de séria nesse ponto.

“Muito bem. Parabéns pela vitória então, Sir Swan.” A morena não percebeu que segurava a borda da camiseta da loira.

“Obrigada, Majestade.” As duas se aproximavam mais a cada palavra.

“O que ainda faz aqui, oh nobre Sir Swan? Não vai se vangloriar para seus colegas menos afortunados?”

“... Pensei que fosse tradição da realeza dar um prêmio pra quem ganha esses torneios...”

Essa era a deixa em que a cabeça de Regina gritava para se afastar da loira, para sair dali, para parar. Mas como álcool embaça tudo que a mente sabe que não se deve fazer, Regina viu-se mordendo o lábio e se aproximando ainda mais da xerife e sussurrando em sua orelha.

“... Tenho algumas ideias...” Disse puxando o colarinho de Emma.

“Oh...”

“É... Oh.”

Se alguém na festa percebeu o ocorrido ou que as duas sumiram do restante da festa para só serem vistas no dia seguinte, ninguém comentou nada.

.

A terceira vez foi no Halloween.

Halloween é, de longe, o feriado favorito de Henry, portanto, o feriado mais comemorado na casa Mills. As preparações começam no fim de setembro, com bandeirinhas, enfeites, esqueletos robôs que assustam as pessoas e abóboras esculpidas. Todas tarefas que foram alegremente realizadas entre mãe e filho. E mãe. E avós. E tios-que-não-são-tios. Meu deus, até Zelena participou declarando o feriado como dela, e não, ninguém teve coragem ou paciência de explicar o verdadeiro por quê de se chamar Dia das Bruxas.

Enfim, outubro foi um mês foi abarrotado de pessoas indo e vindo da casa da prefeita, mas ela estaria mentindo se dissesse que não foi o mês mais divertido que teve no ano:

Trocou várias receitas de torta com Mary Margaret, discutiu tipos de doces para dar para as crianças com David, proibiu diversos tipos de fantasias que Ruby por algum motivo pensou serem apropriadas, e até perdeu o controle da cozinha para a Granny em algum momento, a mesma cozinha a qual descobriu que nunca deve confiar a Srta. Swan com abóboras e uma faca e Henry. Henry... Ajudou seu pequeno príncipe a escolher uma fantasia – Nick Fury, ele ficou a coisa mais fofa do mundo de tapa olho – só para descobrir logo depois que ele ia pedir doces com uns amigos da escola e depois iria para uma festa na casa de um deles. Uma festa.

Desolada não começa a descrever como Regina se sentia depois de descobrir que seu filho, seu bebê, seu príncipe, já estava indo em festas. E seria bem fácil dizer que ela ficou bêbada aqui, mas não. Depois de um longo sermão de, imaginem só, Zelena, sobre como ela deveria estar orgulhosa de ter um filho tão bom, simpático e honesto e de como ela tem que começar a fazer coisas de adulto e de como no dia do Halloween Granny daria uma festa a fantasia e que era bom ela estar pronta às oito ou Zelena a faria engolir uma bola de fogo.

Regina não teve muita opção além de aceitar.

E é óbvio que Henry teria vários palpites de fantasia, que variavam entre Mulher Maravilha e Rainha Má – uma escolha que ela descartou imediatamente, não precisava de uma multidão furiosa com tochas atrás dela no Halloween – mas Viúva Negra foi o voto mais popular na casa dos Mills, e ela tinha certeza que a ironia não passaria despercebida por Snow.

A festa era só para adultos, o que fez Ruby ser a primeira a encontrar e dar uma voltinha mostrando sua fantasia que com certeza foi comprada em uma loja de produtos para adultos, tirando sarro da prefeita quem só se segurava para não rir da atitude da garçonete. Entretanto não conseguiu segurar a risada quando viu Emma, quando seus olhos encontraram os da xerife, a loira esbarrou em um anão e derrubou tudo que carregava, sem tirar os olhos da prefeita e claro, Regina tinha absoluta certeza que fora ideia de Henry, Emma estava vestida de Supergirl.

O resto da noite seguiu esse ritmo de rir de Ruby, salvar algum anão da fúria que era sua meia-irmã vestida de Dorothy, apontar falhas na fantasia de Mary Margaret – quem, por algum motivo desconhecido por meros mortais, resolveu ir vestida de Rainha Má, Regina achou engraçado e, depois do terceiro Itsy Bitsy, declarou essa a festa da ironia.

Outra coisa que a prefeita foi lembrada da pior forma possível foi que quanto mais colorido o drink, mais variedades de álcool tem neles. E nunca é uma boa ideia beber tanto álcool misturado em uma só noite. A menos que se queira ficar recostada na porta do Granny’s discutindo com a garçonete vestida de vampira de filme pornô.

“Ruby... Já disse que estou bem... Não precisa me levar pra casa...”

“Regina, você não vai dirigir assim! Não tá parando nem em pé, mulher!”

“Eu posso teleportar, Ruby...”

“Há! E ter um membro seu em cada parte da cidade de manhã? Nem a pau!”

E é claro que uma Emma Swan decidiu esbarrar na cena logo naquele momento.

“Tem alguma coisa errada, Regina?”

“Além de Vossa Majestade tentar ir pra casa nesse estado, não tem nada errado, Emma.”

“Quer que eu te leve, Regina?”

“Não mesmo, Emma! Você também não tá podendo dirigir assim!”

“Ué, eu posso teleportar.”

“Foi isso que eu disse pra ela, Emma.”

Regina decidiu que cansou da porta e se encostou em Emma.

“Ruby, véi, eu já dirigi em estado pior.”

A lobisomem hesitou por um momento olhando nos olhos da xerife antes de suspirar e abrir a porta.

“Pelo amor de deus não bata o carro, se eu tiver que ir no velório de vocês amanhã, a Granny vai garantir que vai ser o meu velório também.”

“Ok. Sem problema.”

Ninguém se mexeu por uns instantes.

“Vocês não vão?”

“Então, Ruby... Você viu minhas chaves?”

A viagem para a casa da prefeita foi... alta. Emma ligara o rádio e encontrou uma estação dos anos oitenta e ela e Regina cantaram até o fim do trajeto. Emma tem certeza que só bateu em um único hidrante.

Ao chegarem na cada da morena, Emma saiu do fusca e abriu a porta do carro para Regina antes da rainha perceber o que a xerife estava fazendo.

E, antes que qualquer uma das duas percebessem o que estava acontecendo, se viram em um embolado de braços e pernas e línguas encostadas na porta que Regina tão vigorosamente tentava abrir. Depois de concluído o objetivo de abrir a porta, a prefeita se soltou da loira e entrou em casa.

“Obrigada pela carona, Supergirl...”

Emma demorou alguns segundos para entender que a porta foi fechada na sua cara o que explica a ligeira demora para tocar a campainha e a incrível velocidade em que a porta foi aberta.

“Doce ou travessura...”

“Haha, não está meio velha para pedir doces, Em-ma?”

“Não me ouviu? Doce ou travessura, Viúva Negra...”

“Hm... Os doces acabaram mais cedo.”

E Regina jura que nunca viu ninguém se mover tão rápido, mas pode ter sido o álcool, e se viu envolvendo as pernas na cintura de Emma ao ser erguida do chão e forçada com toda a delicadeza de um hipopótamo com dor de dente contra a parede.

“...Tudo bem... Eu fico com a travessura então...” Foi sussurrado em seu pescoço.

“Hm... Acho que tem cobertura de chocolate no armário.”

“...Ótimo.”

Henry até hoje não sabe o destino profano que teve sua calda de chocolate, mas, depois de ver Emma tentar sair de fininho da casa pela manhã, ele realmente não quer saber.

.

E a quarta foi na Ação de Graças.

Ação de Graças é outro feriado com o qual eles tinham algo parecido na Floresta Encantada, mas ao invés de agradecer índios, agradeciam as fadas, os duendes e todas as outras criaturas mágicas que fizeram a existência de seres humanos na terra possível.

Então, por ser algo que todos já sabiam como funcionava, não gerou nenhum problema com ninguém, bem, fora a Pocahontas ter recebido doze perus recheados de algumas pessoas da cidade.

Preparações para o feriado foram feitas como de costume, a casa da prefeita fora escolhida para a festa que começaria às três da tarde e iria até todo mundo ter entrado em coma de tanto comer.

Ação de Graças também é um dos feriados favoritos da rainha, é um dia em que pode cozinhar tudo o que bem entender e na quantidade em que bem entender – o que sobrar iria para o orfanato dos meninos perdidos – claro que cansa, mas com o tanto de ajuda e novas ideias que teve aquele ano, ela mal sentiu. Todo mundo trouxe um prato diferente, como ninguém tinha combinado nada, todo mundo acabou trazendo uma sobremesa diferente também, para a alegria das crianças da casa – Henry e Emma.

Aliás, a torta de maçã de Regina fora atrasada por causa dos dois: ficavam cutucando a torta, chamando Regina a cada cinco minutos, uma hora ela pôs os dois para picarem mais maçãs já que tinham comido todas as já descascadas. Emma pensou que fossem o lanche pro Henry, o que fez Regina ficar zangada e rir ao mesmo tempo ‘Eu digo que vou fazer torta de maçã, você vê maçãs picadas na cozinha e pensa que são pra quê?’.

O que Emma fazia na casa de Regina? Bem, ela aparecera pela manhã sob o pretexto de preparar a casa, o melhor a sala, da prefeita para uma das partes mais importantes do feriado, uma parte que Regina já ouvira falar, mas nunca viu necessidade de ser comemorada. Então Emma passou o dia todo, entre tentar roubar comida da cozinha, buscando salgadinhos, amendoins, pipoca e cerveja no supermercado toda vez que recebia uma ligação, provavelmente de David, até ficar satisfeita e declarar a prefeita pronta para uma festa de Ação de Graças e sua sala pronta para ter o jogo de Ação de Graças transmitido em sua smart tv led de 60 polegadas. É. Não é difícil ver porque escolheram a casa dela.

Enfim, todos passaram a tarde esperando a comida ficar pronta e vendo o jogo na tv. Emma e Leroy se revezavam para explicar o que estava acontecendo e o jogo em geral para os outros convidados, que, mesmo vivendo mais de vinte e oito anos nesse mundo, nos Estados Unidos, nunca tiveram contato com futebol americano. Regina ainda não entendeu que apelo vinte e quatro homens gigantes se matando em um campo pode ter para alguém, mas quem é ela pra julgar algum esporte? Na Floresta Encantada esporte era pessoas tentando se jogar de cima de cavalos com lanças de madeira bem grandes. Cada mundo com sua loucura.

E aparentemente Ação de Graças também implica um enorme consumo de álcool por todo mundo, Emma e David beberam pelo menos uma caixa de cerveja cada, ninguém tentou contar o que Leroy bebeu, Zelena sumiu por algumas horas e apareceu com uma caixa de Schnapps e ninguém perguntou nada, até Henry tomou uma taça muito bem controlada e fiscalizada de vinho. Fora os goles de cerveja que Emma dava para ele toda vez que Regina virava as costas.

A festa acabou quando ninguém mais conseguia ficar em pé sem apoio, Granny e Doc embalaram um pouco de comida para todo mundo antes de os despacharem da casa da prefeita, Regina foi se despedir de todos na porta. Henry tinha ido dormir há horas. Só restava ir dormir também. Isso é, até ouvir um barulho vindo da sala.

Regina foi investigar e ao chegar na sala viu uma Emma Swan debruçada no sofá procurando alguma coisa embaixo do móvel.

“Não vai achar seu cérebro aí, Emma.”

A xerife tirou a cabeça de debaixo do sofá e encarou Regina com uma sobrancelha erguida da melhor forma que conseguiu.

“Har har, Majestade. Muito engraçado.”

“Posso saber o que tem de tão interessante embaixo do meu sofá?” Perguntou quando a loira retomou sua busca embaixo do móvel.

“Certeza que vi uma garrafa de Schnapps rolar aqui pra baixo.” Emma emergiu novamente “Acha que tem mais na cozinha?”

A ideia que Regina tinha era atravessar a sala e ir para a cozinha, a prefeita conseguiu dar dois passos antes de tropeçar não se sabe se no tapete ou em seus próprios pés e, num piscar de olhos, se viu nos braços da xerife ao invés de dar de cara no chão. Mas como a loira estava tão mal quanto ela, as duas pararam no chão de qualquer forma, mas Emma amorteceu a queda e de alguma forma acabou com os peitos da prefeita na cara.

“Ai.”

“Você tá bem, Emma?”

Quando a loira não respondeu, Regina começou a ficar preocupada. “Emma!”

“Eu... Morri e to no céu?”

Regina reagiu da melhor forma que pôde e começou a rir antes de esmagar os peitos na cara da xerife.

“Caralho...”

“Nah nah, xerife... É feio xingar na época de agradecer...”

A morena sabia que seria jogada no sofá em milésimos de segundo depois de falar aquilo. Sim, Emma é previsível assim. Na verdade, Regina sabia até o que a loira falaria.

“Bem, então o que to fazendo aqui ao invés de venerar e agradecer a todos os deuses de todas as religiões possíveis por essa Rainha gostosa embaixo de mim?”

“Pff, rainhas são belas e elegantes e – “

“Você é tudo isso e ainda é gostosa...” Disse mordendo o pescoço da prefeita.

“É?” Regina segurava o rosto de Emma.

“É...”

Se Henry achou estranho ver Emma dormindo no sofá quase sem roupas e com um sorriso idiota no rosto de manhã, ele não comentou nada.

.

Por fim, o Natal.

Natal é uma época muito ocupada e corrida para todo mundo, e em Storybrooke não seria diferente: Pessoas de um lado para o outro com sacolas, caixas, árvores e pacotes de presente.

Escolher um presente para alguém é uma das partes mais difíceis do natal, mais difícil ainda quando as pessoas para quem quer dar presente são seres vindos de um mundo praticamente medieval e têm gostos muito particulares, como espadas ou arco e flecha. Você sabe quanto custa uma espada nesse mundo? Pois é....

Por fim, Regina acabou comprando um iPad para Ruby, a garçonete quase chorou de emoção; Mary Margaret realmente chorou de emoção com o suéter que recebeu, a prefeita ganhou um semi abraço estranho de David pelo par de botas novas; Emma parecia uma criança desfilando por todo lado com a toquinha de rena que Regina não contaria para a xerife que ela mesma fez; o presente de Henry foi uma verdadeira quest, Regina teve que ir com Emma para Boston, procurar em mais de três lojas e lutar com outro pai furioso que também queria o mesmo jogo para conseguirem o presente do filho.

Ninguém sabia o que queria comer e chegaram à conclusão que queriam alguma coisa diferente da ceia de ação de graças, então David tomou conta da cozinha para preparar um leitão assado que aprendeu a fazer quando ainda era um pastor. Mesmo ele prometendo que era muito bom, Regina não tinha altas expectativas quanto a essa receita. Snow apareceu com uma torta de frutas que ela jura de pé junto que aprendeu com um sabiá – Se não fosse a Branca de Neve falando uma coisa dessas, Regina já teria mandado pro manicômio – Bella levou um pudim de panetone que todo mundo amou e Granny fez a melhor rabanada que qualquer pessoa já comeu na vida. E a última pessoa a dar as caras na festa foi a xerife, quem chegou no meio do jantar, alguma coisa sobre meninos perdidos acharem engraçado amarrar o João Pequeno vestido de Papai Noel sexy no relógio da cidade.

A festa estava indo tão bem quanto uma festa de Natal da família Charming-Swan-Mills-e-enteados-em-geral poderia ir: Snow dera um discurso sobre união, felicidade e esperança que ninguém prestou atenção, nem o Charming; Emma algemou um Leroy bêbado por quinze minutos depois que ele tentou fazer malabarismo com as garrafas de cidra da prefeita, Regina teve que esconder a gemada especial que Zelena fez de Henry depois que descobriu exatamente o que a fazia tão especial, David fez uma dupla sertaneja com Rumple em algum momento, até Bella sumir com o violão e Zelena ameaçou pôr fogo na tv quando alguém sugeriu colocar o dvd d’O Mágico de Oz, duas vezes. Pura alegria.

No fim das contas o leitão assado à la Charming foi um sucesso e todos continuaram na mesa conversando, discutindo e rindo uns com os outros mesmo depois de comerem. Regina escolheu essa hora para se afastar um pouco da trupe e clarear um pouco as ideias, e não trancar Zelena e Leroy em um baú e jogar no meio do oceano também...

E foi quando já estava há alguns minutos sentada na escada de sua casa com os olhos fechados que foi abordada por uma Emma Swan.

“Você está bem?”

A prefeita sorriu e abriu os olhos devagar “Sim, Srta. Swan.”

“Todo mundo tá se divertindo bastante.” Disse se sentando ao lado da morena.

“Mesmo com todos esses incidentes que parecem seguir a sua família em todo lugar, eu também estou. Muito aliás.”

“É, to começando a achar que seria melhor dar um calmante de cavalo pro Leroy nessas ocasiões...”

“Não sei se isso ajudaria em alguma coisa. Mas obrigada por salvar minhas cidras, xerife.”

“Ei, eu sou a Salvadora, é o que eu faço.”

Se encararam sorrindo por alguns segundos até Emma balançar a cabeça rindo.

“Qual é a graça, Srta. Swan?” A prefeita perguntou sorrindo também.

“Tirando o fato que essa é a primeira conversa realmente sóbria que a gente tem numa festa em algum tempo, nada.”

“Pff, se alguém te ouvir dizer isso vai achar que você me embebeda para se aproveitar de mim, xerife.”

“Há! Tá mais pra você se aproveitando de mim quando eu to bêbada...”

“Até parece...”

“É... Não é como se eu conseguisse te negar muita coisa com álcool no meu corpo...”

Regina sabia que estava corando, ela sabia, mas não havia muito que podia fazer a respeito além de virar o rosto para evitar olhar para a loira.

“Quem vê não pensa... Mas você é uma puta duma pé de cana hein Regina?”

A rainha se voltou indignada para Emma, mas não conseguiu ficar irritada, não quando a loira estava com aquele sorriso bobo igual ao de Henry olhando para ela.

“E você é a capa fazendo jus ao livro, Srta. Swan.”

“Não é o que você disse algumas semanas atrás...”

Regina puxou o colarinho de Emma e sussurrou sensualmente em seu ouvido “Sobre o ‘algumas semanas atrás’: Você é tudo aquilo que a capa promete ser, Em-ma Swan.”

A prefeita ganhou o natal fazendo o rosto da Salvadora ficar combinando com sua amada jaqueta de couro, Emma fingiu uma crise de tosse para disfarçar a cor do rosto e ficou olhando para cima sem dizer mais nada por alguns momentos antes de cutucar a morena com o cotovelo.

“Hey, Regina.” Disse apontando para cima e a prefeita acompanhou o dedo da xerife.

“Sério, Srta. Swan? Você tem quantos anos mesmo? Doze?” Regina bufou olhando para o ramo de visco que algum engraçadinho pendurou em cima da escada.

“O que?”

“Há. ‘O que’.”

“Ahhh então tá tudo bem você usar álcool como desculpa em qualquer outra situação, mas eu não posso usar uma antiga tradição natalina?”

“Isso dificilmente é a mesma situação, Srta. Swan.”

“Mas claro que é.”

“Ah é? E como?”

“Eu quero te beijar.”

“Srta. Swan!”

“Eu vou te beijar, Regina.”

“Emma!”

“É tradição, Regina!”

Antes que a prefeita pudesse reagir, a loira a pegou nos braços e calou qualquer protesto que a morena pudesse ter, não que ela tivesse algum, com um beijo, que rapidamente evoluiu para um beijo de língua quando Regina subiu no colo de Emma e envolveu o pescoço da xerife com os braços e que durou até precisarem respirar de novo.

“Hm, essa é uma tradição de feriado que eu gostaria muito de manter.” Emma disse encostando a testa na de Regina, da melhor forma que pôde devido sua posição.

essa então, Salvadora?”

“Bem... Já que falou assim, consigo pensar em mais algumas coisas que eu gostaria que virassem tradição, Vossa Majestade.”

“Ótimo saber.”

E ficaram ali, sentadas na escada encostadas uma na outra de mãos dadas e sorrisos bobos na cara parecendo um casal de adolescentes bobos e apaixonados sabe-se lá por quanto tempo, só perceberam que haviam dormido naquela posição quando David as cutucou com um sorriso indecifrável – ou melhor, que nenhuma das duas estava com humor para decifrar agora.

“Emma, eu e sua mãe já vamos, Gold já levou a Zelena e o Leroy, então não tem nada com que se preocupar, viu? Ah, e o Henry tá dormindo no sofá abraçado com o controle do videogame.” Olhando para Regina “Obrigado pela festa, Regina. Todo mundo já deu uma ajeitada nas coisas, qualquer coisa a gente volta amanhã e arruma o resto.” E aquele sorriso – que Emma taxou como uma mistura de alegre, orgulhoso e convencido – voltou ao se dirigir as duas “Tenham uma boa noite e.... Não façam nada que eu não faria!”

Mary Margaret deu uma cotovelada no estômago do marido ganhando mais alguns tons de vermelho no rosto antes de puxá-lo para fora da casa na velocidade do som murmurando um “Boa noite, Regina”.

Ambas ficaram um bom tempo encarando a porta, Emma curiosa, Regina um meio termo entre apavorada e envergonhada, e Emma tem certeza absoluta que ouviu um ‘Você me deve vinte dólares, Snow’ antes de voltar sua atenção para a morena ao seu lado.

“Então... Eu vou colocar o Henry na cama...”

E, antes que pudesse se levantar, a rainha a puxou para si sussurrando em seu ouvido. “Rápido... Tenho mais algumas ideias que você vai querer transformar em tradição...”

Emma encarou aquela morena a segurando pelo cachecol, com os olhos quase negros e semicerrados e mordendo o lábio e tomou uma das decisões mais rápidas de sua vida: pegou Regina, jogou-a em cima do ombro e subiu as escadas.

“O moleque já tá grandinho, não dá nada dormir no sofá.”

“Emma!”

.

~~~~~~~~~~~~~~~~


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem!Espero que tenham gostado!E um feliz (resto de) natal e feliz ano novo também :3