Carta ao Papai Noel escrita por Milky


Capítulo 1
A sombra na parede. (único)


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! Desde já Feliz Natal a todos! (Atrasado, aliás) Essa fic já havia sido escrita a mais ou menos dois meses (eu nem estava pensando no natal ou algo assim, apenas fiz) e aproveitei para postá-la! Espero que gostem! o



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"Carta ao Papai Noel.

Papai Noel, mesmo que digam o contrário, sei que você existe. Não sei seu endereço, então mando esta carta ao vento e espero que ela lhe alcance a tempo.

Sou apenas uma criança que iniciou sua vida na terra há nove anos atrás, mas mesmo assim tenho desejos a fazer. Não sei se é ser egoísta, mas é o que quero. Espero que me entenda.

Moro com uma família grande e feliz, quanto a isso dou Graças a Deus, mas ultimamente percebi que a minha mãe anda meio infeliz. Sei que sua intenção não é me atingir com tamanho impacto, porém suas palavras fazem eu me sentir culpada. Ela diz que não estou fazendo por merecer as coisas que tenho e que meus atos -a falta deles, no caso- a deixam desapontada. Tento melhorar, mas não consigo, é muito difícil. Já disse isso, porém não acreditam.
Peço-te alguém melhor, uma criança que orgulhe a minha mãe e que a deixe feliz. Alguém que é o que eu não sou. Não um irmãozinho, mas uma substituta que faça todos esquecerem o quão desapontadora eu fui.

E este será meu primeiro, único e último desejo à você. Espero não desapontar mais ninguém daqui para a frente.

..........................."

A garota lacrou a carta e lançou-a pela janela. Uma brisa forte sacudiu seus cabelos e o papel vermelho pareceu criar asas e voas para um lugar qualquer. Faltava um dia para o natal, todos corriam para lá e para cá, alegres para dar e receber presentes. A garota estava cautelosa como sempre, cuidado para não estragar os preparativos, mas algo em seu coração batia diferente. Ela sentia que algo estava prestes a mudar. Se boa ou ruim, só quando acontecesse.

De repente bateu uma saudade da mãe e de toda a família. A garota subiu para o quarto e pegou seu lápis e caderno. O contorno torto das letras marcava o papel. Quando terminou, destacou a folha e leu. Nem ela mesma entendia o que havia escrito, mas era assim, as vezes dava uma vontade de escrever que as palavras simplesmente brotavam de sua mente e eram reproduzidas por seu lápis. Escutou alguém lhe gritar, colocou o papel por sobre a cama e saiu.

...

Ding dong! Noite de natal. Todos reunidos na sala em volta da lareira distribuindo presentes. A garota havia esquecido de colocar o presente de seus parentes embaixo da árvore, e subiu as escadas correndo para buscar. Passou-se alguns minutos e nada. A mãe resolveu ir chamá-la. A porta do quarto estava entreaberta e uma luz fraca semelhante ao de uma vela era emitida. "Querida?", a mãe chamou, mas ninguém respondeu. Ela sentiu um aperto no peito, como se algo estivesse errado. Encostou a mão na maçaneta sentindo o coração martelar nas constelas. Sua filha abriu a porta bem na hora. A mãe não soltou aquele suspiro de alívio, mas sorriu. "Vamos, mamãe.", chamou a garota. "Pode ir indo, já vou." A garota assentiu e desceu. A mãe entrou no quarto e um papel voou direto no seu rosto. Ela o leu. Seus olhos lacrimejaram. Seria possível aquilo?

Desceu as escadas correndo gritando por sua filha. Ela chegou e a abraçou. "Nunca mais faça algo desse tipo!", esbravejou. A garota sorriu por cima do obro da mãe que a abraçava fortemente. "Você acredita no Papai Noel?"

De longe, uma sombra se projetava na janela. Parecia chorar. Não entendia. A mãe havia brigado e agora chorava. Não entendia. Era perfeita, e mesmo assim sua mãe chorava. Não era isso que ela queria todos esses anos? A filha sem comparação? Então por que, por que achava aquela cena tão errada?

A sombra vagou pelas paredes e foi até o quarto. Tentou pegar a última coisa que havia escrito, sua última lembrança, mas suas mãos transparentes atravessaram o papel. Limitou-se a lê-la do chão.

" Mãmae,

Desculpe por lhe decepcionar tanto. Meu coração dói, mas o seu deve doer mais. Quero livrá-la dessa angustia, então desejei ao Papai Noel que tornasse seu desejo realizado: uma filha perfeita que lhe orgulhasse. Sinto que em breve serei atendida. Foi isso que desejou, certo?
Fique feliz"

Sentia seus olhos arderem, mas uma sombra não chora. Não faz nada além de estar ali por estar esperando inutilmente ser notada. Após ler a carta, a garotinha percebeu o erro que havia cometido. Mas era tarde. Tarde demais para voltar atrás, tarde demais para se arrepender, tarde demais para sentar com sua mãe e contar o que tanto a afligia, tarde demais para ouvir e ser ouvida.

Foi então que percebeu o quão egoísta havia sido. Sua mãe não queria outra filha, apenas reclamava por ser a mãe e querer o bem a ela. Queria que a filha corrigisse os erros por conta próprio, e não que ficasse triste pelo que dizia. As vezes as palavras têm mais de um significado, e infelizmente para a garota fora o mais ruim. Ela teve o que queria: foi substituída, esquecida, rebaixada a uma sombra que agora era obrigada a seguir os passos de seu novo eu. Destinada a ver sua mãe feliz e sorrindo para a outra, enquanto era esquecida na escuridão, à espera do amanhecer, que a mandaria embora.

E enquanto seus olhos eram iluminados tardiamente pela verdade, escutou sua voz ecoar pela sala, abafada pelo abraço de sua ex-mãe.

"Você acredita no Papai Noel? Foi ele que me trouxe até você"


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Notas finais do capítulo

E ai? Flores? Pedras? Sei que é apenas uma one-shot, mas estou mais apreensiva do que nunca! >///



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