“Eu não acredito que, finalmente, poderei ver um show das minhas preciosas. Tá, é uma pena a Sulli não estar mais no grupo para desfrutar disso, mas o importante é a felicidade de todas, né não, Kiyoshi? Então... vamos aproveitar o show e também ver a minha “tsundere” favorita: Krystal “Rainha” Jung” – refletia o ala do time da Escola Shutoku, Kiyoshi Miyaji, dentro da casa de shows Zepp Tokyo, localizada na capital do Japão, onde o grupo pop coreano f(x) faria seu tão aguardado primeiro show.

Miyaji, fã de carteirinha do grupo desde o lançamento do primeiro single japonês delas, “Hot Summer”, teve um mini surto quando soube do show, porém o rapaz não queria ir sozinho ao evento. Convencer os colegas de time Kazunari Takao, Taisuke Ootsubo e Shinsuke Kimura foi fácil, afinal o trio também gostava do grupo, o problema era convencer o às do time, o ala armador Shintarou Midorima, a ir no show. Era do conhecimento de todos que Midorima só escutava música clássica e música tradicional japonesa, variando, no máximo, para jazz e blues e Miyaji fazia questão de todos irem com ele.

Dois meses antes do show

— Por que você não convida teu irmão para ir junto? – perguntou um irritado Midorima, no meio de mais uma discussão com o quarteto por causa do show.

— O Yuya tem compromisso com a namorada dele. – respondeu pragmático o rapaz de 1,91m.

— Mas eu repito, eu não vou nesse show. Vai que no dia do show é um dia em que Câncer está em último lugar e sem compatibilidade com Escorpião, ou Áries, ou Leão? Não posso me arriscar. – reforçou o rapaz de chamativos cabelos verdes.

“Ele e essas merdas de horóscopo...” – desdenhou Miyaji, já muito irritado com a teimosia do outro. A paciência do rapaz loiro explodiu, agarrou o colarinho da camisa do ala-armador e gritou:

— Vai se ferrar, Midorima! Você vai nesse show, sim, nem que seja jogando uma carga inteira de abacaxis na tua cabeça!

— Quero ver você ter a pachorra de me arrastar! Não é porque eu não gosto de brigar, que eu não sei brigar. – exaltou o outro, também agarrado a camisa do colégio de Miyaji.

— Alguém me dá um abacaxi para eu acertar essa cenoura insolente! – berrou Kiyoshi de volta.

— Ootsubo, faz alguma coisa aí antes que eles se matem! – alertou Kimura.

O capitão do time de Shutoku teve uma ideia:

— Miyaji e Midorima, vocês topam resolver isso no Mortal Kombat? A regra é simples: se o Miyaji ganhar, você vai ter que ir no show conosco, Midorima, sem choro, nem vela. Se o Midorima ganhar, vai só nós quatro para o show. Respondam “sim” ou “sim”.

Midorima perdeu de lavada para Miyaji.

Uma dia antes do show

No vestiário de Shutoku, o assunto não era outro além do show, porém Midorima percebeu que Takao estava mais feliz do que o normal. Questionou:

— Ué, Takao, o que aconteceu?

— Você viu a foto que o Mibu-chan postou no Instagram com o ingresso da “Diamond Tour”?

Miyaji ficou envergonhado. Entendeu perfeitamente o motivo da agitação de Takao, onde de certa forma ele também a sentia.

— Eu entendi, mas... você acha que ele irá vir?

— Ô, Miyaji, esqueceu que o Reo e o Hayama são unha e carne um com o outro? Com certeza, ele estará nesse show e amanhã não deixarei passar. Não vou mais me acovardar e vou falar para o Reo meus sentimentos sinceros por ele.

— Boa sorte, aí. Mas continuando o assunto, não sei se o Hayama vai. Ele sempre desconversava no LINE, quando eu perguntava sobre o show. Fora que ele postou uma foto do f(x) muito suspeita no LINE dele, com a seguinte legenda: “Como queria poder estar aí com vocês”. Acho que ele não vai, está muito arrasado e não quer demonstrar isso. Afinal, ele é tão fã delas quando eu e você.

— Mesmo que ele não vá no show, ele com certeza estará em Tóquio, pois o Mibu-chan nunca vem para Tóquio sem ele, o Nebuya-san e o Akashi-san, né, Shin-chan?

Bem irritado com a provocação de Takao, Midorima, até então quieto, respondeu:

— Cala a boca, Takao. Akashi nunca iria para esse tipo de show.

— Mas provavelmente estará em Tóquio, então... Ah, falando em Rakuzan em Tóquio... e aquele cara todo classudo e caladão de lá vem também? O que você conversa para caramba sobre light novels, Shin-chan? – indagou Kazunari.

— O Mayuzumi? Ele vai viajar hoje com os pais para Osaka.

— Que pena, porque se ele viesse, eu poderia avisar o Kuroko-kun. Afinal, por mais que ele tenha aquela cara de paisagem, dá para perceber, de longe, o precipício que ele tem pelo Mayu... – porém Midorima interrompeu o outro.

— Não se meta onde você não é chamado, Takao.

— Dar uma forcinha aí na felicidade alheia é errado, Shin-chan? Ah, me poupe! – ralhou o moreno.

— Vamos mudar de assunto, por favor? – sugeriu o de cabelos verdes.

Dia do Show – Zepp Tokyo – 07:00 PM

A casa de shows estava lotada. Por causa da aposta no videogame, Midorima foi obrigado a comprar 5 ingressos de pista premium para o time de Shutoku. Estavam na grade, bem próximos do palco.

Miyaji, Ootsubo, Kimura e Takao estavam à caráter: camiseta, faixa na cabeça e lightstick grupo em mãos. Midorima usava um óculos escuros estilo aviador, camisa branca, suéter e calça social. Parecia mais o irmão mais velho de algum deles, do que um estudante colegial.

No momento, tocava uma música do grupo de fundo.

— Desculpa gente, mas não vou conseguir me segurar quando a Amber aparecer. Corrigindo, se tocar “Shake That Brass” nesse show, eu vou para o céu e volto! – comentava Takao, totalmente animado.

— E quando a Luna, minha princesa, começar a dar os falsetes maravilhosos, que só ela dá? – observava Ootsubo, bem ansioso pelo início do show.

— Ai, quando a Victoria começar a cantar em 4 Walls o “fantasy” não sei se vou aguentar... – dizia Kimura.

“Me tirem daqui, cacete! Câncer está em penúltimo, mas tudo dará certo, pois estou levando meu item da sorte, que bizarramente é o CD delas.” – pensava Midorima.

Enquanto isso, um pouco mais afastado, mas ainda dentro da pista premium, Kotarou Hayama. Mibuchi Reo, Akashi Seijuuro e Eichiki Nebuya também estavam com altas expectativas para o show:

— Imagina quando a “Rainha Krystal” entrar no palco, hein, Kota-chan?! Deslumbrante, com sua voz única! Como você acha que ela estará vestida? Givenichy? Versace?

— Não se esqueça também da nossa “Rainha da Voz, Luna”, “Victoria, a Rainha da China”, nossa eterna “Lhama Amber” e, claro, “Princesa Sulli”, mesmo ela não estando mais no grupo. Nossas lindas “funções de xis”, Reo-nee! Ai, estou até tremendo de emoção. – agitou Hayama.

— Tremendo de emoção só pelas garotas, ou, desculpa a indiscrição, por algo que começa com Kiyoshi e termina com Miyaji? – indagou Akashi.

— Ó quem fala, o ser que estava todo: “Ai, Mibuchi, você acha que eu devo ligar para o Shintarou, avisando que estou aqui?”, “Será que ele não ia se incomodar?”. Shintarou dali, Shintarou de lá. Ô, Sei-chan, assume logo que você está tão apaixonado e ferrado quanto nós.

Seijuuro ficou bem irritado com as verdades ditas por Reo, mas nem tinha como rebatê-lo ou retrucar: estava mesmo apaixonado por Midorima, somente esperava o momento certo para confessar seus sentimentos. Deixou para lá quando riu, junto dos outros, do comentário de Nebuya:

— Estou aqui pela mulherada.

De repente, as luzes baixaram. O palco foi iluminado para um telão com um vídeo conceitual, de apresentação das integrantes. Em seguida, começou os acordes da música de trabalho mais recente delas, “4 Walls”, e as mulheres apareceram, finalmente.

Quando Krystal Jung começou a cantar a música, Miyaji deu um berro, totalmente emocionado. Não conseguia acreditar na beleza e na voz da mulher serem reais:

— Krystal Rainha! Krystal, Krystal, Krystal!

Onde Rakuzan estava, Reo e Hayama gritavam com todas as forças pela integrante favorita:

— Rainha Krystal Jung! Rainha Krystal Jung!

Em seguida, na vez de Victoria Song, Kimura balançou seu lightstick, totalmente emocionado em ver a cantora, além do deslumbre pela beleza dela:

— Victoria, sua linda!

Na parte de Luna, Ootsubo era só lágrimas:

— Minha Luna... minha princesa, como está perfeita!

Quando o rap de Amber começou, Takao praticamente teve um ataque. Só conseguia berrar:

— Amber! Amber! Amber, sua diva!

“(...) Love is 4 walls, walls, walls, walls (...)”

O público, totalmente agitado, cantava as músicas seguindo o fanchant.

Midorima só conseguia pensar:

“Elas são afinadinhas, muito bonitas, a coreografia até que é legal, a música é até aturável, mas... para que tudo isso? Ai, minha cabeça.”

Akashi, perto dos seus companheiros de time de basquete, era pragmático:

“Essa joça está fazendo minha cabeça doer. Ainda bem que trouxe meu remédio. Parem de berrar Kotarou e Mibuchi, cacete!”

A música terminou. Luzes abaixadas, onde passou um vídeo introdutório do single delas do ano passado, o sucesso “Red Light”. Iluminação vermelha incessante, as mulheres voltaram para o palco, vestidas com as roupas daquela época.

“(...) Ay, ay, it's a red light (...)”

De certa forma, era doloroso para os fãs verem aquela música ser apresentada sem a integrante Sulli, que saiu do grupo este ano, principalmente para Kiyoshi. Quando ele conheceu o grupo, sua integrante favorita era Sulli, mas sempre gostou muito de Krystal. Portanto, quando Sulli saiu, foi natural a integrante favorita do grupo nessa nova formação ser a Senhorita Jung.

Continuando na “era Red Light”, as mulheres vieram com a música MILK. O coração de Miyaji começou a disparar, afinal aquela era a música favorita de Hayama, mesmo sendo uma triste música sobre um coração partido. A música que Miyaji sempre afogara suas lágrimas, quando pensava na dor de não ter Hayama em seus braços.

“(...) Meu coração se machucou, por sua causa com dor

As memórias queimando dói

Então eu vi o leite branco e frio na cozinha

O que eu devo fazer?

Hmm, my milk (meu leite), eu o coloco no meu coração ardente

Coloque em meu coração, derrame no meu coração,

o meu leite queimado (…)”

— O que essa música “MILK” fala, Kotarou? Sobre leite e gatinhos?

— Não, Sei-chan. Ela fala sobre curar um coração partido, após o término de uma relação. Na Coreia, há um provérbio que leite cura todas as dores, por ser quente e reconfortante. Então, o “leite” é uma metáfora a qualquer coisa usada para curar um coração partido.

— Ah... interessante. – concluiu Akashi, totalmente parado, só observando o show.

Após “MILK”, outra pausa... luzes rosas. Um vídeo conceitual sobre o álbum lançado pelo grupo ano retrasado, o aclamadíssimo “Pink Tape”, e em seguida elas reapareceram, surpreendendo a todos, cantando uma das músicas mais adoradas pelos fãs, a linda e agitada “Airplane”.

“(...) O sentimento crescente, não pode ser escondido

Não pode ser parado, até quando continuará? (…)”

— Ai, meu pai, não acredito que elas estão tocando “Airplane”! A nossa favorita desse álbum. Kota-chan, esse show está sendo um sonho! – dizia Reo, em lágrimas.

— E não é só sua, né, Reo-nee?! – a música também era a música favorita de todas de Takao, a paixão desenfreada do ala-armador de Rakuzan.

— Quem dera se eu encontrasse o Kazu-chan por aí... Ai, estamos indo para a frente! – comentou Mibuchi sobre o empurra empurra do povo, para se aproximar do palco.

“Come with me...

Come with me

Airplane

Love

Come with me

Airplane

Love”

O refrão da música botou a plateia abaixo, um empurra empurra forte para se aproximar das mulheres começou. Na grade, Miyaji e seus amigos estavam quase esmagados. A situação começou a ficar um pouco séria, com gente passando mal. O show foi interrompido com Amber falando em japonês:

— Gente, não precisa empurrar. Vamos respeitar uns aos outros e criar só lembranças positivas juntos! Vocês prometem que não vão fazer sso de novo?

— Prometemos! – gritou a plateia em coro.

A apresentação continuou sem nenhuma intercorrência e o grupo pode seguir para a próxima música, o single principal desse álbum, “Rum Pum Pum Pum”

“Ufa, um pouco de alívio! Por isso que prefiro minhas óperas. As pessoas são educadas e tem as cadeiras para todo mundo sentar. Sem gritaria e algazarra.” – refletia Midorima, após ser quase esmagado contra a grade.

O quarteto de Shutoku continuava a agitar com a música até ela ser interrompida. Som de trombones e Takao deu um berro monstro. Sim, era a música solo de Amber, “Shake That Brass”, que tocava naquele acertado “medley”

“Hey, ho

Hey, ho

Shake that brass

Nanananananana...

Shake that brass”

O fanchant que o público fazia dessa música era algo à beira do insano. A popularidade da música solo de Amber no Japão era um fato, devido a sua combinação de música vivaz, M/V brincalhão e apresentações ao vivo enérgicas.

— Me segura que eu não estou bem! Ai, caramba, Amber! Amber! Não, não pode ser! Ta-ta – exclamava Kazunari, totalmente surpreso pelo que viu no palco.

Os fãs já esperavam a parte de Taeyeon Kim, membro do mega grupo sul coreano Girls' Generation, na música ser feita por Luna, mas para a surpresa de todos, Taeyeon fez sua participação ao vivo. Sim, a mulher estava ali em carne e osso, e Miyaji e Kimura estavam praticamente no chão. A membro favorita de todas as membros favoritas de KPop deles estava ali, poucos metros a frente dele. Os rapazes só sabiam chorar:

— Minha ultimate, minha Tae, junto das minhas princesas.

— Tae, Tae... – balbicava Kiyoshi, totalmente emocionado.

Após a música terminar, Taeyeon agradeceu o público, porém ela não esperavam o coro uníssono, pedindo para a mulher cantar sua música solo, o hit de nome “I”:

“I, I, I, I!”

Sorrindo e visivelmente emocionada, a mulher segurou as lágrimas e começou a cantar a capella o refrão da música:

“Céu que derrama luz

E eu estou de baixo dele

Voando como se eu estivesse sonhando

Minha vida é uma beleza (…)”

A voz cristalina e poderosa de Taeyeon foi um alento para os ouvidos de Kimura, porém surpreendendo ainda mais, Luna começou a cantar o restante da canção. Um belíssimo dueto entre as, consideradas por muitos, melhores vocalistas da agência onde trabalhavam, a SM.

Miyaji e Kimura eram só lágrimas, Takao e Ootsubo também choravam muito. Até o exigente Midorima estava encantado com a música. Uma lágrima disfarçada saiu por baixo dos óculos escuros do rapaz, Kazunari não deixou passar isso despercebido:

— Está chorando, né Shin-chan?

— Cala a boca, Takao. Foi apenas uma irritação nos olhos por causa dessa iluminação forte dos infernos. – tentou disfarçar o orgulhoso rapaz.

No lado de Rakuzan, Reo e Hayama cantavam juntos, abraçados a música, totalmente emocionados. Eikichi só conseguia dizer:

— Que música linda e... que gatas!

Akashi ouvia aquilo tudo maravilhado. Com direito até a uma lágrima escapar do seu olho, mas rapidamente disfarçada.

Música terminada.

Luna e Taeyeon aclamadas, ovacionadas pelo público. Lágrimas sinceras de felicidade brotaram no rosto das mulheres, principalmente Taeyeon. A líder do Girls' Generation fez uma reverência, agradeceu o público muito emocionada e o show continuou com f(x) cantando sucessos antigos, do início da carreira do grupo como “Pinocchio (Versão Japonesa)”, “Chu” e “LA CHA TA”. Após o final de “LA CHA TA”, iluminação baixa novamente, em seguida um vídeo mostrando a música que viria a seguir, o primeiro single japonês delas “Hot Summer”.

Miyaji praticamente gritava a música favorita do grupo, chorando muito, com Takao, Kimura e Ootsubo cantando com ele, enquanto Midorima só observava, julgando mentalmente forte os rapazes.

Enquanto isso, o coração de Kotarou disparava forte, a cada gritar do fanchant da música favorita do amado. A música trazia um misto de felicidade por lembrar Miyaji, mas ao mesmo tempo uma tristeza profunda, por lembrar que não estava com ele...

Aproveitando que algumas pessoas saíram para outros cantos, o time de Rakuzan foi se aproximando do palco, aproximando até Hayama bater em alguém.

Miyaji sentiu uma trombada em si, virou para ver quem foi a pessoa, olhou para baixo e seus olhos castanhos encontraram-se com os verdes intensos de Kotarou Hayama. Corado de vergonha e bem nervoso, falou:

— Hayama?

— Kiyo-chan, e aí?!

Os olhos verdes cinzentos de Takao também tiveram seu encontro com os verdes água de Reo:

— Mibu-chan...

— Kazu-chan – disse Mibuchi, admirado.

Midorima e Akashi estavam totalmente envergonhados:

— Shintarou?!

— Eu, eu... perdi uma aposta no Mortal Kombat com o Miyaji, só isso. Não é nada disso que você está pensando, Akashi.

— Eu te entendo, Shintarou. Eu também não queria mesmo estar aqui. Na verdade, quem era para estar aqui era o Chihiro...

“Chihiro... Ah, o Mayuzumi.” – recordou o rapaz de óculos.

— … mas como os pais dele o obrigaram a viajar com eles para Osaka, por isso estou aqui. Só para não desperdiçar dinheiro.

— Nebuya-san? – exclamaram o quinteto.

— E aí, firmeza?! – cumprimentou o rapaz informalmente.

Após os cumprimentos, conversas rápidas sobre o show, eles continuaram a curtir o show com a agitadíssima “Electric Shock”. Os membros de Rakuzan e Shutoku fãs do grupo, divertiam-se intensamente gritando o fanchant e cantando várias partes das músicas. Akashi e Midorima continuavam a discutir sobre como aturar o show ou sair dali:

— Minha cabeça está doendo, não sei como eles aguentam isso. – retrucou Midorima.

— Da mesma forma que conseguimos apreciar nossos concertos sossegados, sentados em nossas cadeiras em um teatro, eu acho. Ah, desculpa pela grosseria, Shintarou. É que esse show também está dando dor de cabeça em mim e está difícil. – pontuou Akashi.

— Poderíamos jogar shogi online no celular, sem ninguém perceber, mas seria muita falta de respeito as meninas. Dá para ver que elas estão dando o seu máximo neste show. – observou o rapaz de marcantes 1,95m.

Akashi fez o celular de Midorima tocar, pegou o aparelho do amigo e, após um intervalo pequeno, anunciou:

— Pessoal, adoraria ficar até o final do show com vocês, mas os pais do Shintarou voltaram de viagem e estão enchendo o saco para ele voltar para casa logo. Por isso, vou levá-lo para casa com meu motorista particular.

— Ah, que pena! – falaram os outros, mas compreenderam a situação.

Despediram-se dos amigos, colegas e foram em direção a saída da casa, enquanto a plateia delirava ao som de mais um hit do grupo, “NU'ABO”.

Já dentro do carro, Akashi olhou nos olhos de Shintarou, segurou as mãos do rapaz e começou a cantar a música de Taeyeon do show:

“(...) Céu que derrama luz, olhos renovados

Voar para longe

Voe alto, voe alto

Beleza que só pertence a mim (...)”

Em seguida, o rapaz de vívidos olhos vermelhos, respirou fundo e declarou:

— Eu gosto de você, Shintarou. Desde o finalzinho do nosso período na Teiko, mas nunca tive coragem de falar, mesmo porque o meu “outro eu” nunca deixou eu ser aberto nesse sentido, além de eu próprio não ser muito aberto nesse sentido. Agora que estou como eu mesmo, Seijuuro Akashi, eu pergunto: meus sentimentos ofendem você, Shintarou Midorima? Se não aceitá-los, tudo bem, mas por favor, não me deixe perder novamente sua amizade.

“Não há lógica para você negar seus sentimentos, Shintarou. Aja de forma coerente com eles, pelo menos, uma vez na vida. Não vou repetir o erro que cometi na Teiko, onde deixei o amor escapar pelos meus dedos.” – refletiu Midorima, antes de tomar alguma ação. Contudo, a emoção de ter o amor correspondido falou mais alto. Com lágrimas nos olhos, Midorima abraçou Akashi e respondeu:

— Como seus sentimentos poderiam me ofender, se eu sinto o mesmo por você? Por favor, não me solte desse abraço. Esperei tanto por isso...

Aliviados, os rapazes dirigiram-se para a casa de Midorima para, finalmente, desfrutarem as emoções dos seu amor em suas próprias canções. Sim, Akashi mentiu sobre os pais de Midorima, eles continuavam viajando, portanto esse desfrute ocorreria sem nenhuma interferência...

Enquanto isso, o show continuava com as emoções à flor da pele, com Luna, Amber e Krystal fazendo um cover acústico da música “Doushite Kimi Wo Suki Ni Natte Shimattandarou?”, do grupo sul coreano, mega famoso no Japão, Tohoshinki ou simplesmente TVXQ.

“ (…) Nós íamos para todo lugar juntos

Era natural ter você comigo

Nós crescemos juntos

Mas você já escolheu um caminho diferentes

Por que eu tive que me apaixonar por você? (…)”

As lágrimas eram inevitáveis, tanto pela triste letra da música, quanto pela interpretação emocionante e memorável das mulheres. Entretanto, para Takao, aquela letra foi o gatilho que ele precisava. A coragem para finalmente se declarar para Mibuchi Reo. Inventou para os amigos e colegas que não estava muito bem, pediu para Mibuchi acompanhá-lo. A dupla despediu-se dos amigos e colegas para logo em seguida, saírem da casa de espetáculos. Do lado de fora, Takao falou, em lágrimas:

— Mibu-chan, eu sei que você é um cara popular, que recebe declarações de várias garotas e que você recusa por estar apaixonado por alguém, mas... eu também estou apaixonado... e é por você. Eu não queria, mas desde depois do jogo na Winter Cup, quando a gente passou a se conhecer melhor, sabe?! Então... a partir do momento que passei a te conhecer de verdade, me apaixonei pelo seu jeito classudo de ser, inteligente, vivido, companheiro, conselheiro até me apaixonar em tudo por você. Me perdoa se é ofensivo para você receber a declaração de outro homem, mas eu precisava falar isso. Me desculpa.

— Kazu-chan, posso dar minha resposta no quarto do hotel onde estou hospedado com os rapazes?

Cumpriram o combinado: foram até o hotel onde os rapazes de Quioto estavam hospedados e já dentro do quarto de Reo, sentados na cama, o ala-armador de Rakuzan deu sua resposta, segurando bem forte nas mãos de Kazunari:

— Kazu-chan, eu quem peço desculpas por – as lágrimas corriam soltas pelo belíssimo rosto do rapaz – fazer você sofrer tanto. A verdade é que eu, desde o nosso jogo no Interhigh, eu gosto de você. Todas as mulheres que recusei os sentimentos foi por gostar de você. Eu nunca consegui falar meus sentimentos por medo de você me recusar... Desculpa de verdade por fazê-lo sofrer tanto. Aceita namorar e ficar comigo para todo sempre?

Kazunari abraçou o rapaz, enxugou as lágrimas de Mibuchi e respondeu:

— E ainda precisa perguntar se eu aceito? Mibu-chan, eu gosto tanto de você. Eu gosto, gosto muito de você.

Ainda abraçados, os rostos se aproximaram aos poucos até os lábios deles finalmente se encontrarem, mostrando que não serão somente Akashi e Midorima que, a partir dali, criarão suas próprias canções.

No Zepp Tokyo, o show continuava a todo vapor com as apresentações solo das outras integrantes: Krystal com um cover de “Turn Back Time”, do grupo pop ocidental Aqua, Luna em um cover de “Brave Shine”, da cantora japonesa Aimer e Victoria em uma apresentação de dança contemporânea.

Durante o número de Victoria, Nebuya, Ootsubo e Kimura percebem alguns risinhos atrás deles. O trio virou para trás, olhou para baixo e viu três lindas mulheres querendo falar com eles. Uma delas, vestida com um lindo vestido rosa pastel, mas acentuando suas curvas, perguntou:

— Com licença, mas vocês são Eikichi Nebuya, pivô do time colegial de Rakuzan, em Quioto, Taisuke Ootsubo e Shinsuke Kimura, pivô e ala-pivô do colégio Shutoku de Tóquio, certo?

— Sim, e vocês são... – indagou Nebuya.

— Ah, eu sou Miho Hatori e essas são minhas amigas Naoko Suzumiya e Haruhi Mitsuhara. Somos estudantes de Educação Física da Universidade de Tóquio e por consequência, acompanhamos também o basquete colegial. Portanto, digamos que somos... fãs de vocês... e quem diria que vocês são mais charmosos pessoalmente do que nas fotos.

As outras duas mulheres também eram tão bonitas e curvilíneas quanto Miho. Como Naoko era ruiva e Haruhi era loira com um tom de pele mais escuro, além das roupas justas e sensuais, era nítido que elas não eram mesmo adolescentes colegiais.

— Que legal que vocês também gostam de f(x)! Quem é a bias (membro favorita) de vocês? – questionou Naoko.

— Eu não tenho integrante favorita, pois só gosto de algumas músicas delas, mas o Ootusubo aqui é fanático pela Luna e o Kimura é muito fã da Victoria, se não estou enganado. – respondeu Eikichi todo animado, afinal não era todo dia que universitárias davam em cima dos rapazes.

— Ai, meu pai, eu não acredito que temos a mesma bias, Kimura-san! Parece que a gente tem tudo para se dar muito bem. – reforçou Haruhi, flertando forte para cima do rapaz.

Conversa vai, conversa vem sobre o show, esportes, basquete, hobbies, questões sobre a faculdade, devido a Ootsubo e Nebuya mostrarem interesse em graduar futuramente em Educação Física, um flerte aqui, acolá, até Miho sugerir:

— Vocês gostariam de ir com a gente até um karaokê? É bem pertinho daqui, não dá nem 5 minutos andando. Vocês podem convidar dois amigos de vocês, porque duas amigas nossas estarão nos esperando lá.

Nebuya pediu licença para as mulheres e os colegas para ligar para a pessoa mais apropriada neste tipo de situação:

— Oe, Nebuya? Você, ligando? Que raridade... o que acontece? O “outro Akashi” baixou de novo e vocês não sabem o que fazer, é isso?

— Você está ocupado, Aomine?

— Não, estou na casa da Satsuki, jogando videogame com ela mais o peguete dela, o Moriyama lá da Kaijou – eu me pergunto até hoje o que ela viu nesse cara, mas enfim, não é assunto meu –, segurando uma vela desgraçada, pois o Tetsu e o Bakagami tiveram que ir para casa mais cedo, por quê?

— Vê a mensagem que te mandei para o LINE.

O às da Academia Touou ficou empolgadíssimo com a proposta e, principalmente, com a beleza das universitárias.

— Passei essa mensagem agora para o Imayoshi e, por sorte, esse karaokê é bem perto de onde estou. Até daqui a pouco.

— Falou!

Nebuya anunciou a novidade do às e o capitão da Touou toparem ir para o karaokê. As universitárias ficaram ainda mais empolgadas, devido ao fato de uma das duas mulheres que aguardava-os no karaokê ser admiradora de Aomine, além delas também serem muito bonitas. O quarteto despediu-se de Miyaji, Hayama e acompanharam as mulheres até a saída da casa, em direção ao iniciar de uma noite muito prazerosa.

Após tocarem outras músicas, entre sucessos e músicas nem tão conhecidas, as mulheres do grupo f(x) anunciaram o tocar da última música, uma das mais adoradas pelos fãs do novo álbum, 4 Walls, “Rude Love”.

Hayama falou para Miyaji:

— É... parece que só sobrou nós aqui!

— Eu nunca me diverti tanto como hoje e... boa parte dessa diversão foi graças ao encontro inesperado nosso e dos seus amigos com meus amigos. Claro, e você também. Obrigado de coração por tudo, Hayama. – comentou Kiyoshi meio tímido.

A música começou, no calor da comemoração, a dupla deu as mãos e as levantaram para o alto. Quando se tocaram do ato, ficaram bem envergonhados e as soltaram. O primeiro verso começou, quando repentinamente, Hayama segurou novamente a mão de Miyaji e começou a cantar. Sem se importar com os presentes, olhando profundamente nos olhos do rapaz:

“Nesse exato momento, eu só tenho um objetivo

Como mágica, diante dos nossos olhos, você e eu (...)”

Coração disparado. Miyaji entendeu perfeitamente o ato de Hayama, queria chorar, pois seu amor era mais do que correspondido, porém precisava deixar explícito isso. Totalmente encorajado pelo ato de Kotarou, ele começou a cantar o verso seguinte, sem desgrudar dos olhos verdes a sua frente:

“(...) Seus movimentos, sua energia que eu conheço... eles me chamam outra vez

Eu pisei na linha, então feche os olhos,

O alvo é o seu coração, jogue este jogo (…)”

Sorrindo um para o outro, adrenalina a mil, eles cantaram o refrão ainda olhando um para o outro:

“(…) Só hoje, amor bruto, amor bruto, mais um passo para fora

Só hoje, amor bruto, amor bruto, sinta meu coração

O educado você, deixe passar um dia

Apenas me siga até aqui

Pensa no amanhã, quando for amanhã

Eu quero seu amor bruto hoje à noite (...)”

— Hayama, você aceita meu “amor bruto” (rude love) no seu coração?

— Ouça a música até o “I wanting you baby” (“Eu estou querendo você, querido” em inglês).

Miyaji ouviu atentamente o restante da música sobre deixar-se levar pela magia do amor, desabafando através de qualquer coisa, desde que a outra pessoa saiba dos seus sentimentos. Uma lágrima caiu, era inevitável tamanha felicidade. Kotarou enxugou essa lágrima do loiro, como a si próprio, e explicou:

— Sabia que quando eu ouço essa música, eu penso imediatamente em você, Kiyo-chan? Porque ela reflete todo o amor que quero dar para você, um amor cru, rude, simples, onde somente o nós é o que importa. Sim, Kiyo-chan, eu aceito seu “amor rude”.

De mãos dadas, sem se importarem com as possíveis opiniões alheias, Miyaji e Hayama nem esperaram o show concluir. Para eles, o show já estava concluído e antes de saírem do local, eles disseram juntos:

— Obrigado por tudo, Krystal, Luna, Amber e Victoria por, através de suas músicas, unir nossos corações em um show mágico. Obrigado, nossas preciosas joias raras, f(x).

“ (…) Sim, este amor tridimensional nesta noite

Quando o mundo está cheio de nossos dois sinais

Assim que você cruzar esta linha

A luz se encontrará com o novo mundo...

Eu estou querendo você, querido (…)”

[Rude Love – f(x)]

No lado de fora, com o inverno mostrando sua beleza cristalina com a neve, o que importava para Kiyoshi Miyaji e Kotarou Hayama era apenas o descobrir de um novo horizonte...

Juntos.