Memorias de Natal escrita por Enchantriz
Notas iniciais do capítulo
Eu ia postar a fic depois do natal, mas... como já é natal neh, não vamos atrasar os "presentes", kk' ... Espero que gostem, e feliz natal. =)
— Ei, o que pensa que está fazendo!? – Syndra reclamou de mau humor, sendo interrompida de sua leitura.
A maga estava em uma biblioteca subterrânea deitada na poltrona espaçosa lendo um livro grosso de capa azul quando, de repente, Zed subiu pela lateral da poltrona e deitou-se em cima de seu corpo, a esmagando com a cabeça apoiada em seus seios.
— ...eu só preciso de um minuto. – ele murmurou fechando os olhos, ignorando a maga devido à forte dor de cabeça que sentia. – Me dê apenas um minuto... – repetiu quase inaudível.
Ela piscou os olhos estranhando a atitude do homem.
— Você parece cansado. Está tudo bem? – perguntou sem resposta, vendo que o ninja já havia adormecido. Arfou. – Você realmente não sabe a hora de parar, não? – comentou calmamente fazendo o livro em suas mãos flutuar para que pudesse retirar a máscara de ferro e colocá-la no chão, em seguida, descansou uma das mãos em seu ombro enquanto com a outra acariciou os fios negros de seu cabelo com os dedos envoltos por uma leve nevoa roxa, usando sua magia para amenizar qualquer tipo de dor que ele poderia sentir. – ...idiota. – sorriu gentil voltando a ler o livro suspenso a sua frente.
Zed se quer mexeu um centímetro com o cansaço que estava em meio ao sono pesado, os músculos um tanto dilatados pela agitação do dia a dia. Apesar do seu jeito frio e calado, Syndra conhecia Zed melhor que qualquer um, não era necessário muitas palavras para eles se entenderem, ela sabia o quão esforçado ele era para conseguir o que queria, algo que o fazia não ter limite das suas ações... não que isso a incomoda-se, sentia orgulho da força que o homem possuía para com seus objetivos, mas, se em algum momento ele precisasse abaixar a guarda, com certeza ele recorreria a ela. Era um tanto estranho a sensação de calma e proteção que a presença do ninja lhe causava mesmo sendo tão independente. E por um instante, inconsciente, Zed se remexeu fechando os braços fortes na fina cintura da maga, perdido dentro de um sonho.
— Ei, está tudo bem? – perguntou uma voz feminina.
Desnorteado, uma criança levantou a cabeça abrindo os olhos embaçados, e logo que percebeu a aproximação de uma garota ajoelhada ao seu lado, afastou-se rapidamente.
— Não! Por favor, não me olhe! – o garoto se sentou fechando os olhos com força, colocando as mãos em frente ao rosto. – Vá embora! Saia já daqui sua pirralha idiota!
— O que disse!? – seu tom de voz calmo alterou-se. – Com quem você pensa que está falando, seu pivete imbecil!? Eu salvei a sua vida! Você devia ao menos me agradecer, sabia?!
— Eu não pedi sua ajuda! E não sou pivete, sou mais alto e mais velho que você. – respondeu um tanto de mau humor. – Por favor, vá embora... – voltou a pedir normalmente.
A garota bufou irritada, ignorando a má educação.
— Olhe para mim! – exigiu.
— Não posso. Você teria medo de mim. Sou uma aberração para uma iluminada como você.
— Quanta besteira! Olhe para mim. – voltou a exigir tocando no rosto a sua frente, o obrigando a vê-la.
O garoto respirou fundo abrindo os olhos vagarosamente, olhos rubis puro como o sangue abaixo dos fios bagunçado de seu cabelo negro como a noite, o rosto pálido sujo de sangue com algumas cicatrizes.
— Você está horrível! – comentou ela analisando o ferimento em sua testa. – Fique aqui, eu vou buscar ajuda. – levantou.
— O que!? N-Não! – segurou o pulso da menina, a impedindo de prosseguir. – Você, não está com medo de mim?
— Porque eu estaria? – estranhou.
— Você é louca? Meus olhos! Não vê?! São vermelhos!
Órfão, passara anos vagando por aquelas terras sendo apedrejado e exilado por ter nascido amaldiçoado com os olhos vermelhos, algo que os ionianos acreditavam trazer desgraça e mal pressagio. Àquela altura, não imaginava que pudesse existir uma pessoa que o olhasse com tanta firmeza.
— Você tem os olhos mais lindos e perfeitos que eu já vi. – disse impressionada com o tom rubi vivo. – Pare de dizer tanta besteira. – deu-lhe uma bronca.
Ele arregalou os olhos surpreso enquanto a menina sorriu gentil, sorriso o qual fez questionar-se se realmente estava vivo, ou se tudo aquilo não passava de uma brincadeira de mau gosto. Ela era tão... linda. O sorriso lhe caia tão bem nos lábios levemente avermelhados em meio ao rosto jovial com o liso cabelo branco caindo pelos ombros, onde o sol beijava-lhe tornando os seus olhos prateados ainda mais brilhantes e intensos.
— Você não me disse o seu nome.
— Syndra. Meu nome é Syndra.
Ouviu a voz da garota sumir aos poucos junto com a sua visão que ficou embaçada, o obrigando a esfregar os olhos, enxergando as chamas da lareira balançarem iluminando as altas prateleiras abarrotadas de livros a sua volta.
— Droga...! Porque eu tenho a sensação de que dormi demais. – murmurou Zed para si mesmo um tanto irritado pelo fato. – Ei, Syndra? – chamou. – Porque você não-- – levantou sentindo os dedos da maga deslizarem por seu rosto até o acolchoado, só então percebendo que ela tinha adormecido também. – Humpf... Você não me escuta mesmo. – reclamou vendo o rosto calmo da jovem, os lábios entreabertos com alguns fios de seu cabelo em frente aos olhos, o qual os retirou colocando atrás da orelha. – Já faz um bom tempo. – sorriu de canto, lembrando-se.
Zed, o Mestre das Sombras havia sonhado com o dia em que conhecera Syndra, a Soberana Sombria, e embora na época não houvesse neve e tão pouco a animação e o aconchego da data comemorativa, tudo aconteceu em uma tarde de natal como aquela...
— O que você está fazendo aqui? De novo. – perguntou uma voz masculina.
Distraída, a garota piscou os olhos saindo de seus devaneios. Mais uma vez, se pegou passando as tardes jogando conversa fora com alguém cujo os olhos rubis lhe chamavam a atenção pelo modo sincero que a olhava.
— Não gosto de ficar trancada em casa. – confessou ela sentada ao lado do garoto. – É sufocante...
— Porque te deixam trancada? – questionou curioso, sem entender.
— Bom, eu sou a aberração por aqui. – sorriu de canto.
— Agora é você que está falando besteira. – abafou um riso. – Você é uma ioniana iluminada! Dá para sentir de longe que você tem um grande poder ai dentro. – apontou para o colar de cristal em seu pescoço.
— Do que adianta ter um grande poder se não posso usá-lo? – remexeu o cristal branco como as nuvens entre os dedos. – Essa droga de colar não me permite nem se quer levantar uma pena. – reclamou desanimada, deixando a pedra escorregar da mão de volta para a roupa.
— Se isso te deixa tão mal, porque não o tira?
— Meus pais me trancariam eternamente se soubessem que usei meus poderes. “É perigoso. Ainda não está completo.” – imitou o discurso de seus pais.
— Eles não precisam saber. Você é bem lerda, não? – a provocou.
A garota o empurrou com força.
— Ei! Ora sua pirralha...!
— Você é insuportável, moleque! – comentou emburrada, o olhando de canto quando lembrou-se. – Ah, você não me disse qual é o seu nome.
— Zed. – respondeu baixo, não imaginando que alguém um dia pudesse se interessar por seu nome.
— Então, – fez uma breve pausa. – eu te vejo amanhã?
— Se for isso o que você quer. – ele sorriu pela primeira vez para ela.
O par de olhos prateados piscaram sentindo o calor e a bondade naquele sorriso que desapareceu aos poucos, a obrigando esfregar os cílios, estranhando ao sentir um cobertor escorregar por seus braços.
— Mas de onde veio... – Syndra murmurou perdendo a fala ao reparar que Zed não estava mais por perto.
Syndra, a Soberana Sombria, sorriu lembrando-se em um sonho de quando conhecera Zed, o Mestre das Sombras.
— É, – suspirou levantando-se da poltrona ainda sonolenta. – já faz um bom tempo...
Todos em Ionia estavam animados por ser natal, e devido ao frio alguns esquentavam-se com bebidas em um pequeno estabelecimento local.
— Você por aqui. – disse Yasuo, o Imperdoável desconfiado ao ver Zed entrar no local e se aproximar olhando a bagunça de gente bêbada ao redor.
— Problemas? – perguntou Varus, a Flecha da Vingança sentado ao lado do samurai.
— A Syndra, vocês sabem onde ela está? – disse direto.
Após ter retornado para a Ordem das Sombras, voltou mais tarde para falar com a maga, porém, ela já não estava mais lá.
— Faz um bom tempo que não a vejo sair daquele templo. – comentou o arqueiro. – Aconteceu alguma coisa?
— Não. Eu mesmo me resolvo com ela. – respondeu antes de dar as costas saindo do local.
— O que será que deu nele?
— Aposto que os dois brigaram de novo. – o samurai tomou um gole de saquê antes de ver Syndra entrar pela porta minutos depois com um sobretudo branco por cima do curto vestido azul claro. – Deixe-me adivinhar, está procurando pelo Zed? – disse quando a jovem se aproximou olhando ao redor.
— Como sabe? – estranhou.
— Ele acabou de sair. – respondeu Varus sorrindo, apontando para a porta.
— Ah, não...! – ela arfou voltando a correr em direção a saída, mas tudo o que encontrou foi o vento empalidecendo seu rosto.
Lá fora, não havia nada além das árvores encobertas de neve e os pequenos flocos dançando pelo ar. Por um instante, sentiu-se perdida por não encontrar o ninja, mas voltou a procura-lo aos arredores, o qual ele caminhava novamente pelos largos corredores de seu templo flutuando no céu, vazio, também a sua procura.
— Onde aquela garota se meteu agora? – perguntou-se analisando o quarto arrumado, a cortina branca balançando devido o vento que passava pela janela aberta da pequena varanda.
Ao mesmo tempo, no templo da Ordem das Sombras, a maga parou em frente ao quarto bagunçado do ninja.
— Onde você está afinal...? – murmurou para si mesma no cômodo vazio.
E por um acaso do destino, eles passaram o dia se desencontrando. Não era como se tivessem combinado algo, ou como se fossem deixar o ego de lado e admitir que aquele não era mais um dia qualquer em suas vidas corriqueiras, afinal, esse era o primeiro ano em que passavam juntos... ou que passariam juntos.
Cansada, Syndra caminhou calmamente sem rumo até um pequeno lago que tinha perto da trilha que dava para a central de Ionia, sentou-se na beirada do lago em meio as diversas flores e plantas congeladas, colocou um cachecol vermelho no colo observando do outro lado do lago algumas crianças brincando de bola de neve por entre as altas árvores.
— Isso é ridículo... É só uma data estupida como todas as outras. – suspirou abaixando a cabeça nos joelhos. – Porque eu me sinto tão inquieta? – questionou-se fechando os olhos. – Eu te odeio, ninja idiota...! – disse de mau humor quando, de repente, sentiu algo quente e macio lhe envolver o pescoço, a fazendo erguer a cabeça imediatamente vendo um cachecol roxo. Em seguida, ela inclinou um pouco a cabeça para trás para ver Zed parado com uma das mãos no bolso da calça jeans escura enquanto com a outra mão lhe estendia um copo médio de chocolate quente, a fumaça chocando-se com o ar frio.
— Feliz Natal. – desejou ele serio vendo a maga piscar os olhos prateados antes de abrir um sorriso gentil, o deixando ainda mais sem jeito e surpreso quando ela lhe entregou um cachecol vermelho após pegar o copo quente de seus dedos.
— Feliz Natal.
Depois de tudo o que ela fez por ele, não esperava receber algo. Ele sorriu por baixo da máscara de ferro pegando o tecido e o passando pelo pescoço, deixando cair em frente a jaqueta preta sob a camisa vermelha. Pelo presente, não pode deixar de notar o quão estavam ligados um ao outro. Eles nunca saberiam dizer o porquê, como, ou quando tudo aquilo começou... quando, a presença um do outro se tornou tão indispensável.
— Quer jantar lá em casa? – convidou estendendo a mão para a jovem.
— Isso é um encontro? – ela o olhou desconfiada, porém com um sorriso provocativo.
— Talvez. Depende da sua resposta.
— Claro... – disse calmamente deslizando os dedos pela mão quente do homem que a ajudou a se levantar. – Então, o que vamos ter para o jantar? – perguntou curiosa, o seguindo de volta pela trilha quase encoberta de neve.
— Não sei, – respondeu rápido. – é você quem vai fazer, não eu.
— Você realmente sabe ser insuportável. – comentou seca o olhando emburrada de canto, mas logo suspirou e estendeu o braço lhe empurrando o ombro, o fazendo dar alguns passos para o lado rindo para provoca-la antes de voltar a se aproximar passando o braço por seus pequenos ombros, sentindo os dedos dela prenderem nos seus.
— Você é mimada demais. – retrucou. – Eu devia ganhar um prêmio por ter que te aturar por tanto tempo.
— Como é!? Não mesmo!
Eles começaram a discutir pelo caminho, sem se importarem de andarem juntos implicando um com o outro em meio aos flocos de neve que caiam no fim de tarde aconchegante.
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