Assim que amanheceu, fui para a floresta. Meus pais estavam tão felizes com o pagamento que eu lhes trouxe, que nem se importaram em me deixar ir sem tomar o café da manhã.

Cheguei na parte leste da floresta, ela já estava sentada em uma pedra. Estava mais linda que no dia anterior. Ela vestia um vestido branco, dando para ela um ar bem feminino, o que por um instante me fez esquecer que ela havia matado dois marinheiros no dia anterior. Seu cabelo estava preso com uma fita longa e dourada. Na sua cintura havia duas bainhas.

Assim que ela meu viu, correu e me abraçou. Eu corei na hora, minhas pernas ficaram banbas e após ela me soltar eu cai. Ela riu, e depois disse:

— Não aguenta um abraço? Bebezinho.

Rimos por um tempo, mas logo ela ficou séria e voltou a falar:

— Kurz, hoje vim aqui para lhe fazer uma proposta. Eu ouvi ontem você me falando sobre seu sonho de se tornar um cavaleiro. Bom, eu sou a filha do general Schmidt Schwarz, fui treinada por ele desde pequena. Bom, achei você bem corajoso e eu mesma irei treiná-lo. Mas nada é de graça, então ao fim de três meses, você me ajudará em uma tarefa. Você aceita?

Fiquei maravilhado com a proposta. Nunca iria imaginar que Elisè era filha do general, e pela primeira vez na vida, eu teria a chance de me tornar um cavaleiro, e pra melhorar ainda mais, meu professor era a menina mais bonita que eu havia conhecido até o momento. Eu respondi:

— É claro que eu aceito.

— Então está certo, mas vou te avisando que o treino será bem pesado, estaja preparado. Todos os dias no mesmo local.

— Certo. Mas meus pais não podem saber, e acredito que amanhã terei de chegar uma hora mais tarde por causa do café da manhã, e também de algumas tarefas que eu tenho de fazer.

— Tudo bem. Não vamos perder tempo conversando e vamos começar. Pegue sua espada. -Ela me jogou a espada que havia me comprado ontem.- Kurz, ontem você foi até que bom, mas você tentou um ataque bem vulnerável. Você precisa aprender a se defender primeiro. A primeira coisa que meu pai me ensinou foi a parte de defesa. Venha, me ataque da melhor forma que você conseguir e veja.

Eu fui e ataquei ela com toda a força que eu tinha. Ela simplesmente bloqueou meu golpe e me chutou para longe. Disse:

— A defesa é muito importante. Bom, vou fazer o treino da forma do meu pai, ou seja, você será a terceira pessoa desse mundo a aprender a forma de luta da minha família.

— Nossa, mas isso é incrível.

— Sim, meu pai só se tornou o general por treinar dessa forma. Diferente das escolas de cavalaria, que treinam uma coisa por vez, meu pai treina tudo aos poucos. Ou seja, enquanto todos começam tendo 2 anos de ataque, meu pai aprende ataque, defesa, táticas e outras coisas tudo de uma vez. Logo, meu pai está mais preparado em menos tempo. Seu ataque pode ser mais fraco do que um aluno, mas ele sabe se defender bem, diferente de um aluno que aprende ataque primeiro.

— Entendi. E só sua família faz isso?

— Sim, e você será a primeira pessoa de outro sangue que irá aprender.

— Nossa, muito obrigado.

— Agora sem enrolação, vamos voltar ao treino.

E assim treinamos o dia inteiro. Quando cheguei em casa minha mãe perguntou o que eu havia feito, respondi que havia me divertido muito na parte leste da floresta.

E assim fui dormir, mas novamente foi difícil. Dessa vez estava muito ansioso para o próximo dia, e mais uma vez o rosto de Elisè não saia de minha cabeça.

E assim foi, durante os três meses seguintes. Todos os dias eu treinava e a cada dia eu aprendia mais e mais. Comecei a me sentir mais forte. Aprendi a matar alguns animais da floresta, aprendi a suar arco e flecha, escudo.

E a cada dia que passava, eu gostava mais de Elisè. Já havia me decidido que me casaria com ela, não importa o que eu tivesse que fazer. Mas eu me entristecia pelo fato dela ser da nobreza, e eu um mero filho de lenhador apaixonado. Era algo muito difícil, senão impossível.