Toda criança no começo é um quadro branco. A voz dos adultos são as canetas, dando instruções para a criança. Illumi desde sempre foi instruído para matar, cresceu tendo em mente que assassinatos eram coisas normais. E mesmo com ensinamentos considerados errados diante da sociedade, ele aprendeu também a preciosa lição que os laços familiares são importantes.

Logo o quadro que era branco

Foi preenchido de sangue

O filho mais velho de Silva e Kikyou não teve muito contato com Milluki, estava em seus treinamentos e um pouco mais tarde, em seus trabalhos. Uma criança que já matava trazendo orgulho para Silva Zoldyck, seu pai. Quando sua mãe anunciou uma nova gravidez não sentiu nada, não disse nada, seria apenas mais um membro para uma família de assassinos. Porém, diferente da situação com Milluki, o irmão mais velho teria contato com um recém-nascido.

Quando segurou aquele pequeno bebê pela primeira vez em seus braços, sentiu algo dentro de si mesmo sem nenhuma demostração. Um sentimento que Illumi jogou no abismo dentro de si, na escuridão para que ninguém alcançasse ou achasse a não ser ele mesmo. Ele segurou Killua nos braços como se fosse algo preciso e com cuidado já que parecia tão frágil. Viu os olhos dele abrirem, um tom parecido de seu pai. As mãozinhas as vezes apertavam os dedos de Illumi. O irmão mais velho logo saberia que essas mãos estariam cheias de sangue.

Killua não teve uma infância tão diferente de Illumi. Foi exposto à eletricidade e coisas piores. O filho mais novo já tinha todo um planejamento. Aos 4 anos iria começar seu treinamentos, com 5 anos ele já iria trabalhar sendo um assassino. E quem seria seu professor? Illumi, claro. Ele não iria perder essa oportunidade de afasta-lo de Alluka também.

— Aniki vai te ensinar tudo que sabe, Kil.

Era isso, Killua não tinha escolha. Algo estava escapando do controle de Illumi, começou a perceber que ao invés de ganhar mais aproximação de Killua, sentia uma distancia se abrir cada vez mais. Uma idade rebelde, talvez? Pensou o irmão mais velho, mas idade rebelde ainda estava por vir.

O irmão mais novo tinha muito talento. Quando começou a época de cumprir os trabalhos de assassinatos Illumi sempre estava presente misturados as sombras com os lábios curvados num sorriso. Ver Killua em ação era belo de se assistir. Um rosto tão inocente que escondia seus dons violentos.

Mas foi com doze anos que Killua demostrou sua rebeldia.

— Você quer voar alto para uma luz e vai acabar queimando uma das asas.

Realmente, era melhor o próprio Illumi ter cortado as asas de Killua.

Ah Killua, você não estava pronto para ver o que tinha atrás do muro. Um mundo divertido e com muita luz, cheio de pessoas sorridentes. Você não precisava se corromper com isso tão jovem.

Por garantia e por um pedido da mãe, Illumi colocou uma agulha em Killua, assim poderia controlá-lo e mais do que isso, protege-lo dizendo para fugir das lutas que ele tinha altas chances de perder. Ver Killua ir embora fez o abismo dentro de Illumi tremer em raiva. Parecia estar perdendo o irmão para o mundo. Não…..Illumi já o perdeu faz tempo.

Killua, você não se lembra

Claro, o que fazemos de bom nunca é lembrado

Já o que fizemos de ruim fica para sempre

Impregnado em nossas mentes

Mas eu te segurei no colo

Mais do que nossos pais

Agora você dá as costas para mim

Eu que te ensinei tanta coisa

Você supostamente deveria estar ao meu lado

Sendo feliz……..e matando as pessoas

Mas acredite em mim

O caminho que você quer escolher

É mais doloroso

Eu estarei com você
Protegendo você
Mesmo que isso te machuque

O amor do Aniki é puro e profundo

E é graças a este amor que provem do local mais sombrio de Illumi

Que ele nunca vai desistir de Killua