Safe-Zone escrita por Agatha, Amélia


Capítulo 8
Grimes


Notas iniciais do capítulo

Olá. Voltamos com mais um POV repetido, algo que vai virar rotina daqui a pouco. Esse é o maior capítulo até agora, e esse é um dos motivos do nosso atraso. Foi um capítulo muito difícil de se escrever, cheio de detalhes e coisas profundas, mas finalmente acabamos.
Não queremos perder muito tempo, então é isso. Esperamos que gostem!
Boa leitura!



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— Vossa Majestade ─ uma voz atrás dela chamou, colocando fim ao descanso de Grace. 

A garoa fina que se iniciara pela manhã persistia no que parecia ser o meio do dia, tornando o solo mais escorregadio e fazendo com que Chocolate ficasse mais cuidadosa na hora do trote, o que tornava a cavalgada mais empolgante. Grimes precisava disso, um passeio ao ar livre, longe da civilização, para que pudesse respirar e pensar direito. Planejara ficar pelo menos três horas isolada, contudo não havia se passado nem uma hora até que alguém aparecesse. Tenho que me acostumar com isso também.

Havia uma série de coisas a que a mulher estava tentando se adaptar. Ezekiel sempre tivera duas pessoas encarregadas de cuidar da sua imagem; embora Grace tivesse achado aquilo um tanto desnecessário, havia acabado aceitando Ivy e Jean como suas damas de companhia. Além disso, também havia Gary, que fora mordomo de Ezekiel antes de se tornar seu. O homem fazia praticamente tudo para ela, porém a sua maior utilidade até o momento tinha sido informar os costumes do Reino e controlar o horário de seus compromissos.

Para uma pessoa como a morena, que tinha aprendido a ser independente desde cedo, era difícil ter pessoas fazendo as coisas por ela. Mas uma das piores partes era o tratamento que Grace recebia. Quando visitara a comunidade outras vezes, havia visto a forma com que se dirigiam a Ezekiel, entretanto nunca parecera tão estranho até que acontecesse com ela. Grimes ainda estranhava quando alguém se ajoelhava e a chamava de Majestade, como se fosse com outra pessoa.

Se fosse tão simples, ela mesma já teria mudado tudo aquilo, mas Ezekiel tratara de mostrar que não era assim que as coisas funcionavam. Ele havia construído seu Reino com base em tais costumes, que, embora parecessem triviais, tinham grande importância para a sociedade. Grace não podia simplesmente desmanchar tudo aquilo só porque não a agradava. “Você pode se adaptar ao Reino ou moldá-lo de acordo com a sua vontade” tinham sido as exatas palavras do antigo Rei antes de partir. A filha de Rick só fora capaz de compreender isso com Ivy e Jean: as duas eram jovens como ela e, dessa forma, não conheciam outra vida além da que levavam no Reino. Para elas, era uma honra servir a sua Rainha. Se mudasse aquilo, Grimes estaria tirando o mundo delas, da mesma forma que o seu fora tirado. Assim, havia acabado se convencendo de que tais regalias não eram tão ruins. Acabara optando pela adaptação.

Além disso, mesmo se decidisse mudar as coisas, Grace sabia que teria muitos obstáculos. Ezekiel sempre lhe parecera um Rei muito poderoso, mas era apenas impressão. Logo no seu primeiro dia como Rainha a jovem havia descoberto que quem de fato governava era o conselho. Enquanto Ezekiel ficava “reinando”, era aquele grupo de pessoas que tomava as decisões a respeito da comunidade. A primeira impressão que Grimes tivera deles não tinha sido muito boa: os conselheiros não pareciam dispostos a permitir que a Rainha assumisse a função de líder. Isso fora notado por Grace Grimes no seu segundo dia de reinado, quando tentara cancelar o projeto do famigerado Chafariz Tigre.

A Rainha descobrira sobre a tal obra durante a visita que havia feito a Stella Ritter. Na hora, tinha ficado muito animada para conhecer os detalhes de tudo o que se passava no Reino, até que, casualmente, alguém comentara sobre o Chafariz Tigre. O projeto tinha sido criado por Ezekiel no ano anterior, todavia apenas nas últimas semanas a construção havia sido iniciada, e os súditos do Rei pareciam bastante empolgados com aquilo. O Chafariz Tigre não era nada além de uma grande estátua de pedra em forma de tigre que ficaria no jardim da antiga escola soltando água pela boca. Não tinha utilidade alguma além de desperdiçar mão de obra, e mesmo assim parte do conselho havia protestado veementemente contra o cancelamento do projeto.

─ Minha Rainha? Está me ouvindo? ─ Gary insistiu. Era um homem peculiar. Era tão esguio que aparentava ser alto, a pele alva fazendo com que ele parecesse doente. Seu nariz tinha um formato estranho e seus olhos claros quase sem cor completavam o rosto. Apesar das características infelizes, Gary sempre estava muito animado e sorridente.

─ Desculpe, eu estava só pensando. Pode repetir?

─ É claro, Vossa Majestade. Uma visita a aguarda em sua sala. É do Alto do Morro, ele quer conversar sobre o julgamento.

Grimes tinha muitas questões para resolver no Reino, no entanto os problemas externos pareciam ser mais importantes. O crime de Alexandria havia abalado toda a Zona-Segura, parecia ser a única preocupação das pessoas no momento. Muitos boatos corriam por aí, mas, como Rainha, Grace tinha acesso a fontes mais confiáveis e sabia que o assassino era um habitante do Reino. O que poderia significar pouco para alguns tornava tudo mais complicado. A Tríade de Alexandria parecia querer monopolizar toda a situação, porém os conselheiros da Rainha a convenceram de que a comunidade também tinha seus direitos no julgamento, uma vez que o réu era um de seus moradores. Por outro lado, o Alto do Morro também dava indícios de que participaria do caso, pois, aparentemente, o assunto envolvia toda a Zona-Segura, enquanto a Fortaleza insistia na participação de todas as comunidades. Grimes compreendia a gravidade da situação, por isso temia tanto pela chegada do julgamento. O fato de ainda não ter decidido a sua estratégia só piorava as coisas. O último assassinato da Zona-Segura ocorrera havia dez anos, e Grace se recriminava por, na época, não ter dado a mínima para isso. Sabia que o homem tinha sido banido, entretanto os detalhes lhe escapavam.

─ Quem é?

─ Ele não quis se identificar, mas acreditamos que seja o líder.

─ Eu estou indo.

A Rainha puxou as rédeas de Chocolate e a chutou suavemente, colocando a égua em movimento. De repente, estava muito interessada naquele encontro. Rick Grimes era o líder responsável pelos assuntos externos do Alto do Morro, o que significava que a jovem tinha grandes chances de rever o pai. Ele pode ter vindo como representando do Alto do Morro, não como meu pai. O homem deixara o Reino um dia depois da sua filha se tornar Rainha, e a despedida deles tinha sido, no mínimo, estranha.

Depois de receber a proposta do Rei, Grace havia pedido um tempo para pensar e fugido para algum canto da escola. Alguns minutos se passaram até que ela finalmente tivesse se decidido. Ficara muito animada para dizer a Ezekiel que aceitava ser Rainha, porém toda essa animação se esvaíra no momento em que as palavras foram ditas. Assustada com a própria decisão, a jovem havia deixado a sala novamente para caminhar pelo seu Reino, até ser encontrada pelo pai. Rick dissera se sentir orgulhoso pela filha, mais orgulhoso do que costumava se sentir, e que a sua mãe sentiria o mesmo quando soubesse. O homem tinha passado algum tempo conversando com ela, fizera uma graça ou outra para forçá-la a rir e, por fim, havia dito que, embora desejasse ficar para ajudá-la, precisava ir embora. A partir daquele momento, eles não eram mais pai e filha, eram dois líderes de comunidades distintas. Grimes beijara a sua testa e deixara a jovem sozinha, partindo na manhã seguinte sem ao menos vê-la.

As palavras de Rick a assustaram mais do que ela podia ter imaginado. Em suma, o líder do Alto do Morro havia falado sobre como a sua vida mudaria completamente por causa daquela decisão. Antes de se tornar Rainha, Grace possuíra planos em mente, nada muito grande, já que sempre deixava para tomar decisões na última hora.

Havia algum tempo estivera pensando em comprar uma casa para morar sozinha. Teria esperado pelo retorno do namorado para que os dois pudessem decidir juntos o que fazer de suas vidas. E, acontecesse o que acontecesse, teria continuado cuidando dos seus cavalos. Mas a nova realidade era outra. Grimes queria a sua família por perto mais do que tudo. Felizmente a maior parte deles não tinha cargos tão importantes quanto o pai. Sarah poderia ir visitá-la de vez em quando, Carl poderia trabalhar no Reino, Brianna poderia ser médica na comunidade e talvez até Hesh... Ele ainda não sabia ao certo com o que trabalharia, contudo parecia inclinado a seguir a mesma profissão do pai. Se isso acontecesse, Grace pensava em chamá-lo para ser um de seus guardas. Sentia tanto a falta dele...

Sempre que as dúvidas surgiam, a jovem Grimes tentava se lembrar dos motivos que a levaram a aceitar o posto de Rainha. Em primeiro lugar, ela quisera recusar, como sempre fazia com propostas inesperadas. Era mais fácil permanecer em sua zona de conforto, desde pequena utilizava essa estratégia. Quando criança, preferira ficar em casa ajudando nos afazeres domésticos a se arriscar em determinadas brincadeiras; quando queria fugir das pessoas, ficava com os cavalos. Só se arriscava quando era realmente necessário, como fora o caso da missão para D.C.

A Zona-Segura era a sua casa, o seu mundo. Tudo que ela conhecia estava nos limites daquelas cercas e muros. Seus pais a ergueram para que ela pudesse crescer feliz e em segurança. Dedicaram todo o seu tempo nesse projeto, abrindo mão de suas vidas pessoais e até mesmo de sua filha. E o que ela fizera pelo lar que lhe dera tantas coisas? Até então, nada.

A mulher deixou Chocolate na entrada da escola, sabendo que logo algum cuidador de cavalos apareceria para buscá-la. Apressada, dirigiu-se até a sua sala, a mesma onde Rick Grimes e Ezekiel tinham conversado uma semana e meia atrás para decidir o futuro do Reino. Contudo, antes que pudesse puxar a pequena maçaneta, duas mulheres a interromperam.

─ Não pode receber convidados assim, Majestade ─ Jean falou. Era alta, de pele morena e cabelos pretos longos e muito lisos, com olhos escuros e inteligentes. Até então, Grace não prestara atenção no seu próprio estado. Tinha lama até os tornozelos e os cabelos desalinhados.

─ Com todo o respeito ─ Ivy completou. Era a mais cautelosa da dupla, um pouco mais baixa, branca e com cabelos avermelhados.

─ Não tenho tempo para trocar de roupa, não me parece correto deixar uma visita esperando.

─ Pelo menos lave seu rosto e deixe que arrumemos seus cabelos ─ Jean insistiu, e Grimes não teve como recusar. Em poucos minutos Grace já parecia mais majestosa, com o rosto limpo, os cabelos trançados e as roupas mais alinhadas.

Ao entrar em sua sala, notou que ela estava vazia, porém a porta da varanda estava aberta e nela havia um homem. Estava de costas e coberto por um manto de lã cinza. Ela se aproximou com cautela para não o assustar, uma vez que Jesus parecia perdido em seus pensamentos.

─ Ezekiel sempre dizia que dessa varanda era possível ver todas as suas terras ─ ele começou depois de alguns segundos em silêncio. A garoa parecia ter ido embora, contudo o clima ainda estava feio. Nuvens cinzas cobriam o céu e deixavam o dia congelante. – Mas ele estava errado. Essa varanda proporciona uma bela visão da escola, da entrada da comunidade e das casas, mas sua localização acaba deixando o principal fora de vista: suas plantações. 

─ Não o esperava aqui ─ foi tudo o que ela pôde dizer. Monroe quase nunca deixava o Alto do Morro, não fazia sentido que ele estivesse ali, principalmente pelo fato de que seu cargo abrangia os limites da comunidade em que a mulher crescera. Tentou lembrar-se do que o pai dissera dias antes. No passado, Jesus podia ter sido um amigo, mas tudo estava mudado. ─ Podia ter me avisado, eu teria providenciado uma recepção melhor.

─ Eu não disse nada porque, na verdade, não estou aqui. Talvez parte do Alto do Morro saiba que eu saí, mas só duas pessoas sabem aonde eu fui.

─ Então deve ter assuntos importantes para tratar. Entre, por favor ─ Grace esperou que o homem passasse pela porta para segui-lo e sentou-se em sua cadeira. Mas ele não fez isso antes de tirar teatralmente seu capuz acinzentado, com movimentos tão precisos e graciosos que faziam com que Paul Monroe parecesse um morador do Reino.

─ Eu recebi uma carta do seu pai. Ele me explicou parcialmente a situação e me pareceu que era importante, por isso eu vim até aqui. Uma transição de governo é sempre complicada, eu pensei que faria bem em acompanhar isso de perto.

─ Então veio para me avaliar?

─ Não cabe a mim fazer isso. Eu só queria dar uma olhada... e jogar uma partida de xadrez, se for do seu agrado ─ Grace se esforçou para conter um sorriso. Nesse aspecto, Paul se assemelhava a Ezekiel. A diferença era que Jesus fazia coisas estranhas, na maioria das vezes, apenas para ver a reação das pessoas, enquanto o antigo Rei parecia achar essas atitudes completamente naturais. 

─ Eu lamento, mas não sei jogar xadrez.

─ É mesmo? ─ o homem fingiu estar chocado. ─ Eu não esperava que soubesse. Não é algo que ensinam para crianças nas escolas, não é mesmo? Talvez conheça ao menos o tabuleiro ─ a jovem assentiu. ─ Bom. Sabe mais alguma coisa?

─ É jogado por duas pessoas, com peças pretas e brancas.

─ É um jogo muito interessante, e, no passado, diversos governantes o jogavam. Será que Vossa Majestade teria tempo para isso? ─ Grimes pensou na sua programação do dia. Tinha outra aparição pública marcada para o fim da tarde e uma caminhada pelo milharal à noite. Nada tão importante que não pudesse ser cancelado. Além disso, a Rainha estava curiosa para saber aonde aquilo levaria.

─ Acho que posso arranjar tempo.

─ Ótimo. Sabe, xadrez me ajuda muito a pensar, assim como chá e meditação. Talvez possa te ajudar também.

Enquanto falava, Jesus retirou um tabuleiro de madeira repleto de quadradinhos do seu saco de viagens e começou a arrumar diversas peças em formatos diferentes sobre eles. Grace tentou prestar atenção no que ele fazia, mas só conseguia pensar no motivo que o levara até o Reino. Obviamente o líder do Alto do Morro não deixara sua comunidade apenas para jogar uma partida de xadrez, porém a mulher optou por esperar para ver. As peças tinham formas engraçadas: a maioria delas era pequena e redonda na parte superior, outra tinha uma cruz no topo e outra se assemelhava a um cavalo. Fora isso, nada daquilo fazia sentido para a jovem.

Depois de terminar a montagem, Paul começou a explicar os nomes das peças, suas funções e como cada uma delas se movia.

Não era um jogo fácil. Havia seis tipos diferentes de peças, e todas possuíam uma movimentação diferente. Algumas eram fundamentais, outras pareciam menos essenciais, como o peão, que anda uma casa para frente, mas pode andar duas na jogada inicial e captura na diagonal. Contudo, havia mais regras difíceis sobre o jeito do peão andar. Era uma peça pequena e quase sem importância que poderia causar problemas no futuro e se tornar algo a mais. O jogo, assim como a pessoa que o ensinava, era intrigante, e talvez fosse por isso que Grace ia deixando-se levar. Até tinha chamado Gary para dizer que não desceria para o almoço, ocasião diária em que a Rainha se juntava ao conselho e a alguns súditos para compartilhar a refeição.

─ Bom jogo ─ o líder falou antes que a jovem iniciasse. Ele insistira para que ela ficasse com as brancas, aparentemente porque elas sempre começavam.

Grimes sabia que perderia a partida, a sua intenção era apenas durar o máximo possível. Pretendia ficar na defensiva, estudar as jogadas de seu adversário e fazer pequenos ataques ocasionais para tentar enfraquecê-lo. Tentaria fazer roque assim que pudesse para proteger o rei e em hipótese alguma tiraria os peões de perto dele. A coisa mais ofensiva que imaginava fazer era tentar neutralizar a rainha negra, porém estava disposta a abandonar a ideia caso se tornasse muito arriscada.

Mas nada disso aconteceu. Parecia que Monroe havia lido a sua mente, pois não permitiu que nenhum desses planos se concretizasse. O homem deixou sua rainha bem protegida, forçou Grace a mover suas duas torres para impossibilitar o roque e alterou a formação inicial dos peões, desorganizando a defesa dela. Mesmo não querendo, Grimes começou a se irritar com o jogo.

─ Os hábitos do Reino sempre causaram estranhamento no Alto do Morro. Imaginei que Vossa Majestade fosse ter dificuldades para se adaptar, mas vejo que me enganei ─ aquilo era esquisito para ela. Jesus conversava com ela como se fossem velhos amigos, ao mesmo tempo em que a tratava com excesso de cordialidade. Aquele “Vossa Majestade” que o homem insistia em usar parecia tão fora de contexto quanto o Chafariz Tigre de Ezekiel. ─ E, se me permite o elogio, fica realmente bonita de tranças.

─ Os súditos são muito cordiais. Eles fizeram de tudo para me receber bem, então não foi muito difícil. Agora que estou aqui, parece tudo muito natural para mim.

─ Então eles aceitaram bem a mudança repentina?

─ Eles amavam muito Ezekiel, não costumavam questionar as suas decisões. Quando ele me apresentou como líder, os súditos aceitaram e aplaudiram.

─ E o Rei se retirou logo em seguida?

─ Sim. Ele parecia animado para sair.

─ E os conselheiros? Eles também a aceitaram bem? ─ dessa vez, Grace demorou mais tempo para responder. Fingiu estar concentrada no jogo enquanto pensava na resposta, todavia imaginava que Paul estivesse percebendo o seu desconforto.

Não, o conselho não a aceitara bem. Todos pareceram muito surpresos quando Ezekiel a anunciara, surpresos e descontentes. Mais tarde, Grimes descobrira que o Rei tinha tomado aquela decisão sem consultar ninguém, e isso explicava a reação negativa dos conselheiros. Depois de tantos anos governando o Reino, devia ter sido um choque para eles descobrir que um novo líder fora proclamado sem o seu consentimento. Aquela reunião ainda a aterrorizava, mesmo depois de tantos dias. Desde que se tornara Rainha, Grace se esforçava para manter a postura esperada na frente de todos. Porém, quando havia entrado naquela sala, tão exposta aos olhares avaliadores dos conselheiros, só conseguira se sentir como uma criança tola. Oswald Bradley era o que mais a assustava, com seus olhos severos e expressão carrancuda. Naquele momento, tivera vontade de fugir correndo de volta para a casa dos pais e desistir de tudo.

─ Eles aceitaram a contragosto ─ ser franca era a melhor opção, não ganharia nada dizendo que o conselho morrera de amores por ela. Até mesmo sua atual intendente não se esforçava muito para esconder o desgosto que sentia. ─ Eles não gostam quando são preteridos nas decisões da comunidade.

─ O conselho teria tomado uma decisão diferente?

─ Certamente. Eu não sou daqui e sou jovem demais. Seria muito mais seguro nomear alguém experiente e com conhecimento da comunidade.

─ E você? Não tem conhecimento da comunidade?

─ Posso dizer que adquiri bastante desde que cheguei. Já sei onde cada vegetal é plantado, os principais parceiros comerciais do Reino e o que fornecem, o controle das florestas ao nosso redor e... o quanto da safra perdemos esse ano.

─ E quanto à experiência?

─ Eu não tenho ─ tentou esconder o quanto aquilo a desagradava. Estava realmente tentando, saindo da sua zona de conforto, e mesmo assim tudo parecia estar contra ela. Desistir sempre fora uma opção tentadora para mente de Grace Grimes.

─ E o serviço obrigatório? Certamente pode contribuir...

Grace havia liderado a missão para Washington em seu último ano como recruta. Acreditava que tinha se saído bem, visto que todos os objetivos foram cumpridos e não tiveram nenhum morto ou ferido durante todo o trajeto, entretanto não era algo de que ela costumava se gabar. A liderança de uma expedição parecia muito pouco perto de governar a maior comunidade da Zona-Segura.

─ Já liderei uma missão. Sem baixas.

─ Qualquer um que tivessem escolhido não teria a experiência de ser Rei ou Rainha. Mas você sabe por que os conselheiros gostariam de ter escolhido?

─ Aonde você quer chegar? ─ aquela conversa estava tomando um rumo muito delicado e a mulher não gostava de falar daquilo. Não gostava de admitir, mas tinha medo do conselho.

─ O que eu quero dizer é que todos os caminhos levam até o... Xeque-mate!

Ela deu uma boa olhada no tabuleiro. Avaliou seus movimentos, todas as peças possíveis, que não eram muitas. Estava ameaçada e cercada por todos os lados, não havia movimento que pudesse tirá-la daquela situação. Seu cavalo, seu bispo e até mesmo a rainha estavam incapacitados, e o rei, dominado. Todos os caminhos levavam ao mesmo ponto: ela estava encurralada e impotente. Fosse diante conselho ou das peças negras de Jesus.

Grace tinha vontade de se encolher. Ela não sabia aonde Paul Monroe queria chegar com isso tudo, mas havia um motivo para aquela partida. Grimes estava certa de que estava sendo avaliada e falhara miseravelmente. Durante o jogo, tinha se distraído com a conversa e perdido completamente o foco. Já esperara ser derrotada, no entanto não havia planejado que fosse de um jeito tão simples. Se a intenção do homem tinha sido mostrar como ela era fraca como governante, havia conseguido.

─ Vossa Majestade? ─ ele a chamou. ─ Posso lhe fazer um pedido?

─ Como quiser.

─ Posso chamá-la por seu nome?

─ Sim ─ achou o pedido muito estranho, contudo negar algo tão trivial não parecia fazer sentido. Seria bom escutar o nome que os pais lhe deram depois de tanto tempo.

─ O meu verdadeiro motivo para estar aqui, Grace Grimes, é que eu vim para ajudá-la.

─ E agora você deve ter certeza de que eu estava precisando ─ falou amargamente.

─ Não se espera que alguém ganhe a sua primeira partida de xadrez. Este jogo não define se uma pessoa serve ou não para governar. A minha ideia ao propor esta partida era analisar a sua estratégia e a sua tática, como você se porta diante de tal desafio. Eu pude notar que você esboça um plano e tenta segui-lo até o final. Tentou estudar o adversário e, mesmo não tendo se saído bem, é algo muito aconselhável. Você se manteve cautelosa até nos ataques e soube diferenciar o que era importante do que não era. Claro, há pontos negativos também, mas quando não os temos?

─ Notou isso apenas pelo jogo?

─ Também pela nossa conversa. Você se surpreenderia com as percepções que o xadrez pode trazer. Posso demonstrar a situação através dele.

─ Pode?

─ Claro ─ em pouco tempo ele organizou todas as peças na posição original. ─ O tabuleiro é o Reino. Os peões são os súditos: numerosos, mas com pouco poder na política. Os cavalos são os guardas, podem se mover por todas as casas do tabuleiro; de maneira análoga, os defensores do Reino devem ter movimentos ilimitados para proteger a comunidade. Os bispos são seus ajudantes, possuem menor importância, têm jogadas limitadas e são mais úteis quando estão em par. As torres são a sua intendente, é a peça que vale mais depois da dama, e, fazendo o roque, pode trocar de lugar com o rei. E agora temos as peças principais. O rei pode se movimentar em todos as direções e sentidos, mas apenas uma casa por vez. É a peça mais notável, o jogo acaba se ele for capturado, porém o rei é muito indefeso e precisa das outras peças. A rainha é a mais poderosa, costuma ficar à frente nas ofensivas, pode se mover em todas as direções e sentidos de maneira ilimitada dentro do tabuleiro. Sabe me dizer quem são esses dois, Grace?

─ Eu sou o rei. E o conselho é a rainha.

─ Exatamente. E agora a pergunta mais importante. O que você vai fazer a respeito disso?

Quem governava o Reino eram os conselheiros; a Rainha era apenas uma figura representativa, uma distração, uma marionete. Era isso que Paul Monroe estivera tentando dizer desde o princípio. Esta era a verdade sobre o Reino, a realidade que poucos conheciam. Ezekiel já fora muito poderoso um dia, mas, em algum momento de seu reinado, havia transferido seu poder para um grupo de pessoas e deixado de se importar. Só então Grace se lembrou de suas conversas com o antigo Rei e do desinteresse que o homem aparentara ter em relação aos assuntos da comunidade. Alguém precisava exercer as funções que desagradavam ao Rei, e para isso ele criara o conselho.

A mulher sabia por que tinha aceitado o cargo. No dia em que chegara ao Reino, havia visto a situação decadente do local, apenas uma sombra do que ele fora no passado. A proposta de Ezekiel tinha sido uma chance clara para a mudança. Uma chance para fazer algo, e só por isso ela aceitara, porque em um momento de provável loucura a jovem achara que poderia fazer alguma coisa. E Grimes sabia que poderia, só precisava de iniciativa.

Grace pensara que talvez pudesse ser capaz de melhorar a comunidade e, talvez, de alguma forma, a Zona-Segura também. As comunidades eram interdependentes, por mais que Alexandria se gabasse da sua quase independência agrícola. Se o Reino estava mal, haveria consequências para as outras comunidades. Ela poderia afirmar isso muito bem, já que vivera praticamente toda a sua vida no Alto do Morro, morara na Fortaleza por dois anos e passara a viver no Reino nos últimos dias. As quatro comunidades eram os pilares da Zona-Segura: se uma delas se enfraquecesse, as outras ficavam sobrecarregadas; se uma comunidade caísse, todas caíam juntas.

Grace pretendia melhorar a agricultura do Reino, já estava estudando técnicas agrárias em livros antigos e conversando com pessoas mais experientes no assunto. Também planejava reorganizar os cultivos da comunidade, que, nos últimos tempos, tinham se tornado uma bagunça: em alguns pontos, determinadas plantações invadiam as áreas de outras e, em outras situações, não era possível saber o que era cultivo e o que era floresta. A escola também precisava de uma reforma, parecia mais uma construção abandonada do que a sede do governo da comunidade. A iluminação do Reino necessitava urgentemente de uma renovação, e para isso Grimes imaginava um modelo parecido com o de Alexandria. Os acordos comerciais precisavam ser revistos, mas essa era uma ideia mais ousada. E este era apenas o começo. Para onde a morena olhasse havia problemas pedindo por uma solução, e a sua cabeça estava cheia de intenções.

─ Você quer mudar isso ou vai deixar as coisas como estão? ─ Jesus se inclinou para frente de maneira intimidadora, enfatizando ainda mais seu questionamento. A segunda opção era a mais fácil, contudo, caso seguisse este caminho, Grimes estaria jogando a sua vida fora. Não havia deixado sua família, seus amigos e seus cavalos para trás apenas pelo título de Rainha. Ela seria uma líder. Tenho que ser. Tenho que fazer algo pelo menos uma vez.

─ Eu vou mudar. O Reino precisa mudar, e os integrantes do conselho não conseguem enxergar isso, ou simplesmente não querem.

─ Bom.

─ Bom? ─ ela indagou quando Jesus sorriu, parecendo incrivelmente satisfeito.

─ Estou feliz como o jeito com que tem se portado. As tranças, suas intenções, a maneira com que conduz a conversa. Está parecendo uma Rainha, jovem Grimes.

O penteado fora um dos primeiros costumes que a mulher adotara, logo no primeiro dia de seu reinado. Grace tinha sido preparada por Ivy e Jean no dia em que fora apresentada aos conselheiros com uma trança tão elaborada que ela precisara de ajuda para desfazê-la depois. Tinha que estar à moda do Reino, e esse penteado era usado desde os primórdios da comunidade.; tinha diversos estilos e não havia ninguém com cabelos longos que não usasse. Era prático e funcional, ajudando bastante na hora do trabalho. As tranças eram uma das marcas registradas de seu novo lar, e a Rainha teria começado muito mal seu reinado se as tivesse abandonado.

─ Isso mostra continuidade, como se fosse seguir os passos de Ezekiel. Mas nós dois sabemos que seguir esse caminho à risca não é muito bom. E agora você está me dizendo que quer mudança, e é justamente disso que eu penso que essa comunidade precisa. A mudança começa com pequenas coisas, como parar a obra do Chafariz Tigre.

─ Não acredito que tenha sido uma decisão muito sábia. A população não recebeu bem a notícia ─ na realidade, a intenção de Grimes tinha sido cancelar de vez a obra, contudo o conselho queria o contrário e, no final, os dois lados concordaram em paralisar a construção até tomarem uma decisão concreta. Com o inverno se aproximando, parecia estúpido desperdiçar mão de obra com algo que não fosse a colheita, porém nem todos pensavam assim.

─ Você estabeleceu prioridades; construir um chafariz com certeza não é uma delas. Às vezes um líder precisa tomar medidas impopulares pelo bem do povo. Você tem boas ideias, Grace, mas ainda não sabe o que fazer com elas. Eu vim aqui para te ajudar. Ninguém nasce preparado para liderar. Seu pai com certeza não. Ele era um policial, um tipo de guarda de antigamente, mas uma vez eu o vi inspirar todos a seguirem para a morte certa. Se Rick e eu tivéssemos tido mais preparo, não teríamos cometido alguns deslizes ─ o homem suspirou. ─ Vossa Majestade aceita a minha ajuda e meus conselhos?

─ Fico imensamente lisonjeada em receber seus conselhos, Paul Monroe ─ ela já possuía um conselho, pessoas que deveriam ajudá-la a governar e que não estavam fazendo isso. Paul estava lhe oferecendo ajuda e ela não poderia estar mais grata por isso.

─ Eu é que fico lisonjeado, Vossa Majestade ─ ele disse sorrindo na última parte. ─ É importante que saiba que a minha função é apresentar os caminhos que podem ser seguidos, cabe a você escolhê-los. Governar não é algo fácil, dificilmente haverá uma resposta certa para os problemas que surgirão, apenas o menos pior.

─ Então, quando começamos? Tenho medo de precisarmos de muito tempo...

─ Sem dúvida, você deveria parar de se depreciar. Grace, você está fazendo um excelente trabalho para uma pessoa tão jovem em sua posição. Os resultados não vêm tão rápido assim.

─ Obrigada! ─ ela sorriu. Precisava mesmo ouvir isso. A postura de Rainha era muito desgastante, sempre tentando atender a todas as expectativas, e a cobrança era muito maior que a aquela que recebera quando era apenas a filha de Rick Grimes.

─ Penso que devemos conversar sobre suas futuras ações no Reino. Adoraria passar lições sobre o governo, porém há assuntos mais importantes.

─ As plantações são mais importantes, pois o Reino depende delas, mas a prioridade agora é o julgamento.

─ Parece urgente. Você já tem ideia do que pretende fazer a respeito disso?

─ Já conversei bastante com o conselho. Eles acabaram concordando que não há porquê exigir algum tipo de prioridade no julgamento. De qualquer forma, ele deve ocorrer no Centro de Convenções, e eu não acredito que alguma das comunidades consiga monopolizar tudo em território neutro. O fato do julgamento não ser realizado em nenhuma comunidade é muito bom, porque dá mais liberdade para as opiniões. Por outro lado, muitas pessoas estarão lá e é provável que muitos queiram falar.

─ Talvez isso seja ingenuidade da sua parte, jovem Grimes. Tom Irons pode estar velho, mas sabe muito bem como conduzir a situação, e Alexandria é a comunidade que se sente mais afetada por tudo isso. Sua tranquilidade e harmonia foi perturbada. Nos resta saber se a solução que a Tríade tem em mente é a ideal. A questão é que precisamos pensar em uma medida que faça desse assassinato o último.

─ Se você quer saber o que eu penso disso tudo, a verdade é que eu ainda não sei. As coisas seriam mais fáceis se já houvesse uma pena definida para assassinato, então eu não teria que tomar uma posição.

─ Mas você está no meio desse jogo agora. Tomar decisões importantes faz parte da partida. 

─ Eu já me decidi.

─ Então, qual punição você imagina?

─ Como Rainha, devo zelar pela segurança da comunidade em primeiro lugar.

Como Grace, ela não estava tão preocupada com o caso. Ela estava preocupada com Brianna. Um dia depois de receber a notícia do crime, Grimes havia descoberto que sua irmã fora violentamente atacada pelo assassino, e desde então não tivera mais nenhuma atualização. Ford não havia morrido e as atenções estavam todas voltadas para Laurel, a jovem assassinada, e para Ryan, o assassino. Ao mesmo tempo em que sentia uma pontada de raiva do homem que fizera aquilo à sua irmã, não sentia uma necessidade tão forte de justiça, não como a família da mulher que foi morta. Sentia-se até aliviada por Ford estar viva. No fundo, só queria poder abraçá-la de novo, poder falar com ela e ter certeza de que estava tudo bem.

A mulher se forçou a focar no assunto, precisava saber o que defenderia no julgamento. Não poderia deixar a questão para depois. Caso a punição fosse leve demais, assassinatos poderiam se tornar mais frequentes na Zona-Segura; por outro lado, uma pena muito forte podia não ser a escolha certa. As opções mais cogitadas eram prisão perpétua, exílio e pena de morte. Grace não acreditava que matar um assassino fosse correto. Não fazia sentido para ela punir alguém com o seu próprio crime. Quanto à opção de expulsar o criminoso da Zona-Segura, era apenas uma pena de morte indireta. Todos sabiam que aquele homem morreria do lado de fora, assim como o seu antecessor.

─ Morte por morte não é a solução, e o passado nos diz que o exílio não é um bom caminho. Prisão me parece a melhor saída.

─ Essa saída é a mais trabalhosa ─ Jesus falou sem mostrar se aprovava ou não a ideia, como sempre fazia. Em toda a conversa que tiveram, Grace tinha percebido que o homem tentava clarear seus horizontes, apresentando todos os caminhos para que ela pudesse escolher o melhor. ─ Seria necessário construir um lugar para isolar o detento e arrumar pessoas para vigiá-lo.

─ Terras nós temos de sobra. Eu mesma estaria disposta a oferecer algumas que não são utilizadas no Reino. Acredito que arranjar trabalhadores para essa tarefa também não seria um problema.

─ Muito bem... Tem ideia de como será esse julgamento?

 ─ Para falar a verdade, não. Não faço a menor ideia.

─ Isso deve ser trabalhado, e teremos bastante tempo para isso. O último relatório da Avery indica que ainda falta mais uma semana até que a obra do Centro de Convenções seja concluída. Essa é só a nossa primeira reunião, e acho que progredimos bastante. O que acha de passarmos para o próximo assunto?

─ Que tal falarmos sobre as relações de troca? ─ ela sugeriu com certa dúvida. Pensava que a conversa sobre o julgamento ainda não havia se encerrado, porém a dúvida morreu quando a jovem viu um brilho diferente nos olhos dele. O homem fez um gesto para que ela prosseguisse. ─ Você já deve saber que as colheitas não foram boas esse ano, houve uma redução de dois quintos em relação ao ano passado. Mesmo sem terminar a colheita, os moradores já sabem que o inverno será difícil. Certamente teremos que reduzir nossas exportações. É um péssimo momento para isso, principalmente porque o Alto do Morro está passando por dificuldades, mas eu não posso deixar o meu povo passar fome. Até que haja outra maneira, as exportações estão sendo reduzidas ou cortadas. Sinto muito, não quero que esta medida seja tomada como uma ofensa ─ tentou ser o mais cordial possível, como tinha sido na sua apresentação ao conselho. Podia ter pertencido ao Alto do Morro no passado, mas as coisas tinham mudado. Tenho que ser uma governante e zelar pelo meu povo acima de tudo.

─ Tomar isso como uma ofensa? ─ ele riu tão alto que suas risadas preencheram o ambiente. Segundos se passaram e ele não parou, deixando-a assustada. ─ As pessoas pensam que as comunidades são adversárias? Desde o começo fomos aliados. A Fortaleza veio por último, mas todos lutamos para construir um lugar em que não precisássemos lutar sozinhos. Estamos do mesmo lado, lutamos juntos. Então, sobre seus planos... Você não finalizou o que estava dizendo, finalizou?

─ Não posso fazer exportações porque tenho que importar tudo o que está em falta. Mas, como o Alto do Morro está passando por um problema semelhante, Alexandria não tem o costume de exportar e a Fortaleza sequer tem o que trocar, eu andei pensando no que faria para conseguir o que preciso para melhorar os estoques do Reino. Não são todos os produtos que estão em falta, mas o suficiente para exigir um racionamento. A melhor saída é negociar com quem possui o que eu quero, e quem melhor do que os postos avançados? A maior parte deles pratica monocultura, de modo que eu posso me associar com alguns deles.

A Rainha havia passado os últimos dias pensando muito no assunto e, principalmente, pesquisando. Havia quatorze postos avançados espalhados pela Zona-Segura, cada um com a sua organização. Eles eram versões menores das comunidades, que serviam como pontos de descanso para viajantes e também tinham a sua economia, mesmo que moderada. Como a maioria produzia apenas um alimento, os postos se associavam às comunidades mais próximas para obter os suprimentos que lhes faltavam ou faziam trocas entre si. O principal motivo que levava uma pessoa a deixar sua comunidade, dotada de todos os serviços imagináveis, para viver no isolamento de um posto avançado, era o fato de que estes possuíam um ambiente muito mais tranquilo e suave.

─ É uma boa ideia, mas, antes de mais nada, você precisa ter algo que eles queiram para trocar.


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Notas finais do capítulo

Antes de mais nada, queríamos deixar claro que nada disso estava programado. A ideia inicial era que Grace recusaria a proposta de Ezekiel e voltaria para casa. Essa personagem está sendo um grande desafio para nós, principalmente devido à sua personalidade complicadíssima. Acabamos percebendo que ela ficaria sem função dentro da história, por isso optamos por mudar esquecer os planos e transformá-la em Rainha. O problema é que, a partir disso, a história pode tomar rumos completamente diferentes e ainda estamos tentando nos adequar a isso.
Os comentários serão respondidos assim que possível, e esperamos que isso seja logo.
Até mais!



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