O caminho até a CBI foi tenso, com Jane olhando todo momento ao retrovisor para armazenar consigo cada expressão do rosto de Blake. Ele estava procurando alguma coisa que indicasse que ele era o verdadeiro assassino, mas ele não demonstrava nada além de tristeza e que, naquele momento, Peter Blake estava derrotado.

— Como foi? — O empresário perguntou.

— Como foi o quê, senhor Blake? — Respondeu a agente, ainda com os olhos no trânsito.

— Que Bela morr... Que a acharam.

— Acredite, você não vai querer saber. — Disse Jane, com uma expressão serena. — Ao menos que já saiba.

— Senhor Jane, eu estou lhe avisando, se continuar a insinuar que eu matei Bela Lively, não medirei esforços para tirar tudo que tens – assim como o que não tem. — Blake explodiu de raiva; como alguém poderia insinuar aquilo?

— Olha, parece que alguém foi na escola! — Riu Jane.

— Senhores! Vamos manter a calma! — Gritou Lisbon. — Senhor Blake, peço perdão em nome de Jane, não precisa fazer nada, garanto que não será necessário. E Jane — O louro a encarou com ansiedade nos olhos. —, guarde seus julgamentos para o interrogatório.

+++

Peter Blake se dirigiu para o interrogatório como um verdadeiro cavalheiro, esperou até que ouviu passos atrás da porta. De lá entraram uma ruiva linda, ele diria, e um cara que tinha não menos que dois metros de altura. A ruiva se sentou e o grandalhão apenas ficou de pé, o observando.

— Eu sou a agente Van Pelt e esse é l agente Rigsby, esperamos que não se importe de responder algumas perguntas.

— Sem problemas, mas por gentileza, agente Rigsby, você poderia ligar ao consultório do doutor Ethan Garred e pedir-lhe para que viesse para cá? Diga que sou eu, seu grande amigo, Blake. — Os olhos azuis de Blake tornaram-se frios quando encontraram-se com o de Rigsby. — Se isso não for pedir muito.

— Você está mal acostumado.

— Eu conheço meus direitos! Agente Van Pelt, eu estou errado? — A ruiva olhou de canto para seu companheiro de trabalho e em seguida abaixou a cabeça, indicando que Blake estava certo. — Por favor, Rigsby! Não é tão difícil quanto parece.

— Se nos insultar ou algo parecido, eu serei o primeiro a te algemar. — Rigsby disse enquanto estava com a mão na maçaneta. O ar arrogante de Blake era mil vezes a mais do que a de Jane, e isso o deixava profundamente furioso. — Estamos entendidos, Blake?

— Eu não seria tão rude á esse ponto, agente. Trate de comportar-se, temos uma dama no ambiente! — Disse ele referindo-se a Van Pelt, Rigsby bufou, revirando os olhos. — De qualquer forma, obrigado.

Wayne Rigsby deixou a sala de interrogatórios marchando como um verdadeiro soldado, por um momento, até Van Pelt ficou com medo dele.

— Ok, vamos ás perguntas. Você e Bela estavam com problemas no relacionamento?

— Sim, descobri recentemente que ela me traía com o entregador de pizza. Dá pra acreditar? Com o entregador de pizza!

— Isso o deixou com raiva a ponto de mata-la?

— Matar Bela? Não! — Ele chegou mais perto da agente. — Não é a primeira vez que temos isso no nosso relacionamento. Eu e Bela fingíamos para todos que éramos o casal perfeito, mas assim que descobri que ela me traía, comecei a trair ela com sua melhor amiga. Nada melhor que pagar na mesma moeda, não acha?

— Qual é o nome do entregador de pizza? E da melhor amiga de Bela? — Van Pelt sentiu-se enojada, afastou-se uns dez centímetros do suspeito. Ela pegou uma caneta e um bloquinho de notas.

— Roger Valle, e minha amante é Melissa Fischer. — Ele a encarou. — Sente nojo de mim, não é? Por tudo que eu fiz... Mas saiba que eu dei o meu melhor para que esse noivado pudesse dar certo.

— E enquanto ao anel de noivado?

— 18 quilates, é lindo, não é?

— Por que ela ainda o usava?

— Não sei, por orgulho talvez.

— Pensava em troca-la por Melissa?

— Que absurdo! É claro que não! Eu amava Bela, e isso era tudo que importava em minha vida, quer dizer, era.

A cena foi rápida, mas os olhos de Van Pelt a capitaram nos mínimos detalhes. Uma moça com os cabelos vermelhos entrou na sala, estava em prantos.

— Moça, o que faz aqui? — Perguntou Van Pelt, recostando sua mão na arma em sua cintura. — Somente agentes autorizados podem entrar aqui!

— Melissa? — Blake a encarou, incrédulo. A abordagem de Van Pelt foi ignorada por ambos.

— É isso que você faz comigo, Peter? Me usa e joga fora como se fosse nada? — Melissa soltou uma risada irônica. — Não era isso que me dizia ontem, como é que falava? "Juro que por você eu largaria a vadia da Bela e toda aquela merda de família burocrática dela", não era mesmo?

— Não é nada disso que você está pensando, Melissa, acho melhor você sair daqui. Depois eu te ligo.

— Você não pode falar assim com a mãe de seu filho! — Melissa explodiu.

— O quê? — Van Pelt estava assustada.

— Há quanto tempo? — Blake colocou os cotovelos na mesa, em busca de algum apoio que não o deixasse cair.

— Faz uns três meses.

— Bravo! Bravo! — A voz de Jane era ouvida por todos na sala, ele ria. — Da próxima vez vamos fazer com um grande elenco, certamente ganharei o Oscar.

— Jane, o que está fazendo? — Van Pelt se levantou.

— Eu ia — Ele foi bruscamente interrompido por um homem mais velho com postura nobre.

— Isso mesmo, senhor Jane, você "ia", agora não o fará mais. Sem mais palavras. — O poderoso advogado foi até a direção de Van Pelt. — Preciso de um minuto com meu cliente, por favor.

— Eu ia pegar o assassino. — Concluiu Jane.

— Ethan Garred? — Van Pelt arregalou os olhos. — Como você foi rápido!

— Sim, agora nos dê licença.