No capítulo anterior:
"Após aceitarem dormir na casa de Kyo, Kaoru, Aiko e Saya decidiram jogar um jogo chamado verdade ou desafio. Neste pequeno tempo de folga, aproveitaram bastante. Mas uma pergunta intrigou a todos. De quem Saya mais gostava? E o pior, Aiko a desafiou a beijar está pessoa em questão."

***

A garota pensava em sua resposta, não queria declarar seus sentimentos por nenhum dos ali presentes, muito menos beijar um deles, apesar de considerar um deles especial. Abriu sua boca para responder à difícil pergunta imposta perante ela. Mas antes que pudesse proferir algo, foi interrompida por fortes batidas à porta. Todos olharam surpresos, e Kyo apressou-se para atender a porta. Saya parecia ter se livrado do problema, porém Aiko lhe lançou um olhar desafiador, como que dizendo "você não vai se safar dessa tão facilmente". Ao abrir a porta, viram Alyssa, ofegante e parecendo preocupada. Kyo fez um gesto pedindo para que ela entrasse, e assim Aly fez.

–O que aconteceu? Pensei que tinha dito que não viria.- Kyo perguntou preocupado.

–Eu tinha ido deitar, e dormi. Mas, tive um pesadelo, ou melhor, um pressentimento.-a menina disse ainda recuperando o fôlego.

–Sobre o quê?- Aiko se manifestou.

–Karasu. Ele e os Boshoku virão, em breve. No meu sonho, eles chegavam em poucos, mas Konoha pegava fogo, enquanto todos os malfeitores riam, menos Karasu.- a loira explicou.

–Deve ser apenas um sonho. De qualquer modo, alertaremos o tomate amanhã cedo, as providências de segurança serão tomadas, durma aqui hoje, para o caso de ter outros pesadelos.-Saya a acalmou.- Se estiver tudo bem, pelo Kyo.

O garoto acenou com a cabeça, concordando e Alyssa aceitou a oferta. O clima para jogos havia acabado, e todos queriam dormir, afinal o dia seguinte prometia, por bem ou por mal. Kaoru, que já se preparava para deitar, foi puxado por Saya, que já estava de pijamas. Ele analisou por alguns segundos o traje que aparentava ser pequeno demais para ela, mas desviou o olhar rapidamente para a face da menina.

–Que foi?- Kaoru disse coçando o olho.

–Você não ficou preocupado com o que a Aly disse?-ela respondeu.

–Sim, mas como disse, as medidas contra ataques estão sendo tomadas e a segurança será de alto nível.

–E sua...-ela bocejou-... irmã?

–Ela ficará bem, a vizinha fica sempre de olho nela, além dela saber se cuidar...-também bocejou-... mas amanhã vou falar com ela.

–Hmm que fofo.- ela fez biquinho- Vou dormir,ok?

Ele assentiu, deitando-se em seu colchão. Estranhou o momento, ou melhor, a noite tão informal que tivera, deixando-se levar e permitindo um dia de paz a si mesmo. Mas sabia que aquilo não seria eterno. O papo de Alyssa poderia parecer bobo, mas essas festividades atraíam todo tipo de grupos criminosos. Ele se perguntava se a guerra voltaria, tempos turbulentos estavam por vir, a menos que parassem a Boshoku. Naruto poderia ser um herói, mas sua recente gerência deixava a desejar, ao menos na opinião de Kaoru, mas quem era ele para contestar o poder e autoridade do Hokage? O sono veio com rapidez, e ele dormiu.

Aiko acordara por último, parecia tarde, pois todos já haviam se levantado. Ela costumava acordar cedo, mas viera de várias noites sem dormir, e precisava descansar, e qual o melhor momento, se não os poucos dias de folga que tinha? Kaoru não estava mais lá, fora à casa de sua irmã. Kyo preparava algo para o café da manhã, enquanto as outras meninas o ajudavam. Foi ao banheiro lavar o rosto, quando viu um borrão vermelho atravessando sua cara. Em algum momento da noite alguém tivera a majestosa ideia de lhe pregar uma peça, e os outros colaboraram. Pensou em matar esse alguém, mas apenas se lavou, arrumando-se e saindo do banheiro. Os outros riam dela.

–Uma noite e tanto, hã?- Saya provocou.

–Aff, nem comecem. -Aiko disse de cara fechada, provocando mais risos.

–Vamos, comam que já iremos à apresentação dos novos genins.-Kyo sugeriu apontando os variados petiscos sobre a mesa.

Comeram tudo num piscar de olhos, arrumando tudo e em seguida se dirigindo ao local de apresentação. Estava tudo pronto e lindo, um palco onde todos os pequenos shinobis ficariam e um espaço para o público. A INT não poderia ver a parte principal, pois se encarregariam de cuidar de um dos portões. Todos eles foram ao portão, inclusive Kaoru, que já os esperava. Seus equipamentos estavam prontos e eles também, agora não havia tempo para brincadeira. Eles olhavam à volta, procurando por qualquer sinal de perigo, enquanto a apresentação começava.

Tudo aparentava estar calmo, mas as expectativas eram de alerta pelo resto do dia, já que a qualquer momento poderia acontecer o inesperado. Podiam ouvir apenas palavras abafadas vindas de dentro da cidade, certamente da festa. Já começara a cerca de uma hora, contendo as principais notícias dos últimos meses, agradecimentos em geral, e falando sobre Konoha. Por último viriam os shinobis que seriam apresentados. Apesar de vazio, Kaoru sentia um clima pesado no local. De repente se arrepiou, como se pressentisse o que viria a acontecer. Karasu e Kisame surgiam por entre as árvores. Como se o susto já não fosse o suficiente, Karasu ainda possuía as vestes da Boshoku.

–Ah, finalmente te encontramos!-Kisame gargalhou.- Sabe, o nosso caçador de olhos não parou de pensar em você. Ou melhor, no seu potencial.

–Nem pense que vai levá-lo!-Saya exclamou.

–Quem disse que queremos ele? Só o poder dele nos basta, e além disse sabemos de alguém que tem o mesmo poder que ele. Sua irmã.-Kisame sentia prazer ao proferir aquilo.

Kisame balançou a cabeça dando instruções a Karasu, e logo em seguida desapareceu em uma poça de água. Kaoru rapidamente agiu, pedindo pra Saya ajudá-lo a procurar Kisame. Já Alyssa e Aiko ficariam na oposição de Karasu, que por ora não havia feito sequer uma ameaça. Alyssa parecia motivada a lhe questionar, perguntar sobre suas verdadeiras intenções, se ele se juntara à Boshoku definitivamente, ou se planejava escapar, mas nada fez, apenas encarou o garoto, tentando ler suas feições.

Sem sucesso, pois ele não demonstrava sentimentos ou emoções. Alyssa então fez o mais inesperado. Correu em direção de Karasu, sem que Aiko pudesse impedir, certamente travariam uma batalha árdua, ao menos foi o que pensou Aiko. Alyssa, ao chegar perto de Karasu, não o tocou, estapeu, esbravejou ou sequer pensou em lhe bater, mas uma vez envolvida em seus braços, o beijou.

A sensação de Alyssa com o primeiro beijo começou estranha, pois nunca pensara em beijar antes, mas agora ali estava ela, com os lábios tocando o de um garoto, e melhor ainda, o que ela nutria uma pequena paixão, que se tornava maior à medida que avançavam o beijo. Ela não pensava em guerras, Boshoku, traições e nem Konoha, só ela e Karasu. Devem ter ficado um bom tempo nisso, já que quando se soltaram Aiko estava toda sem jeito e olhando em outra direção. Karasu olhou nos olhos tão lindos de Alyssa, como se estivesse se perguntando o que acontecera. Quando acordou de seu transe, colocou as mãos no rosto de Alyssa, confortando-a.

–Não se preocupe comigo, ok? Eu voltarei. Só não posso fazer isso agora, pelo bem de Konoha e de seu país.-Karasu suspirou.- Tentarei resolver isto o mais rápido possível, mas não consigo evitar que eles destruam as coisas...Mas eu quero o seu bem e de todos.

–Mas...e a irmã de Kaoru?-Alyssa perguntou rapidamente.

–Tentei não contar, mas fui forçado. Quando soube, ele não perdeu tempo pra poder vir pegá-la. Infelizmente ele quer arrancar os olhos da menina.

–Ajude-nos a pará-lo!-Aiko implorou.

–Não posso, ele disse que se eu lhe trair ou fizer algo errado os inocentes pagariam. Então tenho que esperar e treinar a ponto de poder matar toda Boshoku antes de voltar. Mas se vocês forem rápido, chamem Naruto. Ele poderá defender a irmazinha de Kaoru. Caso contrário, Kisame a pegará antes mesmo que possamos interferir.

–Iremos. Cuide-se Karasu, e por favor, não se corrompa.- ela lhe deu um olhar sério.

Ele deu um selinho inesperado, antes de ambas entrarem pelo portão. Karasu pensou na confiança que Alyssa tinha em si, mesmo que ele não merecesse. Seu plano era verdadeiro, matar a Boshoku resolveria tudo. Só faltavam meios e a potência pra concluir tal ação. Ele teria que pensar. Mas naquele momento só queria ver como Kisame se sairia no rapto da criança. Ou melhor, queria vê-lo falhar. Fez alguns gestos com as mãos desaparecendo imediatamente do local.