O céu estava claro, sendo enfeitado pelo sol de agosto, um pouco quente, afinal era verão, quase fim do mesmo.

 Reunidos diante do túmulo, os membros da fraternidade, os únicos que foram chamados, pois ainda precisariam explicar a morte repentina dele, que seria apontada como homicídio, visto que uma flecha o transpassara, viam a ex-namorada do garoto em frente ao caixão, chorando desde que chegara. Talvez fosse melhor dizer que não parara.

 Não haviam chamado a família do garoto, afinal ninguém nunca o ouvira comentar sobre a mesma. Se estavam vivos, mortos ou não ligavam para ele era um mistério. Mistério esse que seria enterrado ali com ele. Na verdade, a resposta era simples, por mais que não conseguissem pensar nela. Gaara, ou Abukar, fora criado por Ísis para segui-la como Discípulo, então não entendia ou conhecia o conceito de família, apenas o de amor.

 Depois de matar Gaara, dizendo que estava salvando os outros, o Cúpido desaparecera com a flecha e o coração do garoto, largando apenas o corpo sem vida. Depois de muito gritar, exigindo seu namorado de volta, conseguiram acalmá-la, levando a mesma para descansar e providenciando o enterro do ruivo.

 O barulho de folhas sendo pisadas chamou a atenção do grupo, que olhou para trás e ficaram atônicos, encarando-o achando se tratar de um fantasma.

— Ino. – ouviu a voz e, incrédula, olhou na direção dela, arregalando os olhos ao ver Gaara ali, de pé. Olhou mais uma vez para o caixão, vendo o corpo dele ali dentro, imaginando se não estava louca, o que não era o caso, pois seus amigos também pareciam espantados. – Pessoal. – disse ele, o rosto com um misto de surpresa e confusão. Reparando no mesmo, viram que ele usava uma túnica como as dos Servos. – Vocês também morreram? – a pergunta fez as lágrimas no rosto da garota correrem mais ainda, então, levantando-se, correu até o namorado, abraçando-o. – O que houve? – perguntou.

 Afastando-se, olhou bem para ele, checando se não havia nada faltando ou de errado. Podia ser uma ilusão, afinal nenhum humano era capaz de fugir do Submundo, Hades, Cérbero, Hypnos e Thanatos não permitiam. Viu a tatuagem de amor na testa dele mudar, assumindo a forma de um coração com uma flecha atravessada, o símbolo do Cúpido.

 Sua surpresa aumentou ao sentir sua marca reagir a dele, mas logo parou quando a marca voltou a ser uma simples tatuagem.

 O Cúpido realmente havia se vingado pela traição, e da pior forma. Transformara o namorado da ex-esposa em seu Servo, o primeiro Servo que servia apenas ao Cúpido, diferente das de Afrodite, que também oração para ele.

 Os amigos, felizes e também incrédulos, foram até ele, abraçando-o.