A semana passou voando, o grupo avançava na estrada conforme treinavam em lutas insanas demais para amigos de longa data. Os três conseguiram se familiarizar com os ataques e capacidades uns dos outros e estavam extremamente satisfeitos com o grande progresso que fizeram naquela curta semana.

Lala havia se aberto e explicado alguns problemas que ela tinha e proibições que sua mestra, Sally Gardien, havia feito a ela. Pamy tinha comentado sobre algumas limitações que também possuía, mas que - ao contrário das de Lala - não afetariam tanto seu desempenho em uma batalha.

Pierre aparentemente, de acordo com ele mesmo, era o mais tranquilo dentre os três. Tinha apenas uma regra para seguir: Volte vivo. Ele apenas precisava sobreviver às lutas e desafios para se tornar o Shaman King. Na verdade, ele não precisava se tornar o Shaman King, sobreviver era o suficiente para ele, contanto que suas amigas de infância também ficassem à salvo no final.

Eles descobriram, nesse meio tempo separados do grupo do Yoh, várias combinações de golpes e toda noite faziam uma votação para nomes de ataques conjuntos, para o caso fossem usá-los em algum momento.

Entre um treino e outro até mesmo conseguiram criar um portal, feito do gelo de Pierre e Fenrir, que canalizava o poder espiritual do fogo e raios de Pamy e Lala. Eles não se arriscaram a passar por aquela estrutura, mas a energia espiritual que usaram para criar aquilo os deixou esgotado por 1 dia e meio, que acabaram usando como folga para passear na cidade próxima.

Agora, era o dia marcado para a reunião com o grupo de Yoh. O dia que as garotas se separariam novamente de Pierre, que estava terminando de se arrumar para retornar ao acampamento dos X-Laws.

Pamy: Pegou tudo? Escova de dentes? Pijama? Cueca?

Pierre: Sim, sim, sim e sim… Hahaha, parece até meu pai perguntando essas coisas… 

Lala: O tio é um cara esperto, ele sabe da capacidade de esquecer algo do filho e esposa…

Pierre: Minha mãe também esquece é?

Lala: ‘Também’, é? Então admite que é esquecido… 

Pamy: Tá aí uma coisa que eu pagaria pra ver… A tão séria senhora Gardien esquecendo coisas na hora de uma viagem…

Lala: É bem comum, tanto que…

Lala parou de falar ao sentir um arrepio sinistro na espinha. Era quase como se Sally Gardien soubesse que estava sendo o assunto da pupila e amigos e tivesse mandado um aviso para Lala parar. Pamy a olhou de forma interrogativa, incentivando-a a continuar, mas a Clark mudou de assunto sem ligar.

Lala: Então nos vemos em breve né Pi-chan?

A baixinha falava enquanto abraçava o amigo.

Pierre: Sim, provavelmente antes da gente chegar na aldeia eu ainda consigo visitar vocês… Tenho que ver como vai ser quando eu voltar ao acampamento dos X-Laws.

Pamy: Continue fazendo seu ótimo trabalho. Aposto que nem suspeitam de você…

Fenrir: Não mesmo, ou eu já teria percebido. Mas confesso que preferia que suspeitassem de algo… Meu instinto diz que essa confiança tão bonita vai acabar dando encrenca…

O lobo acabou opinando, mentalmente para o grupo. Era uma preocupação válida e Pierre parecia ciente dos riscos, mas mesmo assim Pamy abraçou o Gardien junto de Lala e pediu.

Pamy: Tomem cuidado de qualquer forma. Se precisarem de qualquer coisa eu e May vamos correndo te ajudar.

Yuki: Lala e eu também!

A dragão falou rapidamente, confiante. O grupo se sorriu e curtiu o breve abraço, para então se soltarem e as garotas observarem Pierre e Fenrir partir.

***

Já havia se passado algumas horas desde que Pierre havia voltado ao acampamento dos X-Laws, Pamy e Lala estavam chegando à cidade onde Lilirara se encontrava. A Brown e a Clark estavam animadas para reencontrar os novos amigos.

Durante aquela semana, Yoh e seu grupo descobriu mais sobre Hao, inclusive que o Patch Silver era descendente de uma das encarnações do garoto. O conhecimento e a  experiência adquirida foram essenciais para o crescimento espiritual do grupo, não apenas por conhecerem um pouco mais do inimigo, mas também por agora conhecerem um pouco mais da própria Shaman Fight. Conseguiram algumas dicas importantes como a possibilidade de lutar em conjunto e ataques em grupo, bem como ser possível apostar o permanecimento na disputa,mesmo sem um juiz Patch presente. A última informação era antiga, e atualmente ilegal, mas não impossível de ser realizada.

Hao, quando Patch em sua vida anterior, havia assassinado guerreiros da tribo Seminoa durante a Shaman Fight anterior, sem se importar com nada. Ele havia derrotado os guerreiros quando os mesmos se uniram para desafiá-lo, porém foram rapidamente derrotados de forma fria e cruel.

Aquela informação foi a que mais mexeu com o grupo. A frieza de Hao havia apenas se intensificado se comparado com a vida anterior dele como Patch. A força espiritual com certeza havia aumentado, o que mostrava que ele era um oponente ainda mais perigoso do que estavam preparados para enfrentar.

E foi numa conversa sobre o que descobriram, ainda na casa de Lilirara, que Pamy Brown e Lala Clark chegaram.

Ren parou de falar o que considerava importante de ser discutido quando ouviram algumas batidas na porta e Lilirara foi atender.

— Lilirara? 

— E quem deseja?

— Sou a Lala, essa é Pamy. É um prazer conhecê-la! Viemos encontrar nossos amigos...

A voz de Lala ecoou pela casa, Horohoro logo se levantou para receber a amiga. Ryu o imitou, esperando próximo do círculo de amigos no chão.

Horohoro: Lala-chan! Chegaram bem a tempo! Estávamos agora mesmo…

Ren: Nos preparando para partir.

O Tao interrompeu o Usui, querendo manter apenas entre eles as descobertas recentes. Iriam apenas compartilhar o local da próxima etapa da Shaman Fight, mas Ren preferia manter o restante em segredo, ao menos até descobrir com mais certeza se podia confiar mesmo nas garotas.

Podia ser irônico da parte dele, já que ele mesmo havia tentado matar Yoh algumas vezes, mas ele preferia ficar com um pé atrás com pessoas estranhas. Na mente de Ren, os outros eram ingênuos demais por aceitarem as garotas tão facilmente em seu grupo.

Pamy percebeu a mudança de assunto e não conseguiu evitar de dar um leve sorriso. Para ela, era divertido ver uma pessoa tão séria assim, tentando manter o controle das informações de forma tão… desesperada. Desesperado era um termo forte demais para descrever Ren, mas o fato dele tentar evitar dividir suas informações com tanto empenho podia ser um ato desesperado sim.

Ren se levantou e recolheu suas coisas, sendo imitado por Yoh, Manta, Chocolove e Ryu. Horohoro apenas juntou sua mochila. Lilirara os encarava seriamente, avaliando também as garotas recém chegadas.

Lilirara: Espero que usem com sabedoria a informação que conseguiram… Lhes desejo sorte em sua jornada.

Yoh: Obrigado. A você e aos guerreiros. Nos ajudaram muito.

Lilirara sorriu levemente para ele, enquanto observava o grupo sair de sua casa. Ren foi o último a sair e foi interrompido por ela.

Lilirara: Você já deve saber… Mas tomem cuidado.

Ren não entendeu de primeira, mas concordou com um aceno de cabeça.

***

Já estavam a caminho da cidade onde Anna e os outros estavam esperando por eles. Lala contava sobre a semana que passara com Pierre de forma animada, sem comentar sobre as novas descobertas, contando apenas um resumo geral e inofensivo. Horohoro, Yoh, Manta, Ryu e Chocolove comentavam vez ou outra, impressionados com o resumo.

Logo, a Clark terminou seu relato e foi direto ao ponto.

Lala: E vocês? O que descobriram nesse meio tempo?

Pamy olhou para Ren, curiosa para saber o que ele responderia, mas foi Yoh quem começou.

Yoh: Já sabemos onde é a aldeia Patch, levamos mais tempo que o esperado, mas agora já sabemos o caminho.

Ryu: Vai ser demorado de chegar, mas é incrível como agora parece que posso ver o caminho perfeitamente na minha mente.

Pamy: Isso é ótimo! E quanto tempo levaremos para chegar?

Yoh: Ainda temos um tempo antes do limite para chegar na Aldeia. Imagino que podemos ir com calma e chegar lá em algumas semanas.

E foi com esse e outros assuntos que o grupo se dirigiu a cidade anterior, onde Anna e os outros aguardavam seu retorno.