"Dosteri, 04 de outubro de 2007.

Querida Kona,

Eu novamente estou aqui. Como cheguei? Também não consigo saber, talvez as minhas pernas tenham se movido sozinhas. Não seria a primeira e nem última vez, no entanto. É noite e faz frio. O cheiro daquelas plantas esquisitas estão aqui novamente, ele só se sente no escuro? Estou comendo acerola, sei que é uma de suas frutas favoritas... é tão azeda, eu não entendo como pode gostar disso. Mas vindo a mudar um tanto de assunto, este bosque é realmente lindo, não? As flores aqui estão sempre abertas e são tão coloridas! Você iria gostar se eu as mandasse em um buquê para você, Kona-san? Se assim for, darei um jeito de enviá-las pela vovó, uma vez que ela viajará para aí daqui a alguns dias. Você já sabia disto? Kocchan, Kocchan, eu acabei de ver um esquilo! Mas ele é diferente daqueles esquilos que nós vimos juntas, este é todo branco e tem os olhos lilás. Vou tirar uma foto com o celular para enviar junto com o buquê, então espere só um momento.

Pronto! Consegui um ângulo legal de onde posso ver. Ele estava comendo uma noz; tão fofo.

O que você tem feito por Inachi? Desde que se mudou nunca mais me mandou mensagens, nem ligações e muito menos cartas. Assim você magoa sua irmãzinha, por favor! Mas, apesar disso, espero que tenha feito muitos amigos e que esteja se divertindo. Mande-me um cartão postal da próxima vez que for para algum lugar interessante, eu tenho de ir. Se chegar em casa muito tarde a vovó reclama, sabe como ela é, né? Até daqui uns dias, Kona-san, espero ansiosamente pelo seu cartão postal.

Atenciosamente, sua irmã menor, Haruka."

                               ∆

— Haruka? Querida, aonde foi? E sem um cachecol? Está frio lá fora, você não pegou um resfriado?

— Ah, vovó! Andei ao bosque outra vez e acabei me perdendo nas horas. Desculpe.

— Um bosque?

— Sim, o bosque da Kona. Resolvi escrever uma carta para ela. Lembrando disso, você poderia entregar este buquê junto com ela em sua viagem? Há também uma foto, mas só poderei imprimir amanhã cedo...

— Entendo. Eu a entrego, dê-me aqui.

— Ei, isso é sério? Oba-sama é tão legal!

— Sim, Haruka. Contanto que traga-me a foto logo, estará tudo bem.

— Certo. Subirei ao meu quarto para resolver o quanto antes!

A jovem subiu as escadas frenética, apressando-se a pular de dois em dois degraus. Deixara o espaço livre para sua vó, a qual anda a passos lentos até o telefone para rodar algum número no velho aparelho.

— Nina, como Haruka está? — A pessoa do outro lado da linha pergunta.

— Como sempre. Ela foi novamente àquele bosque, e escreveu outra carta.

— Francamente... — Um suspiro se fez ouvir. — Quando ela irá parar com isso? É tão frustrante.

— Bem, não podemos culpá-la. Foi realmente um grande choque para todos. Minha querida apenas não conseguiu superar.

— Se assim me diz, Nina.

— Enfim, não foi para isso que te liguei. Desta vez ela trouxe um buquê com rosas e uma foto, disse que queria que eu as entregasse para Kona-chan.

— O quê?

— Você poderia me acompanhar até o cemitério, amanhã?