–Ah... Doutor, isso não é hm.... Um problema? Quer dizer, nós quatro juntos?

–Não, acho que não, provavelmente apenas um pouco.... Estranho. – Ele disse pondo seus óculos para encarar o homem à sua frente, eles pareciam gêmeos idênticos, e sinceramente se não fosse a diferença entre as roupas eu não saberia dizer quem é quem.

–Você não me respondeu. – Disse o homem ainda boquiaberto com a situação.

–Eu preciso? Você sou eu, isso quer dizer que é inteligente, pense um pouco. – Respondeu o Doutor ainda o analisando com os olhos, provavelmente em busca de alguma diferença entre seus corpos.

–Vocês de outra dimensão ou algo assim? – Ele perguntou por fim.

–Bravo! Brilhante! Molto Bene! – O homem vestido em risca de giz respondeu.

–Oh não me diga que vou ter de aturar você dois falando essas coisas o tempo inteiro! – Exclamou a mulher depois que ambas nos levantamos do chão.

–Bem-vinda ao clube. – Murmurei para ela.

–Nós podíamos ser irmãs. – A mulher disse depois de dar uma boa olhada em mim.

–Oh por favor não Rose! – Reclamou o homem vestido em um casaco preto. – Você e suas amigas já quase me levam a loucura, não precisam de mais ajuda!

–Bem-vindo ao clube. – O Doutor disse para ele, eu e a outra Rose reviramos os olhos.

–Como vocês dois chegaram aqui de qualquer forma? Achei que as dimensões fossem como um grande aglomerado de bolhas, bem próximas, mas que ainda assim nunca podem se tocar. – Perguntou a mulher a minha frente, pude ver o sorriso de canto que surgiu no rosto do homem ao seu lado.

–O que vocês fazem nesse universo? – Perguntou o Doutor.

–Somos astrofísicos. – O outro respondeu sorrindo.

–Os dois?

– O que você está tentando dizer com isso? – Perguntou a outra Rose cruzando os braços em frente ao peito, claramente irritada com a pergunta do Doutor, coisa que ele poderia ter entendido se ele não fosse.... Bem.... Ele.

–Rose.... Ela está me assustando. – O Doutor disse infantilmente escondendo-se parcialmente atrás de mim.

–Ah deixe isso para lá. – Falei pondo minha mão no ombro da mulher, não pude deixar de me sentir estranha tocando em mim mesma. – O Doutor é rude algumas vezes, não que ele faça isso de proposito, ele só não consegue evitar isso, ele é meio escocês.

–O que tem de errado em ser escocês? – Os dois reclamaram ao mesmo tempo, nós rimos da reação deles.

–Vocês vão ficar aqui para sempre? – Perguntou a outra loira.

–Espero que não. – O Doutor resmungou, pisei em seu pé fazendo com que emitisse um alto ‘’aí! ’’.

–O que o Doutor quer dizer é que improvável que fiquemos aqui, e que amanhã iremos embora. Não é Doutor?

–Você que está dizendo isso. – Murmurou enquanto equilibrava-se no pé direito e massageava o esquerdo. Ameacei-o com o olhar. –S- Sim. – Ele disse assustado.

–Como eu disse. Escocês. – A mulher deu uma risada audível.

–Ah não se preocupe com a falta de educação dele, convivi com John tempo o bastante para me acostumar com esse jeito rude escocês de ser, ele é gentil a maior parte do tempo, mas ás vezes...

–Exatamente! – Concordei.

–E aí vão elas. – Os dois resmungaram.

–Oh, você conhece querido. – Ela disse segurando a sua mão. Instantaneamente sorri para o Doutor como um pedido de desculpas pelo pé, ele sorriu de volta e segundando minha mão.

–Conheço? – Perguntou o homem a nossa frente numa voz rouca e profunda que julgava impossível sair da boca do Doutor, se bem que aquele não é o Doutor. Então ela ficou na ponta dos pés e o beijou, aquilo certamente não era algo pelo qual eu esperava, não pude evitar de arregalar os olhos e corar ao encarar a cena de ‘’eu e o Doutor’’ nos beijando, desviei meu olhar e ao encarar o homem ao meu lado pude ver o quão vermelho ele estava, lembrava um tomate com cabelos, mas seus olhos.... Não pareciam nem um pouco com os castanhos brilhantes e loucos usuais, eles estavam totalmente negros enquanto ele observava os dois se beijarem, se tocarem e se morderem. Até que eles finalmente se separaram vermelhos e ofegantes, senti o Doutor apertar minha mão com mais força que o normal.

–Oh! Olá vocês. Então vocês vão ficar aqui apenas hoje, não é? – Ela perguntou.

–É. – Respondi ainda sem graça.

–Então poderiam vir conhecer nossos amigos! Afinal é véspera de natal, não é John?

–Claro, amor. – Ele disse beijando a bochecha dela.

–O que acha Doutor? – Perguntei animadamente.

–Me parece uma ideia brilhante. – Ele respondeu com um de seus sorrisos loucos. –Mas eu preciso concertar uma coisa na Tardis antes de irmos.

–Tardis? – O outro perguntou.

–Minha.... Nossa nave. – Ele disse sorrindo para mim.

–Nave? Eu posso ir? Posso Rose?

–Fique a vontade. – Ela respondeu. – Rose pode ir na frente comigo, não pode?

–Não quer ver a nave? – Perguntei.

–Quero, mas minhas amigas estão esperando para fazerem as últimas compras antes que as lojas fechem, talvez depois. – Ela disse sorrindo. Será que meu sorriso é tão lindo e doce como o dela? Espero que sim.

–Então vamos. – Disse. Dei um abraço no Doutor, e ela um beijo em John. E então seguimos caminhas diferentes, nós fomos pela esquerda e eles pela direita.

–Só espero que aqueles dois não destruam o universo. – A mulher falou depois de alguns minutos caminhando em silêncio.

–É bem possível que isso aconteça. – Respondi rindo.

–Mas não é por isso que os amamos tanto? – Enrubesci.

–V- Vocês estão juntos? – Perguntei.

–Vocês não? – Uma resposta foi desnecessária diante de minha reação à sua pergunta. –Por que não? – Dei os ombros. –Você não gosta dele?

–É claro que sim! – Um segundo depois de dar a resposta corei feito um pimentão.

–Então por que? Obviamente ele gosta de você.

–É complicado.

–Não, não é. Ele é um cara, você é uma garota, vocês se gostam, o que tem de complicado nisso. –Não sabia o que responder para ela, não podia dizer que ele não era humano, talvez o Doutor não ficasse feliz com isso, e provavelmente ela ficaria cética quanto a isso. Por sorte não tive de dizer nada, pois suas amigas nos abordaram e começaram a fazer bilhões de perguntas.

...

P.O.V John.

–Isso é simplesmente incrível! – Exclamei de dentro da nave. – É... É... É...

–Pode falar, eu sei que você quer. – Disse o Doutor sorrindo.

–É maior por dentro! – Gritei.

–OH YES! – Ele gritou dando um salto até uma aparente mesa de controles.

–O quão grande ela é? – Perguntei ainda estupefato.

–Não sei, nunca medi, é impossível medir, do tamanho do universo provavelmente. – O homem em risca de giz ajoelhou-se no chão em busca de algo, quando dei o primeiro passo em sua direção senti o celular vibrar em meu bolso. Um fato sobre mim, nunca deixo de responder alguém, sobre nenhuma circunstância, porque se algo ruim acontecer vou me culpar para sempre. Puxei o aparelho e vi que era uma mensagem de Rose. Ela dizia:

‘’ Urgente, esses dois não estão juntos, e eles tem de estar juntos, temos de dar um empurrãozinho neles na festa de natal, vou cuidar da Rose com as meninas, você e os rapazes deem um jeito no Doutor! ’’

Encarei a mensagem com curiosidade, por duas razões simples, a primeira é o extremo engajamento de minha namorada com basicamente qualquer coisa, e segunda é o fato deles não estarem juntos, quer dizer, como isso é possível? Eu sei o que sinto por Rose, e com certeza é avassalador, pode até soar um pouco poético, mas acredito que um universo onde eu não sinta o que sinto por ela é completamente improvável, e pelo menos em um universo minha teoria foi comprovada, a forma como ele a olha.... É fisicamente impossível que eles não se gostem, deve ser outra coisa, mas mesmo assim, se minha garota vai ajuda-los quer dizer que eu vou ajuda-los.

‘’Fechado’’

Respondi apenas há tempo de ver o Doutor levantar-se com uma pequena luzinha que emitia um brilho verde em suas mãos.

–O que isso? – Perguntei curioso.

–Isso, vai recarregar a nave, me custou alguns anos dessa regeneração, mas valerá a pena. Se tudo der certo a Tardis será completamente recarregada em 24 horas.

–Regeneração? Recarregada?

–É complicado. – Ele pós a luzinha verde cuidadosamente sobre a mesa. –Onde estão nossas rosas? Temos de ir atrás delas antes que aquelas loiras destruam o universo.

–Ah, elas estão só fazendo compras com Clara, Martha, Amy e Donna. E acredite em mim como uma versão sua de outra dimensão, você não quer lidar com todas elas juntas.

–Então o que vamos fazer? – O homem perguntou curioso.

–Que tal irmos visitar meus amigos?

–Quem?

–Christopher, Matt, Rory, Peter e Jack.

–Jack? Jack Harkness?

–Exatamente. Como sabia?

–Digamos que também há um Jack em meu universo. – Ele disse quando já estávamos do lado de fora da nave cabine de polícia maior por dentro do que por fora.

–Duvido que ele seja tão atirado como o do meu.

–Eu não apostaria as minhas fichas nisso. – O Doutor retrucou.