Lapso Paradoxal escrita por Kamihate


Capítulo 12
Capítulo 12 - Resposta




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Cada segundo era precioso pra mim, naquele instante, estava em desvantagem. Marco guiava a bicicleta meio a escuridão da pista, meu coração batia acelerado, não conseguia parar de tremer, se o assassino fosse João ou Leonardo, eles, no momento, estavam atrás de nós, se o portador for um deles corro risco de vida, ele pode ter uma arma e me dar um tiro a qualquer momento, mas de alguma forma, eu sentia que não eram eles. O plano do motorista foi colocado em prática, nós quatro fomos atrás da tal barraca de coco, com muita sorte, consegui convencer a todos, e principalmente Kelly, a levar minha mochila, e nela, se encontrava meu notebook, onde eu só precisava colocar o chaveiro com câmera na entrada USB e ver as filmagens do banheiro do ônibus, mas como eu faria isso com esses dois atrás da gente? Eu poderia dizer pra eles do meu plano, mas se um deles for o portador, ele me mataria na hora, isso é arriscado demais, eu não poderia simplesmente pedir para Marco parar, sentar no chão e abrir o notebook, todos já estavam desconfiando de mim, e João parecia ter uma faca de caça em sua cintura, ele realmente me mataria se eu fizesse algum movimento estranho. Estávamos pedalando a mais de 10 minutos, com duas pessoas em cada bicicleta o processo era lento, se pelos meus cálculos mentais prévios, o caminho do loop tiver mais de 30 km, e a barraca, teoricamente, estiver entre os primeiros quilômetros, então levaremos uma eternidade para acha-la, se é que ela está no loop mesmo, mas para minha surpresa, Marco havia levantado sua voz me chamando, me dando de quebra um baita susto.

— Naiara! Olha lá! – Ele parou a bicicleta, eu desci no chão e com a lanterna em mãos, clareei o que parecia ser uma pequena barraca com quatro pedaços de madeira apoiando uma pequena lona azulada.

— Então tinha mesmo uma barraca hein. – Leonardo parou a bicicleta também, João desceu e foi correndo em direção à barraca. Aquela podia ser minha chance de ver as filmagens, Marco já sabia da situação, ele então tentou me encobrir.

— Naiara, pode ser que tenha sinal por aqui, ao menos de internet, já que o cara instalou sua barraca nesse lugar, tente procurar com seu notebook. – Marco sabia que se aquele fosse mesmo um espaço criado pelo portador, não haveria área muito menos 3G, e eu nem tinha um pen drive com internet, mas ele só queria que eu conseguisse ver a filmagem, Leonardo pareceu apoiar a ideia, sem ele saber o que eu realmente queria. Quando coloquei o notebook no chão e me sentei, eis que ouço um grito vindo de João que saía de dentro da barraca com as mãos para cima.

— Tá ok caralho, eu vou matar todo mundo aqui se não dizerem quem são! – Um homem de aproximadamente 30 anos com barba ruiva e uma cicatriz do lado direito do seu rosto cansado, apontava uma espingarda para João que parecia bem omisso naquele momento para alguém que sabia falar muito e ameaçar todos.

— Calma, estamos apenas procurando ajuda! Você mora aqui? – Leonardo se aproximou do rapaz, mas ele não parecia tranquilo, ele apontou a arma para a cabeça de Leonardo.

— Ajuda o caralho! Quem são vocês?

— Senhor, estamos presos aqui, nosso ônibus quebrou na estrada, teria como ajudar? Nossos celulares estão sem sinal. – As palavras de Marco pareciam ter deixado o homem ainda mais irritado.

— Não me faça rir, vocês são aqueles ladrões que se vestem bem e enganam as vítimas com esse papo furado, mas se querem levar algo, aviso que vão levar uma bala na cabeça de cada um se não derem o fora agora mesmo. – O homem olhava nos olhos de Marco e parecia dizer a verdade. – E você aí com essa porra de computador? – Eu comecei a tremer, o notebook estava ligando, eu precisava colocar aquele chaveiro espião e ver as filmagens, olhava para a tela e ele ainda não havia sido ligado.

— Eu to tentando pegar sinal pra contatar alguém cara! Nosso ônibus quebrou mesmo, pegamos duas bicicletas que estavam no bagageiro pra procurar ajuda. – Eu virava meus olhos para o notebook e em seguida para o homem, João começou a olhar para mim também estranhando minhas ações.

— Hein? Acha que acredito que o celular de todo mundo ficou sem sinal? Tudo bem que aqui também não pega sinal mas... – Naquele instante, o homem pareceu acreditar na gente e abaixou sua espingarda.

— Acredita agora? – Perguntou Leonardo se aproximando do homem que colocava sua arma em suas costas.

— Acredito, mas se querem ajuda, sinto informar, não tem sinal aqui também não, acho que só uns 10km mais pra frente daqui viu. – Isso me soava muito estranho. Quando estava no ônibus, antes de perceber os loops, mas tendo visto a barraca de coco, lembro que meu celular estava com sinal. Esse homem podia ser o portador, se for isso, tudo faria sentido, por exemplo, ele matando Tainá e Moacir, o problema é como ele voltaria pra cá tão rápido, se bem que com uma bicicleta ou uma moto ele poderia voltar. Quando o notebook finalmente ligou, João se aproximou por trás de mim.

— Tá loca fia? Por que tá sentada aí? – Esse miserável, ele estragará meus planos. Antes de dizer algo para João, o homem se virou de costas e nos chamou.

— Eu ao menos tenho um modem 3G da OI lá em casa, a OI pega mas só na minha casa devido a uma antena que coloquei, vamo lá, vocês tentam pedir ajuda com isso. – Por que é que de alguma forma, eu não acreditava naquelas palavras? Eu olhei para o local atrás da barraca, só via mato, não tinha casa alguma, por mais que ela pudesse estar escondida no meio do matagal, mas aquilo tudo me deixava bem apreensiva. Tudo que eu podia fazer naquele momento era me levantar, fechar o notebook e segui-los, João estava na minha cola, ainda desconfiando de mim e do Marco.

— Então, vocês estavam indo pra onde? – O homem caminhava na frente, Leonardo e Marco iam atrás, e eu e João por último, nós começamos a andar em uma pequena trilha com um capim alto e ao redor, muito mato.

— Minas Gerais... foi uma hora difícil pro ônibus quebrar. – Disse Leonardo tentando ser falso, ele pensava que era arriscado dizer nossa situação para o rapaz, e eu concordava, ainda mais, sabendo que ele pode ser o portador, e também, duvido que ele acreditaria na nossa história, caso não fosse.

— É foda cara, esses ônibus de hoje em dia, são tudo 0, saem da garagem e depois de um mês já dão problema, aqueles bem antigos que levam nego cortar cana, aposto que aguentam mais. – No instante em que pensava em alguma desculpa para usar o notebook, percebi algo que fez meu coração acelerar. O homem havia dito que não tinha sinal por ali, apenas da OI, e apenas usando o 3G, mas eu vi em seu bolso de trás um celular... Por que ele tinha um celular, se não havia sinal por ali? Naquele momento parei de andar, João esbarrou em mim sem entender.

— Tá louca puta? – Todos se viraram para trás, viram que eu estava pálida, se o homem fosse o portador, ele estava em vantagem, ele tinha uma arma, felizmente ninguém havia revistado a minha mochila, pois a arma de Marco estava nela, mas eu não tinha tempo pra pegá-la, foi quando o homem ruivo olhou para mim com um sorriso em seu rosto.

— Qual o problema querida? Tem medo do escuro? – Eu havia percebido; Não tem casa nenhuma nos esperando. Quando me dei conta de que aquele podia ser o portador, era tarde, ele pegou sua espingarda e atirou em minha direção, com o som do disparado, imaginei que estava morta, o filme da minha vida toda passou por minha cabeça, Vitor, meus pais, Marco e Heitor, toda aquela loucura, meu objetivo... qual era meu objetivo mesmo? AH sim, destruir o mundo para salvar uma pessoa. Então eu havia falhado, e o mundo estava salvo. Era isso? Quando me dei conta, a cara do homem se contorceu. Ele havia errado o tiro. Marco, agindo rapidamente, colocou seus braços na frente da espingarda do rapaz a levantando, ele disparou outro tiro, mas Leonardo havia dominado o rapaz dando um soco em sua boca e fazendo ele cair no chão enquanto Marcos ficava com a espingarda.

— Mas... mas que droga é essa!? Foi ele? Foi esse cara? – João pegou sua faca, mas antes que ele pudesse partir para cima do ruivo, eu tomei a espingarda das mãos de Marco, e sem hesitar, sem piscar, sem me importar com o sangue jorrando, apertei o gatilho mirando contra o seu peito. Eu não entendia muito bem de armas, mas sabia que o calibre daquela espingarda era algo bem potente, tanto que um enorme buraco se abriu em seu peito enquanto seu corpo se inclinava para trás, o homem ficou jogado no chão em uma poça de sangue, Leonardo caiu de joelhos, ele estava tremendo e seus olhos pulsavam, Marco ainda não estava acostumado com o cheiro do sangue, mas conseguiu ficar em pé, João certamente era uma pessoa que só tinha papo, visto que ele foi o primeiro a gritar. Todos ficaram me olhando enquanto meus olhos estavam imóveis, eu nem sequer movi um músculo quando atirei.

— Naiara! – Marco segurou em meus ombros e olhou em meus olhos, eu fiz o que era certo, eu realmente fiz. Se ele era o portador, eu havia vencido, se ele era mesmo o maldito portador, tudo estava acabado. Mas eu não podia abaixar minha guarda, ainda mais, quando João tomou a espingarda violentamente de minhas mãos.

— Tá louca? Tá louca? Tá louca caralho!? – O rapaz estava com intenções assassinas, Leonardo se levantou cambaleando, eu não podia mais esperar, naquele momento, eu sabia o que tinha que fazer. Corri para longe deles, indo em direção a estrada, corri o mais rápido que pude, Marco foi o primeiro a ir atrás de mim gritando meu nome, eu iria abrir aquele notebook e ver as filmagens, eu tinha que saber tudo, só com aquilo eu podia vencer, o homem da barraca de coco realmente era o portador? Um cúmplice? Mas cúmplices podem mesmo existir nesse jogo? Pelo que Lúcifer me falou, nenhum outro portador ajudaria outro... isso é mesmo verdade? Eu fingi que estava indo pra rodovia, mas virei à esquerda e me escondi embaixo de um matagal bem fechado, abri o notebook que já estava com o chaveiro espetado na entrada usb, mas antes que eu pudesse dar o play, uma mão tapava minha boca por trás.

— Naiara, para com isso. O que pretende? Eles vão desconfiar da gente! – Felizmente, era Marco. Se fosse João ou Leonardo, e se um deles fosse o portador, eu tinha perdido.

— Não vou mais esperar, a solução está aqui, nesse chaveiro! – Repentinamente, ouvimos dois tiros vindos de onde estávamos anteriormente.

— Mas que porra é essa? – Marco caiu sentado no chão, eu me levantei e fechei o notebook, minha vida valia mais do que essa informação. Coloquei ele na bolsa, e junto de Marco, carregando sua arma, fomos até o local dos disparos.

— Isso é sério? Isso não é sério, é Naiara? – Marco estava de boca aberta e olhos saltando de sua face quando viu Leonardo e João caídos no chão, perto do corpo do homem ruivo, ambos com dois tiros da mesma espingarda em suas cabeças.

— Então tem mais alguém aqui! Não... – Não havia mais ninguém ali. Éramos as únicas pessoas. Só eu e Marco, mais uma vez. Eu estava começando a entender tudo, eu havia entendido! Eu vi a posição da espingarda caída no chão e finalmente desvendei, só precisava de uma confirmação, abri finalmente o notebook e dei play no vídeo que estava armazenado no chaveiro, comecei a ver junto de Marco.

— Não é possível.... – Marco ficou calado, ele também já sabia.

— Eu acho que isso nos encaminha para uma vitória, Marco.


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