The British Boy escrita por Liids River


Capítulo 1
One


Notas iniciais do capítulo

Tá enorme,mas eu juro que é One.
Eu não sei o que acontece,minha gente. To escrevendo e escrevendo e quando olho pro contador : kapow.
Oito mil e não sei quantas palavras.
Poxa vida.
Como vocês estão,meus amores? Semana de Natal,e quem sabe venha mais alguma coisa por aí.
Essa semana foi minha formatura ♥
E agora eu dedico essa One pra todo mundo que me acompanhou esse ano. Que leu as minhas notes reclamando do meu TCC e tudo mais. Muito obrigada,eu conheci tanta gente legal aqui e eu espero que isso nunca acabe!
Vamos a esta one,que eu confesso : amei escrever. Eu amei de verdade . É aquela de guardar no coração.
É um dos meus xodózinhos agora ♥
Ah,antes que eu me esqueça : muito obrigada pelos comentários na ultima One! Eu irei respondê-los ainda hoje!
Ciça muito obrigada pelo apoio ♥
Lí,porquê bem ... ♥
Maah,mar,missLammar,todo mundo
( eu amo british boys,bju).



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- Bem,pelo menos ele é bonito – disse Thalia ao telefone.

-Você deveria ir ajuda-lo!

-Eu nem sabia da existência dele até algumas horas!

-Thalia...

-Annie...- ele suspirou do outro lado do telefone – Bem,venha logo. Eu vou sair e não posso deixar o Bob sozinho.

E desligou. Bem...essa é a minha melhor amiga. E ela é uma cretina.

Eu conheço Thalia há...séculos,eu acho. Nós costumávamos morara no mesmo quarteirão quando crianças e eu me lembro dela jogando basquete com vários meninos enquanto sua mãe a gritava feito louca.

Bem,essa é a Thalia.

Agora,ela mora em um dos prédios mais bonitos da 5th Avenue. Não,eu não vivo com ela. Ainda.

Vejam,eu não me vejo morando com Thalia. Ela é muito....hn,bagunceira.

Mas isso não é tema para inicio de narrativa.

Hoje,terça-feira, ela me veio com a mais bombástica notícia do universo.

A sentença acima é totalmente e completamente sarcástica.

Thalia tem um novo vizinho.Eba,legal.

Esse vizinho,é seu primo.

Uau,que novidade.

Bem,pior que é mesmo. Thalia não sabia da existência desse primo dela. Na verdade,eu desconfio que Thalia nem sequer desconfiava da parte britânica em sua família. Ela – assim como eu – é de San Francisco. Nascida e criada. Seus pais,também.

Então de repente um tio com nome grego existe e junto com ele , um primo. Um primo que vai morar na porta da frente do apartamento dela.

Ah Thalia. Se todos os problemas do mundo fossem primos e tios ingleses aparecendo do nada..

Continuei meu caminho – a pé –até o seu apartamento para ficar com o seu bichinho de estimação enquanto ela sai e tem um vida.

Um peixe. Bob, O peixe.

Isso é ridículo,eu sei.

Pelo menos,ele está vivo ainda. No mês passado,foram-se dois. Ela não é muito boa com os bichos.Então,ela os confia à mim,enquanto ela sai e se diverte com o seu namorado – lindo e sexy – Nico. Eu espero que eles se casem....eu não sei se Thalia ou Nico conseguem encontrar alguém que os ame,como os dois se amam.

Entrei no saguão grande do prédio de Thalia,sendo recebido pelo jovem recepcionista. Sempre me perguntei se esse menino tem idade para trabalhar aqui....ele tem a pele escura,e os olhos ainda mais. Os cabelos pretos e jogados para o lado e um sorriso bonito.

Ele me chama de Annie.Não que eu tenha lhe dado permissão para isso...

-Annie!

Eu disse.

- Olá David – sorri forçadamente – A Thalia já foi?

-Não que eu tenha visto – ele riu – Vejo você mais tarde?

Não!

-Claro –sorri e continuei meu caminho até os elevadores.

O apartamento de Thalia fica localizado em um dos andares mais altos. Para alguém com problemas com altura,ela é bem...enigmática.

Entrando no elevador e apertando seu respectivo andar,comecei a pensar no que realmente eu estava fazendo ali. Poderia estar no meu apartamento,fazendo meus doces e comendo minha pipoca. Aproveitando uma boa leitura e meu dia de folga. Melhor ainda,terminando todas as temporadas de Doctor Who.Todas as 34. Todas elas.

Mas não.

Podia ter ficado em casa,estudando. Ou cuidando dos meus cactos na janela. Terminando de limpar minha estando de livros estrangeiros e colocando as minhas roupas novas em ordem.

Mas não.

Podia mesmo ter ficado em casa,mas a Thalia é uma rainha do drama. E eu não sou muito paciente. Da ultima vez,foram duas – enormes – duas – gigantescas e inacabáveis – horas em nos falar.

Isso mesmo. Duas horas.

Tão dramática.

Quando o elevador parou,eu andei devagar até a sua porta – Apartamento 78 – e não vi nenhum sinal de mudanças na porta da frente.Talvez ela tenha usado isso como um belo pretexto para que eu realmente comparecesse na casa dela.Francamente se fosse isso...o enunciado dessa narrativa é totalmente desnecessário.

Abri a porta do seu apartamento e entrei,encontrando uma Thalia sentada de forma desleixada no sofá preto. Era um apartamento grande – oh,não diga. Logo na entrada,você se deparava com uma sala enorme,onde a parede a frente,possui uma enorme varanda.

Não sei pra quê...Thalia não é de sair,ou de deixar cactos na janela/varanda.

Ao lado esquerdo,uma bancada de granito separa a cozinha da espaçosa sala. A cozinha – ao contrário do resto –é de tamanho proporcional à vontade de Thalia cozinhar e limpar. Eu diria que é o único lugar desse apartamento que ela limpa diariamente.

Isso porquê é pequeno e é aonde a comida fica.

Ah Thals!

-Querida – brinquei –Cheguei!

-Ah! Amém – ela se levantou,ajeitando o jeans preto – Nico vai ficar muito irritado. Eu tô uns....vinte minutos presa no transito pra ele. –ela piscou.

O cabelo dela estava solto mas não escondiam o brilho travesso naqueles olhos azuis.

-Thals!
-Eu sei,eu sei – ela suspirou –Mas eu faço isso com você também. Tem ideia de onde eu estava a vinte minutos atrás? Sentada assistindo Family Guy! – ela revirou os olhos.

-Você não deveria mentir para as pessoas quando está atrasada – eu reclamei,jogando-me no sofá – Isso é mal-educado.

- Bem,eu não sou britânica e não sou educada para sempre estar no horário e essas coisas – ela riu – Por falar nisso,imagine a surpresa do meu pai quando ele disse que o tio Poseidon estava mandando o primo Perseu pra cá...e eu perguntei quem eram essas pessoas com nomes estranhos.

-Thals!

-Thals! Thals! Você parece a vóvó falando assim,docinho –ela riu. – Muito obrigada por vir.

-Vou começar a cobrar por isso – reclamei,trocando o canal e tirando meus tênis – Vou mesmo.

-Te amo –ela beijou-me na testa e piscou – Até mais,docinho. – e saiu.

Eu costumava descrever Thalia como um furacão....talvez eu deva voltar à isso.

Sentada em seu sofá gótico suave – ironia – fiquei trocando os canais até achar algo que prestasse. Sendo terça-feira,a única coisa boa que eu achei para assistir as seis e meia da tarde,foram desenhos animados. Isso porquê ás sete,começaria Doctor Who,então,deixei por lá.

Nico e Thalia namoravam há um tempão. Na verdade,a história é bem engraçada...

Havia essa colega minha de faculdade,que tinha esse irmão novo na cidade e ele precisava se enturmar. Então...eu deixei que ela marcasse esse encontra as escuras com ele. A verdade é que eu inventei que a minha rinite tinha atacada e estava péssima e sem clima para encontros,e como Thalia me deve a vida dela – quase literalmente,vocês sabem – eu pedi para que ela fosse no meu lugar.

E ainda bem que ela foi. Eu definitivamente não sou o tipo de Nico. Definitivamente.

A Thalia não é do tipo que lê ou escreve,mas ela tem bons livros na estante.Meus livros.

Eu tenho roupas aqui,eu tenho comida,dinheiro,livros,cds e box de séries aqui.

O que eu estou esperando para mudar logo pra cá?

Eu me pergunto isso quase que diariamente.

Suspirei levantando-me e indo até a cozinha limpinha de Thalia. Abrindo a geladeira,peguei uma jarra com limonada....então pensei duas vezes,e resolvi beber algo industrializado.

Vai saber desde quando aquele negócio está ali.

A Thalia tem uma família muito legal.Na verdade,eu me lembro de passar boa parte da minha infância com os pais dela,e ela com os meus. Eles são amigos até hoje e sempre nos fazem inveja com as fotos juntos em feriados e datas comemorativas.

E mesmo assim...eu nunca havia ouvido falar dessa parte da família de Thalia.

A parte que se mudou para a porta da frente.

Não que...bem,não que eu esteja batutando e pensando sobre o primo dela.Mas eu estou curiosa.

Como uma parte da família se esconde assim?

Talvez sejam apenas de consideração.

Ou ele nem exista e Thalia realmente usou isso como pretexto para que eu viesse pra cá.

É a cara dela fazer isso...

Ouvi duas batidas na porta e revirei os olhos.Provavelmente David querendo me convidar para tomar um dos sucos do saguão.

Ele sempre faz isso.

Não é chato quando um cara fica no seu pé e fica insistindo por algo que você tem certeza que não vai acontecer? Que coisa.Caras assim deveriam desistir. Deveriam mesmo.

A verdade é que eu acho que não vou achar o cara certo pra mim nem tão cedo....

Abri a porta e me deparei com a mais perfeita junção de rosto e sorriso do mundo.

... ok,talvez eu tenha acabado de achar.

Cabelos pretos como petróleo,olhos verdes como esmeraldas,nariz perfeito e uma boca vermelha que implorava por atenção. As maçãs do rosto perfeitamente desenhadas,sobrancelhas grossas,maxilar másculo e a curvinha do lado direito da boca mostra-se muito, muito excitante. Os ombros largos,mas não do tipo “passo 24 horas na academia,sou monstro”. Não...não....era muito natural na verdade. Os braços cobertos por um moletom azul escuro,as pernas perfeitamente cobertas – graças aos Deuses hein,imagina se o rapaz aparece aqui de cueca – por um jeans escuro.

Meu primeiro pensamento foi: Jesus existe. Ele realmente existe e tá aqui,na porta da minha melhor amiga.

E então ele abriu aqueles lábios perfeitamente delineados e disse :

-Olá.

São três letras : O-l-á. Uma acento agudo e um sotaque perfeito.

A dirty Annabeth dentro de mim pensou em inúmeras coisas para responder ao rapaz :

“Então...é assim que você e o seu povo se cumprimenta da onde você veio? Bem,aqui na américa nós nos beijos. Na boca.”

Mas....não.

“Então....todo o seu povo é assim? Você veio de onde,da Perfeilândia?”

Mas....nha.

“Então....eu e você.Na terceira porta. Vamos?”

Ahn,a dirty Annabeth não possui escrúpulos. Ela é absurda.

E ali,na porta do apartamento da minha melhor amiga,eu não tinha o que responder. Essas opções acima não são nem ao menos opções,por favor. Eu sei que era só....”Oi”,mas meu cérebro incrivelmente grande e genioso parou no instante em que eu ouvi a voz daquele rapaz ali.

E eu tinha certeza de duas coisas : Ele era incrivelmente belo. E com certeza era o primo da Thalia.

Entre todas as coisas perfeitamente cabíveis para responder ao rapaz,eu escolhi a primeira coisa que veio na minha cabeça :

-Você não é ruivo.

Isso mesmo. Essas com certeza serão as quatro palavras mais constrangedoras de toda a minha existência.

O rapaz arqueou a sobrancelha esquerda,virou o rosto de lado e sorriu discretamente.

-Nem você. – murmurou.

Gente,eu vou desmaiar.

-Desculpa hn.. –suspirei,sentindo meu rosto esquentar. – Eu...hn,acho que não pensei direito.

-Não tem problema. Apesar de que...essa foi a coisa mais engraçada que eu ouvi desde que cheguei –ele riu baixinho e balançou a cabeça.-Obrigado por isso.

-Que bom que eu divirto você,estranho – suspirei e encostei-me no batente da porta – Mas foi você quem bateu na minha porta,então...

-Não sabia que éramos recebidos com essa fala aqui. –ele riu mais alto. Ele tinha uma risada bonita,mas eu estava me esforçando para parecer ofendida em frente aquele....aquele belíssimo ser humano.

- Só dizemos isso para estranhos que batem na porta dos outros.

-É a porta da minha prima. – ele coçou a nuca,sem graça – E...nem todo mundo de lá é ruivo,você sabe.

-Pelo o que a Thalia disse,eu achei que você seria – murmurei,tentando desviar do assunto. Não que Thalia tivesse dito que ele era ou algo assim. Thalia disse que ele era bonito – e ele é,deuses como é – mas todo mundo lá daquele lado é meio....vermelho certo?

Ed Sheeran,Kevin McKidd,Jamie Bamber,Rupert Grint e claro......Michael Fassbender.

-E o que Thalia disse? – ele sussurrou,olhando-me nos olhos. Talvez...é,ok talvez não fosse a intenção dele,mas ele parecia bem intimidador daquela forma.

-Eu acho melhor eu guardar isso só pra mim – sorri.

Ele revirou os olhos – nada educado,cadê sua educação britânica? – e suspirou.

-Você deve ser a Lily – ele chutou.

-Não.

-Rafaela?

-Hn,não.

-Marcelle? – ele apontou o dedo.

-Nah. – cara,nem eu sabia que Thalia tinha tantas amigas.

-Então... –ele fez beicinho e deu de ombros – Você deve ser alguém que a Thalia nomeou como “Sabidinha” quando ela estava falando da vida dela – coçou a nuca de novo,sorrindo – Eu acho que não sei seu nome...

-Bem Perseu... – brinquei – Meus amigos normais,e isso não inclui a Thalia obviamente-

-Obviamente –ele concordou.

-...me chamam de Annie.Meu nome é Annabeth –suspirei. Pare de suspirar feito uma...uma colegial apaixonadinha.

Ele inclinou a cabeça para o lado sorrindo,e alcançou-a logo depois.

-O que? –perguntei.

-Hn...

-Fala logo.

-É um nome bonito,mas não o que eu tinha em mente – ele riu. – Na verdade... é bem mais bonito do que eu tinha em mente.

Abaixei a cabeça e sorri. Por que diabos eu não consigo parar de sorrir?

-O que você tinha em mente? – perguntei,levantando a cabeça e sentindo meu rosto esquentar.

Pra mim,essa é só uma sentença normal,mas a dirty Annabeth queria saber o que ele tinha em mente...bem no funda daquela mente.

Se é que vocês me entendem.

Perseu ficou quieto,o sorriso de lado sumindo aos poucos. Os olhos fisgaram os meus e ele murmurou em voz baixa :

-Eu acho melhor eu guardar isso só pra mim.

Touché.

-Touché – sussurrei,olhando fixamente naqueles belíssimos olhos verdes.

Tão verdes. Sabe...sabe o filme Piratas do Caribe? Melhor,sabe o mar caribenho? Isso mesmo.

Ele sorriu e cruzou os braços olhando-me.

-Então... ?–perguntei.

- O que? –ele sorriu.

-Você bateu na minha porta,Perseu – eu ri.

-Percy – ele corrigiu – Hn...eu ia pedir uma xícara de açúcar,na verdade.

É história da minha vida.

Depois desse diálogo,eu preciso mudar pra esse apartamento.

Vendo minha confusão,ele sorriu e ficou sem graça,coçando a nuca o tempo todo.

Quer dizer...ou ele estava sem graça ou com piolhos.

-É que...- seu rosto foi assumindo uma cor mais vermelha. Corado. Percy Jackson estava corando pra mim. – Você sabe,eu mudei hoje....e eu não tive como sair e comprar essas coisas.

-Essas coisas? – provoquei.

-É...sabe... açúcar e xícara –ele pigarreou e ficou sério – Anda logo menina,eu tô doido pra tomar chá.

Incrédula,eu balancei a cabeça e gesticulei para que ele entrasse. Eu estava ali,no apartamento da minha melhor amiga com o homem mais bonito que eu já tinha visto.

Vejam não é que eu esteja desesperada para conhecer esse rapaz...mas todos os caras com quem eu tentei alguma coisa,foram bem babacas. Luke, Paul,Jeff..... e bem,esses são todos os caras com quem tentei alguma coisa.

É...é uma lista bem ampla,como vocês podem perceber.

-Olha,o apartamenta da Thalia é limpo – ele murmurou – Eu esperava pizza grudada em todos os lugares.

-Bem...fica assim as vezes – sorri,pegando uma xícara no ármario de Thalia,e enrolando ao máximo para ter mais um tempinho com o seu primo. – Você gostou do prédio?

-Hn...na verdade,eu nem reparei nele – ele murmurou,sentando-se no banco em frente ao balcão de mármore – Mas a minha vizinha é minha parente,então eu sei que posso vir aqui e tentar me enturmar com os amigos dela – ele riu tímido.

-Você está bem até agora – sorri,e peguei o açudar. Não para agilizar as coisas,mas porquê só percebi o que eu tinha dito depois de ter dito. Queria esconder o meu rosto vermelho dos seus olhos astutos.

-Você mora aqui? –ele perguntou.

-Não...na verdade,meu prédio é daqui duas quadras – respondi,colocando o açúcar na xícara. Isso é tão...clichê. Por que ele não veio me pedir...não sei...uma cebola? – Mas eu estou sempre por aqui.

-Isso é ótimo! – ele respondeu entusiasmado e pigarreou – Hn...legal saber que alguém tem cuidado da Thalia. É.

-É. – sorri para ele.

As minhas bochechas vão doer muito no final da noite.

-O que você vai fazer hoje à noite? - Ele perguntou,olhando fixamanete a xicara que iria para o seu apartamento.

-Eu pretendo ficar cuidando dos peixes da sua prima – revirei os olhos.

-Ela continua folgada –ele revirou os olhos também.Mas tudo que ele fazia parecia absurdamente elegante.

-Você se lembrava dela? –perguntei curiosa.

-Mais ou menos – ele riu – Meu pai costumava nos levar até a casa do tio Zeus quando éramos mais novos.

-Éramos?

-Eu tenho um irmão – ele sorriu – Meio-irmão.

- Ah – balancei a cabeça e sorri – Interessante.

- E você? – ele perguntou e sorriu timidamente – Eu não...não me lembro de você.

-Eu...bem,conheço a Thalia desde sempre – franzi as sobrancelhas – Mas eu nem sabia que ela tinha primos. –ele riu e suspirou.

-Irmãos? – perguntou com aquela delícia de sotaque.

-Não tenho – respondi encantada com aquela delícia de sotaque.

- Primos? – novamente.

-Não. – sorri.

-Você me parece solitária – ele riu – Ninguém de família?

-Eu tenho a Thalia. E bem....é isso –eu sorri.

-Você é encantadora,Annabeth – ele murmurou olhando-me sério.

Esse olhar...esse,meninas,deve ser a nova definição da palavra : Intimidante.

Olhei para os seus cabelos,sentindo muito calor de repente. O que é muito inadequado já que estamos em dezembro e não deveria estar calor em lugar nenhum.Percy passou os braços para cima do balcão e deitou a cabeça em cima deles,ainda me olhando,sem dizer uma palavra.Inclinou a cabeça e continuou me encarando,como se...como se estivessemos em uma batalha de que quem piscasse primeiro perderia.

- E você é bem intimidante – sussurrei,pigarreando logo em seguida.

-Eu sou? –ele murmurou,ainda deitada daquele jeito fofo.

- E inglês. – sussurrei. Cara,cadê a minha voz?

Ele riu,deixando-se destrair com o meu comentário até sermos interrompidos pela televisão.

A abertura da minha série favorita. Isso significa : hora do inglês se retirar.

-Aqui está o seu açúcar – entreguei-lhe a xícara e sorri – Agora tchau.

-Mas o que-

-Desculpe – interrompi-o – Mas bem...é a minha série favorita.

-Thalia disse que vocês não tinham BBCOne aqui! – ele se levantou,impressionado - Eu-

-Blá blá blá – revirei os olhos – Você sabe onde fica a porta,até mais.

Fui até a sala,sentando-me no sofá e aumentando a televisão,porém Percy continuou em pé com o rosto corado e o olhar intimidante.

-Eu posso assistir com você? –murmurou.

-Você gosta de Doctor Who?! – quase gritei.

O que? Por favor,pessoal é uma série de quase 55 anos de idade. Ninguém – seja aonde for – jamais assistiu esse negócio.

-Eu sou inglês,o que você acha? –ele revirou os olhos,sentando-se ao meu lado.

-Eu não disse que você podia ficar – reclamei.

-E eu quem deveria estar impressionado! – ele exclamou e olhou-me de lado – Nem sabia que os americanos podiam ter bom gosto assim.

-Fica quieto – reclamei. O episódio já havia começado.

-Mal-educada –ele brincou,aconchegando-se do seu lado do sofá.

-Shiu.

-Olha Annabeth –ele murmurou,puxando meu pé para o seu colo – De todas as coisas que eu fiz hoje,após muitas horas de viagem.... essa é a melhor. – ele me encarou por um tempo e sorriu – Obrigado.

-As vezes eu faço essas gentilezas...mesmo você não sendo ruivo – sorri e pisquei,fazendo-o rir também.

E eu acho que encontrei a razão que estava faltando para que eu me mudasse para o apartamento de Thalia.

-x-

- Coloque-me no chão! – gritei no elevador.

Percy me carregava no ombro,por eu ter...bem,ter derrubado meu chá gelado na sua camiseta,depois dele ter dito que eu era irritante. Mas vejam bem....ele começou!

-Ninguém pode te escutar aqui –ele cantarolou. – Você não deveria ter provocado minha fúria.

-Você não tem fúria nenhuma! – bati em suas costas enquanto o elevador subia – Você é uma moça! Uma lady inglesa.

-Bem...não foi isso o que a sua amiga Rachel disse ontem – ele bateu no meu traseiro – Agora fica quieta.

-Não acredito que você... e a Rachel... eca –bati em suas costas de novo – Eca. Eca mesmo. Eca tripla. Sabe o que você deve ter agora? Doenças. E você está com essas mãos imundas em cima de mim. Eca.

- Essas mãos fizeram milagres à sua amiga Rachel ontem – ele riu,fazendo-me balançar em seu ombro.

-Ela não é minha amiga! – murmurei irritada novamente. – É uma...uma garota que tem DSTs e certamente vai ficar em DP em várias matérias da faculdade.

-Você não deveria ficar falando das doenças dos outro em público,Sabidinha – ele riu – Não é educado.

Percy nunca me chamava de Annie. De vez em quando,”Sabidinha” era uma das variações dele me chamar.

-Só estamos os dois aqui! – reclamei. – Me coloca no chão!

-Não – ele murmurou docemente.

Isso o que vocês estão lendo é sim o mesmo rapaz doce que foi até o apartamento de Thalia no mês passado. Percy tinha um mês na cidade de New York e já estava se adaptando bem.

Eu sei...eu também pensei que depois de ... bem,assistirmos a alguns episódios da nossa série favorita iria rolar uns amassos no sofá da minha amiga,mas não.Ou Percy era muito educado para isso,ou ele simplesmente não me via como alguém que o chamasse atenção dessa forma.

E eu confirmei a segunda teoria durante esse mês. E...desisti de tentar alguma coisa.

Então é...eu estou na friendzone. Bem...quem nunca esteve na friendzone que atire a primeira pedra!

Estou sentindo que serei apedrejada.

-Percy – pedi novamente – Por favor.Chão.

-Não- ele murmurou.

Depois de algum tempo perto desse...desse rapaz idiota,eu me dei conta de algumas coisas sobre os ingleses : eles são teimosos. Ácidos às vezes. E no caso de Percy....muito, muito infantil quando quer.

-Vou contar pra Thalia e ela vai fazer o memso com você! E acredite,vai ser bem mais envergonhoso! – reclamei,batendo na suas suas costas de novo.

Ele me bateu no traseiro de novo.

-Fica quieta – reclamou.

Quando o elevador parou no nosso andar – sim,nosso andar. Eu finalmente juntei meus panos e a minha estante e mudei pra cá. Sem falar que dividir um apartamente com Thalia não era tão difícil. Na verdade....só era difícil quando Nico vinha até aqui e ficava....parte da noite. Ou a noite inteira. - Percy caminhou comigo no ombro e andou até o final do corredor para as nossas portas.

-Chão! – gritei,socando suas costas.

-Isso,continua. Eu adoro massagem – ele brincou. E eu tinha certeza que ele estava com aquela maldita sobrancelha esquerda erguida.

Do meu apartamento,dava pra ouvir uma música de rock altíssima. Isso só queria dizer duas coisas :

Thalia estava acompanhada de Nico.

E definitivamente não queria ser interrompida.

Percy parou em frente as nossas portas e virou a cabeça para o lado.

- Achei que não deveríamos ouvir música tão alta aqui.

-É a Thalia. Ela não tá nem aí pra isso. – reclamei – Me põe no chão.

-Você vai entrar ai?! –ele exclamou assustado – Você é doida?

-Percy? Chão.

-Não...eu não vou deixar você entrar aí. Não depois de você me dizer que o Nico era pra ter um encontro com você – ele balançou a cabeça e abriu a porta do apartamento dele,nos levando para dentro dele.

-Eu não vou ficar aqui! Não depois de você e da Rachel....eca! – bati nele de novo.

O apartamento de Percy já estava arrumado – apesar de ainda vermos uma mala dele cheia de roupas ainda. Era no memsmo estilo do apartamento de Thalia,a única diferença,era a parede do lado esquerdo da sala,que era de vidro do teto ao chão. Tinham umas cortinas ali para que ele fechasse de manhã. Percy gostava de dormir no sofá quando fazíamos nossas maratonas.

É engraçado ter tanto em comum com alguém tão diferente.

A cozinha estava arrumada e limpa. A única bagunça no apartamento de Percy eram os dvds de séries na mesa de centro e a estante bagunçada ao lado da porta de entrada.

- Vamos para o meu lugar favorito do meu palácio – ele riu,levando-me – certamente – para o seu quarto.

Percy era educado. Muito educado.

Mas o que ele tinha de educado,ele tinha de abusado,sexy,intimidador,engraçado e abusado novamente.

Quando ele me acompanhou pela primeira vez até a faculdade,o número de meninas que me pediram o número dele era incontável.

E eu...obviamente não cedi essa informação.

O que? Vocês sabem...não é legal sair dando os números alheios por aí.

Não me olhem assim. Shiu.

O quarto de Percy era azul marinho. Uma cama perfeitamente centralizada e mesas de cabeceira que tinham fotos dele e dos amigos de Londres. O closet do lado esquerdo e uma banheiro grande do outro lado. Tinha um quadro grande dos Beatles na parede em cima da cama.

Típico.

Ele me jogou na cama bagunçada e se jogou em cima de mim.

Que droga. Se ele soubesse como mexia comigo de outra forma,não faria isso.

- Eu odeio quando você me trata feito criança no meio das ruas – reclamei,empurrando-o para fora de cima de mim,mas outra coisa que eu percebi em Percy neste ultimo mês : é que ele é forte. Não forte...grande e assustador.Só forte e encantador.

-Você me chamou de irritante – reclamou,olhando-me nos olhos. Daquele jeito que ele olhou quando eu estava colocando açúcar na xícara para ele. Xícara essa que ele ainda não nos devolveu.

-Você estava me irritando – reclamei.

-Você queria ser irritada – ele disse.

- Ninguém queria nada,Percy – eu ri baixinho – Eu só disse que tinha achado estranho você ter saído comigo cedo pra toma café. Em pleno sábado. Quando... –pigarreei – Quando você saiu na sexta e voltou,eu vi que você estava com alguém.

-E? –ele franziu a testa.

-Achei que você estivesse com ela ainda – sussurrei,baixando o olhar para a sua mão.

Percy era tão lerdo. Eu juro à todos vocês que depois das primeiras semanas que eu – obviamente- dei inúmeras dicas de que queria estar com ele e ele não notou,eu fiz pesquisas.

“O povo mais lerdo do mundo é dá Inglaterra?” – eu googlei isso.

- Bem...eu estava – ele brincou com o cacho do meu cabelo e suspirou – Na verdade,eu achei que ela iria arrumar a cama.

Espera...

-Espera...

Eca!

-Ela ainda estava aqui quando você saiu comigo? – perguntei,olhando fixamente em seus olhos verdes.

-Bem,eu suponho-

Levantei da cama passando as mãos em meu corpo enojada.

-Eca!Eca,eu não acredito que você jogou na mesma cama que a Rachel,eca! – tremi dos pés a cabeça – Espera! Eu não pego sífilis pelo contato da cama,certo? Por que se eu pegar,eu juro pra você que faço questão de fazer sexo com você só pra você ter isso duas vezes,seu idiota!

Ele riu alto e puxou meu braço,fazendo-me cair novamente na cama enquanto ria da minha cara.

Que bom que eu ainda divirto esse não-tão-mais-estranho.

-Você deveria ter visto a sua cara – ele riu novamente,beijando-me na bochecha – Você fica adorável enciumada,Annabeth Chase.

-x-

Enrolando o meu cobertor ainda mais forte ao meu redor,eu espirrei novamente. Eu gostava do frio.Gostava da neve. Não gostava de ficar gripada.E não gostava de brigar com Percy.

Thalia havia saído com Nico – novidade! – e como eu estava devido à chuva que havia pegado ontem,eu fiquei em casa,com Kyle,seu novo peixe.

Percy...eu não sei onde ele estava. Ele deve ser o cara mais teimoso que eu conheço! Eu só me lembro que estávamos em um pub,perto de nossas casas com alguns amigos e colegas. Nico e Thalia estavam lá,estávamos nos divertindo e de repente a bomba Percy explodiu.

A dirty Annabeth adorava quando ele ficava irritado e bravo.Mas não quando era comigo.

Estava conversando com um dos meus colegas de faculdade quando Percy enlouqueceu. Ele ficou bravo e disse que eu o carregava para os lugares e largava ele de lado.

Detalhe : eu estive com ele por todo o tempo. Eu havia ido ao banheiro e encontrado meu colega na saída.

Eu não entendo ele. Se Percy não me vê com outros olhos,porquê esse jeito grosso comigo e rude?

Ele conseguia ser frio quando queria. Muito frio.

Eu me lembro de entrelaçar os meus dedos no seus e olhar nos olhos verdes que eu tanto gostava e perguntar o que havia de errado.E ele...ele me respondeu com um cortante : “Você não entende.” E saiu. Foi embora.

E o que melhorou? Bem,o pub era perto de casa,mas havíamos ido de carro. E apesar de ter bebido,Percy foi pra casa. Graças aos deuses que eu encontrei seu carro intacto na garagem de do prédio.

A melhor parte? Bem,eu havia ido com ele. E ele foi embora sem mim. O que resultou numa caminhada até em casa,embaixo de chuva.

Pelo menos eu estava de tênis certo? Certo. Mas eu pisei numa poça de água,fazendo com que a água entrasse nos meus tênis. Só faltava um carro passar numa outra poça e me molhar,certo? Aconteceu.

Então...acho que isso explica a minha gripe. E Thalia,como um boa amiga,deixou uma sopa ponta e foi sair com Nico.

Se ela fosse boa amiga teria ficado e cuidado de mim. Mas não vou exigir isso dela.

Ajeitei a touca vermelha na cabeça,e meu moletom preto no corpo,sem um pingo de fome. Na televisão passava um talk show bem engraçado,mas eu não estava com humor ou forças para rir.

Alguém bateu duas vezes na porta,mas eu não queria atender ninguém.Eu só queria poder reclamar das coisas da vida com a dirty Annabeth em paz.

Mas a pessoa era insistente : deu mais duas batidas e entrou. Deparei-me com u m Percy agasalhado e o rosto preocupado.

Deixei que meu pensamento me enganasse dizendo que ele estava ali porquê ouviu meus espirros e estava preocupado. Mas eu duvido.

-A Thalia me ligou –ele disse baixinho e pigarreou – Ela disse que você não tá bem.

-Eu tô ótima – disse,obviamente mal – Pode sair.

Ele franziu a testa e balançou a cabeça,abaixando-se e tirando os tênis,ficando apenas com as meias.Tirou um dos casacos e o sacudiu,fazendo alguns floquinhos de neve cai no chão,perto da cozinha.. Ajeitou a touca preto na cabeça e suspirou.

-Você comeu? –perguntou,exigente.

-Não é da sua conta – murmurei,segurando um espirro.

Percy suspirou de novo. Eu não tornaria nada fácil para ele. Ele queria ser frio? Nós dois podemos fazer isso.

-Eu vejo que estamos de mau humor hoje hun? – disse,ligando as luzes da cozinha,e sem olhar pra mim,ligou o fogão.

-Acontece.

Continuei fingindo assistir meu talk show. Eu podia expulsá-lo. Eu podia ligar para o saguão. Eu podia xingar a Thalia por horas no telefone. Eu podia ligar para o pai dele e dizer o quão babaca e não-britânico ele havia sido comigo. Ele me disse uma vez que seu pai era bem exigente em relação à educação dos filhos com as mulheres.

Eu gostaria de conhece-lo. Ah como! Ele ia adorar saber que seu filho –lindo e gracioso – tinha saído com a menina mais – não-linda e não-graciosa – da faculdade.

-Eu fiquei preocupado-

-Quando? Quando a Thalia te ligou ou quando você me largou lá no pub,sozinha? –perguntei sarcástica.

-Uau,você tá brava mesmo –ele cruzou os braços e inclinou a cabeça – Que eu me lembre eu quem deveria-

-Não ouse terminar essa frase, ou arranco as suas bochechas fora –murmurei.

-Mas você me largou lá pra ficar conversando com aquele-

-Eu fui fazer xixi! –gritei,tirando o meu cobertor de perto - Ok? Moças fazem xixi. Não sei se de onde você veio elas fazem xixi,mas aqui,na minha cidade,as meninas mijam tanto quanto os meninos. Eu fui mijar,ok? – reclamei.

-Isso não são palavras educadas – ele cerrou os olhos.

-É mesmo? Bem,fod-

-Ei! – Percy era totalmente contra palavrões. Britânico idiota. Idiota. – Sem palavras feias.

Revirei os olhos e lhe mostrei o dedo do meio. Não era suficiente para expressar minha raiva,então lhe mostrei os dois dedos do meio.

Ele franziu a testa com raiva e balançou a cabeça em reprovação.

Ótimo.

Espirrei e sequei as lágrimas que vieram até os olhos por conta disso.

Ele continuou mexendo nos pratos e nas coisas da cozinha e eu continuei fingindo que estava completamente sozinha.

As vezes,eu tenho vontade de colocar Percy dentro de um avião e manda-lo de volta pra casa dos pais.

Ele veio até mim com uma bandeija preta,com uma tigela de sopa e um copo de água.Colocou na mesa de centro e suspirou,sentando-se ao meu lado e abaixando o volume da televisão.

-Annabeth –ele sussurrou,pegando a minha mão e fazendo-me olhar para ele. Deuses,seus olhos verdes ficavam tão bonitos embaixo daquela touca preta. – Você tá horrível.

-Eu tenho espelho em casa,mas obrigada pela parte que me consola – soltei sua mão e cruzei os braços.

Lindiota. Isso mesmo,lindo mas muito muito idiota.

-Não,você não me deixa terminar – ele revirou os olhos,agachando-se na minha frente. – Você fala de mim,mas é muito teimosa.

-Eu nunca larguei você sozinho num pub pra voltar pra casa sozinho na chuva – soltei.

Ele me olhou magoado mas assentiu.

-Eu acho que isso é a única coisa que nos faz diferente-

-Não Percy –reclamei balançando a cabeça em reprovação –Somos diferentes em muitas coisas.Você é todo extrovertido,e fácil de fazer amizades. Tem as garotas que quiser,a hora que quiser. –reclamei novamente,me sentindo deprimida – Tem um sotaque lindo e um cabelo espetacular.

- Querida- maldita cordialidade inglesa.

-Não,não me chama de querida –pedi – Não ainda. Eu tô com muita raiva de você.

Ele segurou o riso e ficou vermelho. Pelo amor,pare de corar pra mim!

- Eu sinto muito por ter sido um babaca. E sinto muito por ter te deixado lá –ele pegou minha mão esquerda e franziu a testa como se aquilo fosse difícil pra ele. – Eu vi aquele cara perto de você,e a Rachel me disse umas coisas dele uma vez-

- Você estava indo bem,até mencionar a Rachel – funguei,nada educada.

-Você quer um lenço? –ele perguntou inocentemente.

Olhei nos olhos daquele idiota e suspirei.

Todo mundo sabe que eu nunca conseguiria ficar com raiva dele.

-Eu quero bater em você – sussurrei.

- Você é um amor,querida – ele sorriu,inclinando a cabeça pro lado – Mas ainda tá horrível.

Revirei os olhos e ele sentou-se ao meu lado. Ele cuidou de mim,deu-me de comer e perguntou se eu queria ajuda pra tomar banho.

A dirty Annabeth disse que sim. A Annabeth consciente disse que não e revirou os olhos.

Quando eu voltei,ele estava deitado no sofá,e pediu para que eu me deitasse ao seu lado. Deitei-me e ele estava tão quentinho e perto que eu estive com medo que ele ouvisse como meu coração ficava fora de ritmo quando ele estava tão perto.

-Você tá gelada –sussurrou perto do meu rosto. Eu podia ver seus olhos – agora escuros – e as pupilas dilatas. A boca vermelha tão perto.Levantei minha mão e a enrolei nos seus cabelos da nuca,embaixo da touca. Ele sorriu e deitou a cabeça no meu pescoço – Eu sinto muito por ter deixado você,ok? Não foi educado. Não foi nada cordial,e eu não deveria ter feito aquilo. Papai estaria decepcionado comigo agora.

-Tudo bem,você está sabendo como se redimir – sussurrei,querendo sorrir pela primeira vez desde que ele me deixou lá no pub.

-Eu fiquei tão bravo –ele escondeu a cabeça nos meus cabelos e sussurrou – Eu queria bater nele. A Rachel disse que ele foi... um namoradinho seu.

-Foi –sussurrei,quase dormindo.

-Eu queria mesmo bater nele – ele levantou a cabeça,e colocou uma mão no meu rosto,sorrindo apenas com um lado da boca –Annabeth,você estava tão próximo dele.

-É assim que nós cumprimentamos aos amigos aqui,Percy – sorri – Beijo no rosto.

-Nunca fizemos isso lá na minha cidade – ele franziu as sobrancelhas,como se lembrasse de algo – Você não me cumprimentou assim quando nos conhecemos.

Isso porque eu queria te beijar em outro lugar,queridinho.

-Hn... –pigarreei e dei de ombros,sem olhá-lo. Eu estava com muito sono. Ele estava tão perto,tão quentinho e carinhoso. Tão apaixonante...e eu estava com sono.

Em que mundo isso existe,Chase? Acorde já!

- Não beija mais ele – ele pediu baixinho – Você merece coisa melhor.

-Eu não sei sobre isso – murmurei sonolenta – Você pode ficar quietinho e me deixar dormir,Percy. Shiu.

Ele riu e acariciou o meu nariz com o dele.

Argh se ele me beijar agora eu vou simplesmente perder isso. Eu estou com muito muito sono.

Ele não ousaria me beijar não é? Eu não posso perder o nosso beijo por conta do sono!

- Nós estamos tão próximos – eu podia sentir seu hálito na minha boca. Podia sentir seu nariz contra o meu e sua voz,seu sotaque entrava nos meus ouvidos como uma bela e maldita canção de ninar – E mesmo assim...não parece suficiente pra mim.

Beijou a minha bochecha e eu podia ver o sorriso mais bonito dele. Era o sorriso que ele dava quando eu ria de alguma das suas piadas mais bobas. Era o combo sorriso tímido + olhadinha pra baixo.

-É suficiente pra você Annabeth? – ele sussurrou.

Ou não,porque depois disso,eu caí no sono.

...

...

-Annie,acorda. Vai pra cama,vai acordar toda torta se ficar dormindo aí – Thalia me cutucou.

Eu acordei assustada e olhei pra cara daquele menina. Ela estava corada e os olhos azuis estavam sonolentos.

-Danada. –sussurrei.

- Vou te quebrar.

-Cadê o Percy? – perguntei. Ela me olhou confusa e piscou.

-Ele saiu quando eu cheguei. Vocês estavam dormindo agarradinhos. – ele riu. – Foi fofo de ver. Nico chamou vocês de Percabeth.

Revirei os olhos pra besteira de Thalia.

-Obrigada por ter ligado pra ele –sorri.

Ela olhou-me ainda mais confusa e sorriu.

-Eu não liguei pra ninguém,Annie.

-Nem pro Percy? Vir aqui,cuidar de mim,me colocar pra dormir? – perguntei sussurrando.

-Não. Eu não falei com Percy até manda-lo tirar as patinhas de cima de você e vazar pro apartamento dele.E isso foi há...umas duas horas.

Suspirei e sorri pro nada.

Talvez ele tenha mesmo me escutado espirrando e achou que eu estava morrendo.

-x-

-Eu odeio você – sorri pra aquela...ruiva sem graça. – Com todas as minhas forças. Eu odeio você.

-Eu odeio você também,meu amor – ela sorriu da forma mais falsa do mundo.

- E eu te odeio tanto que eu tenho vontade de quebrar o seu crânio usando isso – apontei para os meus dentes e sorri.

-Eu odeio você de tantas formas que não tem como explicar em palavras – ela riu.

-Isso porque você não conhece muitas.

-O que quer dizer com isso? São as loiras que são burras,queridinha .

-Eu odeio você – sussurrei de olhos cerrados.

E eu odiava mesmo.

Estávamos sentadas no sofá de Percy,em seu apartamento. Duas semanas depois daquele diálogo sonolento no meu apartamento. Nós continuamos vivendo e conversando sem mencionar aquilo...

E isso estava me matando.

A minha querida “amiga” tinha dado a ideia de sairmos em casais. O problema era que eu não tinha um casal,então ela se encarregou de achar alguém pra mim. Alguém completamente desconhecido,conhecido de Rachel e que provavelmente não tinha um sotaque gostoso de ouvir.

Eba. Animada estou.

Logo de primeira eu disse que não. Obvio que não.

Mas então ela começou a me ligar e irritar. E eu tive que aceitar para que eu não tivesse que ouvir a sua voz enjoada todo dia de manhã.

Percy se arrumava no quarto e bem...quando eu contei à ele, ele fingiu animação e ficou esquisito comigo por dois dias.

E depois voltou ao normal.

-Vamos,moças.

Ele vestia um jeans escuro e uma camiseta azul marinho. Os cabelos bagunçados,os olhos verdes astutos. Usava all star e parecia um colegial com aquele meio sorriso no rosto.

Rachel sorriu para ele,e lhe deu um beijo melequento. Credo.

Fiz questão de virar o rosto e fi ngir que a televisão desligada passava a minha série favorita.

-Vamos. – ela sorriu pra mim e passou pela porta,saindo.

-Ei,você tá ok com essa situação? – ele pegou meu pulso,puxando-me de volta para o apartamento – Eu posso...ér,fazer algo pra que você fique confortável?

Tão educado.

Mas não.

-Tudo bem,Percy –eu sorri,acariciando seu cabelo e bagunçando-o ainda mais.

-Eu não conheço esse amigo da Rachel,não sei se é boa ideia apresenta-lo pra você.

-E vai apresentar pra quem mais,Percy ? – brinquei – Vamos logo.

Depois de ter que aturar Rachel no carro,Rachel carinho,Rachel Rachel Rachel de todos os jeitos,chegamos ao restaurante e eu já estava arrependida de não ter ficado em casa.

Depois de conhecer o amigo dela,eu me arrependi amargamente de ter nascido.

E depois dele tentar enfiar aquela língua nojenta dentro da minha boca enquanto Percy e Rachel estavam longe,vendo a banda tocar ao vivo,eu quis morrer.

Eu saí correndo do restaurante sem nem ao menos me dar ao trabalho de chamar qualquer um deles,me arrependendo amargamente d éter aberto a porta para Percy quando ele se mudou. E me arrependendo amargamente de ter ido ao apartamento de Thalia naquele dia.

Quase me arrependendo de me apaixonar por aquele rapaz.

Quase.

Passei pelo saguão rapidamente,pelo primeira vez sendo muito mal educada com o querido recepcionista.

Seria tão mais fácil se ele só...tivesse ficado na droga de Londres.

Subi no elevador correndo,querendo fazer xixi e dormir. Talvez assistir dois ou três episódios de Doctor Who,comer um macarrão instantâneo e dormir.

Thalia nunca está em casa mesmo...

Saí do elevador correndo e me deparando com um Percy ofegante na porta do próprio apartamento. Ele estava suado,e a camiseta azul grudava nos braços. Os cabelos grudados na testa,e as mãos apoiadas nos joelhos enquanto ele pegava folêgo.

-Percy? – murmurei – Como você chegou aqui? –perguntei andando até ele,devagar – Por que você saiu de lá? Como diabos você chegou aqui tão rápido? Você...tá bem?

-Escadas – ele sussurrou numa lufada de ar.

-Ninguém nunca sobe as escadas até aqui,você enlouqueceu? – murmurei,colocando uma mão em seu ombro curvado –Você quer alguma coisa? Vamos entrar.

-Você correu –ele sussurrou – O que ele fez?

-Nada –acariciei sua testa,tirando seus cabelos de lá. – Eu tô bem.

-Aconteceu sim – ele murmurou,quase recuperado – O que ele fez?

-Ele tentou me beijar,mas tá tudo bem –sorri para reconforta-lo.

-Eu vou lá bater nele –ele sussurrou,fazendo careta – Talvez...daqui cinco horas,dois copos de água e alguns esclarecimentos.

Olhei para Percy,e suspirei. Seria muito mais fácil se ele tivesse ficado na maldita Londres....mas seria bem incompleto pra mim também.

Ele retribuiu meu olhar,e desviou para os meus braços,pernas,checando. Depois voltou para o meu rosto e suspirou.

-Bem?

-Sim.- sorri. –Você quem está morrendo.

Ele pegou minha mão esquerda e colocou-a em cima do seu coração. Batia rápido,descompassadamente e eu tinha certeza que se eu estivesse dentro do meu apartamento,eu poderia ouvi-lo bater.

-Percy – sussurrei assustada – Talvez seja melhor você sentar.

-Não –ele sussurrou,arrumando a postura – Não,isso não tem nada a ver com a minha corrida pelas escadas – ele engoliu em seco e piscou – Não tem.

-Percy – ele me olhou,as pupilas dilatadas,a boca abrindo-se levemente.

Ok,eu estava bem acordada agora. Talvez ele posso me dar aquele beijo.

- Você... –ele balançou a cabeça pros lados,confuso – Primeiro você é incrível. Depois você tá lá,dormindo sorrindo e me encantando ainda mais – ele apertou minha mão e me empurrou contra a porta do meu apartamento – E aí você se muda pra cá – Percy olhou nos meus olhos,sério e intimidante como sempre – Vira minha....minha melhor amiga. Mas não é isso o que eu quero.

-Percy –

-Não – ele murmurou – Não faz com que isso seja difícil pra mim. Eu ... eu tô arriscando muito aqui.Porque você é um enigma. –ele piscou , gesticulando com as mãos e desviando o olhar a todo momento. O meu Percy confiante tinha ido dar uma volta e deixou o irmão fofo dele aqui – E eu amo cada parte disso que a gente tem,eu não quero que você pense que... – ele suspirou. Eu nunca vi Percy tão nervoso e confuso.Nunca – Que nãoé suficiente você ...sendo tão doce e engraçada e assistindo Doctor Who comigo. – ele apertou minha mão de novo – Mas não é.

-Eu-

- Pra mim não é suficiente – ele suspirou , passando a língua pelo lábio superior e dando o meu combo de bandeija pra mim. O sorriso tímido e a olhadinha pra beixo. Ele se aproximou mais um passo e acariciou o meu nariz com o seu – Não é.Eu disse uma vez,mas eu acho que foi entediante porque você dormiu logo depois – eu senti meu rosto esquentar e suspirei. Ele sorriu de repente .... - Eu preciso de você.

-Eu preciso de você –sussurrei.

- Eu preciso de você de outra forma,Annabeth Chase – ele sussurrou,com os olhos fechados – E...agora que eu disse,eu me sinto um idiota,porque você vai entrar e parar de falar comigo. Ou vai dormir. Talvez eu deva comprar uma passagem e voltar pra minha cidade. Eu sint-

Eu o interrompi,tomando a primeira atitude que me veio na cabeça. E vocês sabem que eu não aprovo muito as coisas que eu faço sem pensar,mas essa....foi a melhor coisa que me aconteceu em meses.

Eu o beijei.

E foi exatamente como eu imaginei que seria. Os lábios de Percy – os lindos e tão admiráveis por mim – lábios de Percy estavam nos meus. Eu não pude deixar de sorrir enquanto o beijava,fazendo-o rir comigo. Sua boca reivindicava a minha,e me fazia sentir uma rainha. Sua ousadia ao pedir passagem com a língua me fez ter vontade de rir. Vontade essa que foi parada imediatamente quando eu senti uma de suas mãos no meu cabelo e a outra no meu rosto,pedindo para que eu dissesse aquilo que estava preso há um tempão na minha garganta e na minha cabeça. Passei uma das minhas mãos pelo seu pescoço,exigindo de volta tudo que ele exigia de mim,suspirando,sentindo tudo o que eu sentia vindo dele. Maximizando tudo que eu sentia por Percy. Ele grunhiu,empurrando-me ainda mais contra a minha porta,e suspirou,mordendo-me o lábio inferior.

- Annabeth. –ele sussurrou,enquanto tomava fôlego e beijando-me na bochecha.

Sem esperar muito,ou me deixar respirar,aquele rapaz intenso me beijou de novo. E tudo aquilo que eu disse no parágrafo acima se intensificou e eu sentia que podia literalmente explodir de tão quente que meu corpo estava. De tão quente que Percy era. Sem conter as minhas mãos,baguncei seus cabelos,puxei seu corpo pra mais perto do meu,pla camiseta e gemi baixinho seu nome. Ele sorriu,e mordeu o lábio inferior.

-Faz de novo – ele pediu.

-Faça acontecer de novo – sorri,sentindo meu rosto esquentar.

E ele fez. Beijou-me de forma ainda mais apaixonada e de repente éramos mãos,em todos os lugares. De repente,beijo não era suficiente assim como a nossa friendzone. Ainda me beijando,e com as suas mãos que sabiam aonde ir,ele abriu a porta do apartamento e nos empurrou pra dentro. Beijei-lhe o pescoço enquanto ele fechava a porta e empurrava os sapatos pra longe.

-Você era minha melhor amiga – ele riu envergonhado – Mas eu te amo mais que isso. – ele sussurrou escondendo o rosto no meu pescoço,puxando-me para cima do balcão de mármore e deixando-nos na mesma altura - Eu amo você desde.... bem,eu não sei – ele olhou-me nos olhos,inseguro. – Você....gosta de mim?

Você,leitor...que aguentou até agora essas 7.531 palavras.... o que você diria?

Bem,eu disse :

-Eu amo você,Percy – sorri,bagunçando seus cabelos ainda mais – Desde que eu disse que você não era ruivo.

-Eu lembro disso - ele sorriu timidamente,olhando pra baixo por um instante – Eu beijei a minha melhor amiga. – pensou por mais um instante – De um jeito que eu nunca beijei ninguém antes.. – colocou as mãos na cabeça e suspirou.

-Eu acho...ex-melhor amiga? –perguntei em dúvida.

-Com certeza – ele olhou-me nos olhos e se separou de mim. –Isso não é educado. Oh Deus,o que essa cidade está fazendo comigo? Eu estou parecendo um tarado.

-Percy? – sussurrei,olhando-o – Você já foi corrompido.

-Você me corrompeu. – ele fez careta e riu – Você...é linda – ele sorriu e pigarreou.

-Você não fez nada errado,Percy.

-O que te faz pensar que eu penso que fiz? –ele cruzou os braços e levantou a sobrancelha,mas estava corado.

-Você tá elogiando depois de ter me dado o melhor beijo de todos os tempos – eu ri – E tá todo nervoso e tímido.

-Não estou nada tímido – ele arqueou as sobrancelhas – A senhorita que está.

-Não tô.

-Teimosa. Tá sim. Tá vermelha,olha só –ele apontou,rindo.

Puxei seu braço de volta ,colocando-o ao meu redor. Passei as pernas ao redor da sua cintura e o puxei , acariciando seu nariz com o meu,deixando-o surpreso.

- Nada tímida – sussurrei,dando-lhe um beijo no rosto,fazendo-rir. Ele segurou meu rosto entre as mãos e sorriu,mordendo o lábio inferior.

-Vou beijar você – sussurrou,como se pedisse minha autorização.

Pelos Deuses,só me beija logo.

-Você não precisa pedir permissão – sussurrei de volta.

-Não é...permissão. – ele piscou pra mim – Tô dizendo que eu vou beijar você....e só você. Por um longo tempo. Entende? É consentimento,não permissão.

-Eu amo você. – sorri,puxando-o pra mim – O que mais você quer ouvir e deixar de ser tão cortês?

Ele deu de ombros e ficou sério,puxando meu rosto para o seu de novo. E então tudo aconteceu de novo. Com mais intensidade e de forma mais rápida. Eu estava da sua altura,seus lábios me pediam,exigiam, Suas mãos pesavam pelo meu corpo,seus olhos se abriam as vezes,como se para ter certeza se eu estava mesmo ali. Eu puxei seus cabelos,chamei seu nome,e ele grunhia,de uma forma nada educada.Ele parecia ter ligado o desinteresse no mundo. Ou ele desligou o mundo.

Porque éramos só os dois ali. Reinvidicando cada vez mais um ao outro.

Ele puxou a minha camiseta,sem pedir permissão. Eu puxei a dele,aracnado aguns botões.

Ele beijou meus cabelos,minha testa,minhas bochechas,a ponta do meu nariz,os cantos dos meus lábios,meu queixo,minha boca,meu pescoço,meus ombros,meus colo,o montinho dos meus seios,minha barriga.

Eu beijei cada partizinha exposta do seu peito,e fiquei encantada em como suas bochechas podiam ficar vermelhas quando queria.

Dei-lhe um beijo na testa e sorri pra ele. EU queria tanto que ele fosse embora e agora....não queria que ele se movesse nem um centímetro pra longe de mim.

...

...

- O titio Poiseidon perguntou se você estava se adaptando à America – ouvimos do corredor. – Acho que agora sei o que responder,priminho.

Percy riu,enquanto eu escondia minha cabeça em seu pescoço,envergonhada,obviamente.Mas é claro que Thalia estaria em casa hoje. Logo hoje. Hoje!

Ele pegou meu queixo,fazendo-me olhar em seus olhos verdes,vendo suas pupilas tão dilatadas e os olhos tão escuros,ele disse sem tirar os olhos de mim :

-- Você pode dizer à ele....que eu não vou voltar nunca mais.


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Notas finais do capítulo

eu espero que vocês tenham gostado ♥