Dramione - Whispers in the Dark escrita por Anne Bridgerton


Capítulo 8
Bleeding Out


Notas iniciais do capítulo

Então, eu não espero que tenha alguém pra ler esse capítulo, porque, veja bem, eu não posto desde 2015, mas... É, eu já terminei ela em outras plataformas, mas ainda não fiz isso aqui aqui no NF, e me deu vontade de fazer isso (volúvel, eu? Talvez)
É isso, se tiver alguém lendo, espero que goste e tenha uma boa leitura



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POV Draco Malfoy

 

Eu acordei sozinho. Sabia disso sem nem mesmo precisar abrir os olhos. Eu não sentia ninguém perto de mim e podia falar, com firmeza, que não havia ninguém. Dormira sozinho por tempo suficiente para ter essa certeza. Abri os olhos, dando de ombros internamente. O que eu esperava afinal?

Na verdade, eu estava até feliz por estar sozinho ali. Pelo menos não estava mais preso, mas sim em Hogwarts. Eu poderia sair, circular por novos lugares, entre aspas; respirar novos ares, entre aspas de novo. Poderia expandir minha mente um pouco, e não permanecer trancado em minha própria sina.

Permiti-me sorrir com esse pensamento. Não era exatamente onde eu preferiria estar para ser sincero, mas era melhor que nada. Era um bônus, certo?

Certo.

Impulsionei o corpo para cima, a fim de me levantar. No entanto, me arrependi na hora ao sentir uma dor aguda atingir minhas costelas. Tive que me controlar muito para não gritar, dando apenas um gemido, deixando meu corpo cair novamente sobre a cair na cama.

Droga! Tinha me esquecido do maravilhoso machucado que ainda não sabia como cacetes tinha arrumado. Eu sabia que minha tentativa de ser otimista não iria durar muito tempo; alguma merda tinha que acontecer.

Respirei fundo. Uma, duas, três vezes. Juntando toda minha força, levantei em um salto, ignorando a forte pontada que me atingira por isso. De pé, sorri triunfante, voltando a respirar normalmente. Eu nem me atrevi a olhar para minhas costelas. Pelo menos, não imediatamente, já que, pela dor que eu estava sentindo, tinha certeza de que aquele ferimento não estava nem um pouco bonito. Talvez fosse melhor se eu tomasse um banho. Tentar, não sei, desinfetar aquela coisa. Talvez.

Com essa decisão, dei uma última olhada para a cama, pronto para ir para o banheiro.  No entanto, estanquei antes que começasse a me mexer.

E me desesperei.

Tingindo os lençóis brancos em que estivera dormindo, havia diversas manchas vermelhas. De sangue.

Alarmado, olhei para baixo, encontrando minha camisa com uma mancha mais escura na região lateral. Levantei a cabeça rapidamente, vasculhando o quarto e correndo em direção ao espelho que acabara de perceber estar lá dentro. Ou talvez tivesse surgido naquele momento, não saberia dizer.

Retirei a peça manchada com pressa, me arrependendo mais uma vez devido á dor. Quando foquei a vista, vi que as bandagens do dia anterior estavam penduradas precariamente em meu corpo, deixando a ferida descoberta, da qual um relativamente fino, mas corrente fluxo de sangue descia, escorrendo vagarosamente para direções inferiores.

Só podia ser brincadeira.

Girei no mesmo lugar, cada vez mais preocupado. Onde diabos estava...

— Granger!

Esperei. Sem resposta.

— Granger! Mas que... Merda!

Claro que ela não estava lá. Mas que óbvio. Óbvio que não seria fácil assim!

O mais rápido que consegui, vasculhei minha mala em busca de meu terno. Precisava de cores escuras para me cobrir, já que não sabia onde estavam as gazes. Não podia deixar que as pessoas percebessem minha hemorragia.

Reconheceria aquele tipo de corte em qualquer lugar. Quase morrera nas mãos dele uma vez. Precisava achar Granger, ou o Sectumsempra me faria sangrar até a morte. Eu não tinha como ministrar o feitiço, mas ela poderia.

Minha sorte era ter sido pego de raspão. Mas ainda assim, tinha que correr.

Vestido, saí do quarto meio correndo, meio andando, a mão segurando o mais disfarçadamente que conseguia, mas firmemente o corte, tentando inutilmente estancar o sangramento.

Mas e agora? Em que parte daquele castelo monstruosamente grande acharia a Granger?

Certo Malfoy, controle-se e pense. Onde... A biblioteca? Era o mais provável, certo?

Que se danasse, era um começo. Tinha que correr.

Disparei pelos corredores, tentando fingir que estava normal. Por sorte, não encontrei com muitos alunos pelo caminho. Nem mesmo reparei no rosto deles, mas, pelo tamanho, pude perceber que eram primeiranistas ou, no máximo, segundanistas. Ótimo, pelo menos assim não entrariam no meu caminho.

Continuei correndo, tentando me lembrar do caminho até a biblioteca. Dava várias voltas, ás vezes entrando em corredores que nem mesmo lembrava que existiam. E me recusava a perguntar a alguém. Conseguiria me virar sozinho, obrigado.

Depois de uns bons cinco minutos, parei em um corredor vazio. Escorei na parede, descansando o braço cansado ao lado do corpo. Já começava a sentir o paletó ligeiramente mais pesado, minha mão já começando a ficar avermelhada.

Encostei a cabeça na parede, fechando os olhos e engolindo em seco. Mas não podia parar. Tinha que continuar. Estava ali por um propósito, e não decepcionaria mais ninguém. Não me decepcionaria.

Reposicionando a mão, voltei a correr. Parecendo renovado com uma nova motivação, meus pés começaram a me guiar, minha mente desligada. Nem mesmo prestei atenção por onde estava indo, até que virei em um corredor e encontrei as familiares portas duplas da biblioteca.

Suspirando aliviado, disparei até lá.

Mas claro, CLARO que alguma coisa tinha que acontecer. A pergunta é: por que não aconteceria, não é mesmo?

Completamente alienado á minha volta, estava perto da entrada quando, de um pequeno corredor adjacente ao que estava, surgiram risadas. Muito altas. Sabe por quê?

Simples: porque a dona delas estava quase SUBINDO EM CIMA DE MIM!

Assustado, apenas senti o baque da garota em mim, me lançando com força contra a parede.

Alguém me explique que fetiche é esse que as garotas de Hogwarts têm em derrubar os outros?

Com uma careta de dor, a mão apertando com força mais do que necessária meu corte – provocando uma dor mais do que necessária também -, abri os olhos, levemente embaçados. Pisquei várias vezes, ouvindo as risadas que continuavam. Grunhi.

— Eu sinceramente não sei que tipo de monstrinhos Hogwarts está criando.

Desencostei da fria pedra da parede, mal-humorado. Quando foquei a vista, encontrei uma garota, parecendo ter a mesma idade que as do dia anterior.

Era relativamente alta, branca e bem magra. Em seu rosto fino havia olhos grandes e castanhos, bem escuros. Possuía uma pinta bem acima da boca. Seus cabelos eram realmente longos, de um castanho tão escuro quanto os olhos. Vestia o uniforme da Sonserina.

Ao seu lado, estava um rapaz que parecia ligeiramente mais velho. Possuía uma barba por fazer moldando o queixo, do mesmo castanho claro que seu cabelo, jogado despojadamente sobre a testa. Os olhos azuis me encaravam com curiosidade, enquanto a outra garota continuava rindo. Também usava o uniforme sonserino.

Correndo o risco de isso soar bem errado, posso dizer que pelo menos estávamos mantendo o padrão de beleza, vamos ser justos.

Mas por que isso me impediria de dizer umas verdades para eles?

Afinal, eu era mais bonito do que os dois, mais rico, mais necessário, estava sangrando e definitivamente aquele não era o melhor momento para uma louca me jogar contra a parede e ainda ficar rindo disso!

— Você é bem distraído, não é? – a garota perguntou.

Levantei a sobrancelha.

— Ah, é verdade, sou bem distraído mesmo. É que não sou tão bom em prever quando pessoas desgovernadas irão surgir do nada e me jogar contra a parede.

Sorria sem-graça. Ela progressivamente foi parando com as risadas, até que ficou apenas com um sorriso no rosto. Por sinal, o mesmo que o meu.

— E posso saber por que estão correndo por aí? – perguntei após alguns segundos, olhando distraidamente para os lados.

O rapaz dessa vez respondeu, dando de ombros.

— Apenas pulando uma aula monótona de História da Magia. Binns não vai se incomodar.

— Ah, certo. – levantei a cabeça, em uma irônica compreensão – E por nenhum momento pensaram que, não sei, essas risadas escandalosas poderiam chamar a atenção para vocês?

— Escandalosas!? – a menina se exaltou – Como você... Eu... Rio perfeitamente normal!

Revirei os olhos, colocando a mão livre na testa.

— Merlin, que tipo de pessoas está colocando na minha casa?

— Ah, então você era da Sonserina? – o rapaz perguntou, me olhando debochadamente – Sabe, não parece. Ninguém tão claramente idiota assim entraria na Sonserina.

Ah não. Com a minha casa não!

Agora ele tinha passado dos limites.

Sorri perigosamente, me aproximando.

— Eu vou te falar uma coisa guri... Você não sabe QUEM eu sou, ou o que eu já fiz. Você não tem ideia de quantas coisas já vi e lidei, e tenho certeza que deixariam esse seu cabelo engordurado em pé. Você não sabe NADA sobre mim, então não venha querer me ensinar a como ser um sonserino, porque perto de mim, você não é nada nessa casa.

Terminei quase rosnando. Tinha que me lembrar que, por mais nojento que fossem, eram mais novos.

Ele levantou as sobrancelhas, ironicamente.

— Você também não sabe nada sobre mim.

— Ah, mas já sei o suficiente. E isso já basta pra que diga que mantenha distância de mim.

— Isso é uma ameaça, por acaso?

Endireitei a coluna.

— Acredite... Quando eu o estiver ameaçando, você vai saber.

Decidi me afastar e continuar meu caminho antes que me descontrolasse – ou começasse a pingar vermelho ali.

Mal virei as costas, finalmente indo até a biblioteca, quando senti uma ponta de varinha nas costas. Joguei a cabeça para trás, rindo alto. Ah, eu tinha um dom para fazer inimigos no primeiro dia.

— Do que está rindo? – a garota perguntou, irritada.

Virei-me para ela, ainda rindo, encontrando seu rosto furioso segurando a varinha.

— Você. O que vai fazer com essa varinha? Desenhar um pônei na minha barriga?

Ela deu um gritinho meio frustrado, meio irritado e meio... Bom, não sei.

No entanto, seu ataque epilético foi interrompido por uma confusa Madame Pince, que colocou a cabeça para fora da sala da biblioteca procurando de onde vinha o barulho. Quando nos encontrou, suspirou.

— Ah, meu santo Merlin. – colocou a cabeça para dentro de novo, chamando – Senhora Malfoy, por favor, venha aqui controlar o seu marido.

Hermione surgiu quase como um raio, dois livros na mão. Dei um sorriso que era puro alívio. Nem me importava que ela estivesse me fuzilando com os olhos; eu a tinha achado.

— Draco, querido! – falou, entre dentes, os olhos levemente arregalados – O que você está fazendo?

— Ah, Malfoy? – o rapaz se pronunciou, rindo pelo nariz – Pelo menos sabe escolher esposa.

— Como é? – a garota abaixou a varinha, se virando para ele.

— O quê!? – ele perguntou, tentado se fazer de desentendido.

— Jonathan Lane, é melhor retirar o que disse! – disse furiosa, começando a dar repetidos tapas em seu peito.

— Catherine, eu... Catherine! – pronunciava, enquanto tentava se proteger.

Rindo, deixei os dois para se entenderem e peguei Granger pela mão. Ela se assustou um pouco, mas apenas apressei o passo até o final do corredor, sem esperar por consentimento.

— Malfoy, o que... – sussurrava, enquanto eu abria uma porta qualquer, colocando a cabeça para dentro da sala. Ao me certificar de que estava vazia, a empurre lá dentro e fechei. – Malfoy, o que diabos!

Suspirando, me voltei para ela. Abaixei a mão e retirei meu molhado paletó. Granger percebeu a quantidade anormal de vermelho.

— Deus do céu, o que...

— Você sabe qual feitiço usar para curar um Sectumsempra, certo? – perguntei entrecortado, retirando a camisa preta, revelando o corte com um fluxo ainda maior de sangue escorrendo.

Ela assentiu, logo pegando sua varinha. Com delicadeza, me sentou em uma cadeira, se ajoelhou á minha frente e começou a murmurar.

Vulnera Sanentor... Vulnera Sanentor... Vulnera Sanentor...

O fluxo foi lentamente diminuindo, até cessar. Senti a familiar sensação de cicatrização, o corte, segundos depois, nada mais do que uma cicatriz. Mais uma para a coleção.

Granger se levantou, examinando o trabalho. Também olhei para baixo, enxergando apenas pele com uma linha um pouco mais protuberante. Sorri.

No entanto, Hermione parecia tensa.

— O que aconteceu? – perguntei, um pouco preocupado.

Ela passou a mão pelo cabelo nervosamente, parecendo indecisa. Por fim, guardou a varinha, vindo se sentar ao meu lado.

— Eu... – suspirou – Não ria de mim, certo?

— Por quê? Descobriu que está apaixonada por mim? – levantei a sobrancelha, brincando.

Mas realmente estava com medo da resposta.

Felizmente, Granger revirou os olhos, bufando, e se levantou.

— Ah, esquece!

— Ei, não, espera! – fui atrás dela, rindo – Não, certo, certo, eu prometo que não vou rir. – levantei a mão, em sinal de juramento.

Ela parou e se virou para mim. Depois de me encarar por alguns segundos com os olhos estreitados, cruzou os braços.

— Bom, você se lembra que ontem eu estava um pouco... Nervosa quando você e Kingsley chegaram à estação?

Assenti.

— Isso porque eu... Porque estava sentindo como se... – trocava nervosamente o peso de uma perna para a outra - Como se alguém estivesse lá. Como se algo estivesse me observando, nos observando. Você... Entende?

Assenti mais uma vez, ficando um pouco receoso do rumo daquela conversa.

— O que aconteceu, Granger?

Ela passou a mão pela nuca, fechando os olhos.

— Outro trouxa morreu ontem. E o corpo dele foi achado em um beco... Atrás da estação.

Fiquei ali, olhando para ela. Meus pensamentos viajaram, mil preocupações brotando em minha mente. O trouxa que me desculpasse, mas ele não era nenhuma delas.

E se...

— Granger...

— Tinha realmente alguém lá ontem. E eu não acho que essa ferida apareceu aí por causa do vento.

— Você acha que queriam te acertar?

— Bom, e a quem mais? – ela esfregou os braços – Eu era a única trouxa naquele lugar.

Cerrei os punhos, desejando intensamente socar alguém. De verdade, no momento qualquer um servia.

Mas o que fiz foi engolir a raiva. Ela não precisava saber como estava me sentindo mal por não poder protegê-la. Não podia.

— Não precisa se preocupar com isso. Agora você, pelo menos aos olhos da lei, é uma sangue-puro e casada comigo. Tem certa proteção, não está correndo tanto perigo assim. Talvez... – continuei rapidamente, a interrompendo – Talvez o feitiço fosse para o ministro, e eu só estivesse na frente.

Ela ficou em silêncio por alguns segundos, olhando para os próprios pés. Até que, repentinamente, riu pelo nariz, passando a me observar.

— Não precisa fingir que se importa Malfoy. Sei que não tem essa sensibilidade toda.

E simplesmente me virou as costas, andando até a janela.

Pisquei, confuso. Eu não... O quê?

Fiquei ali olhando para suas costas, perdido, pelo que pareceram horas. No entanto, foram apenas segundos.

Não, tudo bem, certo. Se era assim que ela queria, quem era eu para discordar?

Peguei minha camisa e meu paletó no chão. Vesti apenas este último, abotoando o máximo que pude para cobrir meu peito. Fazendo uma debochada reverência, pronunciei ainda mais friamente.

— Tem razão, não tenho. Então, se me dá licença, vou deixá-la com seus medos. Já que é tão racional assim, pode lidar com eles sozinha.

Sem esperar por resposta, dei-lhe as costas e saí da sala, pisando duro.

Inferno! Eu nunca aprenderia a lidar com aquilo. Exatamente por isso que tinha me afastado. Não acredito que fui masoquista o suficiente pra entrar nisso novamente. Por que eu não simplesmente enxotei os dois da minha casa e disse “Não, obrigado. Conviver com as bactérias do ar vai ser mais agradável!” Eu sou retardado!

Mas não se preocupe, Malfoy. A sua obrigação era apenas emprestar seu sobrenome para ela. Só mantenha a convivência restrita e ninguém vai sair machucado.

Digo, mais do que já estávamos.

 

 

POV Gina Weasley Potter

 

Finalmente havia chegado à casa de Bill. Não fora nada difícil encontrá-la; afinal, uma arquitetura tão marcante não passaria despercebida. Possuía seu “que” exótico, com todo o exterior forrado por enormes conchas, mas ainda assim era familiar.

Na realidade, já estava hospedada por lá há alguns dias. Meu irmão e Fleur me receberam de braços abertos, alegando já estarem me esperando devido a um aviso prévio de Harry. Adentrando o Chalé mais um pouco, percebi que Luna também estava hospedada por lá. Ele também a havia enviado para lá, visto que seu marido Rolf havia viajado semanas atrás para a Nova Zelândia, em uma tentativa de catalogar novas espécies de plantas medicinais a mando do Ministério. Estavam fazendo de tudo para tentar controlar a situação.

Fiquei muito grata pela ajuda. Não somente pela de Bill - que, por ser meu irmão, tinha a obrigação de me ajudar! Mas pela ajuda de Fleur também. Ela estava sendo como uma irmã que nunca tive, principalmente na ausência de minha mãe, que continuava em nossa antiga casa. Por todas as coisas que eles estavam fazendo por mim, me esforçava para agradá-los, disfarçando meu humor. Mas a verdade era que continuava abalada. E o fato de Harry não estar ali comigo não ajudava muito também!

Claro, sabia que a gravidez era algo que influenciava, e muito, para que todas as minhas emoções se intensificassem – cinco meses não era um período tão fácil assim. Mas pelo amor, pensar no que acontecera com minha casa era deprimente! A casa que viveria com a família que construíra; a casa que sonhei em que passaria o resto da minha vida com meus filhos e meu marido. E agora, ela estava resumida a escombros e cinzas. Mais uma vez. Mais um lugar que eu costumava chamar de lar e que fora destruído, completamente! E ainda fora ameaçada! Ameaçada!

Respirei fundo, abanando o rosto e arregalando os olhos. Recusava-me a chorar. Recusava-me a dar esse prazer ao filha da puta que ousou mexer com a minha família. Não era tão fraca assim.

No entanto, isso se provou uma tarefa extremamente árdua, visto que todos os nervos do meu corpo pareciam conspirar contra mim. Principalmente na posição que estava, sentada á janela do Chalé, observando o horizonte, com uma ilusiva esperança de que Harry e meu irmão reaparecessem.

Meu olhar viajava por entre o céu, uma linda mistura alaranjada e púrpura, e a praia, logo abaixo. Sempre achei aquela vista maravilhosa; todas as vezes em que ia visitar Bill gostava de sentar na praia e olhar ao redor. Acho que me apaixonei pela sensação de calma que me transmitia. E, observando as gaivotas que circulavam pelo céu, sem preocupações, percebi que aquela paz era suficiente para me passar, ainda que somente um pouco, uma maravilhosa sensação de normalidade.

Mal constatei isso e senti uma gotinha atingir minha mão. Droga, estava chorando!

— Gina?

Assustei-me levemente ao sentir o gentil toque de Luna em meu ombro. Sua voz suave me despertou de meus devaneios e somente nessa hora percebi que já chorava copiosamente.

— Gina, o que houve?

Ela se ajoelhou a minha frente, logo retirando um lencinho do bolso da jardineira que vestia. Sorri agradecida em meio aos ridículos rios de lágrimas que desciam por meu rosto.

— N-não é nada. Hormônios, apenas isso. Grávidas são uma bomba relógio. – tentei brincar, afundando o paninho em meus olhos, querendo que aquele vazamento parasse.

Luna riu.

— Mal espero para quando for minha vez. Rolf deve voltar daqui a algumas semanas e, quem sabe, possamos tentar mais algumas vezes para ter nosso pequeno Scamander... – falou, com seu ar sonhador de sempre. Suspirou esperançosa, para logo depois se voltar para mim – Enfim, eram só os hormônios mesmo? Está sentindo alguma coisa?

Concordei com a cabeça, finalmente diminuindo o fluxo de lágrimas.

— Sim, eu estava apenas me lembrando de algumas coisas. Refletindo um pouco.

Ela assentiu, em compreensão. Entreguei-lhe o lencinho novamente, agradecendo.

— Então, como foi que chegou aqui sem aparatar? Sei que meu irmão colocou um campo de proteção aqui no Chalé. – esfreguei as mãos, querendo puxar papo para qualquer canto longe de meu emocional.

— Ah, isso. - se levantou, sorrindo animada - Bom, dado os acontecimentos da Guerra, acho que agora você vai ser capaz de ver meu "bebê".

— Oi!? – perguntei, perdida, enquanto ela se esticava sobre mim. Abriu ainda mais a janela em que estava, sentindo a brisa do mar entrar, soprando gostosamente meu rosto.

Então, colocando a cabeça para fora, Luna soltou um longo assobio. Tampei os ouvidos, logo depois a ouvindo gritar.

— Newt!

Destampei os ouvidos devagar, observando uma figura parecida com a de um cavalo surgir cavalgando pela praia. Na verdade, parecia mais com um esqueleto de cavalo recoberto com uma pele acinzentada. Possuía algo parecido com curtos chifres em sua cabeça, além de extensas asas ossudas nas laterais do corpo.

Então, aqueles eram os famosos testrálios que Harry me falara. Certo, Luna podia ser minha amiga, mas, nem mesmo se estivesse em um dos meus melhores humores, poderia dizer que era uma criatura bela.

Mas ao invés de fazer críticas à sua aparência, apenas inquiri a Luna, segurando uma risada.

— Newt?

— É uma homenagem. – falou por sobre os ombros, dando um último aceno a Newt, que se firmou sobre as patas, soltando um relincho. A loira riu, voltando para dentro.

— A quem?

— Meu sogro. – disse simplesmente, se sentando.

Ri gostosamente.

— Tem certeza de que isso é uma homenagem?

Luna deu de ombros.

— Ele deixa.

Dessa vez não aguentei. Soltei uma estridente risada, a qual Luna, após ficar alguns segundos perdida, acompanhou. Merlin, eu estava ficando louca!

No entanto, o momento durou pouco. Em meio a meus afobados risos, consegui distinguir duas figuras atrás de minha amiga. Acalmando-me um pouco, pude perceber que se tratavam de Bill e Fleur. Quando focalizei a visão, me assustei com suas expressões: pareciam extremamente perdidos. Ao perceber que já os havia notado, Bill se pronunciou.

— Gina?

Parei de rir imediatamente, Luna logo imitando a atitude ao perceber o casal. Levantei a cabeça, pedindo que ele continuasse.

— Você tem visita.


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Notas finais do capítulo

^-^



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