Ela se foi. Literalmente se foi.

Novamente ela se sacrificou. Por nós. Pelas pessoas que ela mais amava.

Sacrificou-se para que pudéssemos viver em paz. Para extinguir o mal que existia ao nosso redor. Para que pudéssemos, enfim, termos os nossos finais felizes, assim cumprindo o papel que lhe fora destinado, o de Salvadora.

Mas ela mal sabia que fazendo isso ela levaria não só o meu mas também o final feliz de seus pais e de nosso filho. Pois era ela quem conseguia nos unir. Ela era quem trazia-nos a luz, a alegria com aquele seu jeito moleca por assim dizer, com sua doçura, com seu sorriso que poderia iluminar a mais escura das noites e que também trazia tranquilidade.

Emma se fora e consigo levou o meu amor. Me martirizo por tanto tempo ter negado o que era obvio.

Neguei, não por ela ser a filha das pessoas que tanto tempo passei tentando destruir e que também tentaram me destruir, mas sim por medo. Medo de me permitir amar intensamente da maneira que amei Daniel e assim, consequentemente, perder como o perdi.

Mas olhando agora tudo o que aconteceu, eu deveria ter me permitido amar. Deveria ter permitido que ela me amasse mais vezes, não só aquela noite em que nos entregamos após ela ter confessado que tinha medo de unir a agada à excalibur e assim não ser capaz de proteger a seus pais, a nosso filho e a mim, pois temia não ser poderosa o suficiente para isso.

Naquele momento eu não tive mais como negar o que sentia por ela, naquele momento precisava lhe mostrar o quanto a amava e o quanto precisava que ela terminasse com tudo aquilo e voltasse para nós, sendo ela mesma, sendo nossa Emma, minha Emma, por completo.

Nesse dia nos entregamos uma a outra. Permitimo-nos amar, a deixar todos aqueles sentimentos se libertarem, nos unindo não somente fisicamente mas também unindo nossas almas.

Foi o momento mais intenso e lindo que vivi. Confesso que nem mesmo Daniel e muito menos Robin, que segundo o pó de fada, é o meu amor verdadeiro, me fizeram sentir um amor puro e intenso da maneira que Emma o fez.

Mas novamente o destino quis brincar comigo. Tirando-a aos poucos de minha vida.

Primeiro transformando-a em DarkOne.

Não sei como, mas Zelena e Arthur conseguiram invadir o local onde estávamos e assim pegaram novamente a excalibur, só não levaram a adaga pois ela estava conosco.

E mais uma vez usaram a excalibur para dominar Merlin e assim fazer com que ele nos atacasse novamente. Na luta para nos defender de Merlin, Emma não conseguiu evitar e acabou matando-o e assim as trevas a dominaram.

Para tentar corrigir seu erro e acabar de uma vez por todas com a escuridão, Emma apaga nossas memorias e assim retornamos a Storybrooke.

Já em Storybrooke, mesmo não lembrando de tudo o que havia acontecido em Camelot, eu sentia que algo tinha mudado dentro de mim.

Sentia que precisa cada vez mais trazer Emma de volta. Mais do que da vez em que iniciamos nossa jornada até Camelot.

Não me conformava de ter falhado em Camelot. Precisa saber urgentemente o que tinha acontecido lá.

Então fiz de tudo para conseguir minha memória referente ao que acontecera lá, de volta.

Nessa investigação, acabei descobrindo o que ela fez com nosso Henry. Me senti desapontada com o que ela fez ao nosso filho, mas logo que a raiva extrema passou, tentei compreender sobre o que ela tinha feito.

Fui até sua casa para conversarmos, para tentar obter explicações sobre o porquê de ela ter feito aquilo com nosso filho e também para tentar fazer com que ela se abrisse, permitisse que eu a ajudasse a retornar ao que ela era. Mas ela não se permitia a isso.

Eu já não aguentava mais, estava quase suplicando a ela. Pois aquele sentimento que sentia por ela, fervilhava em meu peito. Necessitava dela, precisa ter Emma de volta, a doce e boa Emma.

Em meio a discussões, algo que não imaginava que pudesse acontecer, pelo menos da DarkOne, aconteceu. Ela me beijou.

No começo com fervor e urgência, mas depois se tornou calmo e profundo. Apesar de relutante no começo, deixei-me levar e me entreguei a ela. Novamente nos amamos. Para mim, como se fosse a primeira vez que o fazíamos.

Após chegarmos ao ápice de nosso amor, uma onda forte nos atingiu e minha memória retornou.

A primeira coisa que fiz foi sair de lá, pois precisava pensar em tudo o que havia acontecido.

Nesse meio tempo, Snow veio me procurar e contou-me que todos haviam recuperado suas memórias.

Ela me questionou sobre, se eu tinha alguma ideia de como havíamos recuperado nossas memórias, mas não tivemos tempo de falar sobre isso, coisa que agradeci, pois Leroy veio nos avisar que várias criaturas com capuzes surgiram na cidade.

Quando chegamos ao centro da cidade, vimos essas criaturas destruindo tudo o que havia em seu caminho.

Ao chegarem próximo a nós, Charming tomou a frente e os questionou sobre quem eram e o que queriam. A que estava à frente se pronunciou. Era Nimue, a amada de Merlin.

Disse que eram os antigos DarkOne e que iriam acabar com a luz de uma vez por todas e assim fazer com que tudo sucumbisse à escuridão.

Snow questiona como é possível que todos os DarkOne estavam ali, nesse momento Rumple aparece e diz que tudo isso era graças a Emma, pois ela havia unido excalibur à adaga.

Me senti fracassada naquele momento, derrotada.

Então estava feito. Emma tinha sucumbido de vez ao lado sombrio.

Não tive tempo de pensar e nem me lamentar pois as criaturas começaram a nos atacar.

Em meio ao caos, Emma surge.

Ao vê-la ali, achei que estávamos seguindo rumo ao nosso fim. Tecnicamente, o meu estava de fato chegando, mas de uma maneira que não imaginava.

Com Emma ali tudo poderia terminar. Seriamos de fato derrotados, mesmo nós estando em maior número, pois ela era muito forte.

Mas para minha surpresa, eu estava enganada.

Quando Nimue tentou me atacar, Emma interferiu me protegendo, jogando Nimue para longe dali.

Após esse ato, Emma vira para mim e nossos olhares se encontram.

Vejo que ela está diferente, não está mais com vestes de DarkOne e sim com suas roupas usuais, jeans, regata e sua jaqueta vermelha.

Não resisto e corro ao seu encontro e a abraço, não acreditando que ela estava de volta.

Não tivemos tempo de dialogar pois um impulso forte nos atinge. Era Nimue, que havia levantado e ido em nossa direção.

Emma vem até mim, ajudando-me a levantar.

- Eu vou acabar com isso de uma vez por todas. – diz Emma.

- O que você irá fazer? Eles são muitos! – digo apreensiva.

- Vou fazer o que eu deveria ter feito em Camelot.

Assim que fala, faz a excalibur completa aparecer e assim inicia o processo para destruí-la.

Aos poucos cada um dos DarkOne começam a desaparecer.

Quando a excalibur se desfaz por completa, Emma desaba.

Vou até ela para ampará-la. Tomo-a em meus braços e percebo que ela está muito fraca.

O desespero toma conta de mim.

- Emma, o que está acontecendo? – pergunto sentindo meus olhos marejarem.

- Ao destruir excalibur, como você viu, todos os DarkOne desapareceram. E como eu também sou, eu também não fiquei impune. – disse com a voz fraca.

- Não, não. Isso não está certo. Você não pode ir.

- Regina, eu cumpri com o meu propósito. Consegui acabar com a escuridão e trazer o final feliz de todos vocês. Agora você pode viver o seu final feliz.

- Não, eu não posso. Se você for, você o levará contigo. Eu demorei para perceber, mas agora eu sei, você e Henry são meu final feliz. Eu não posso viver sem nenhum dos dois, eu preciso de vocês.

- Você será muito feliz. Eu sei disso.

- Nós seremos. Não desista. Por favor- digo suplicando.

Coloco minha mãos em seu rosto e meu aproximo beijando seus lábios.

- Você não pode ir, não pode. Não me deixe. – sussurro fitando seus olhos. – Eu te amo!

Emma abre um sorriso fraco e diz em um fio de voz: - Eu sei. Eu também amo você.

E com aquelas últimas palavras proferidas, ela dá seu último sorriso e suspiro.

Entro em desespero, chacoalho-a em meus braços, e grito seu nome, tentando assim em vão, fazer com que ela retornasse.

Snow desaba ao nosso lado, Charming a acompanhando.

Ruby tentava consolar Henry.

Emma se fora. Se fora para sempre. Novamente perdi meu amor, e dessa vez a dor foi maior.

Não sei quanto tempo permaneci com ela em meus braços.

Robin veio até mim para ajudar-me a levantar para que assim pudessem levar o corpo de Emma.

Tentei lutar, mas estava fraca demais e assim retiraram-na de meus braços.

No dia seguinte em seu enterro, não consegui comparecer.

Permaneci em minha casa, em meu quarto, incapaz de sair de minha cama.

E foi assim que tudo aconteceu.

Um mês já se passou e permaneço da mesma maneira, incapaz de sair de casa. Passo horas em meu escritório com uma garrafa de whisky ouvindo Moonlight Sonata de Beethoven, deixando a angustia e a tristeza tomarem conta de mim. Minha vida estava acabada.

Durante esses dias várias pessoas vieram até mim tentar me animar ou ao menos conversar, mas eu não as recebia. Não conseguia. Nem ao menos meu filho.

Ele permaneceu na casa dos Charming. Às vezes ia em casa para tentar falar comigo ou para apenas estar ao meu lado.

Em um dia recebi uma visita inesperada.

Era o aprendiz.

- O que faz aqui? – digo ríspida, assim que abro a porta.

- Sra. Mills, tenho algo muito importante para lhe falar.

– Não quero conversar com ninguém. Por favor vá embora.

Já estava fechando a porta em sua cara quando ele diz: - Eu sei de uma maneira de trazer Emma de volta.

Eu fico estática, não acreditando no que ele tinha acabado de falar.

- O que você disse? – falo me virando para encará-lo.

- Eu disse que sei de uma maneira de trazer a Emma de volta. – diz calmo.

- Isso é impossível. Ela está morta. Não há nenhuma maneira de trazê-la de volta. –grito para ele, as lágrimas já escorrendo em meu rosto.

- Você está enganada. Há uma maneira sim. Devo admitir que é perigoso e poderá haver consequências.

Não consigo acreditar no que ele diz, aquilo só poderia ser brincadeira e uma brincadeira de muito mau gosto.

- Você só pode estar brincando comigo.

- Não, não estou.

Fito bem seu rosto, seus olhos e vejo que ele está firme, dizendo a verdade.

Uma chama de esperança surge em meu peito. A ideia de trazer Emma de volta era inexplicável.

Eu faria de tudo para tê-la novamente.

- Como? – pergunto com um fio de voz. – Como isso é possível?

- Regina, tudo é possível, basta acreditar. Ainda há esperanças, nada está perdido a não ser que você permita que isso aconteça. Se você me deixar entrar, eu lhe explico tudo.

Eu o fito por uns instantes e depois permito que ele entre em minha casa.

Eu teria Emma de volta, minha Emma. Não conseguia acreditar. Pois talvez como ele dissera, nada está perdido.