—Bem vindos, prezados amigos e familiares. Estamos aqui para celebrar o 17º aniversário da Bruna –Henrique disse, erguendo a taça de champanhe que tinha em sua mão direita

—Mas só tem a gente aqui – Bruna disse, rindo e mostrando suas maçãs do rosto.

—Pega logo essa taça, mulher – Ele disse, em uma tentativa de dar uma bronca nela.

—Desculpa, estressado - A garota pegou a taça e, em um movimento rápido, a bateu levemente na taça de seu namorado, fazendo com que um tintilar estralasse pelo ar.

—Parabéns, querida – Ele disse e bebeu um gole de sua bebida, sendo acompanhado pela garota.

—Agora só falta você cantar One Direction. – A garota disse, divertida e sorriu. Ela amava aquela banda. Uma coisa que Henrique, seu namorado, não admirava muito nela.

—Se você quiser, eu sei cantar aquela música, a Story Of My Life. —Sem chance. Nenhuma chance. Nunca iria cantar nada daquela banda. Ele sempre teve um ciúme idiota dela.

—Canta, vai –Disse animada. A pobre garota ainda não tinha entendido que era uma brincadeira. Outra coisa que ele não gostava muito nela. Era um pouco lerda.

—Você acabou de acabar...- Antes dele terminar a frase, sua namorada interrompeu

— “Acabou de acabar”? Sério? Há quanto tempo você não vai para a escola? –Ela mostrou a língua. Sempre foi muito rígida em relação a isso. Mais uma coisa que seu lindo namorado não admirava.

—Bruninha. Você está estragando o seu aniversário-Ele deu outro gole na bebida. Estava irritado.

—Estragando? Ele já está estragado. Meus pais viajaram. Meus “amigos” – ela fez aspas no ar- não vieram. Só você está aqui comigo. –Dizia enquanto bebia mais de seu champanhe

—Ah. Desculpe-me, querida. Mas porque eles foram? Seus pais? –Henrique disse, na maior tranquilidade e tomou outro gole.

“Porque eles não me amam” Pensou

—Eu não sei. Eles disseram que iam para casa de um amigo antigo, ou algo do tipo – A garota não se lembrara do que os pais dissera. Estava muito animada, pensando que era só uma conversa fajuta e eles iam comprar vários docinhos e um bolo para comemorar.

—Bem, sorte sua que tem um ótimo namorado que te ama e que está aqui com você- Ele disse e colocou o seu copo sobre a mesa.

O pior de tudo é que ele não estava brincando. Ele era muito narcisista.

E ela concordava.

Ela o idolatrava.

—Sorte mesmo. –Levantou o olhar da mesa e fitou os olhos do namorado, que a olhava também. Pareciam dois pombinhos apaixonados.

Pareciam.

Bruna sabia que ele não era o namorado perfeito, a pessoa perfeita para ela. Mas não aceitava a verdade. Ela queria que ele fosse o namorado perfeito. Queria acreditar nessa historia.

Se ela conseguia?

Não.

Mas não demonstrava isso.

—E aquela sua amiga, a Amanda? Nem ela veio? –Ele desviou o olhar e começou a fitar seu copo, fazendo com que ela começasse a olhar para a escuridão que estava sua casa. Apenas uma luz esboçava das duas velas que estavam mesa que eles estavam sentados.

—A Amanda? Bem, era para ela vir, já que é minha melhor amiga. Mas, parece que me abandonaram agora. –Fez uma pausa e olhou para ele, que agora a olhava seriamente- eu nem fiz nada, cara! – A garota fez uma cara emburrada, esperando que ele a defendesse, como um bom namorado.

—Provavelmente fez. A Amanda é legal e uma ótima amiga... -Antes de terminar a frase, ela o interrompeu

—Como sabe disso? –Ela estava com ciúmes, mas antes dele sequer perceber, ela levou sua bebida aos lábios, sentindo sua textura já quente.

—Ela fica sempre com você, e dá para perceber, minha querida. –Falsidade. Ela odiava isso. Mas ele era seu namorado, dava para deixar passar, não é?

Não.

Ele não era seu namorado.

Era um cara.

Um aproveitador.

Mas ela não queria aceitar.

Não iria.

Naquele momento colocou o copo vazio na mesa e, meio alterada, disse

—O que você pôs nesse vinho? Está estranho - Disse embriagada, mas não estava bêbada. Ela sabia que não estava. Já ficou bêbada varias vezes

—Nada, minha querida! –Disse e Bruna viu o namorado sorrir.

Foi a última coisa que viu antes de cair no sono