E o mundo poderia parar exatamente ali, que nem Rodrigo e nem Luciana seriam capazes de se darem conta disso, era só os dois, e as emoções causadas um no outro através do beijo envolvente que trocavam, que os guiavam para um mundo de sensações onde focar na realidade era algo que necessitava de uma força descomunal.

– Rodrigo! – Para, para que você só pode estar maluco. – Luciana pronunciou-se depois de afastá-lo de si com dificuldade e levantando do sofá com de maneira confusa e descontrolada. –E eu bom, eu já nem sei. – reconheceu ela com a voz sôfrega, encarranco o rapaz que permanecia ainda mudo.

– Tá. – Rodrigo acessou positivamente concordando com ironia total em seu olhar. – Então me dá um motivo convincente pra mim acreditar nisso que você tá dizendo. – ele disse dando um salto até ela, que ainda quis ignorar sua presença em sua frente.

– Você escutou o que eu disse, ou de verdade o que você descobriu nos últimos dias. – Luciana o questionou séria, espalmando as mãos nos longos fios de cabelo com toda impaciência que lhe atingia.

– E isso muda o que? – ele rebate severo como se não ligasse a mínima para as palavras dela. – Quando a gente gosta de verdade de alguém, a gente não gosta por aquilo que a gente acha que aquela pessoa é, ou pode ser, por uma ilusão, por uma suposição, mas sim pelo que ela de realmente, seja qualidade ou seja defeito, a gente gosta de verdade... – declarou o garoto com toda calma, fitando minunciosamente Luciana, que se quer parecia respirar de tão estática que estava. – E tem certeza que nunca mais vai esquecer a existência dessa pessoa. – Rodrigo acrescentou, e ela continuou calada, mas ainda o ouvindo atenta. Alguéns segundos se silêncio passaram, até que ele suspira lentamente dando um passe para encurtar a distância entre eles.

– Só que nem tudo é tão simples assim. – Luciana profere, junto com o gesto de por as mãos sobre os lábios dele o fazendo afastar seu rosto, impedindo que ele a beijasse.

– E é como Lu. – Rodrigo questiona. – Olha no meu olho, e me diz que é só eu que sinto. – ele questiona ainda a encarando de perto.

– Sente o que? – Luciana bem que tentou desconversar, mas percebeu facilmente que era em vão, Rodrigo parecia determinado a pressioná-la em busca de uma resposta.

– Que nada tem a menor importância quando tá perto a gente tá perto, assim como agora. – garante Rodrigo, ajeitando uma mecha do cabelo dela, que o encarou arisca e desconcertada.

– Rodrigo uh... – murmurou Lu, já sem saber o que fazer, simplesmente se via com a mente embaralhada e completamente sem rumo.

– Só me lembra de uma coisa, antes de você negar, que... – Você não tá só se enganando, e nem mentindo pra você mesma, você tá fazendo nós dois sofrer em vão, porque eu gosto de você. – ressaltou Rodrigo, e a “dança” de olhares confusos em pleno descontrole continuava sem interrupção. – Mais que isso Lu, pra ser mais exato - disse o rapaz puxando o ar. – O que eu sinto por você, eu nunca senti por ninguém, e eu não vou me gabar te dizendo que pra ter certeza disso eu tive que ficar com várias meninas, e nem dá uma de Roger. – Mais... – Mais eu sei que eu to certo, o que eu sinto por você é especial, e não é possível que teu olho minta tanto assim, quando me diz que você também sente, exatamente a mesma coisa que eu, porque eu ti amo. – concluiu ele, deixando se levar pelo sentimento que lhe dominava.

– Não Rodrigo. – Luciana manifestou-se com a voz saindo com dificuldade, já que seus batimentos acelerados não lhe ajudavam a respirar normalmente. Rodrigo levou seus olhos de encontro ao chão no outro segundo, pesando que teria mesmo que desistir ali, já que talvez estivesse mesmo muito enganado, e iludindo a si mesmo, até se deixando levar por aquilo que sentia pela garota, e não conseguia enxergar com visibilidade que Luciana havia mesmo desistindo dele há algum tempo, e tudo era mesmo realidade, e não somente frases de puro efeito quando a menina afirmava que não queria mais nada com ele. - Eu não vou negar, pra ser sincera, eu já não consigo há um bom tempo. - ela tomou coragem para terminar o que estava falando, fazendo o rapaz voltar a encará-la até com extrema surpresa, por um repente Rodrigo ainda a olhou com certa desconfiança, parecendo mesmo estar achando que teria interpretado tudo da maneira mais errada, ele ainda parecia necessitar de uma repetição para se convencer por completo, Luciana parece se confundir também diante da forma inércia que via Rodrigo a sua frente, mas não podia voltar atrás, aquela era a grande verdade que lhe rodeava e fazia parte de si, de seu coração, e não seria negando o sentimento que nutria pelo garoto, que Lu o mataria dentro de si, e algum tempo a moça já tinha plena certeza disto, e partir dali não havia mais como dar passes atrás e negar o que havia confidenciado a Rodrigo, o amava da mesma forma que Rodrigo estava ali a sua frente dizendo o que sentia por ela.

Com os segundos passando e nenhum dos dois saindo do lugar, Luciana cansou de esperar que ele lhe respondesse algo condizente com a confissão que ela acabará feito, e o puxou para um beijo onde a paixão havia tomado conta dos dois.

– Mais, mais eu... – Eu preciso. – Luciana afastou-se de leve quando respirar se fez necessário.

– Precisa de que. – Rodrigo a indagou entre um beijo abafado, não querendo que aquele momento acabasse jamais.

– Você sabe que minha vida virou de um segundo pro outro e que... – Lu quis argumentar receosa que ele não lhe compreendesse. – Tem o Pedro, Rodrigo eu gosto dele, a gente se conhece há muito tempo, não é certo eu também ficar traindo ele desse jeito, quando o Luan ficou com a Alina, eu não sei direito se eu sofri tanto assim, porque apareceu você ih... – Mais eu mentiria se dissesse que não foi nada, porque foi muito eu fiquei sem chão, me senti apunhalada pelas costas, por uma pessoa que eu conhecia há anos, eu não gosto de traição, e eu jamais trairia alguém sabendo o quanto isso pode fazer mal. – Luciana tentou se explicar da maneira mais explicita possível. – Só que mesmo sabendo disso, eu to fazendo errado, eu não consegui evitar, mais eu não posso continuar com isso entende, não assim, não justo. – fala ela.

– Tá mais... – O que você pretende fazer então. – Rodrigo pergunta sendo direto, sem que Luciana tivesse chance de fuga.

– Eu não sei, tá tudo complicado nesse momento, então tenta me entender que eu preciso me organizar, me resolver antes de mais nada. – Luciana respondeu não sabendo muito por onde começar. – Mais é melhor você ir agora né, porque, porque bom é... – Luciana riu ao perceber que havia perdido seus argumentos todos por completo.

– Eu vou, mais... – Rodrigo quis questioná-la.

– Eu sei, na segunda a gente conversa, eu tenho que continuar indo pro colégio né, eu acho. – Luciana o interrompeu, caminhando até a porta e a abrindo.

– Bom ok, mais se você resolvesse voltar pro Dão Fernão, me avisa, pra eu saber onde te procurar. – brincou Rodrigo caminhando até ela.

– Tá, tchau. – Luciana acabou só sorrisos com o comentário dele.

– Então tchau. – insistiu ele, ainda querendo a fazer mudar de ideia.

– Tchau, e obrigada por ter me ajudado hoje, apesar de que acho que agora eu estou mais zonza do que antes. – admitiu Lu o agradecendo.

– De nada, você sabe que eu nunca vou te negar ajuda. – Rodrigo afirmou fixando um olhar encantado sob ela. – Mais acho que você vai ficar um pouco mais. – ele disse em meio a um sorriso iluminado.

– Como assim. – Luciana deu risada sem entendê-lo.

– Por isso. – Rodrigo retrucou com ligeireza, e com impulso a envolvendo em um beijo com toda vontade.

– Hum, Rodrigo, Rodrigo, vai embora, vai logo, eu to pedindo por favor. – Luciana alegou tentando empurrá-lo para se livrar do beijo intenso dos dois, antes que esquecesse de todo o resto e nem o mandasse embora tão cedo. – Bom final de semana pra você e tchau, anda vai. – ela o ordenou o empurrando porta a fora.

– Eu tenho certeza que vai ser. – Rodrigo riu do jeito estressado dela.

– Tá tá bom, agora vai. – Luciana insistiu também as gargalhadas.

– Mais poxa Lu, também não rola nenhum beijinho de bom final de semana, não afinal... – zoou ele.

– Não Rodrigo, e para de ser folgado, tchau vai logo. – Luciana não titubeou em colocá-lo para fora fechando a porta em seguida e ficando a rir sem conseguir acreditar no que havia acontecido ali.