—Não pode ser... Eu matei você, não há como estar viva...- Ele estava perplexo o semblante da garota parecia mexer com seu ser, lentamente ela retirava a mascara que cobria o seu rosto.

—Ara Haan- o seu corpo tremia sua mente misturava a sensação de terror e desespero, a presença dela era esmagadora, na naquela noite fria parecia que seria realmente o fim.

A fraca luz lunar que banhava o ambiente era o suficiente para mostrar o rosto claro da jovem, enquanto o vento passava de maneira tranquila, a bela praça ficava mais tensa, o mundo em volta dele parecia escurecer.

Ela não respondia nada, talvez não fosse preciso, a relação de ambos havia sido destruída tinha plena ciência disso, ele optou por aquele destino, tudo isso parecia alimentar ainda mais o seu desejo de vingança.

Porém toda aquela situação era extremamente agradável, ela passou a rir ao testemunhar e poder provar o gosto do desespero de seu adversário.

Ali estava e parecia zombar dele, o que podia ser facilmente chamado de o maior sacrifício que Ronan fez em vida, o que demarcava a sua grande decisão, o que foi o seu grande momento, mesmo assim aquilo era aterrorizante.

Interlúdio

Prólogo

Essa é uma longa historia para falar a verdade, talvez eu não seja melhor pessoa para contar afinal eu não estava diretamente envolvida, não sei se os fatos aqui citados serão descrito assim como aconteceram, porém garanto o seu entretenimento até o fim.

“O desejo da humanidade não é paz... muito menos conforto ou igualdade o maior desejo da humanidade é poder, poder para si sobrepor para se vangloriar e por fim se comandar”

É disso que se trata essa historia pessoas querendo obter controle de um poder irracional, obscuro, sem sentido e tantos outros adjetivos negativos, como pode uma espécie almejar algo capaz de extingui-la?

Mas vou avisando o que estou prestes a dizer é a serie de atos e o resultado deles, a historia de alguém que perdeu tudo, para seguir fiel a uma utopia que ele resolveu levar a adiante, para mim o que ele fez no que estou prestes a dizer é pura idiotice, perseguir algo impossível de se alcançar é criancice mas, mesmo sofrendo e vendo as consequências de seus atos ele continuou.

Bom, vou deixar minhas opiniões de lado por enquanto.

Parte 01

—Hum!?- A pequena criança de longos cabelos negros se deu conta de sua existência, a primeira coisa que viu a sua frente foi uma pilha de corpos, milhares deles, o sangue a cobria, a sua volta ela apenas tentava compreender que local era aquele, definitivamente ela não estava assustada.

Em meio ao que já foi um grande templo oriental um dia, aquela criança estava bem no centro do salão principal, o caos reinava naquele local, não havia esperança em suma não havia nenhum tipo de sentimento positivo, o local apenas emanava desespero e solidão em meio aos risos de um homem louco aquele foi o local de seu nascimento.

—Sim... SIM, finalmente nossas preces tomaram forma, finalmente o nosso deus respondeu nosso apelo, finalmente teremos nossa vingança, os esforços e sacrifícios de meus companheiros não foram em vão, ai está- o homem não se conseguia se conter, já era velho mesmo assim sua disposição parecia ser infinita enquanto não parava de rir foi se aproximando da pequena criança.

Passando as mãos entre os cabelos dela, o velho parecia estar em êxtase.

—Os deuses ouviram vossas orações e nos recompensaram com você, Oh grande Apostolo- ele se curvava a jovem.

Ela parecia estar confusa, não entendia muito bem o que aquelas palavras queriam dizer, nem soube se expressar tinha dificuldade para emitir sons, parecia estar desacostumada com o próprio corpo.

Daquele momento em diante a inocente garotinha passaria a participar de atos brutais, comandada por aquele homem, o apostolo que nasceu sob sangue iria ainda derrama-lo varias vezes.

Dito isso, vamos ao momento em que Ronan a encontra?

Não muito direto... Já sei que tal irmos ao momento em que ele foi designado para ir à cidade de Corin.

—Ronan- Dizia a loira com uma toalha arremessando ao azulado, era de manhã e ele estava praticando no pátio do pequeno casebre onde morava a comandante Lothos atual responsável do rapaz, ele usava como de costume apenas uma calça moletom azul, enquanto realizava golpes em um boneco de treino com a gládio.

A comandante usava roupas bem a vontade nada muito exagerado, afinal passaria o fim de semana em casa, estava pouco disposta, sem muita energia para procurar “O Homem de seus Sonhos” assim intitulado por ela, isso era visível, seu cabelo bagunçado, usando apenas uma calcinha vermelha e uma camiseta branca grande, o que não passou despercebido por ele.

—Pelo visto esta desistindo daquela ideia não é velhota?-O comentário de Ronan, fez com que uma das sobrancelhas de Lothos levantasse.

—Ora já esta cheio de si logo pela manhã fracote? Afinal para quem levou uma surra da Edel ontem, esperava que nem iria te ver hoje- ele ouviu uma resposta à altura, o que o fez sorrir, se enxugou usando a toalha colocou-a envolta do pescoço e foi na direção da loira.

—O que deseja comigo há essa hora?

—Direto ao ponto jovem cavaleiro? Tudo bem- Ela fez pediu para que ele entrasse, ambos foram em direção a sala, ele sentou-se à mesa de mármore despreocupado, mantendo a toalha sobre os ombros, enquanto que Lothos ia preparando um café no balcão que ficava entre a sala e a cozinha, iniciou sua explicação.

—Há alguns meses atrás surgiu numa pequena cidade a leste da capital do continente de prata, uma energia negativa muito grande, não é nenhuma surpresa afinal aquele continente vive em guerra você sabe muito bem disso, o que chama a atenção é que de acordo com as duas potencias que lutam pelo controle naquela pequena ilha, a cidade de Fahrman havia sido destruída durante uma escaramuça entre dois exércitos- Ao terminar de preparar o café a Loira toma um gole, respira fundo e continua.

—Porém unidades de reconhecimento de ambas as nações alegam que a cidade ainda está de pé- O garoto até então que se antinha calado resolveu se manifestar.

—Imagino que a Aliança entre Serdin e Canaban não ficará neutra sob essa nova ameaça, mas onde eu entro nisso Lothos?- Dizia ele se levantando da mesa e indo ao seu encontro.

—Simples eu como comandante das forças especiais da Aliança fiquei responsável por resolver essa situação, é claro que eu poderia mandar um esquadrão inteiro dos nossos melhores cavaleiros para aquele fim de mundo porém, a opinião publica nos massacraria, afinal estamos enviando soldados para uma ilha de quem ninguém nunca ouviu falar, Eu enviaria a Edel afinal você faz muita bagunça é desajeitado e inexperiente, mas ela não tem o perfil certo para esse trabalho, afinal lá pode haver alguma pista sobre a cazeage é por isso que quero você lá- Estavam frente a frente, quando a loira havia terminado de explicar, o jovem não demorou para dar sua resposta.

—Tudo bem- disse ele por fim, colocando um pouco de café em sua xicara.

—Você sai ainda hoje por volta das quatro horas da tarde, um navio de pesca que vai zarpa ainda hoje para as terras de prata precisa de um novo pescador, já preparei seus equipamentos já estão no barco embaixo da sua nova cama, boa sorte- disse ela por fim deixando sua xicara sob o balcão e voltando ao seu quarto.

Ronan por sua vez continuou seu treinamento matinal, parecia não estar preocupado, sua mente estava focada na sua nova missão, e seu treino ia se intensificando a medida que ele usava as espadas que possuem um peso maior.

Costumava treinar com espadas que pesavam mais de cem quilos e hoje em especial estava superando os incríveis 150 quilos, ao longe a grisalha havia acabado de acordar quando vira o jovem em seu treinamento matinal, na opinião dela, aquele treinamento era completamente inútil.

Afinal aumentar as capacidades físicas de nada adiantava se a sua maestria e técnicas de espadas não fossem refinadas, para ela o problema do jovem era claro, faltava maturidade em sua condução, ela era muito direta e demonstrava claramente os próximos movimentos dele.

—Continua com essa idiotice? Não aprendeu nada ontem idiota?- Ela estava vestida com uma camisola curta preta, descalça na grama fria da manhã, parecia bem irritada.

—Que outra opção eu tenho? Minha mãe não me ensinou as técnicas e o estilo de luta dos Erudons, tudo que posso fazer é usar o que eu sei- Ele continuava focado atacando com todas as forças o boneco de madeira.

—Isso é só uma desculpa você sabe que pode aprender o meu estilo ou o da comandante- a grisalha continuava a jogar o jovem cavaleiro contra a parede.

—Edel...- ele parou e colocou a espada no chão.

—Você deve ter razão, eu realmente não sei como usar a gládio de maneira correta, talvez eu nunca aprenda e provavelmente morra tentando aprender essa maestria, mas não vou abandona-la, esse treinamento foi a minha mãe quem me ensinou e eu vou continua-lo até o fim- O azulado falou enquanto passava pela companheira.

Edel sentiu o peso daquelas palavras e tentou se desculpar mais já era tarde demais ele já havia entrado, mal sabia a jovem que eles não se falariam por bastante tempo, ela nutriria o sentimento de culpa e arrependimento, tola, ela simplesmente não queria admitir o que sentia por ele era apenas isso.

O resto daquele dia foi relativamente calmo, nada de muito importante aconteceu, a rotina foi tranquila, quando Ronan se despediu das duas chovia forte, foi em direção ao porto, com roupas simples nada muito chamativo.

Camisa polo preta e uma calça jeans prendeu seus longos cabelos em estilo rabo de cavalo e se apresentou ao barco pesqueiro.