Outsider escrita por iMaandy


Capítulo 3
Osvingadores | 0 4 - A N O N I M O U S


Notas iniciais do capítulo

''É como se você estivesse gritando e ninguém pudesse ouvir. Você quase sente vergonha de que alguém poderia ser tão importante. Que sem ela, você sentiria como um nada. Ninguém nunca vai entender o quanto dói. Você se sente sem esperança, como se nada pudesse salvá-lo. Então quando tudo acaba e se vai, você quase deseja ter todas aquelas coisas ruins de volta, para que assim você pudesse ter as boas."



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FANFIC TRAILER https://youtu.be/6kOOlvmyjsU
FANFIC TEASER https://youtu.be/mlhOIu48MmM
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Poucos trocavam palavras entrei si, por todos os lugares que eu passava escutava apenas o barulho da ventilação e das solas dos sapatos dos agentes batendo contra o chão. Toda a nave parecia assustadoramente fantasma nos últimos minutos. Essa era a silenciosa forma de luto entre eles.

Thor e Hulk não estavam mais ali e o paradeiro dos dois ainda continua um mistério para todos, mas de acordo com o que eu lembrava do filme ambos estavam bem. Assim que a morte de Coulson foi anunciada Steve me levou para receber rápidos cuidados médicos no bunker - agora completamente destruído - onde havia acontecido a luta entre Banner e o asgardiano. Alguns agentes que ainda possuíam a capacidade de cuidar de si mesmos, rapidamente limpavam e enfaixavam seus ferimentos enquanto os outros que haviam sido feridos mais gravemente eram levados para a ala médica.

— Senhorita Lefreve? – um homem parou na minha frente e me chamou. Ele era aparentemente um dos mais jovens que estavam ali. Havia um pequeno corte em sua bochecha e seu rosto ainda estava molhado de suor – Diretor Fury está solicitando sua presença na sala de reuniões imediatamente.

— Imediatamente?

— Isso quer dizer agora. – respondeu de forma insípida. Eu bufei em resposta o fazendo suspirar impaciente.

Levantei do chão enquanto ele girava seus calcanhares e andava na minha frente sempre olhando para trás para se certificar que eu o seguia.

O agente que eu ainda não fazia ideia de quem era me guiou pelo local. Lá parecia não ter sido tão atingido pelo ataque em comparação aos outros lugares que eu já havia passado, mas assim como o restante da nave ainda parecia sombrio e ainda possuía vários agentes com expressões aflitas.

Assim que passei pela grande porta de metal reconheci de cara onde eu estava. Foi aqui que eles se encontraram pela primeira vez e discutiram sobre Loki e assim que eu vi apenas Tony e Steve sentados em volta de uma grande mesa, já fiquei ligada em que cena eu estava agora. Fury assim como me lembrava, estava de pé com o olhar perdido estampado no rosto enquanto mexia com algum objeto em sua mão.

O Agente que havia me levado ali girou seus calcanhares indo embora sem dizer nenhuma palavra, entendi aquilo como um sinal e então andei rapidamente até a cadeira do lado de Steve e me sentei. Nem ele ou Stark levantaram seus olhares para mim.

— Isso estava no bolso de Phil Coulson. – Fury disse mostrando o que trazia nas mãos, algumas espécies de cartas – Acho que ele não conseguiu seu autógrafo. – ele as jogou na mesa e Steve pegou uma delas que ainda estava suja de sangue, observando a foto dele mesmo no pequeno papel – Estamos paralisados aqui em cima. Sem a nossa comunicação, localização do cubo, Banner ou Thor. Não tenho nada para ajudar vocês...

— Tem. – Tony disse baixo levantando seu olhar para mim, consequentemente fazendo os dois homens também me encararem um pouco confusos – Você previu tudo o que aconteceu, mas como?

— É complicado dizer. – respondi sincera.

— Você sabe o que vai acontecer? Como isso tudo vai acabar? – Foi Steve agora quem perguntou, virando sua cadeira em minha direção. Ponderei minha cabeça para o lado durante algum tempo, mas por fim acabei assentindo. Os homens pareceram mais aliviados, mas eu estava com um pressentimento ruim. Algo me dizia que eu não devia fazer isso, que eu não devia contar como tudo acontece e da forma como eu me lembrava. Embora eu não desejava que ninguém mais se machucasse, por um outro lado faz sentido manter os fatos apenas para mim mesma. Como tudo pode acontecer do jeito que tem de acontecer se eu simplesmente contar? Eles teriam que seguir o curso da história por eles mesmos, não é?

— Então nos conte. – Fury ordenou sentando-se na cadeira. E mais uma vez minha mente me alertou. Suspirei pesadamente e fechei os olhos com força antes de começar a falar.

— Eu não posso fazer isso. – disse abrindo os olhos e os encarando – As coisas devem acontecer não porque eu os guiei, mas porque vocês guiaram a si mesmos. Eu já estou mudando muito somente por estar aqui, eu não sei o que pode acontecer se alguma coisa sair do rumo que eu conheço. Não posso arriscar de alguém sendo ferido ou morto.

temos um morto. – Fury falou sombriamente.

— Então vamos nos certificar de que ele seja o único. – respondi dura.

— Ela tem razão. – Stark disse.

— Então não tem porque eu estar aqui. – falei me levantando e saindo apressadamente para fora da sala antes que alguém pudesse me impedir.

Aquilo não fazia sentido, todo esse mundo ou o que quer que seja. Eu precisava de respostas, de como eu vim parar aqui e o mais importante, o porquê. Se tivesse como pelo menos tentar me comunicar com alguém que eu conheça...

Porra, Scarlet! Me xinguei mentalmente e bati forte na minha face atraindo alguns olhares curiosos de agentes que passavam pelo corredor. Ignorei os sussurros e corri em direção ao bunker e seguindo pela direção da ala hospitalar que não ficava muito longe dali.

O lugar não possuía nem metade da extensão do bunker, e a quantidade de camas que estavam ocupadas e mais os vários agentes feridos deitados em macas improvisadas faziam o lugar se tornar ainda mais menor. Eu havia acordado ali logo depois de ter apagado no avião e só agora eu tinha me dado conta de que foi Steve quem me 'socorreu' na floresta.

Havia despertado em um dos leitos amarrada dos pés à cabeça e com um agente da Shield de cada lado da minha cama.

Eu me lembrava bem que não tinha sido nada gentil com a enfermeira que estava por conta de mim, só posso torcer agora que ela tenha esquecido de todas as coisas nada educadas que eu chamei ela.

— Susan! – gritei seu nome ficando na ponta dos pés e esticando o meu pescoço o máximo que podia – Mas que merda, Susan onde está você? – ao ouvir meus xingamentos, a enfermeira apareceu no fundo da ala. Sua expressão ao me ver foi de puro terror, nada muito diferente do que eu já esperava. Visivelmente relutante, ela caminhou em minha direção.

— Está ferida? – perguntou mandando um olhar rápido para o meu corpo.

— Não, eu estou bem – disse a fazendo piscar os olhos duas vezes lentamente.

— Como pode ver, eu estou um pouco ocupada...

— Tinha alguma coisa comigo? Digo, quando eu cheguei aqui.

— Apenas seu celular... – soltei uma risada tosca a fazendo juntar suas sobrancelhas e me olhar como se eu fosse louca.

— E onde ele está?

— Obviamente a S.H.I.E.L.D. o pegou para investigar, mas não acharam nada que pudessem ajudá-los, então entregaram para mim... Mas não creio que irá te ajudar muito, me disseram que ele está quebrado. – ela dizia enquanto dava passos largos para sua mesa. Abriu uma gaveta e de lá tirou um saco preto e o estendeu para mim.

— Muito obrigada, Susan! – a enfermeira deu de ombros e balançou a cabeça passando por mim. Não esperei nem um segundo a mais e saí da ala hospitalar abrindo o saco com os dentes. Meu celular finalmente caiu em minhas mãos e eu tive uma vontade estúpida de chorar feito uma criança. Ver algo que eu tenha certeza que veio do meu mundo me deixava mais calma, talvez ali esteja a resposta pra toda essa loucura.

Surpreendentemente o aparelho ligou o que me fez coçar a cabeça e me perguntar o que é que estava quebrado ali. Desbloqueei o celular e sem perder nenhum minuto fui direto para a minha agenda de contatos.

— Mas que porra... – sussurrei. Para minha total surpresa, ela estava completamente vazia. Segui então para as mensagens e assim como a agenda não possuía absolutamente nada – Merda! Não, não, não! – gritei batendo os pés no chão, atraindo ainda mais olhares desconfiados em minha direção. Encarei perdidamente as pessoas que passavam por mim, ficando aos poucos com a respiração ofegante e com uma bolha que crescia cada vez mais no meu estômago.

— Fotos... – pensei alto fuçando novamente no aparelho. Mas o último pingo de esperança foi embora quando abri a minha galeria. Assim como toda aquela merda de celular, estava vazia.

Rosnei de ódio e me posicionei para jogar aquela porcaria na parede, mas um grito me impediu.

— Scarlet! – Steve apareceu pelo corredor correndo em minha direção. Ele agora usava seu capacete e estava com seu escudo na mão – Estamos indo para NY impedir Loki, você ficará bem aqui? – eu assenti dando um sorriso mínimo que ele retribuiu antes de dar meia volta e andar a passos apressados para a direção de onde veio.

Olhei a minha volta e vi uma lixeira preta ao lado da porta que levava à ala Hospitalar. Embrulhei o celular no saco preto e joguei o aparelho com força no lixo. Girei meus calcanhares, mas antes que pudesse dar ao menos um passo fui capaz de escutar algo.

Will Do, do TV On The Radio começou a tocar no lixo. Mas o mais surpreendentemente, é que esse era o meu maldito toque! Praticamente pulei em cima do lixo e o abri. Minhas mãos trêmulas tornaram o trabalho de tirá-lo do saco preto uma tarefa extremamente difícil, até que eu pudesse finalmente alcançá-lo ele já tinha parado de tocar.

Merda! – gritei ao pegá-lo, mas já era tarde demais. No visor havia escrito apenas como uma ligação perdida de Anônimo.

Sentei no chão e apoiei minhas costas na parede, largando o lixo do meu lado. Todos os pêlos do meu corpo se eriçaram quando o maldito aparelho vibrou. Era uma mensagem anônima. Passei o dedo pelo visor do aparelho e a abri.

Vá com o Capitão.

— O quê? – a respondi alto, olhando instintivamente para os lados. Novamente o celular vibrou e eu abaixei meu olhar.

Não mude nenhum fato importante ou terá drásticas consequências. Os Vingadores te levarão para casa. De uma forma ou de outra.

Como se tudo não estivesse louco o bastante, ainda tem isso. Mensagens secretas que queriam me matar. Eu sei exatamente o que acontece em NY e quero ficar o mais longe possível daquela bagunça perigosa.

Levantei-me do chão e guardei o celular no meu bolso voltando a finalmente andar pelo corredor ainda mais confusa.

— Scarlet! – virei-me a tempo de ver Susan correr em minha direção com algo em sua mão – Esqueci de te dar a bateria, me desculpe. – disse estendendo outro saco preto menor – Quem sabe assim você consegue dar um jeito de ligar ele já que nós não conseguimos.

Um calafrio percorreu pela minha espinha. Se ali estava a bateria do celular, como foi possível ele tocar e eu ter recebido aquelas mensagens?

Susan bufou e colocou a bateria na minha mão bruscamente antes de voltar a passos rápidos para seus pacientes. Eu tirei o aparelho do bolso e tentei desbloqueá-lo, mas para meu espanto ele não ligou. Desmontei a parte traseira constatando novamente a falta da bateria.

— Mas que... – sussurrei assustando-me quando o aparelho vibrou novamente. O girei entre minhas mãos ainda confusa com toda aquela situação e depois o desbloqueei. Havia ali mais uma mensagem anônima.

Vá com Steve AGORA. Fique sempre com o celular e pode jogar essa bateria fora. Não irá precisar mais dela.

Joguei o saco preto ainda lacrado com a bateria no lixo e encaixei a traseira do celular antes de colocá-lo cuidadosamente no bolso da minha calça. Olhei para os lados rapidamente antes de começar a correr na direção que o Capitão tinha ido.

Pela primeira vez desde que eu tinha chegado, senti que eu estava agindo da forma certa. Essas mensagens contribuíram para que as ideias de eu ter ficado louca ficassem um pouco mais fracas na minha mente. Mas, louca ou não, eu estava ali por algum motivo e de alguma forma sentia que ficar do lado desses heróis me ajudariam a encontrar a verdade.

Eu sabia que Steve não permitiria que eu fosse, então entrei escondida na nave e me ‘’camuflei’’ numa espécie de cabine que tinha no fundo torcendo para que ninguém me encontrasse, que me machucasse no caminho... Ou algo pior.

Escutei conversas paralelas entre o Capitão, Natasha e outra voz masculina que eu deduzi ser do Clint Barton, o Gavião Arqueiro. Em poucos segundos já estávamos no ar. Eles conversavam pouco entre si, apenas percebi que estávamos chegando quando a nave começou a balançar mais bruscamente que o normal.

Fechei meus olhos e tentei pensar no dia que assisti ao filme. Eu tinha ido ao cinema com o meu irmão mais novo, Sean. Ele tinha seis anos na época e eu me lembro do trabalho que deu para fazê-lo entrar na sala. Ele não parava de falar no começo do filme e fazia gracinhas a todo minuto, mas logo acabou se comportando no final. Sean finalmente calou a boca quando a batalha final começou, mais precisamente na hora em que Loki atira na nave que o Capitão... Oh Não.

Empurrei a porta da cabine que eu estava com toda força que eu tinha, mas acabei me desequilibrando e fui com tudo de cara no chão.

— Scarlet? – escutei a voz de Steve e me virei em sua direção.

— O que ela está fazendo aqui? – Natasha perguntou virando seu rosto para trás.

O Capitão andou em minha direção e finalmente me ajudou a levantar.

— O que você está fazendo aqui? – repetiu a pergunta de Natasha.

— Então... Complicado dizer, mas eu meio que quero impedir que uma coisa aconteça...

— O quê?

— Lá está Thor com o Loki. – Barton disse. Um déjà vu me atingiu dessa mesma exata cena do filme e eu engoli em seco segurando com força no braço de Steve.

— Só não me deixa morrer, ? – eu disse o fazendo criar um semblante confuso. E então a nave foi atingida.

O impacto foi tão grande que eu e Steve voamos batendo nossas costas no teto de metal. O capitão com uma mão agarrou minha cintura e com a outra segurou no teto tentando nos estabilizar. Tudo rangia assombrosamente em nossa volta e meu coração batia tão forte que poderia fazer um buraco no meu peito a qualquer momento.

— Segurem-se! – Clint gritou e eu passei os braços pelo corpo grosso de Steve, que apertou ainda mais seu braço em minha volta. Em poucos segundos que pareciam uma real eternidade, chegamos bruscamente ao chão.

— Você está bem? – ele perguntou afrouxando seu aperto no meu corpo.

— Com toda certeza que não.

— Fique na nave, ficará mais segura aqui. – eu assenti. Natasha e Clint passaram por nós e o Capitão me mandou um olhar amigável antes de segui-los.

Pulei de susto quando senti o celular vibrando novamente contra as minhas nádegas. Ainda trêmula alcancei o celular no meu bolso e o desbloqueei sentindo um arrepio. Era mais uma mensagem anônima.

Vá com eles ou irá morrer nessa nave.

 


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Notas finais do capítulo

☸ Espero que gostem! Não esqueçam de dar uma conferida no teaser e no trailer ❤ Beijos da tia :*