Let it Snow - Faberry escrita por Metacase, I am Gleek, Tharry Charliye, analaborda, Peixotize, CalPessoa, Stronger, FaberryLover, Florence, Rebeka Agron, Fernanda Redfield, ohmyhulk, Violet, Vitor Matheus


Capítulo 9
Fernanda Redfield - Cold December Night


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, como vocês estão?

É um prazer escrever para um projeto tão bom e especial quanto esse. Gostaria de agradecer a Metacase pelo convite surpreendente *-* Não esperava escrever nada a respeito do Natal já que estou envolvida com o meu "Projeto 25" para Faberry... Mas, essa one saiu e eu espero muito que gostem!

Saí bem do que eu estou acostumada a escrever, um presente a vocês e a mim. Trata-se de uma AU com mesclas de fantasia Hahahahahaha

A música do título e das citações é "Cold December Night" do Michael Buble.

Tenham uma boa leitura!



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“Each year I ask for many different things... But now I know what my hearts want you to bring, so please... Just fall in love with me this Christmas! There’s nothing else that I will need this Christmas. I won’t be wrapped under the tree, I want something that lasts forever... So, kiss me on this cold december night.”

Todos nós já escutamos, diversas vezes, como a época de Natal é mágica... Como ela é feita de generosidade e solidariedade e de como os sonhos e pedidos são realizados independentemente da natureza de cada um deles.

Entretanto, para alguns, o Natal era somente uma época de trabalho e de cansaço. Pois, são justamente eles que se esforçam para que essa época seja exatamente da forma como sonhamos e acreditamos desde pequenos.

Lucy Quinn era uma dessas pessoas.

Ela não se lembrava de quando começara a acompanhar Claus, ou de quando começara a fabricar e entregar presentes... Ela só sabia que era algo que estava inerente a sua existência. Ela vivia para descer por chaminés e colocar presentes debaixo de árvores de Natal ricamente decoradas. E ela não reclamava disso, pelo contrário, ela realmente adorava observar as reações ao enxergarem os presentes que não esperavam...

Principalmente das crianças e, essencialmente, de uma delas em especial.

Essa garota, cujos cabelos eram escuros como o chocolate que Quinn derretia no Pólo Norte para se aquecer, era pequenina e extremamente ansiosa. Quinn já quase fora pega por ela mais de uma vez durante todos aqueles anos e, de certa forma, sentia-se próxima a ela por ela exigir que fosse mais sutil do que era nas outras casas.

Aliás, a casa dela era diferente das outras. Existia uma árvore de natal e meias na lareira, mas também existiam uma série de velas e outras coisas que Quinn desconhecia... Estranhamente, Quinn achava tudo muito atrativo.

Assim como, deveria admitir, também sentia a energia diferente que a atraía para essa menina sempre que chegava a época de depositar presentes de Natal em Lima, Ohio. Quinn sempre deixava a casa dela por último para que tivesse um pouco mais de tempo para observá-la rasgar os embrulhos e encará-los com aquele brilho nos olhos e aquela luz no sorriso que tanto lhe lembravam a Aurora Boreal nas manhãs do Pólo Norte.

Quinn, então, abria um sorriso e saía de seu esconderijo, pulava no trenó junto com Noah e desaparecia na noite para, no dia seguinte, descansar e pensar no próximo ano quando a veria de novo.

Quinn era a encarregada dos presentes de Lima desde os oito anos de idade quando pode, pela primeira vez, subir em um trenó. Claus dizia sempre que aquela era uma função especial para ela, desde muito jovem, ele a deixava a cargo de grandes responsabilidades, como se soubesse que havia mais a ser alcançado por ela.

E Quinn acreditava em Claus como se fosse nela mesma.

Então, mais um ano de entrega de presentes começava. Quinn estava a bordo do trenó vermelho, invisível para os demais humanos. Noah pilotava as renas mágicas da mesma forma extravagante e perigosa de sempre, ele tinha um sorriso excitado nos lábios e gritava o tempo todo. Quinn, por outro lado, estava ansiosa enquanto ajeitava seu gorro vermelho e sentia o rosto pálido ser castigado pelo vento cortante e frio (que nada se comparava ao frio do Pólo Norte, mas que ainda era frio o bastante).

Estava ansiosa porque fazia um ano que não a via e, também, porque estava com 18 anos... Idade mais do que avançada para continuar em um trenó. Quinn sabia que, provavelmente, não veria mais a garota no ano que vem já que Claus deixara claro que ela ficaria na fábrica, fazendo o levantamento dos presentes. Era uma função privilegiada, mas Quinn já não estava mais certa se queria aquilo para sua vida.

– O que foi, little Q? - A voz de Noah estava rouca enquanto ele gritava, tentando sobrepor-se ao som das rajadas de vento que batiam neles. Quinn olhou de lado e suspirou, cruzou os braços na altura dos seios e respondeu:

– Estou preocupada com a entrega de presentes, só isso.

– Você sabe que não pode mentir para mim... Além disso, Claus e Mama já me disseram que você não tem sido a mesma desde que ele disse que a queria no Pólo Norte ano que vem... - Noah despejou tudo sem preparar o ambiente, isso era característico dele. Ele era um rapaz alto e forte, até mesmo ameaçador. Mas, no fundo, ele tinha uma natureza preocupada e protetora, ainda mais quando se tratava de Quinn. Ele foi aquele que acolheu Quinn quando ela apareceu na fábrica junto com Claus. - Eu passei os últimos 10 anos com você nesse trenó, isso sem mencionar nosso tempo junto na fábrica... O que foi? É por causa da menina?

Menina? Quinn sorriu de forma desdenhosa, ela não era mais uma menina.

No ano passado, ela já era praticamente uma mulher quando desceu as escadas para verificar o barulho na sala onde estava montada a árvore. Quinn quase caiu da árvore em que estava porque não esperava ser envolvida por tamanha beleza e amadurecimento. E, justamente por ela já ser uma mulher, que Quinn estava confusa em relação ao que estava sentindo... Aquele aperto no peito era desconhecido, mas o olhar que via em seus olhos toda vez que se refletia em um espelho era o mesmo de Mama quando Claus saía no Natal.

Era saudade e, indo mais a fundo, era amor...

Quinn podia nunca ter amado, mas sabia do que ele era feito. Mama e Claus eram bons exemplos do que esse sentimento era. Ela realmente desejava isso e achava até que poderia tê-lo com Noah... Mas, ela sabia que seria incapaz de amar o rapaz enquanto aquela morena existisse na sua vida.

E ela ia desaparecer, para sempre, no ano que vem.

– Já que não vai me responder, essa é sua deixa. - Noah acabara de parar o trenó com um solavanco, jogando Quinn de encontro à borda. As renas olhavam frustradas para ele enquanto Quinn lutava para ajeitar o gorro que cobrira seus olhos. Noah lhe deu uma ajuda, puxando-o carinhosamente para trás. Ele tinha um sorriso nos lábios quando ela o olhou de novo. Quinn franziu a testa e grunhiu:

– Acabou de dar meia-noite, você sabe que a casa dela é a última.

– Esse é meu presente de Natal para você, Quinnie! - Noah respondeu entusiasmado antes de empurrar Quinn para fora do trenó. A loira, em vez de gritar assustada, apenas o xingou e lutou para se equilibrar no ar até o teto da tão conhecida casa da morena.

Acima dela, Noah gargalhava satisfeito. Ele jogou o presente da morena para Quinn que o apanhou. A loira, olhando para cima, de testa franzida e expressão contrariada, observou seu amigo voltar a acelerar o trenó e desaparecer na noite de Lima. Quinn olhou desolada para a chaminé e suspirou.Colocou o pequeno embrulho no bolso da jaqueta e escorregou as solas das botas nas paredes da chaminé, aterrissando elegantemente na lareira.

Ela agitou as cinzas de sua jaqueta e calças vermelhas e voltou a puxar o gorro para trás, depois... Deu um passo a frente na escuridão da sala que conhecia tão bem e que veria, pela última vez, naquele ano.

# # # # #

Quinn dedilhou as três meias que estavam penduradas na lareira, ela tinha um sorriso nos lábios ao chegar na última delas, a que tinha uma imensa estrela dourada delicadamente costurada ao tecido avermelhado. Se ela não conhecesse a morena tão bem, poderia achar que era uma simples meia natalina decorada... Mas, não, ela sabia da importância que estrelas douradas tinham na vida da morena.

Claus era bastante atencioso com todos os presentes que entregavam e o daquela garota sempre era embrulhado em um papel escuro, repleto de estrelas douradas. Ele disse, na primeira vez que Quinn entregara um presente a ela, que era uma metáfora e que as metáforas, para aquela garota, eram extremamente importantes. Porque ela vivia de sonhos e ainda seria uma mulher que moveria multidões com o que sonhava.

Quinn também notou as estranhas velas que estavam acesas, assim como notou a antiga árvore ricamente decorada no canto da sala, próxima à janela. A loira avançou a passos de veludo no carpete e depositou o presente da morena delicadamente ao pé da árvore, ajeitou o embrulho de forma que ele fosse o primeiro a ser visto de manhã.

Naquele momento, o aperto no coração de Quinn voltou a se fazer presente. Ele lhe tirou o ar e a fez fraquejar, tonta. Quinn se equilibrou na ponta dos pés e fechou os olhos, respirando fundo e tentando retomar o controle de suas emoções. Entretanto, uma lágrima escorreu delicadamente no canto de seus olhos e ela, surpresa, as limpou.

A garota da casa deixara de escrever cartas a Claus quando tinha 11 anos, mas Quinn sempre fora muito boa em adivinhar o que ela queria e Claus nunca a impedia de presenteá-la. Portanto, aquele presente, por ser o último, era especial. Quinn confeccionara sozinha. Tratava-se de uma pulseira em ouro com três pingentes. Quinn já a vira cantar nas ceias de Natal, portanto, colocara uma nota musical, uma estrela por causa das metáforas e acrescentara algo especial, um coração entrelaçado a uma gardênia.

A gardênia era a flor preferida de Mama e Claus e, quando Quinn perguntou a eles o motivo, os dois lhe explicaram seu significado... De amor florescido, forte e integral. Quinn não sabia muito sobre amor, mas sabia o que sentia e era bastante próximo a essa significado.

Quinn apoiou o braço sobre o joelho dobrado e ficou olhando para o embrulho. Depois, quando as lágrimas voltavam a querer cair de seus olhos, ela se colocou em pé e rumou a passos decididos para a lareira. Estava prestes a sair quando algo ocorreu.

As luzes se acenderam.

Quinn, naquele momento, pensou em todas as desculpas que Claus os ensinara caso fossem pegos. Mas, nenhuma delas parecia corresponder as suas expectativas porque ela, surpreendentemente, percebeu que desejava ser pega. O coração estava acelerado e toda a sua postura encontrava-se tensa, Quinn sabia que ser pega por um humano era um crime passível de severa punição...

Mas, não importava... Ela não voltaria no ano seguinte.

– Você veio cedo nesse ano, eu lhe esperava mais tarde... - A voz melodiosa e delicada, que Quinn escutara várias vezes entoando músicas natalinas, soara as suas costas. O coração de Quinn acelerou ainda mais, mais do que a loira julgava ser possível, ela também estava trêmula e seu corpo se encolhera. Ela sentia-se pequena diante da grandeza daquele momento. Mesmo sem querer, a morena finalmente a encontrara.

Quinn se virou, desengonçada e tímida.

Lá estava a morena, os cabelos escuros ligeiramente ondulados caídos em seus ombros, chegando aos seios em uma disposição bagunçada e natural. Os braços cruzados e o corpo relaxado de encontro ao portal da sala de estar. O corpo pequeno e ainda assim, emanando uma força que seria capaz de fazer até mesmo Noah ceder. Mas, ela tinha um sorriso acolhedor e sonolento nos lábios e os olhos castanhos brilhavam, exatamente como a Aurora Boreal.

Quinn engoliu em seco e retirou o gorro vermelho dos cabelos, os fios loiros caíram em seus olhos e ela os jogou para trás, afobada. A loira curvou ligeiramente a cabeça, em uma mesura e a morena respondeu, sorrindo ainda mais grandemente para o gesto. Quinn coçou a cabeça e gaguejou sua melhor desculpa:

– Não sei por que espera uma simples limpadora de chaminés, senhorita.

– Por favor, vamos deixar as desculpas de lado... Você não é nenhuma limpadora de chaminés! Quem limpa chaminés nessa época do ano? - A morena falava rápido, não dando muita importância por ter uma desconhecida, suja de cinzas, em sua sala de estar. Ela caminhou até Quinn e passou por ela, indo até a árvore e deixando um traço doce de perfume que fez a loira fechar os olhos e sorrir pequeno. Rachel apanhou o embrulho com estrelas douradas. - O que me trouxe esse ano? O embrulho está pequeno, o que aconteceu?

– Como eu disse, eu não sei, senhorita. Eu estava limpando sua chaminé, não sei quem lhe deu esse presente. - Quinn voltou a insistir em sua desculpa, soando cada vez mais idiota aos seus ouvidos. Talvez, fosse o efeito da presença avassaladora daquela morena que, por tanto tempo, observou e amou. A morena a olhou, desdenhosa, enquanto abria o presente delicadamente.

Quinn, naquele ano, observou de perto o que o seu presente fez à morena. O sorriso dela dobrou de tamanho, brilhando mais que todas as luzes daquela noite. Ela colocou a pulseira no braço e o chacoalhou, observando a forma como os pingentes balançavam. Quinn, discretamente, sorriu para o efeito de seu presente e colocou as mãos nos bolsos.

Ela podia ser até punida por ter sido descoberta, mas tudo valera à pena porque observara aquele sorriso de perto.

– Eu realmente me surpreendo com a forma como você me conhece... - A morena comentou sonhadora, olhando intensamente para Quinn que sentiu suas bochechas corarem. A loira deu de ombros e a morena se aproximou, novamente, o cheiro doce e apaixonante entorpeceu Quinn. - Você me conhece melhor que meu namorado... Ou melhor, ex-namorado. E nem venha dizer que apenas limpa chaminés. Eu vejo você descer a chaminé da minha casa desde quando eu tinha 11 anos de idade.

Quinn deu um passo para trás, na defensiva, respirando fundo e tentando sair daquela situação desajeitada em que se enfiara. Observou a expressão de curiosidade da morena se transformar em tristeza silenciosa quando ela baixou os olhos para a pulseira em seu pulso direito. Aquele olhar apertou o coração de Quinn e ela sussurrou:

– Você não deveria saber o que eu faço na véspera do Natal. Isso vai me deixar encrencada com os outros.

– Desculpe, mas eu não pude resistir... Sou curiosa demais para gritar por socorro. - A morena respondeu agitada, com aquele sorriso intenso voltando aos lábios grossos e aos olhos brilhantes. Quinn não pode deixar de sorrir para ingenuidade dela, a morena voltou a se aproximar dela. - Eu me chamo Rachel, qual o seu nome?

– Sou Lucy Quinn, mas a maioria dos meus colegas me chama de Quinn. - A loira respondeu encabulada, fazendo uma nova mesura cavalheiresca que arrancou uma risadinha de Rachel. A morena fez o mesmo, curvando a cabeça e gesticulando com a mão. Rachel a olhou de forma curiosa por alguns breves segundos e perguntou:

– Vou soar muito idiota se lhe perguntar se você é o Papai Noel?

– Você acertou no raciocínio, mas errou na conclusão. Eu não sou o Papai Noel, mas eu o conheço. - Quinn respondeu com uma risada rouca, piscando de forma brincalhona para a morena, sentindo-se leve o bastante com ela, sentindo-se capaz de dividir seus segredos naquela noite... Na última noite dela entre os humanos. Rachel bateu palmas, agitada. Quinn perdeu o sorriso com medo de que os outros membros da casa acordassem e Rachel, percebendo a mudança de comportamento da loira, disse:

– Meus pais não estão em casa, eles ainda estão em uma ceia do escritório... Como eu disse, você apareceu mais cedo do que eu esperava.

– Sua casa sempre foi a última em Lima, mas essa noite é especial... Decidi vir aqui primeiro. - Quinn respondeu com um sorriso, de forma evasiva para que Rachel não lhe perguntasse por que a noite era especial. Contudo, a morena franziu a testa, curiosa, mas nada perguntou. Ela voltou a olhar para a pulseira e seus dedos correram por cada um dos pingentes, conforme ela os tocava, o sorriso aumentava em seus lábios. Ela ergueu o rosto para Quinn subitamente e perguntou:

– Como sabe tanto sobre mim?

– A melhor forma de se conhecer uma pessoa é escolhendo um presente para ela... E bem, eu escolho os seus desde que você tinha onze anos e deixou de nos escrever cartas. - Quinn respondeu encabulada, colocando as mãos nos bolsos e sorrindo de forma gentil. Rachel olhou firmemente para ela, ligeiramente surpresa e muito encabulada, alguns tons vermelhos tingiram a pele morena, ela suspirou e respondeu:

– Eu só não entendi o significado do coração e da flor.

– Vai demorar um tempo para você entender. - Quinn respondeu imediatamente, agitada com a postura obstinada da morena em saber tudo sobre o que ela mesma pensava ou fazia. Rachel voltou a dar um passo à frente, ela estava bem próxima naquele momento, o bastante para segurar a mão fria de Quinn e dizer intensa:

– Ou você pode me dizer agora.

Quinn engoliu em seco e continuou parada, surpresa com o comportamento da morena e temerosa de que estivesse lendo as coisas da forma mais otimista possível. Aquilo não podia estar acontecendo, pessoas como ela não tinham direito ao amor único porque estavam, literalmente, destinadas a distribuir o amor pelo mundo na forma de presentes. Porém, tudo que estava sentindo e tudo que Rachel estava tentando lhe dizer, por meio de frases entrecortadas e pequenos gestos, era de que ela tinha sim o direito de amar de forma única.

Quinn sempre acreditou que a ligação com a morena chamada Rachel era unilateral e platônica, sempre pensou que ela não sabia da sua existência... Mas, Rachel a observava desde os 11 anos de idade, justamente na época em que parara de pedir presentes pelas cartas e na qual Quinn iniciara a confecção de presentes exclusivos a ela. As duas sempre estiveram ligadas e sempre foi mútuo, mesmo que uma fingisse não enxergar as outras... Mesmo em frias noites escuras de dezembro, as duas ainda se encontravam e ainda se procuravam.

Existia um quê de destino entre elas... Mas, como explicar aquela noite como sendo a última de Quinn entre os humanos?

A loira engoliu em seco, seus olhos verdes encontravam a intensidade castanha de Rachel. Quinn não conseguiu resistir e, entregando-se totalmente à despedida latente que se fazia presente em seu futuro, ela segurou o rosto da morena e, sem saber direito o que fazer, se aproximou. Mas, foi Rachel quem rompeu a distância e, enfim, a beijou.

Beijar Rachel era muito mais brilhante do que ver a mais linda das Auroras Boreais. Quinn agarrava-se a ela como se pudesse sugar e possuir toda a humanidade que ela possuía, naquele momento... Quinn desejou que pudesse ser uma garota qualquer e que pudesse estar desejando um Feliz Natal a Rachel da forma mais normal possível. Nada que envolvesse uma provável despedida, para sempre.

As duas se afastaram e Rachel ficou na ponta dos pés para que pudesse deixar mais um beijo delicado nos lábios de Quinn. A loira ainda sorria, mesmo que seu coração sangrasse. Rachel abraçou-a e, sorrindo escondida ao peito de Quinn, murmurou:

– Eu sempre soube que era você.

– Eu também, eu sempre soube que seria você... Para sempre. - Quinn respondeu de forma sôfrega, segurando as lágrimas enquanto todo o seu corpo começava a amargar o seu futuro.

Pela primeira vez, ela não aceitava o que Claus fazia com ela.

Depois de muita conversa, Rachel adormeceu no divã da sala, ao lado da árvore de Natal. Quinn, sentada no chão ao lado dela, deu-lhe um último beijo na testa e retirou um pedaço de papel do bolso e, trêmula, redigiu uma carta. Depositou-a na meia cuja estrela dourada estava bordada e, silenciosamente, escalou a chaminé.

O frio da noite natalina lhe atingiu e congelou muito mais do que sua pele. Quinn sentia como se o seu próprio coração estivesse congelado.

# # # # #

Quando acordou na manhã seguinte, Rachel Berry tinha um sorriso nos lábios. Mas, ele desapareceu assim que ela olhou ao seu redor e não encontrou Quinn. A morena caminhou descalça pela casa e, não a encontrando, rendeu-se ao choro.

Encostada à lareira, seus dedos dedilharam a pulseira de ouro novamente, sentindo-a fria ao seu toque. Ela suspirou e seus olhos, atraídos por algo que ela desconhecia, foram atraídos para sua meia na lareira. A borda de um papel saía do interior e ela, eufórica, apanhou-a.

“Essa noite foi especial porque tive você e, também... Porque foi a minha última noite lhe entregando algo. E não se engane, eu não entreguei somente a pulseira. Eu lhe entreguei meu coração e espero que você o use da melhor forma. Eu te amo e te amei desde que lhe vi pela primeira vez... Tenha um Feliz Natal e obrigada por fazer o meu se tornar inesquecível. Com amor, Quinn.”

Rachel desdobrou a pequena carta e, ao terminá-la, via-se envolvida em um sorriso e em lágrimas... Ironicamente, dentre todos os presentes de Natal que Quinn lhe deixara em todos aqueles anos, o melhor deles era justamente o que ela não queria.

Rachel não queria o coração da loira senão pudesse tê-la por completo.

# # # # #

Quinn foi acordada com batidas doloridas em seu rosto, quando, enfim, despertou, Mama a olhava irritada e tinha uma colher de pau nas mãos. Os cabelos grisalhos estavam revoltos e ela arrancou-lhe as cobertas. Ao seu lado, Claus parecia decepcionado e frustrado.

A loira se encolheu para os olhares deles e, sonolenta, cobrindo seu pijama, perguntou:

– O que foi?

– Eu não lhe criei para ser uma lesada, Lucy! - Mama bronqueou, batendo nas pernas de Quinn com a colher de pau. A loira lutava para se afastar dela e para se manter atenta para qualquer explicação a respeito daquele comportamento. Claus segurou a esposa e depois, delicadamente, levou-a para fora do quarto de Quinn.

A loira observou o comportamento estranho dos dois, mas nada disse. Nesse meio tempo, enquanto Claus sussurrava junto à mulher, Quinn levantou-se e escovou os dentes, depois, se trocou e arrumou a cama. Em seguida, sentou-se e esperou o velho senhor barrigudo voltar. Claus estava de volta, remexendo na enorme barba branca e com um sorriso escondido nela, ele sentou-se ao lado de Quinn e abraçou-a pelos ombros enquanto perguntava:

– Como foi sua noite?

– Boa, conseguimos entregar todos os presentes... - Quinn respondeu evasiva, aconchegando-se no abraço daquele senhor que era sua família e, ainda assim, não era Rachel. Claus riu roucamente, o tipo de risada que vinha de dentro e aquecia tudo ao seu redor, Quinn acabou rindo com ele, mesmo diante de seu nervosismo e de seu coração quebrado. Claus bagunçou-lhe os cabelos e disse brincalhão:

– Eu não falava disso, Quinnie... Quero saber da sua noite com Rachel.

– Como você sabe sobre ela? O que Noah disse? - Quinn perguntou exasperada, fugindo do abraço do senhor que, então, assumiu uma expressão preocupada. A loira passou a andar de um lado para o outro, segurando as lágrimas que começavam a incomodar seus olhos verdes.

Claus observou o sofrimento de sua pupila, dividida entre um amor e uma obrigação. Ele realmente acreditava que sua Lucy Quinn fosse mais corajosa, mas tinha que admitir que ela era muito mais responsável e leal do que ele imaginava... Claus pensava que somente um empurrãozinho a faria ir de encontro ao seu destino, mas ela era honesta o bastante para voltar e cumprir sua promessa.

Quinn era presa às amarras de uma vida que não lhe pertencia.

Claus levantou-se e caminhou até ela, o senhor a segurou e a abraçou apertado. Quinn desabou de encontro as vestes vermelhas do homem e apertou-o na cintura, procurando segurar-se a algo enquanto tudo desabava em seu interior. Claus afagou-lhe os cabelos loiros e sussurrou:

– Eu sei o bastante, Quinnie... Eu sempre soube de tudo a seu respeito.

Quinn afastou-se dele, as lágrimas ainda caíam, mas ela tinha uma expressão confusa no rosto. Claus limpou-lhe as lágrimas com os dedos enrugados e a puxou pela mão até a cama, os dois se sentaram e o senhor apoiou uma mão no joelho de Quinn. Ele sorriu para a loira e explicou:

– Eu sempre lhe disse que você era diferente, mas isso nada tinha a ver com a sua eficiência ou seus esforços, Quinnie... Eu recebi a tarefa de lhe guiar já que, por puro caos do destino, sua vida foi bagunçada. Você não pertence a mim nem ao Pólo Norte, sua vida nunca foi distribuir o amor pelo mundo e sim, ser amada.

– Como assim...?! Eu não vou quebrar a promessa que lhe fiz para ficar com ela, senhor! - Quinn respondeu ofendida pela incompreensão de todas as palavras do velho senhor. Claus sorriu gentil a ela e afagou-lhe a bochecha, Quinn corou para o gesto patriarcal do senhor e segurou suas mãos enquanto dizia:

– Eu não a mandei para Lima, durante todos esses anos, porque queria assegurar um bom serviço. Existia uma bela razão para você voltar àquela cidade... Ela era sua casa, Quinn. Você nasceu lá e também perdeu tudo quando seus pais faleceram, eu recebi a tarefa de cuidar de você até o momento em que você pudesse escolher o seu futuro.

– Meu futuro...? - Quinn repetiu ainda confusa, agitando a cabeça e tornando a ficar em pé, inquieta demais pela quantidade e natureza das informações que recebera. A vida que conhecia acabara de perder o significado enquanto outra nova vida acabara de se mostrar a ela, excitante e diferente. Claus continuava a sorrir, os olhos azuis do homem brilhavam de felicidade e, também, de coração partido.

Doía deixar Quinn ir embora, mas ele jamais se perdoaria se ela não tivesse o que lhe foi destinado.

Claus ficou em pé e segurou os braços de Quinn, afagando-os de forma carinhosa. Ele sorriu para ela e disse:

– As linhas tortuosas de sua história sempre lhe levaram, diretamente, a Rachel Berry. Seu futuro depende dela e o dela depende do seu. Tudo era para ter acontecido há dois anos, quando vocês duas estudariam juntas, não seria da forma mais gentil e nem apaixonante, mas ainda assim, vocês se encontrariam e se amariam... Eu fui encarregado de aproximá-las e de fazer com que vocês se reencontrassem depois de sua trajetória ter sido bruscamente alterada na noite em que ficou órfã. Essa foi, sim, a sua última noite em Lima. Mas, foi sua última noite como minha ajudante.

Quinn tinha os olhos marejados quando o abraçou novamente. Claus deu sua característica risada rouca e, abraçado à pequena loira, sussurrou:

– Acho que esse foi o melhor presente de Natal que já entreguei! Feliz Natal, Quinnie!

# # # # #

“They call it the season of the giving, I’m here. I’m your for the taking...”

Rachel Berry estava muito quieta naquele almoço de Natal e seus pais só não perceberam porque ela estava escondida, do lado de fora, no frio. Seu coração estava despedaçado e, ainda assim, ela não conseguia culpar Quinn.

Ela não poderia tê-la, mas isso não queria dizer que ela deixaria de amá-la para começar a odiá-la.

A neve caía em Lima e a morena bebericava sua xícara de chocolate quente, procurando se aquecer no vapor que, deliciosamente, era liberado pelo chocolate. Rachel escutou o chapinhar de botar na neve, assim como escutou uma pessoa limpar os flocos de neve de suas roupas. Ela não ergueu os olhos porque provavelmente era somente mais algum dos amigos de seus pais.

– Essa é a casa de Rachel Berry? Acho que entreguei um presente errado na noite passada.

A voz rouca e nasalada fez, instantaneamente, Rachel erguer a cabeça.

Parada a sua frente, encontrava-se Lucy Quinn, a ajudante do Papai Noel. Ela tinha um sorriso nos lábios e as bochechas coradas pelo frio, os olhos verdes brilhavam enquanto ela tirava o gorro vermelho e olhava esperançosa para Rachel. A morena se levantou e deixou a caneca em cima da mesa, Rachel deu um passo a frente e Quinn sorriu para continuar:

– Eu entreguei a ela um coração quando, na verdade, precisava entregar uma pessoa inteira...

Rachel sorriu grandemente para a fala de Quinn. Novamente, o sorriso grande e iluminado estava em seus lábios assim como seus olhos brilhavam mais do que qualquer estrela ou aurora no céu noturno. A morena correu e jogou-se nos braços de Quinn.

A loira a apanhou e girou com ela em seus braços, o som de suas risadas soava como uma música natalina qualquer, repleta de alegria e esperança... Mas, diferente de uma canção natalina qualquer... O amor delas não era um tipo qualquer.

O amor delas era mágico... Exatamente como a época de Natal.

FIM


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram?

Um Feliz Natal a todos vocês, continuem acompanhando esse projeto lindo *-*

Beijos e até a próxima,
Fernanda Redfield (@RedfieldFer)