Amargo Inverno escrita por Miss Ailee
Eram sete e dez da manhã quando ela tocou a campainha. Eu não poderia simplesmente pedi-la para entrar. Minha mãe ainda dormia, e eu não queria que minha avó soubesse a respeito de Jesse. Ainda.
- Gina, podemos dar uma volta? Preciso muito conversar...
- Percebi, Suze. Vamos, coloque sua jaqueta de couro e suas botas de combate, e vamos dar uma volta!
Fui depressa até o quarto, e tomando cuidado para não acordar minha mãe, peguei minha jaqueta, não a que eu mais gostava, aquela fora destruída há muito tempo, mas uma jaqueta bem mais “menina”, e menos “motoqueira selvagem” - que minha mãe comprou para ficar no lugar daquela que eu amava -, e minhas botas no armário improvisado da minha avó, calcei, e deixei um bilhete curto para ela no criado mudo, porque eu não confio mais na memória da minha avó.
Gina e eu caminhamos pelas ruas, relembrando nossas “artes”, revendo as pichações nas paredes, as latas de lixo reviradas, a neve derretendo aos primeiros raios de um sol bem discreto. É incrível como eu não senti falta de nada disso. Nadinha. Eu tinha o Jesse.
- Você esqueceu-se de mim. – Gina falou bicuda. – Me trocou por aquela sua amiga albina. Só porque ela é jornalista e inteligente.
- Nunca me esqueci de você, sua ingrata! – falei esbarrando o ombro no braço dela (que é bem mais alta que eu), meio que de brincadeira. – você passou dois verões lá na Califórnia conosco, e ainda deu “uns pegas” no meu meio-irmão mais velho...
- Ok, Suze, pulemos esta parte, por favor... Então me conta, por que sua mãe resolveu voltar para este fim de mundo?
- Ela brigou com o Andy... eu pensei que fosse só TPM, mas desta vez foi pra valer, ela nem deixou o coitado se desculpar, me obrigou a fazer as malas e saímos mais rápido que tiro de fuzil. Eu nem pude me despedir do...
- Do? Está falando do Jesse? Aquele fantasma seu amigo, que encarnou e...
- Sim, o Jesse...
Olhei para ela e tive certeza de que ela me entendia. Puxei a correntinha de ouro que estava em meu pescoço, com a aliança pendurada, e a mostrei.
- Ele me pediu em casamento anteontem. E eu nem pude me despedir.
Sério. Eu sou durona a maior parte do tempo, e não estava gostando das minhas crises de comoção. Eu já estava à beira das lágrimas outra vez.
Gina me abraçou, no meio da rua, e eu comecei a chorar de novo.
Então uma buzina alta e estridente, um carro passou tirando um fino da gente e o motorista xingava bastante. A coisa mais inocente que ele disse foi: “- Saiam da rua suas Filhas da P* Lésbicas desmioladas!”
Gina e eu não pudemos conter o riso. Quase fomos atropeladas, e estávamos do outro lado da calçada rindo feito duas malucas. Entramos na nossa cafeteria predileta, já fora do Brooklin, eu gosto daquela cafeteria porque tem uma bela vista para o Central Park. Sim, estamos na área rica de NY.
E tomando nosso cappuccino!
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