Aquela noite foi tranqüila, dormimos as três na casa de Gina, comendo os bolinhos de manteiga de amendoim e nozes que a mãe dela faz. Bolinhos divinos.

O dia seguinte se passou entre os preparativos para A FESTA. Fizemos manicure, depilação (não sei para quê), cabelos, maquiagem. Vestimos nossos melhores modelitos e chamamos o taxi.

O hotel era lindo, mas eu simplesmente não tinha palavras para descrever aquela cobertura. A vista do Central Park lembrava aqueles filmes de Hollywood, onde o cara sempre leva a garota até a cobertura e se declara para ela (e depois ela morre, ou vai embora, e ele aparece sozinho na cobertura na maior fossa).

Mas meu Jesse não estava ali. Estava apenas Paul, sorrindo daquele jeito “eu sei que sou gostoso, e sei que você me quer”, enquanto Cee Cee tirava dúzias de fotos pela festa, e Gina já estava praticando sucção bucal com James em algum lugar.

- Está curtindo? – Perguntou Paul, de novo, com aquela voz sensual em meu cangote.

- Desgruda, por favor. – Respondi.

- Ah, não seja durona, eu sei que você está gostando...

- Paul, para o seu governo, saiba que eu só vim até esta porcaria de festa para impedir que você leve Cee Cee para a cama. Ela tem um namorado, sabia?

- Acha mesmo que quem eu quero na minha cama é a Cee Cee? E o namorado dela não é aquele nerd magricela, como era mesmo o nome dele? Adam? Ah, eu dou conta dele, Suze, ah se dou. Não se preocupe, se por acaso você não fizer o que eu quero, e eu for obrigado a terminar a noite sob os lençóis com sua amiguinha albina, o namoradinho corno dela não vai me machucar!

- Paul! O que você quer dizer com eu fazer o que você quer? Acha que manda em mim? Porque eu não vou fazer nadinha do que você quiser!

- Então está dizendo claramente que posso exterminar a virgindade da sua amiguinha??? Eu não vou ser do tipo carinhoso e compreensivo...

- Você é sarcástico, mas não me põe medo. Sinceramente.

- Está duvidando, minha cara Suze?

- Estou.

Então ele piscou um olho e foi andando em direção aos montes de pessoas, em direção a uma fotógrafa albina... e a beijou... na boca...

- JÁ CHEGA! – gritei.

Cee Cee esbugalhou seus olhões lilases para mim e disse:

- Ah, Suze, não seja egoísta! Você tem o Jesse, me deixa curtir a vida, ok?

E eu nem podia culpá-la. Qualquer um na sua situação imaginaria que era simplesmente ciúmes. Mas não era só isso. Digo, era um pouquinho disso também, mas não apenas isso. Acontece que Paul pretendia muito mais do que beijos com Cee naquela noite. E a culpa era toda minha.

Saí dali para não ter que ver mais os lábios aveludados de Paul ocupando a boca de Cee Cee.

Então vi uma coisa que me paralisou. James estava segurando um pacote. Um pacote de origem duvidosa. Então ele entregou a um cara, que lhe deu um maço de dinheiro em troca.

Eu sabia o que aquilo significava. James estava traficando drogas!

E estava beijando minha amiga! (não exatamente ao mesmo tempo, já que naquele instante avistei Gina saindo do banheiro...

Aquilo simplesmente não podia ficar assim, mas por que cargas d’água eu me enfiei nessa enrascada de ter duas amigas seduzidas por maus elementos?