Midorima acordou naquela manhã preguiçosa preguiçosamente, espreguiçou-se e suspirou. Encarou o relógio, que marcava alguma coisa perto das sete horas ou que tinha a ver com sete ou alguma outra coisa do gênero (Midorima não estava usando óculos, então era difícil dizer). E olhou para o lado.

Takao dormia feito uma criança boba de sete anos de idade, todo espalhado pelo seu lado da cama em uma posição improvável e bem flexível.

Shintaro esboçou um sorriso com a cena, pondo-se de pé e começando assim sua sistemática manhã. Era sábado, ele não tinha aula, mas, mesmo assim, seguiu todos os seus rituais matinais religiosamente.

Ele chegou na cozinha e suspirou. A bagunça de pratos da noite anterior ainda estava lá (Takao tivera insistido para que eles cozinhassem juntos, mas Midorima era simplesmente um desastre na cozinha, o que gerou muitos ingredientes desperdiçados e vasilhas sujas). Nem um pouco feliz com a falta de organização de Kazunari, Shintaro pôs-se a lavar as vasilhas, porque sabia que aquele logo estaria de pé e pronto pra fazer o café da manhã (e ele cozinhava até bem, o ex-jogador da Teikou tinha que admitir).

E assim as coisas estavam, o Oha-Asa passando no rádio a um volume audível e inteligível mesmo com o barulho da água, o “chuá” se fazendo presente toda vez que Midorima precisava enxaguar as vasilhas, tudo aparentemente quieto na vizinhança...

-Shin-chan... – Takao chamou o outro preguiçosamente. O mencionado virou-se de frente para ele, somente para quase ter um ataque do coração e um lindo sangramento nasal.

Kazunari estava lá, encostado na porta em toda a sua sonolência, usando nada mais, nada menos e somente uma camiseta aleatória de Shintaro, que provavelmente tivera sido a primeira coisa que ele achou que desse para vestir e, aparentemente, era a mesma que o mais alto estava usando no dia anterior. Antes de... Aquilo começar.

Mas o problema não era esse.

Midorima tivera acabado de perceber o quão sexy e fofo Takao estava daquele jeito. A camiseta ficava meio larga – esperado – mostrando a clavícula alheia através do buraco da cabeça. Mas não era longa o suficiente, o que dava um certo ar de expectativa.

-Ka-Kazunari?! – Shintaro perguntou desnorteado, dando dois passos para trás e se apoiando na pia. O Oha-Asa tinha acabado de anunciar a posição de Câncer no ranking de signos, assim como o item da sorte do dia, algo que fora completamente ignorado até mesmo pelos ácaros que circulavam pelo ar.

Takao bocejou, algo que o fez momentaneamente perder o equilíbrio e cambalear para frente um ou dois passos (ele era um desastre quando acordava, levava uns dez minutos até voltar ao seu normal e brincalhão ser).

-Shin-chan, você viu onde eu deixei as minhas roupas? – ele perguntou ainda confuso, tentando manter-se apoiado na porta com muita dificuldade.

Mas Midorima estava pouco se fudendo (quase que literalmente) para as roupas de Takao. Ele estava mais preocupado com as suas próprias roupas. Suas calças, para ser mais exato. Que, do nada, pareciam estar ficando gradativamente mais apertadas...

-Deixa pra lá, eu já lembrei. – dito isso, deu meia volta e foi cambaleante pela sala, em busca de alguma coisa. Não tinha dado nem três passos quando tropeçou no ar e se curvou para frente para tentar re-estabelecer o equilíbrio. E como as leis da física sempre funcionam, a camiseta subiu um pouco na retaguarda, deixando certas áreas visíveis.

Shintaro engoliu em seco, virando-se de volta para suas vasilhas sujas de sabão, ciente de que aquilo o faria reunir todo o autocontrole que tinha guardado dentro de si e o que não tinha também. Mas, mesmo assim, ele ainda deu uma espiadinha sobre o ombro.