Ela não sabia onde estava, nem como fora parar lá – Quem a deixou ali? E por quê? – essas perguntas faziam seu nervosismo apenas aumentar.

Estava muito escuro, o que a deixava ainda pior. Seu coração batia rápido, a sensação de não poder enxergar a deixava impotente e o medo crescia em seu interior.

Ao tentar se levantar para procurar uma saída, deu-se conta de que estava presa e o desespero começou a preencher cada pedaço de seu corpo, como um veneno que se espalha lentamente, começando pelos pés e indo até a cabeça.

Cada minuto que passava naquela escuridão fazia com que sua angustia aumentasse ainda mais – Luffy!! - Gritou ela. Nenhuma resposta veio – Pessoal!? Alguém!? - O silencio naquele local era esmagador, ninguém respondia. Lagrimas de desespero corriam por seu rosto - Onde estariam seus companheiros? E seu capitão? – Ela continuou a gritar por seus companheiros até ficar sem forças para continuar, mas nenhuma resposta veio, ela estava sozinha.

Em meio a seu desespero, um som a trouxe de volta a realidade. Seriam passos? – Por favor, me ajude! – gritou ela, mas algo inesperado aconteceu; Alguém começou a rir, não um riso qualquer. Era cruel, maligno, tão horrível que causava um gelo na alma. Era como se uma energia maligna viesse dessa risada e se apoderasse do lugar todo.

Quem quer que fosse não parecia querer lhe fazer bem e estava se aproximando. Andava lentamente e ria de maneira perversa, parecia divertir-se com a situação – Como alguém pode achar essa situação divertida? – Enquanto escutava quem quer que fosse se aproximar, tentou em vão livrar-se das amarras, mas estavam muito firmes, seria impossível se soltar.

O som dos passos e do riso estava cada vez mais próximo. O medo a atrapalhava a pensar, seu coração batia com força e muito acelerado, ela não conseguia pensar em nada que pudesse fazer para escapar.

Os passos estavam muito perto agora...

De repente, um silêncio mortal tomou conta do lugar novamente. Como se aquele som de passos e aquela risada nunca houvessem existido – Seria o medo lhe pregando uma peça? - Não podia ser, os passos e aquela risada horrível soaram muito convincentes para ser somente imaginação...

Um toque! Seu corpo gelou, não conseguia mais se mover, tentou gritar, mas sua voz parecia não mais existir. Sentiu a mão que lhe tocava deslizar lentamente de seus ombros em direção a seu pescoço. Ele ia mata-la!! Ela nada podia fazer, estava presa e nem gritar conseguia. Sentia que seu coração poderia explodir de tão forte que batia.

Sentiu a mão apertar seu pescoço, alguém voltara a rir, mas não era quem a segurava, era uma risada histérica ao fundo, parecia que mais alguém de alguma forma conseguia ver o que acontecia, e pior, estava se divertindo com isso.

Ela sentia-se impotente, nada mais a ser feito... Pensou em seus companheiros, seus amigos que viveram tantas aventuras juntos. Haviam chegado tão longe, nunca mais os veria... Lagrimas corriam por seu rosto – Onde estariam seus companheiros? Será que estavam bem? Com certeza eles deviam estar preocupados... Desculpe-me pessoal... – suas forças estavam se esgotando, o ar já lhe faltava, ela estava começando a perder a consciência. Sua tristeza foi ainda maior ao pensar que nunca mais iria poder vê-lo novamente, seu capitão - Luffy, que tantas vezes arriscou sua vida por ela, sempre sabia o que dizer para anima-la. Quando não podia dizer nada simplesmente sorria, aquele sorriso, capaz de iluminar o mundo. Um sorriso bobo, mas que a fazia sentir que todos os problemas haviam ido embora e tudo ficaria bem de alguma forma. – Ela havia parado de tentar lutar, suas esperanças já não mais existiam, não poderia continuar sua jornada ao lado de seus amados companheiros. Fechou os olhos, logo tudo acabaria...

ººº

Nami acordou sufocada e o grito reprimido em seu sonho finalmente saiu – NÃOOOOO!! – Ela estava suada, tremula e chorava descontroladamente. Já havia tido pesadelos antes, mas nunca um tão assustadoramente real. O pesadelo foi tão intenso que a sensação que ela tinha era de que realmente iria morrer. Ela estava apavorada, o ar parecia ainda lhe faltar, sua respiração estava descontrolada, Nami não conseguia se acalmar.

Ainda estava escuro, era uma noite calma e silenciosa, com exceção de uns poucos sons, tudo estava quieto. Nami encontrava-se sozinha no quarto que normalmente dividia com Robin, normalmente isso não seria um problema se ela não estivesse apavorada. Não queria ficar ali no quarto sozinha no escuro, a primeira coisa que pensou foi em Luffy e a segurança que ele sempre dera a ela, ele com certeza iria ajuda-la a superar esse medo.

Naquela noite somente os dois estavam no Sunny. Os chapéus de palha haviam parado em uma ilha mais cedo no dia anterior, decidiram sair para buscar mantimentos e outras provisões, mas tinham que deixar alguém de vigia, afinal estavam sempre sendo perseguidos pela marinha ou por caçadores de recompensa. Nami não gostava da ideia de explorar uma ilha desconhecida, era sinal de encrenca, então se ofereceu para ficar. Quanto aos demais, todos queriam ir com exceção de Usopp, mais uma vez com a doença “Eu não posso descer e uma ilha desconhecida”. Então sortearam quem faria companhia a navegadora. Luffy foi o escolhido e a contra gosto teve que ver seus companheiros saírem em uma aventura rumo ao desconhecido, claro que Usopp insistiu muito em trocar, mas nada pode fazer, fora arrastado por Zoro.

ººº

Nami reuniu toda a coragem que conseguiu, saiu de sua cama e foi até o corredor – Era impressão, ou o corredor parecia maior? – agora parada em frente ao dormitório das garotas vendo o corredor ele parecia logo demais, assustada, Nami via o Sunny com outros olhos agora, aquele corredor escuro lhe causava arrepios na espinha. Ela ainda sentia seu coração batendo rápido ainda não havia se acalmado o suficiente, queria sair logo dali então começou a andar apressada, logo sairia daquele corredor sombrio. passou pela cozinha de Sanji e seguiu sem parar nenhum momento até o dormitório dos garotos, já estava praticamente correndo a essa altura.

Abriu a porta de uma vez – Luffy!! – gritou ela correndo até onde o capitão normalmente dormia, mas ele não estava lá, na verdade não estava em lugar algum do dormitório – Onde ele estaria em uma hora dessas? Será que ele havia saído para ir atrás dos outros? – pensou ela. – Seu idiota, como tem coragem de me deixar sozinha? – a ideia de estar sozinha ali aquela noite fez Nami estremecer, ela cobriu o rosto com as mãos e começou a chorar quando alguém tocou em seu ombro...

- kyaahhhhhh – ela estava se debatendo e gritando – Ei Nami!! Sou eu, Luffy! – ele tentava acalma-la enquanto ela se debatia e tentava se livrar das mãos dele. – Nami se acalma, sou eu! O que você tem? – Nami finalmente percebeu que era Luffy quem estava ali, então sem pensar em mais nada o abraçou chorando – Luffy! Eu estava com tanto medo – falou a navegadora com a voz embargada pelo choro. – Eu não sai do Sunny, eu estava la fora quando ouvi você gritar, fui até o quarto das garotas mas você não estava la. Então fui te procurar e aqui eu te encontrei chorando. O que aconteceu? – A voz de Luffy tinha um tom tranquilo, ele ainda mantinha Nami em seus braços aquilo parecia acalma-la.

Ela ainda chorava, mas agora sentia-se segura e estava começando a se acalmar. Estar ali era reconfortante, ela poderia ficar ali pra sempre. Eles ficaram assim por um tempo, até que Nami finalmente parecia mais calma, ela se deu conta de que ainda estava nos braços de Luffy e aquilo a deixou envergonhada, ela corou, mas ele não percebeu isso.

- Eu tive um sonho horrível, eu estava sozinha e estava escuro, alguém queria me matar! Foi tão real, eu achei que morreria, pensei que nunca mais fosse ver você nem os nossos amigos.

Fiquei com medo, e fui te procurar, mas você não estava aqui, achei que estivesse sozinha de novo. – ela contou tudo ainda com lagrimas nos olhos e com a voz chorosa. Ele a observava falar com uma expressão tranquila e carinhosa. – Nami foi só um sonho, eu não vou te abandonar, nunca! Você é minha companheira querida eu jamais faria isso! – enquanto falava ele a abraçava forte, queria que ela soubesse que ele sempre estaria ali para protegê-la.
– Fica comigo essa noite? Eu não quero ficar sozinha – falou ela meio tímida por pedir tal coisa a seu capitão. Nami sabia que ele provavelmente não a via mais do que como uma companheira, mas para ela apenas ficar ao seu lado já era suficiente.

Ele sorriu para ela, tirou seu precioso chapéu de palha e o colocou na cabeça dela – vem comigo! – Luffy segurou sua mão e levou a navegadora lá para fora – Achei que ia gostar de ver isso, eu me sinto bem quando olho pra ela – disse um sorridente Luffy ao mostrar uma lua cheia, enorme que parecia tocar o mar ao horizonte. – É linda... – Nami olhava a lua, ele estava certo por algum motivo aquilo a deixava calma. Talvez essa sensação boa que ela estava sentindo fosse por estar com ele ali ao seu lado, ele realmente sempre sabia o que fazer para tornar tudo melhor.

Talvez tenha sido isso que fez Nami se apaixonar por seu capitão, mesmo sabendo que talvez ele não entendesse esse amor, nem o correspondesse da mesma forma. Não importava agora, ela simplesmente estava feliz por estar ali agora, olhando aquela lua linda ao lado de seu amado. Seu pesadelo agora já não passava de uma memoria esquecida, mas aquele momento ficaria guardado para sempre em suas lembranças.

Ela segurou a mão de Luffy – Obrigada – Disse ela sorrindo, ele retribuiu com aquele sorriso que ela tanto amava. Os dois sentaram na grama do convés do Sunny, Nami ainda segurando a mão dele apoiou a cabeça em seu ombro e assim ficaram. Passado algum tempo ela acabou adormecendo, Luffy não quis incomoda-la, ela parecia tão tranquila, estava até sorrindo. Ele a observou dormir por um tempo brincando com seus cabelos até que finalmente o sono o venceu e ele acabou adormecendo junto de sua companheira...