Catherine escrita por Catarina Rego


Capítulo 2
Capítulo II


Notas iniciais do capítulo

Estou com muito tempo livre, por isso aqui vão 2 capítulos seguidos!
Espero que gostem!
Boa leitura ♥



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Capítulo II

Estava novamente um dia nublado e frio. E para além disso, ameaçava chover a qualquer momento.

Os corredores da escola eram enormes, bastante adornados. Todos os alunos usavam roupas iguais, o que tornava tudo muito monótono. Ao contrário da minha antiga escola, aquela era extremamente silenciosa. Não se ouviam as típicas risadas e as conversas de adolescentes. Caminhava perdida pelos corredores enormes da escola, procurando pela sala em que iria ter aula. Depois de muito tempo, eu finalmente encontrei.

A sala era bastante grande, com mesas individuais. Havia um quadro igualmente grande na parede da frente. A professora, já com alguma idade, falava calmamente, e num tom muito baixo. Todos os alunos estavam aparentemente atentos e não haviam conversas paralelas. Era horrível.

Estava tão acostumada à minha escola antiga que tudo me fez confusão. Tudo naquela escola estava imaculado. Não havia armários assinados, paredes pichadas, portas escritas. Tudo estava impecável. As funcionárias usavam uma farda extremamente formal, parecendo-se mais com professores do que prorpiamente funcionárias. Não havia aqule típico clima acolhedor entre as pessoas.

O resto do dia, passou lento. Muito lento. Não estava acostumada aquele ritmo de aulas, e muito menos ao tipo de pessoas que lá andavam. Todas muito altivas e com olhares nada agradáveis. Sentia que me observavam e julgavam apenas com olhar. Isso intimidava-me. Antigamente a minha presença não era sequer notada, mas naquela escola, visto que não haviam muitos alunos, todos pareciam ficar interessados quando viam algo novo.

Cada vez mais eu sentia que não ia aguentar mais tempo naquela cidade. Tinha saudades da minha mãe, da escola antiga, da casa antiga. Naquele maldito lugar não havia nada que eu pudesse dizer que valia a pena.

Ao fim de muito tempo, o fim das aulas tinha por fim chegado. Como eu só tinha tido aulas durante a manhã, ia almoçar a casa. Saí rapidamente da escola, para assim me ir embora. Olhei em volta procurando o carro do pai, já que ele tinha dito que me iria buscar. Sem sucesso. Ele não estava lá. Esperei imenso tempo. Praticamente uma hora. Sem sinal dele. Ele tinha-se se esquecido de mim, novamente. Quando eu era criança isto acontecia regularmente. Liguei-lhe e ele tinha o telemóvel desligado. A única opção que tive foi ir a pé, e rezar para que não me tivesse esquecido do caminho.

Felizmente a minha casa não era muito longe da escola e dava perfeitamente para ir a pé. Depois de uns quinze minutos cheguei a casa. Quando entrei vi tudo silencioso e calmo. Aparentemente ninguém estava em casa.

Subi até ao meu quarto e despi o uniforme, para vestir uma roupa mais confortável. Era hora do almoço mas eu não tinha fome, então decidi permanecer no meu quarto a ler um livro. Novamente, estava a ler o mesmo livro sobre buracos negros.

O barulho do carro do meu chamou a minha atenção. Aproximei-me da janela para verificar se era ele que estava a chegar e pude verificar que sim.

Estava fula com ele, por se ter esquecido de mim, então eu desci até à sala de estar e esperei que ele entrasse. Quando a porta abre pude vê-lo cheio de sorrisinhos com a amiga Emery.

– Olá querida! – Ele respondeu entrando.

– Olá? É isso que tens para me dizer?! – Falei num tom bravo – Por acaso não achas que deves ao menos uma explicação?!

– Mas... Porquê? – Ele perguntou confuso.

– Realmente tu não mudas... Hoje mesmo tu disseste-me que me irias buscar à escola, e em vez disso foste almoçar com a tua amiguinha?! E pior! Tu não me deste nem uma explicação! Sabes o tempo que estive à tua espera por acaso?! – Falava gritando cada vez mais. Eu sabia que não me iria controlar. Tudo o que estava preso na minha garganta estava prestes a sair. O meu maior problema não era propriamente o facto dele se ter esquecido de mim, mas sim tudo o que ele tinha feito antes. Foi um acumular de situações, e aquilo foi basicamente a gota de água para que tudo desmoronasse de vez.

– Desculpa! Eu esqueci-me... – Ele respondeu aproximando-se de mim. De imediato dei um passso atrás.

– Tu continuas igual! Não vais mudar nunca! Porque é que não me deixaste ficar com a mãe! Ela é mil vezes melhor do que tu! – Gritei, com as lágrimas nos olhos.

– Estás a ser injusta e para além disso, ingrata! – Ele começou a gritar também. Emery apenas observava, em silêncio – Pareces a tua mãe! Continuas a ser a mesma criança mimada de antes, não cresceste nada! Eu esforcei-me tanto para que tu tivesses uma boa vida, boa casa, boa escola, e é assim que me agradeces?!

– Injusta e ingrata?! É isso que tu pensas de mim?! – Eu dirigi-me à porta de entrada – Pois fica sabendo, que se há alguém injusto e ingrato no meio de toda esta história, esse alguém és tu! Ah! E sobre tudo o que me deste! Eu não em lembro de pedir nada!

– Pára com essas birras idiotas! Tu só reages assim porque estás mal habituada! – Ele gritava de forma bruta.

– Mal-habituada?! Tu deves estar a esquecer-te de um grande pormenor! Tudo, mas mesmo TUDO o que me aconteceu de mau na minha vida foi por tua causa! Tu não tinhas o direito de me tirar de onde eu estava bem e me deixares aqui completamente sozinha! Estou farta que decidam a minha vida por mim! – Saí batendo com a porta de entrada de forma bruta. Não sabia para onde ir, então sentei-me na rua em frente ao portão de casa.

Estava completamente sozinha, desamparada, e pior que tudo, o meu pai tinha acabado de me insultar. Nunca antes tinha acontecido algo igual. E quando havia uma discussão eu sempre tinha a minha mãe para me apoiar. Mas agora ela estava longe e eu não a podia contactar. Ela passava a maior parte do tempo a trabalhar e eu não a queria preocupar ainda mais.

– Cath? – Nathan aproximou-se de mim. Levantei o meu rosto cheio de lágrimas e vi a sua expressão de surpresa. Num movimento imediato, levantei-me e abracei-me de forma forte ao seu torso. Apesar dele ser apenas um desconhecido, o seu abraço era forte e aconchegante, fazendo-me sentir protegida. Permanecemos durante bastante tempo em silêncio, abraçados no meio da rua.

– Desculpa – Falei depois de um tempo, quando me apercebi do que tinha acabado de fazer. Eu nunca antes tinha abraçado um rapaz, muito menos um desconhecido e muito menos daquela forma. Sentia-me bastante constrangida, mas ainda assim eu só segui os meus instintos – Eu não sei o que me deu...

– Não tens que pedir desculpa... Mas aconteceu alguma coisa? – Ele perguntou olhando fixo para o meu rosto, ainda cheio de lágrimas.

– Foi o meu pai... Eu discuti com ele. Ele disse-me coisas horríveis... Eu sei que eu também não fui mole com ele, mas ainda assim... Depois de tudo o que ele me fez... Ele não tinha esse direito... – Falei sem conseguir encarar o seu rosto.

– Anda, vamos entrar... – Nathan agarrou na minha mão, e levou-me para dentro de sua casa.

Pela primeira vez, eu tinha entrado na casa de um garoto, e ainda por cima, eu mal conhecia ele. Entrei meio a medo, já que não sabia como era suposto eu agir.

A sua casa era bastante organizada e bonita. A sua decoração era bastante alegre e havia fotos de família em todos os lugares. Na sala de estar, estava um menino bastante pequeno, sentado no chão a jogar video-games. Ele estava tão concentrado que nem deu pela nossa presença.

– Vamos para a sala... – Nathan falou apontando para a mesma.

– Ok... – Respondi com a voz meio rouca. Entrámos lentamente, e sentámo-nos no sofá.

– É a tua namorada? – O menino falou apontando para mim.

– Não, não é... – Nathan respondeu sacudindo o cabelo do rapaz - Cath este é o meu irmão Jason... – Falou apontando para ele.

– Muito prazer... – Estiquei a mão na direção dele, em forma de cumprimento. Imediatamente ele corou imenso e voltou-se para o seu jogo novamente.

– Pulga, já fizeste os trabalhos de casa? – Nathan perguntou.

– Não me chames pulga! Eu já sou grande! – O garoto respondeu pondo-se em pé.

– Pois, pois... Mas já fizeste ou não?

– Não... – Falou olhando para o chão.

– Então vamos embora! Estás à espera do quê? – De imediato o garoto, mostrou a língua ao irmão e saiu a correr em direção ao piso de cima.

Ambos permancemos em silêncio por um bom tempo. Não nos olhámos nem trocámos uma só palavra.

– Desculpa, eu não queria incomodar... – Falei quebrando o silêncio.

– Não incomodas... – Ele respondeu, dando um sorriso leve.

– É que eu não quero mesmo ir para casa agora... – Falei encostando-me para trás no sofá – Talvez o meu pai tenha razão em dizer que eu sou uma miúda mimada, mas eu não consigo olhar para a cara dele neste momento...

– Eu tenho a certeza que ele não quis dizer isso... Talvez ele tivesse irritado com alguma coisa e acabou por descarregar em ti. Mas de qualquer forma vocês deviam esclarecer as coisas... Confia em mim, tu não queres saber a dor que é quando te apercebes que já é tarde de mais para resolver as coisas... – Subitamente, o habitual brilho dos seus olhos desvaneceu, dando lugar a uma dor bastante nítida. Algo tinha acontecido e isso era claro como a água.

– Eu não sei... Mas agora eu não consigo... – Respondi olhando para os meus joelhos.

– Amanhã quando as coisas estiverem mais calmas, tenta resolver as coisas com ele. Agora podes ficar aqui o tempo que quiseres... – Nathan falou olhando para mim de uma forma carinhosa.

Pela primeira vez em muito tempo eu senti que podia confiar em alguém sem ser a minha mãe. Senti que havia mesmo alguém do meu lado que me poderia ouvir e apoiar. Embora fôssemos completos estranhos, eu já sentia como se ele fosse parte da minha família. Da minha verdadeira família. Sem dúvida ele era uma pessoa especial.


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Notas finais do capítulo

Opiniões por favor!
Até ao próximo capítulo! ♥



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