A chuva ainda estava forte com nenhuma previsão de que irá parar tão cedo. Jack estacionou o carro no estacionamento do apartamento. Não teve muitas dificuldades em achar uma vaga, pois não havia muitos carros estacionados naquele dia. Terminou de estacionar dando um suspiro pesado olhando em seguida para a passageira ao seu lado que acabou pegando uma carona com ele sem ela mesma saber.

Imaginou naquele momento mil e uma encrenca que irá se meter por ter tomado a decisão de ajudá-la. Afinal, para ter saído daquela floresta do jeito que estava poderia, obviamente, estar fugindo de algo ou alguém. Talvez ela tenha se metido com a máfia, ou roubado de alguém, ou até mesmo matado. Quem garante que ela não está sendo procurada pela policia?

Saiu do carro dando um suspiro de decepção.

Afinal, quem eu troce para minha vida? - pensou enquanto se dirigia ao carona abrindo a porta, em seguida, a envolveu em seus fortes braços tirando-a do banco. Fechou a porta e a trancou.

Pegou a garota e a segurou no colo estilo noiva e a levou consigo, com muita dificuldade, até seu apartamento. Não podia deixar de receber olhares curiosos das pessoas no elevador, e isso o incomodava, pois odiava mais que tudo os fofoqueiros.

Saiu do elevador e abriu a porta de seu apê entrando, finalmente, com a garota. Deitou-a no sofá delicadamente dando mais um de seus famosos suspiros. Agora ele não tinha como escapar, troce para o seu apartamento uma completa desconhecida e por conta disso terá que enfrentar fofocas de seus vizinhos e olhares curiosos sobre ele. Mas isso era o de menos, quem ele troce para o seu apartamento, ou o que ele troce, era o que mais incomodava.

Tantas possibilidades invadiram a cabeça de Jack de tal forma o deixando confuso e preocupado, perguntando a si mesmo se foi uma boa ter trago ela consigo.

Agora já é tarde, é inutil pensar em mil e uma possibilidades sendo que já a troce.

Jack deslizou seu olhar analizador sobre a garota, a morena estava muito mais molhada do que ele e sua pele estava muito pálida, provavelmente por causa da chuva e se continuasse desse jeito pegaria um resfriado.

Jack correu até o seu quarto trazendo consigo um cobertor avermelhado. Estendeu o cobertor cobrindo, por fim, sobre o corpo gelado da garota e em um momento seus olhos achocolatados pousaram sobre algo em seu pescoço. Poderia ser um colar como qualquer outro, uma jóia comprada em uma joalheria qualquer, mas por algum motivo Jack sabia que esse colar era mais do que uma jóia. A safira, a qual estava presa entre o cordão no pescoço da garota trazia consigo um certo brilho misterioso e por um momento aquele desejo de tocá-lo o envolvia.

Lentamente, Jack elevou sua mão em direção ao colar jogado no pescoço da garota, sentia seu coração se apertar quanto mais perto sua mão se aproximava. Aquilo, aquele colar estava chamando-o e, por algum motivo, Jack não conseguia evitar a vontade de tocá-lo. Sua mãos já estavam prestes a encostar no colar quando uma forte mão o segura impedindo-o de tocar.

A garota segurou as mãos de Jack com toda a força que lhe restava, Jack se assusta com o repentino comportamento se afastando, em seguida, da morena. Estava ofegante, Jack não entendia o porque, parecia cansado como se tivesse acabado de fazer uma maratona. Seus olhos arregalados se cruzaram com os da garota que o encarava ferozmente como se fosse voar em seu pescoço a qualquer momento. Jack se afastou dando lentos passos para trás até se chocar com a parede gelada.

– O-Oque foi isso? - perguntava em meio aos gaguejos, pois sabia que algo havia acontecido naquele momento, mas não recordava. Parecia que estava fora de si, como se alguém ou algo estivesse tentado controlá-lo. Algo naquele colar o chamava, a sensação naquele momento era de peso. Como se o próprio corpo não quisesse obedecê-lo.

– O colar estava tentando fazer com que você libertasse aquilo que está preso. - explicou a morena enquanto se levantava do sofá cerrando Jack com os olhos. - Não deveria ter me trazido aqui - começou ela enquanto bagunçava seus escuros cabelos molhados, afim de tirar um pouco o excesso de água nele. - é perigoso! - terminou voltando a cerrar Jack com aqueles finos olhos escuros.

A miuda seguiu até a janela do apê abrindo-a, em seguida. Permitindo que o forte vento, e a chuva, invadisse o local. Seus cabelos negros dançava conforme o vento lhe tocava, passava seus finos olhos após a janela observando, com todo cuidado, a evolução humana. Ao lado do apartamento de Jack havia um outro prédio, e provavelmente ao lado desse prédio havia mais um prédio e assim sucessivamente. As estradas estavam cheias de carro, deixando um transito terrível. Havia poucas árvores ao redor do local, era de dar medo esse número de árvores.

O que os humanos se transformaram? Uns completos assassinos com sede de poder. - pensou ela terminando de dar suas ultima espiada sobre o local. - E isso é a prova viva de que a vontade humana nunca irá ter fim.

A garota estava na janela do terceiro andar do prédio, porém altura não lhe incomodava. O que lhe incomodava era o que os humanos havia transformado a natureza.

– E-Espera! - em meio aos gaguejos, Jack segurou o fino braço da miuda impedindo-a de saltar da janela. A garota olhou para as mãos de Jack a qual lhe tocava com um certo nojo. Percebendo sua expressão, mais que depressa a soltou escondendo sua mão, em seguida. - Você não pode ir, não nesse estado. - terminou olhando para as suas feridas, que não era tão profundas, mas precisavam ser tratadas. A garota deu uma rápida olhada nelas dando de ombros voltando a encarar Jack.

– Não preciso de ajuda com esses simples arranhões - começou puxando a manga de sua blusa preta e suja, rasgando-a. Em seguida, envolveu o pedaço de tecido rasgado em volta de seus braços feridos amarrando com a ajuda de sua mão livre e de seus dentes. - além do mais, você já fez de mais por mim. Como um agradecimento, irei embora de sua vida. Não quero lhe envolver em meus problemas. - terminou dando um certa impulso para trás, afim de pular da janela. Porém, mais uma vez, a forte mão de Jack segura a morena impedindo-a de quaisquer ação. - O que você quer? - cansada de ser impedinda, perguntou com uma certa raiva do garoto num tom ameaçador.

– Seu nome - começou... - Quero saber ao menos o nome da garota que sem querer eu salvei. - terminou.

– Salvou? - uma risada forçada começa a sair dos finos lábios rosados da morena. - Engraçado, eu não lembro de ter pedido sua ajuda. - o provocou olhando para o garoto ferozmente. A morena puxou seu braço tirando-o da mão de Jack dando um certo suspiro pesado em seguida.

– É assim que você agradece alguém que te salva? - ingadou ele com uma certa raiva com o tipo de resposta que acabou de receber.

– Não! - respondeu sua pergunta retórica num tom alto. - Essa é a resposta que eu dou para aqueles que acham que estão me salvando de algo.

– E não estou?

– Você apenas está se pondo de frente ao perigo. - respondeu sua pergunta de uma forma rápida sem esperar quaisquer reação do garoto. - Fique longe de mim, por favor, não quero envolver ninguém aos meus problemas. - terminou voltando a olhar para fora da janela. A chuva hava diminuído, e nenhum dos dois percebeu, pois estavam ocupados com uma discução sem lógica.

Por alguns minutos o silêncio reinou sobre o local, em nenhum momento daqueles miseros minutos seus olhos se cruzaram. Jack queria dizer alguma coisa, mas aquele momento parecia impróprio para suas palavras.

Pronta para pular da janela, a morena deu seu famoso impulso para trás. Voltou a olhar pro moreno, a qual ainda estava inconformado com a situação.

– Tayra - quebrando o silêncio, a morena disse num tom baixo afim de que Jack não escutasse, porém ele escutou levantando sua cabeça confuso. - Esse é o meu nome. - explicou ela pulando, por fim, da janela.

Jack correu até a janela, com medo de que ela tenha caído. Afinal, estavam no terceiro andar, que tipo de pessoa com sã conciência pularia da janela do terceiro andar?

Olhou para baixo e não encontrou nenhum corpo esborrachado no chão, a explicação lógica para isso seria ela ter ido para o terraço do prédio. Olhou para cima, porém não encontrou a misteriosa garota chamada Tayra, mas uma espécie de animal... um cachorro... não, um lobo. Seus pelos esbraqueçados balançavam conforme o vento. Neles, havia pequenos detalhes em preto que acusavam aquele animal de ser um lobo.

Seus ferozes olhos se cruzaram com os de Jack e logo o mesmo sentiu que aquele lobo era, na verdade, a Tayra, a garota que pulara da janela de um prédio do terceiro andar. Sentiu isso, após perceber as expressões de seus ferozes olhos.

O lobo deu um certo impulso para trás e pulou em direção ao terraço do prédio vizinho. Naquele momento, o coração do moreno se apertou, com medo de que caísse ao pular. Felizmente, esse não foi o caso. O lobo aterriçou no terraço dando mais uma rápida olhada para Jack até finalmente sumir entre a noite do luar.

– Eu sinto que um dia nos veremos de novo. - terminou Jack falando isso para si mesmo, olhando para o terraço do prédio vizinho onde o lobo, Tayra, havia sumido.