Sonhos de Papel escrita por Meyra


Capítulo 1
Prólogo




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/665873/chapter/1

O vento cortante passava entre os fios de seus finos cabelos dourados fazendo-os dançar num ritmo constante. A cada balançada que dava ao balanço daquela pequenina praça fazia-a voar o mais alto que sua força podia empregar.

Aquele doce sorriso de uma garota inocente aumentava enquanto saía daquele balanço e ia para o escorrega, o brinquedo favorito da loira. Seus olhos azulados possuía um pequenino brilho ao subir por completo no brinquedo. Esperou pacientemente o garoto a sua frente escorregar, a emoção de sentir novamente aquele vento percorrer em sua fina nuca enquanto escorregava no brinquedo era o que ela mais esperava.

Após o garoto em sua frente escorregar por completo, Tayra sentou no brinquedo pronta para finalmente descer. O vento passa de novo entre os seus fios de cabelos fazendo-os voar, finalmente Tayra escorrega e deixa o brinquedo levá-la para baixo até finalmente a miúda pousar os seus pequeninos pés sobre a fina areia.

Se levantou depressa e voltou a correr, sorrindo, alegremente até o balanço a qual ainda estava vazio. Se encaixou, perfeitamente, no banco do balanço dando um pequenino impulso para trás até soltar-se e se balançar no ar. A cada balançada, mais o vento levava o seu cabelo consigo, mais o vento refrescava entre a nuca da pequena, mais o vento dava aquela sensação emocionante para a miúda.

A praça naquele dia estava um tanto cheia, várias crianças brincavam no escorrega. Aqueles sorrisos animadores contagiavam os pais que ali estavam sentados no lado de fora da praça, assintindo seus filhos se divertindo. Porém, diferente de todos os pais que assistiam seus filhos, os pais de Tayra não a assistia e isso a deixava aos poucos para baixo.

Queria que eles estivessem vendo-a ali, voando sobre o balanço da praça, sorrindo. Mas eles não davam atenção a pequenina.

Do lado de fora da praça estava eles discutindo como sempre discutem. Aquela famosa discução de sempre que gera uma grande tristeza na pequena, a qual nunca fora a favor dessa discução. Por mais que ela tente fazê-los se reconciliar, no dia seguinte estariam discutindo de novo. E a discução deles era o motivo dos choros da miúda.

– Dona Cecília venho lá em casa de novo. - o tom de voz da mulher estava alterado. Seu dedo apontava na cara do homem que pouco se importava com o que a loira falava. - Dois meses, John, dois meses sem pagar o aluguel! - o homem, chamado por John, revirou os olhos cansado, pois sabia que eles iriam discutir aquilo de novo. E não queria, não queria brigar com ela e muito menos com sua filha lá assistindo tudo.

– Amor eu -

– Não me chama de amor. - seu tom se alterou novamente dando um passo para trás impedindo que o homem tocasse nela. - Esse seu vício em bebidas está quase fazendo a gente ser despejados, é isso que você quer?! Hein?! - a mulher não deixa o homem dar suas explicações, pois já sabia o que ele diria. Toda vez que eles tem esse tipo de conversa é sempre a mesma coisa. Ela estava cansada. Cansada dessa vida, cansada de ser colocada de lado pelo seu marido e a bebida ser a primeira opção do homem. Literalmente cansada!

– Desculpe. - o homem parecia arrependido, pois sabia que o que sua mulher falava era verdade. Mas não podia evitar, pois aquilo já se tornou algo maior para ele. Além de ser um vício, a bebida é a única coisa que o faz esquecer de todos os seus problemas. Mas ao invés disso, a bebida só lhe traz problemas. Porém ele não pode evitar aquela vontade extrema de afundar todos os seus problemas em cachaça.

– Desculpas não irá pagar o nosso aluguel! - a mulher cospe as palavras na cara do homem. Por mais que o ame, não podia continuar com essa vida. Ela trabalha todo dia, se esforça para manter a família viva, e ele põe tudo a perder.

Isso um dia cansa - pensa a mulher num suspiro pesado.

– Tayra! - a ruiva chama a pequenina no parque. Mais que depressa, Tayra sai do balanço e corre em direção a sua mãe. Aos poucos, a pequena se aproxima entre os dois, a mulher da uma rápida encarada em seu marido o cerrando com os olhos. - Se você não resolver isso de uma vez por todas irei fazer com que você conheça algo chamado divórcio. - seu tom ameaçador fez os olhos azulados do homem se arregalar e o coração disparar. De jeito nenhum queria perdê-la. Pois por mais que os dois briguem como cão e gato, ele a amava, assim como ama sua filha.

A mulher sai da presença do homem sem olhar para trás e sem esperar que sua filha a siga, a pequena Tayra encara o homem a sua frente. Sua inocência impede que a garota saiba o que era divórcio, mas pelo desespero de seu pai, não era algo bom.

– Filha - o homem abaixa para ficar mais ou menos do tamanho da criança, em seus lábios continha um pequenino sorriso de canto que não convencia nem um pouco Tayra. Ele estava triste e ela pôde sentir isso e pôde comprovar após uma fina lágrima cair do olho esquerdo de seu pai, a qual mais que depressa o homem enxuga.

– Papai, porque está chorando? - a fina voz da garota faz com que um grande sorriso se abra aos lábios do homem. Ouvir a filha lhe chamar de pai é um privilégio que muitos pais tem, e isso o deixava animado.

– Papai te ama, meu amor. - logo, sem perder tempo, o homem puxa o pequenino corpo da loira para um abraço apertado. A garota retribuí não entendendo o porque daquilo agora, a única coisa que entendia era que aquela sensação de tê-lo em seus braços quentes a deixava tranquila. - Papai te ama muito. - ele repete suas palavras num tom melancólico. Tayra gostaria de dizer que o amava também, mas a voz de sua mãe a distância que a chamava para ir embora os fizeram se separar de seus fortes abraços. O homem olha para trás secando as lágrimas que saíam de seus olhos.

Tayra dá uma rápida olhada para o seu pai segurando suas grossas mãos. Lentamente, a pequenina levanta suas mãos junto com as do seu pai e as cola com o dele mostrando a ele a sua pequenina mão em comparação a dele.

– Tayra também te ama, papai. - responde dando, por fim, um rápido beijo em suas bochechas.

Tayra sai correndo atrás de sua mãe, a qual a mesma já estava no final da praça esperando o semáforo ficar vermelho, para pôder atravessar.

No caminho, em direção a sua mãe, algo chama a atenção da criança que a faz parar de correr. A garota para de frente ao o que lhe chamou a atenção, uma foto.

A loirase abaixa lentamente e pega a foto dando uma rápida olhada para os lados, afim de ver se encontrava o dono da mesma. Lentamente, a pequena volta a olhar para a foto sentindo seu coração se disparar.

Na foto, havia um garoto de quase a mesma idade da loira cujo nome não podia-se saber. Dono de cabelos negros e sedozos, uma pele pálida e finos olhos castanhos escuros que chama a atenção da pequena. Aquele pequenino rosto dava aquele leve charme. E seu sorriso, aquele sorriso, o sorriso que arrancou também um sorriso de Tayra.

E pela primeira vez, Tayra sentiu seu coração querer sair pela boca. E pela primeira vez, Tayra sentiu uma certa ligação com ele, mesmo não o conhecendo, mas sentiu... sentiu que era ele o seu Romeu.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sonhos de Papel" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.