Uma Missão De Vida escrita por Joice Santos, Joice Reed Kardashian


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Mais uma vez quero agradecer os comentários maravilhosos que fizeram. Vocês são ótimas!
Vamos lá, mais um capítulo.



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Eram quase quatro da tarde. Jasper estava em mesa do lado de fora da cafeteria, apreciando a vista da rua movimentada, o vai e vem das pessoas apressadas, das crianças correndo agasalhadas. Havia neve por todos os lados e isso deixava Forks ainda mais bonita.

Era bom só ouvir isso. Passos, buzinas, conversas. Nada de vozes malucas de pessoas que já partiram. Nada de gritos de gente perturbada.

Remexendo a colherzinha de plástico dentro da xícara cheia de café quase amargo, Jasper acreditou que ali era seu lugar. Já se passara quase três dias e aquela baixinha irritante provavelmente não voltaria a atazanar sua paz. Nem mais ninguém.

– Com licença. Precisa de mais alguma coisa, senhor? – a garçonete gordinha perguntou. Parada contra a luz do sol, com as cabelos vermelho-alaranjados e olhos cinzentos, as sardas saltavam do rosto e ela parecia bastante gentil.

Jasper pareceu não notar a maneira como ela sorriu e suspirou quando ele recusou sua ajuda, balançando os cachos loiros. A garota deu a volta com o caderninho colado contra o peito e foi em direção à outra mesa.

– Olha só, você está fazendo sucesso! – a voz quase fez o loiro saltar da cadeira.

Alice apareceu atrás dele e se sentou na cadeira a sua frente. Ela apoiou os cotovelos sobre a mesa e as mãos entrelaçadas debaixo do queixo. Então ficou lá, parada, com aqueles grandes olhos castanhos brilhantes encarando o rapaz a sua frente.

– O que é? – perguntou ele. Tinha na expressão um misto de confusão e irritabilidade. Particularmente, Alice estava adorando aquilo. Os mal-humorados sempre foram seu tipo, equilibrando com sua personalidade animada e explosiva.

– Nada, só estou te analisando. – respondeu, sorrindo de um jeito alegre e sedutor. Nem parecia a mulher desesperada de horas atrás, quando a mãe apareceu chorando em seu quarto e lhe contou, indiretamente, que desligaria os aparelhos.

– Achei que tinha me livrado de você. – comentou ele, voltando a mexer o café.

Alice olhou a rua movimentada e viu garotinha de cabelos loiros andando com um gato laranja nos braços. Lembrou-se de Petchs e quis visitá-la, mas agora tinha algo mais importante a fazer.

– Ninguém se livra de Alice Cullen, meu querido. – respondeu orgulhosa, mas seu riso sumiu rapidamente. – Pode me fazer um favor, Jasper?

Agora ela o encarava seriamente. Por meros segundos, Jasper achou que ela fosse real e estava em apuros. Quis segurar sua mão e dizer que sim, mas esse instante de fraqueza passou e ele se ajeitou na cadeira. O vento balançou seus cabelos, lançando alguns fios na testa.

– Não faço favores para gente morta. Agora pode ir, Alice Cullen. – resmungou ele e, aos ouvidos de Alice, ele tinha feito pouco caso de seu nome.

– Quantas vezes vou ter que repetir: Eu não estou morta! Caramba, viu!

– E quantas vezes eu vou ter que repetir: Dá o fora daqui, merda! – ele se exaltou, a voz soou mais alta e várias cabeças se viraram em sua direção.

Alice riu da maneira que ele se encolheu. Ser invisível tinha lá suas vantagens.

Jasper tomou um longo gole do café que já estava quase frio, ignorando os olhares estranhos. A garçonete ruiva achou graça e, de onde estava observando o loiro, reprimiu a vontade de ir até lá lhe oferecer mais um café.

– Deveria diminuir a cafeína, isso deve fazer mal. – comentou a baixinha e ele apenas deu de ombros. – Então tá certo bonitão, vamos fazer do seu jeito. Porque é que você não pode fazer um favor pra mim? Qual é, sou uma pessoa legal. Até te ajudei com o chuveiro. – falou, pensando na melhor maneira de convencê-lo.

– Por que... – ele começou, mas se interrompeu, olhando em volta para ver se ninguém o observava. Não queria que pensassem que ele era louco, não outra vez. – Por que não, droga. Agora me deixa em paz. – ele se levantou, ficando nervoso. Estava cansado daquilo. Não era nenhum mensageiro do além, essas almas folgadas que procurassem um médium ou algo do gênero.

– Ei espera aí! – Alice levantou apressada, o seguindo pela calçada. Ela atravessava as pessoas enquanto ele desviava de todos tentando despistá-la. – Porque é que você não pode apenas parar e me ouvir? – perguntou ela quando finalmente o alcançou.

– Porque já fiz isso antes e não sabe a merda que deu em minha vida. – respondeu baixinho, tentando não chamar atenção das pessoas que passavam.

– Você nem sabe o que eu vou pedir! Eu juro que não é nada tão difícil assim. – falou a baixinha, ainda tentando manter o passo lado a lado com o dele.

Se pudesse, estaria ofegando. Jasper não diminuía o ritmo de jeito nenhum e ela queria sentar com ele e explicar seu grande problema. Queria que ele fosse para o apartamento, mas ele seguia na direção contrária de sua rua.

– Não. – ele negou mais uma vez, virando a esquina.

– Você é tão ranzinza! Não custa nada me ajudar. Além do mais, se me ajudar, pode me cobrar o favor depois. – sugeriu ela e viu que sua oferta tinha surtido efeito.

O rapaz parou de andar e virou para trás. Graças a Deus, ninguém passava na estreia rua que ele tinha virado.

– E o que é que você pode me oferecer, hã?

Alice também parou, o encarando há alguns passos de distância.

– O que você quer? – perguntou disposta a dar qualquer coisa. Imaginou que ele fosse pedir dinheiro ou coisa assim. Podia pedir um empréstimo aos pais quando acordasse.

– Paz, Alice. É isso que eu quero. Paz. – ele respondeu, colocando as mãos no bolso do casaco preto. – Agora, não venha atrás de mim porque não vai conseguir nada.

– Mas Jasper... – ela tentou intervir.

– Até nunca mais, Alice Cullen. – disse ele já voltando a dar, lhe dando as costas.

Foi tarde demais quando Alice ouviu a buzina. Bom, ela achou que fosse, entretanto isso não a impediu de gritar. O caminhão de carga havia brotado na rua e iria esmagar Jasper sem chance alguma de sobrevivência. Ele parecia aéreo, olhando para baixo.

– Cuidado! – ela berrou e só ele pôde ouvir.

O loiro deu um largo passo para trás, sentindo a estrutura enorme de ferro passar raspando a sua frente. Porém, ainda não estava fora de perigo. A moto veloz passou de por trás dele e dessa o Hale não conseguiu se afastar. Foi jogado contra o asfalto úmido e bateu a cabeça no meio-fio.

– Ai merda! Jasper!

A baixinha correu desesperada e motoqueiro xingou algo para o rapaz caído no chão, acelerando e sumindo na curva. Talvez agora tenha sido o momento que ela mais odiou estar nesta forma. Suas mãos agoniadas corriam pelo corpo do rapaz, que estava zonzo e caído na beirada da rua. Queria tocá-lo, saber que não tinha nada fora do lugar. Queria gritar por ajuda, mas sabia que ninguém a ouviria.

– Ai meu Deus, ai meu Deus. Jasper, fala comigo. – tentou segurar o rosto dele, mas sua mão passou direto.

Droga!- resmungou mentalmente.

Alice escutou um miado e ergueu a cabeça. Do outro lado da rua, avistou a garota loirinha de boina da cabeça com o gato laranja no colo. A mesma da rua da cafeteria. Ela olhava para Jasper e, por mais estranho que parecesse, para Alice também.

– Você está me vendo? – Alice perguntou e viu a garotinha assentir. Ela tinha o rostinho de boneca assustado e o gatinho miou alto quando viu Alice ficar de pé. – Olha, não fique com medo, está bem? Acontece que ninguém além de você e do cara caído ali conseguem me ver ou ouvir. Você tem que chamar ajuda. Um motoqueiro doido meio que atropelou ele. Pode me ajudar, por favor?

Enquanto Alice se aproximava, a garotinha olhava dela para o rapaz loiro caído no chão. Ele resmungava algo que ela não entendia. Alice se agachou em sua frente e tentou acariciar o animal, que também olhava para ela, mas sua mão atravessou o pelo alaranjado. A menina arregalou os olhos azuis, dando um passo para trás.

– Por favor, ele está machucado. – tornou a pedir e parecia mais que estava implorando. Tombou a cabeça para o lado, aguardando a resposta da menininha a sua frente.

– Vou chamar a minha avó. – foi tudo que a menina disse e correu com suas galochas vermelhas.

[...]

Na emergência Jasper recebeu os atendimentos necessários. Passou por uma radiografia na cabeça para ver se a batida contra o asfalto não provocado uma concussão ao algo parecido. Não tinha dado em nada.

Agora recebia cuidados no braço direito, que raspara no chão cinzento deixando um rastro cumprido de sangue e pele machucada pela extensão.

Alice não saíra do lado dele e por mais que ela fizesse milhões de perguntas a cada dois minutos sobre como ele estava se sentindo, Jasper a ignorava. Estava num hospital, não iria chamar atenção arriscando parecer louco.

Enquanto um enfermeiro alto de cabelos castanhos e olhos gentis fazia curativos no braço de Jasper, duas enfermeiras passaram conversando baixo. O Hale sequer notou a presença delas, mas Alice virou o rosto para acompanhá-las assim que notou sua enfermeira.

Isabella cochichava com uma moça de cabelos pretos com corte Chanel na altura das orelhas. Era um pouco mais alta que ela e vestia o mesmo uniforme branco. Tinha lábios grossos e vermelhos que estavam retorcidos numa careta melancólica.

– Você tem certeza que vão fazer isso, Bella? – a enfermeira mais alta perguntou.

As duas pararam em frente a uma porta e a moça de cabelos Chanel tinha uma das mãos apoiada na maçaneta. Alice se aproximou mais para ouvi-las.

– Infelizmente sim. Tenho conversado bastante com o irmão da garota, Edward, e ele está arrasado. Os pais dela já estão aqui para uma última conversa com o médico e por fim assinarem os papéis. – disse Bella e suspirou pesadamente no final. – É tão triste, Marlyse. Eu realmente achei que ela tinha chances. Edward acredita veemente nisso e acabou me fazendo acreditar também.

– É uma pena mesmo, amiga.

As duas enfermeiras trocaram olhares tristes e Marlyse entrou na sala. Bella continuou seu caminho, passando a mão pelo rabo de cavalo volumoso.

– Não! – Alice murmurou entrando em desespero.

Jasper ergueu a cabeça para olhá-la, vendo a baixinha de costas para ele com os ombros tremendo. Fantasmas choravam? Foi o que ele se perguntou.

– Algum problema? – o enfermeiro que terminava de enfaixar seu braço perguntou, notando o olhar confuso do loiro em direção ao corredor.

– Hã? Ah, não é nada. Já acabou? – Jasper desconversou, olhando para as mãos do enfermeiro que juntava algodões sujos e restos de embalagens numa bandeja. Quando olhou de volta, Alice havia sumido.

– Já sim, só preciso ver se podem te liberar.

O enfermeiro alto saiu e Jasper pulou da maca. Onde Alice havia se metido? - Perguntou a si mesmo, esticando o pescoço para ver se a encontrava em algum das várias salas pelo longo corredor.

Ela não parecia estar lá e de alguma maneira não ficou contente com isso. Tudo bem que nos últimos dias só queria se livrar dela – de qualquer espírito fora dos trilhos do descanso eterno -, mas agora não sabia se realmente queria que ela sumisse assim. Precisava antes, ao menos, agradecê-la por ter salvado sua vida.

Um médico de plantão veio liberá-lo para ir pra casa. Jasper foi direto para cantina do hospital. Precisava tomar um café para por a cabeça no lugar e conseguir chegar em casa.

Sentado uma das mesas mais afastadas dos médicos e enfermeiros que conversavam animadamente, o Hale bebericava seu café preto, forte e sem açúcar. Não conseguia relaxar completamente, imaginando o que tinha deixado a alma de Alice tão balada minutos atrás. Estava mesmo se preocupando com aquela baixinha irritante.

Ainda tentando desanuviar a cabeça do “problema Alice Cullen”, Jasper Hale notou um rapaz na mesa ao lado. Ele tinha os cabelos cor de cobre e o rosto apoiado nas mãos. Mesmo sentado parecia ser tão ou até mais alto que ele. O cara parecia bastante triste e o café a sua frente deveria estar frio.

– Ei Edward. – uma voz feminina chamou.

Jasper viu quando uma enfermeira bonita de cabelos e olhos cor de chocolate se aproximou do rapaz tristonho. Ela colocou uma das mãos nas costas dele e ele ergueu a cabeça para encará-la. Estava certo, o cara estava péssimo. Tinha os olhos vermelhos e um rastro de lágrimas pelas bochechas. O tal Edward ficou de pé e envolveu a enfermeira nos braços. Entretanto, era nítido que quem dava o apoio, o abraço realmente, era ela. Dava para ouvi-lo chorar, mesmo que fosse baixo.

– Ah Edward, eu sinto muito. – a morena falou, afagando as costas do rapaz que parecia enorme perto dela.

– Eu não acredito que vão fazer mesmo isso, Bella. Sei que está na hora dela descansar, mas não ter mais minha irmã comigo vai ser insuportável.

Podia ser mal educado o que estava fazendo, mas Jasper não conseguia desviar a atenção da conversa. Tinha os olhos pregados no copo de plástico a sua frente, ma os ouvidos estavam atentos à conversa do casal.

– Ela já lutou bastante, Edward. Sei que parece terrível, mas eu estou aqui, okay? Seus pais estão no quarto dela te esperando.

– Só queria ter tido a chance de me despedir realmente dela. De olhar nos olhos da Alice e dizer que eu a amo. – murmurou Edward enquanto seguia, conduzido por Bella, em direção à entrada lateral do hospital.

No instante em que ouviu o nome de Alice, Jasper não conseguiu evitar olhar para o casal que agora se distanciava.

Alice? Podia ser a mesma Alice baixinha e irritante que aparecera em seu apartamento? Não, aquela Alice estava morta. Mas ela já teimara algumas vezes, negando. Não que ele tivesse mesmo acreditado. Talvez ela fosse um espírito com problemas de sanidade. Agora, porém, estava começando achar que era ele quem tinha problemas na cabeça.

A Alice pelo qual o cara chorava podia ser a mesma Alice transparente e folgada que ele conhecia? Não iria ficar com a dúvida martelando na cabeça e fazendo sues miolos pulsarem até explodir.

Jasper ficou de pé, largando o café pela metade sobre a mesa, e seguiu na direção que Edward e Isabella haviam entrado. Apressou o passo, mas sem parecer suspeito. Não queria chamar a atenção de ninguém e ser posto para fora por estar querendo encontrar uma paciente que sequer conhecia.

Virou em três corredores diferentes, até encontrar outra vez a enfermeira morena parada na porta de um quarto. Caminhou devagar até lá, sem olhar naquela direção. Isabella não teria notado mesmo que ele olhasse diretamente para ela. Estava enternecida pela cena a sua frente.

Esme abraçava e acariciava os cabelos da filha inerte sobre a cama. Chorava compulsivamente, o que fazia o marido pensar se tinham mesmo tomado a decisão certa. Edward segurava a mão da irmã, beijando e chorando em silêncio.

O doutor Eleazar mantinha os olhos nos papéis em suas mãos, sentindo a dor daquela família. Entendia o que era perder um filho, seu garotinho de 6 anos havia se afogado anos atrás. Isabella estava agora do seu lado, tinha fechado a porta atrás de si.

Alice observava a triste cena da família sem nada poder fazer. Estava acabado. Hoje seus aparelhos seriam desligados e ela jamais abraçaria sua mãe outra vez ou brincaria com Petchs. Jamais bagunçaria o cabelo desgrenhado de Edward pela manhã ou sentaria no colo do pai apesar de estar crescida.

Pensar em tudo que viveu fazia o buraco em seu peito se apertar e a vontade chorar se tornar absurda, apesar de nenhuma lágrima rolar. Queria gritar para que não fizessem isso, mas, mesmo sabendo que ninguém escutaria, não tinha forças para fazê-lo. Tudo que já vivera seria apagado, sua vida neste mundo seria apagada. Para onde o corpo translúcido a qual habitava agora iria?

Alice teve medo de pensar na resposta.

Não que tivesse sido uma pessoa terrível a ponto de ir para o inferno, mas não sabia se tinha sido boa o suficiente para ir para o céu. Talvez se tivesse ajudado o homem que dormia perto da ponte onde passava todos os dias para trabalhar ou se tivesse ido mais vezes com sua mãe nas instituições de caridades ver as crianças órfãs... Agora era tarde demais para lamentar.

Foi pensando em tudo que não tinha feito e jamais poderia fazer que Alice avistou Jasper do lado de fora da sala. O loiro estava com a expressão espantada e as mãos coladas no vidro. Ela podia afirmar que vira dor nos olhos dele. Ninguém havia se dado conta de sua presença.

– Jasper.

Sua voz atraiu a atenção do rapaz. Os dois olharam diretamente um para o outro e Jasper conseguiu sentir a dor, o desespero e a sensação de perda dela. Estava congelado do outro lado de vidro e Alice foi ao seu encontro. Ele ainda não conseguia desviar os olhos da réplica adormecida de Alice nos braços da mulher que chorava sem parar.

– O que está fazendo aqui, Jasper? – Alice perguntou parando ao seu lado.

– Era isso. – foi só o que ele respondeu, mantendo os olhos colados na outra Alice, a Alice de verdade.

– Jasper... – Alice tentou tocar em seu ombro, mas Jasper se afastou antes que a mão dela atravessasse se casaco rasgado pela queda no asfalto.

– Era isso. Você está em coma. Por isso disse que não estava morta. Esse era o favor que você queria eu fizesse, não é? Que dissesse que você está bem. – disse ele, agora olhando para ela.

– Eles vão desligar os aparelhos. – confessou Alice, agora olhando para os próprios pés.

– O que? Quando? – ele se espantou quando sua voz soou desesperada. Que raios estavam acontecendo consigo mesmo, pensou. Desde quando sentia qualquer coisa por uma alma que cruzasse seu caminho?

– Não sei direito, mas pelo jeito que minha mãe está chorando e pelos papéis na mão do doutor, deve ser hoje.

– Sinto muito, Alice. – ele suspirou e jamais tinha sido tão sincero. Sentia mesmo por ela.

– Jasper, o que eu queria te pedir antes era que falasse com meus pais. Por favor, você precisa dizer que eu vou acordar. Eu não sei como, mas vou. – ela deu um passo à frente, se aproximando mais dele. – Você é o único que pode ajudar. Por favor, não me deixe morrer, Jasper.

A voz atravessou o corpo dele feito flecha e se alojou lá dentro. Nunca havia sentido o peso da vida de alguém nas mãos e não gostou nada da sensação. Queria dizer aquela baixinha e irritante da qual não tinha mais raiva que iria ajudá-la. Que iria passar seu recado a sua família, mas não podia.

– Desculpe Alice, mas não posso fazer isso.

– Pode sim, claro que pode. Você não quer fazer, é diferente! – a voz dela soou esganiçada, subindo o tom.

Mas ela não sabia o passado torturante que o loiro escondia. Não sabia o que era crescer ouvindo vozes, vendo pessoas e ninguém acreditar quando contasse. O que era passar oito meses terríveis num quarto completamente branco e te tratarem como louco e incapaz. Alice não sabia o que era receber do próprio pai o apelido de aberração e vê-lo te jogar num hospital psiquiátrico.

Não, ela não sabia nada disso.

Jasper Hale prometera a si mesmo jamais arriscar sua liberdade e realizar o pedido de Alice só faria com que a dúvida de sua sanidade fosse plantada na cabeça daqueles desconhecidos. E ainda mais num hospital! Era um terrível detalhe que não podia ser ignorado.

– Não posso fazer isso. Desculpe te decepcionar, Alice. – foi a última coisa que ele disse antes de correr e havia muita culpa em sua voz.

– Seu covarde! Jasper, você é um covarde! – Alice gritou, caindo de joelhos, mas ele já tinha passado pelas portas vai e vem do final do corredor.

Estava acabado. Em alguns minutos ela estaria morta para todos e ninguém poderia - ninguém queria– impedir.


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Notas finais do capítulo

Parece que o tempo fechou de vez pra nossa baixinha. Jasper não está conseguindo superar o passado mesmo e ajudá-la.
O próximo será o último.
Deixem um comentário, me façam feliz. Obrigada (: