Beatrice e Matheus escrita por ACL


Capítulo 9
Verdade ou desafio?


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas.

Eu gostaria muito de ser aquelas autoras simpáticas que são rainhas das notas iniciais, mas eu não sou.

Então, por favor, finjam que eu fui a pessoa mais fofa do mundo e leiam com bom humor, ok?

















E não me matem, por favor.



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O lugar favorito de Matheus no mundo era a praia. Ele amava tudo, desde a sensação engraçada – e incômoda para alguns – da areia no pé até o barulho de ondas arrebentando no final do dia. Por isso, ele estava animado para passar uns dias do verão na casa de praia da família da namorada do irmão. Duas semanas entre o final de 2008 e o início de 2009. Ou, mais importante, duas semanas com Beatrice.

Beatrice e Matheus eram melhores amigos praticamente desde o dia em que se conheceram. Contudo, ele sentia algo a mais, um pouco mais de dopamina. Apaixonou-se por ela no primeiro dia.

A mãe de Olívia, Cecília Matoso Borges, apaixonada por comemorações de qualquer tipo, planejava fazer uma festa especial de réveillon em sua casa de praia. Convidou a sua família e os Agno para comemorar a chegada do novo ano e aproveitar alguns dias de sol e praia. Como o Natal era a festa da família, e não a virada, eles concordaram. A casa localizava-se num condomínio à beira-mar de uma praia do litoral sul pernambucano.

Os adultos usavam a área da churrasqueira durante o dia para “queimar carne” e para beber vinho e conversar à noite. Jovens mais velhos aproveitavam a academia. Matheus e os novos amigos normalmente usavam a quadra poliesportiva. A piscina era popular para todos.

Tinham dias ocupados. Manhãs e tardes eram gastas na praia, na piscina ou em churrascos com alguma das famílias. À noite, desde jogos de tabuleiro até brincar de esconder. Uma tradição entre eles era a versão adaptada do Verdade ou Desafio tão detestado por Bia. Curiosamente, ela apreciava as novas regras, causando estranhamento para Matheus.

O jogo não era tão diferente do original. Inicialmente, apenas a opção verdade era considerada. Todos jogavam como se fosse um jogo de perguntas e respostas. Caso alguém mentisse, cumpriria o desafio, que pode ser qualquer coisa, e geralmente, escolhiam-se desafios usuais ao jogo.

Matheus gostou da brincadeira. Gostou de participar com Beatrice, de confirmar suas verdades, porque ela não mentiu nenhuma vez. Riu quando os amigos armavam uns para os outros, castigando-os por serem bobos os suficiente para cair nas pegadinhas. Apreciou a companhia, achando quase todas as pessoas ali agradáveis. Na terceira noite, Theo, primo de Bia, girou a garrafa, e, pela primeira vez, o gargalo apontou para a prima. Ou seja, era a vez de Bia perguntar. Ela esperava por isso desde o verão anterior.

— Theo — chamou Bia com o roteiro planejado há meses. — É verdade que você deu o seu primeiro beijo em uma menina cinco anos mais velha porque ela não conseguia beijar ninguém melhor?

— Não – respondeu. — Maria Clara, foi meu segundo e ela era só três anos mais velha, da sala de Olívia. O primeiro foi em uma menina lá do prédio.

Bia mostrou um sorriso travesso para o primo. Era uma menina de planejamentos, então sabia qual resposta seria dada pelo primo.

— Errado. Maria Clara foi o terceiro. O segundo foi naquela vizinha de vovó.

Houve um impasse. Theo tinha respondido corretamente à pergunta, porém, tinha dito uma inverdade. Qualquer resposta falsa era passível de um desafio. Depois de muito tempo, ficou decidido que ele sofreria uma punição leve.

— Você vai ter que contar à sua irmã sobre o seu terceiro beijo, em uma amiga dela – Beatrice sentenciou. Nenhum dos conhecidos dela surpreendeu-se com a sua perspicácia.

Theo contou a história para Olívia, que riu do irmão e da amiga.

Para ninguém entediar-se (ou, no dialeto recifense, para ninguém morgar) da brincadeira, eles faziam apenas uma rodada por dia. Cada um girava a garrafa uma vez e respondia a uma só pergunta. Naquele dia, Beatrice estava sentada à esquerda do primo. Portanto, ela seria a última a girar a garrafa. Depois dela seria Matheus, mas ele foi o primeiro do dia.

— Fechando com chave de ouro, eu pergunto para ela — anunciou Eduardo. — Bia, é verdade que o seu primeiro beijo ainda não aconteceu?

Matheus olhou para Eduardo, procurando alguma intenção oculta. Eduardo estudava na mesma escola que ele e Bia, então era bem provável ele saber sobre o beijo. Mesmo eles não sendo populares ou extremamente conhecidos. O corpo discente da escola deles era bem mexeriqueiro e qualquer coisa virava assunto na boca deles. No ensino fundamental, pelo menos.

— Mentira. Foi num acampamento de férias dois anos atrás em um menino da minha escola antiga que não parecia gostar muito de meninas, mas eu não percebi isso na época.

Bom, o acampamento era verdade. Assim como o menino e o fato de ele não gostar nada de meninas, como ela sabe hoje em dia. Mas o beijo não era. Tinha sido com Matheus. Como ela ousava mentir sobre isso diante dele?

— É mentira! — Theo declarou, com a voz elevada, sorrindo pela perspectiva de uma vingança. — É mentira, Bia. Todo mundo sabe que seu primeiro beijo foi com Mati no aniversário de Júlia.

— É mesmo — confirmou Matheus com a voz embargada. Não entendia o motivo da mentira. E nem gostava dela. Bia, até aquele momento, tinha dito apenas a verdade.

Beatrice foi desafiada a beijar Caio Azevedo.

Matheus detestava Caio e, até onde ele sabia, Bia também. Ele era dois anos mais velho e cursaria, no ano seguinte, o primeiro ano do ensino médio, enquanto Matheus e Bia fariam o oitavo ano fundamental. Caio era idolatrado por todas as meninas, principalmente as mais novas. Era quem a maioria delas gostaria de apresentar para seus pais como namorado. Ou ter um romance de verão.

Com certeza naquelas duas semanas, Beatrice era quem elas gostariam de ser.

Caio galanteava Bia explicitamente. Ele não era como Matheus, que não gostava de deixar Bia saber o quanto gostava dela. Aquilo incomodava Matheus. Ele detestava ver Caio elogiando a menina de quem gostava por todos os motivos errados. Detestava vê-lo tocando-a com um carinho simulado.

Bia beijou Caio.

Mais tarde, quando questionada por Matheus sobre o porquê da mentira, a explicação dada por Beatrice foi:

— Porque eu queria beijar Caio.


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