Beatrice e Matheus escrita por ACL


Capítulo 23
Decisão




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Bia não sabia lidar com a situação, então saiu correndo de volta para a pista de dança. Localizar suas amigas no meio de tanta gente não foi nada fácil, mas ela continuou tentando até conseguir. Interrompeu Júlia no meio de uma dança com suas primas e impediu Valentina de comer alguma coisa na mesa dela. Puxou as duas para um canto mais silencioso e contou tudo o que aconteceu alguns minutos atrás.

Júlia e Valentina não tinham palavras. Jamais imaginariam Matheus traindo Manuela, de jeito nenhum! Entretanto, depois do choque inicial, as reações das duas melhores amigas de Beatrice foram bastante diferentes.

— Ah, e ninguém pode saber disso. Principalmente Manu e Caio. Principalmente Caio – disse Bia, dando uma boa ênfase na última frase.

Caio não acreditava muito na amizade entre um homem e uma mulher, ou, mais precisamente, entre meninos e meninas. Não adiantava explicar que Bia e Mati se conhecem há anos e não tinham nenhuma noção de romance quando se conheceram. Talvez fosse só uma implicância mútua entre Matheus e Caio, e Bia tinha que dar um jeito de equilibrar os dois relacionamentos, mais ou menos como Mati tinha que se virar entre ela e Manu.

Mesmo ele não estando tão errado em relação a Matheus, afinal Mati estava, sim, apaixonado por Bia, ele estava muito errado em não considerar a amizade de Bia e Mati. Para os dois ela era muito importante, e é por isso que eles sempre voltavam a se falar depois de tantas brigas, algumas até sérias. Matheus nunca estragaria essa amizade, e Bia também não. O que provavelmente aconteceria agora seria os dois ignorarem o beijo (como ignoravam as brigas) e seguir em frente, amigos.

Enfim, seria melhor para todos se Caio não soubesse, Júlia e Valentina concordaram e decidiram manter as bocas bem fechadas.

— Como assim ele te beijou? — questionou Valentina. Em um tom um alto demais para o gosto de Bia, mas ela era estridente mesmo. E o choque contribuía.

— Tudo bem, você é Valentina, a menina mais santinha de Recife, mas você sabe o que é um beijo, não é possível — respondeu Júlia, irritada.

Valentina revirou os olhos. Às vezes Júlia era literal demais.

— Ai, Júlia, não começa. Você entendeu e Bia também, não é? O que é que Matheus tinha na cabeça para inventar de beijar nossa Beatrice aqui?

— Só Bia — Bia respondeu e foi tudo o que ela conseguiu dizer naquele momento.

— Ah gente, foi só um beijo — Júlia supôs. — Não quer dizer nada. Vai ver ele só estava sentindo falta de beijar alguém. Já faz duas semanas que a namorada dele foi pro outro lado do país.

— Você não ouviu a parte de “ele estava reclamando de Manuela” ou alguma coisa do tipo? Eu sabia que eles não deveriam ter começado a namorar tão cedo!

— Eles não começaram a namorar cedo, eles ficaram por uns dois meses antes de começar a namorar.

A discussão seguia sem a participação de Bia. Eram raros os seus momentos sem palavras. Na época da separação dos pais ela não falava muito. Quando alguém a irritava profundamente ela ficava calada. Se estava muito triste, era difícil ouvir a sua voz. Mas não era nada disso que acontecia no momento. Ela só tinha uma palavra na mente: por quê? Ok, em teoria são duas palavras, mas vocês me entendem.

“Por que Matheus inventou de me beijar?”

“Por que ele não terminou a noite só com a dança e a conversa?”

“Por que diabos eu não consigo parar de pensar nesse beijo?”

“Por que eu gostei mais de dois beijos que Matheus me deu num intervalo de mais de dois anos do que todos os outros que Caio, meu namorado, me deu nos poucos meses que namoramos?”

Do outro lado do salão, Matheus fazia perguntas parecidas. Irritado por ter deixado a situação sair do controle, ele não conseguia parar de pensar na besteira que fez. Não podia deixar de pensar em como ele provavelmente magoou três pessoas, duas das quais ele tinha um carinho enorme. Manu, a milhares de quilômetros de distância; Caio, cuja namorada acabou de ser beijada por outro cara; Bia, a principal dos três, que não esperava e nem queria beijar alguém naquele dia.

Por mais instintivo que tivesse sido o beijo, uma parte de Matheus, a maior das partes, tinha essa vontade. Sempre quis. Desde quando Bia e Caio começaram a sair juntos ou desde o primeiro beijo deles, dois anos antes no aniversário de Júlia ou talvez desde quando ele percebeu o que aquela sensação esquisita que sentiu depois de conhecer Bia era.

Ele entendia o tamanho do seu erro. E apesar de preferir deixar os problemas de lado, de jogar a poeira para debaixo do tapete. Ele deveria enfrentar o monstro que criou. Ele deveria terminar com Manuela.


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