Le parkour: o percurso escrita por Andy


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Aqui estou eu! Apenas ligeiramente atrasada. Ok, ok... MUITO atrasada! Desculpem-me pela demora, leitores lindos! Não sei se isso serve de desculpa, mas hoje (ou melhor, ontem) era aniversário do meu ídolo (Orlando Bloom ♥), e eu precisava participar das comemorações do fandom. Desculpem! Mas enfim, antes tarde do que nunca, ne? Aqui está o novo capítulo! Ele marca uma virada na fanfic... Acho que vocês vão gostar. ^^
Por favor, comentem! Nem que seja só um "oi" ou "arroz", sei lá. Só para eu saber que vocês estão aí! Significa mais do que vocês imaginam.
Bom, comentando ou não, obrigada por lerem!
Até o próximo capítulo! Xoxo



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/665769/chapter/5

Sala de cinema da Cineworld

Emily acordou sentindo-se ótima, depois da noite de sono mais profundo que tinha tido desde que tinha vindo para a Terra. Olhando preguiçosamente no calendário do celular, ela se surpreendeu com duas coisas: primeira, fazia um bom tempo que ela não via o Confortador. E segunda... Naquele dia, completaria um mês que ela estava treinando com William. Tinha passado rápido demais.

Ela se sentou na cama e apanhou o frasco com as detestáveis pílulas amargas. Evitando olhar para elas, enfiou duas na boca e engoliu a seco mesmo. O amargor pareceu se fixar no fundo da garganta dela.

Um mês... Parecia muito tempo E muito pouco tempo.

Tempo suficiente para mudar tudo para sempre.

~~ ♦ ~~

— Boo! — Emily deu um pulo no banco de madeira quando sentiu algo pousando em sua cabeça. Quando ela estendeu a mão, percebeu que era um chapéu de formato quadrado.

William se sentou ao lado dela, sorrindo enquanto ela tirava o chapéu de formatura da cabeça.

— O que é isso?

Ele se inclinou e lhe deu um beijinho no rosto.

— Hoje é o dia da sua formatura do parquinho.

— “Formatura do parquinho”?

— É como a formatura do 9º ano. — William concordou com a cabeça.

— Então eu estou indo para o Ensino Médio do parkour? — Ela sorriu.

— Se você passar no teste final, sim.

— “Teste final”?

William ficou muito sério.

— Isso mesmo.

— E se eu não passar...

— “Faça ou não faça, não existe ‘tentar’”*.

— O quê?

— Você vai passar! — Ele deu um puxão de leve no rabo-de-cavalo dela. — Afinal, um aluno só é tão bom quanto o mestre. E modéstia à parte, eu sou bom pra cara...mbola. Bom pra carambola.

Emily riu, se colocando de pé.

— Então o que estamos esperando, mestre?

William sorriu.

— Essa é a minha garota!

O “teste” consistia numa longa série de demonstrações de atterrissages, roulades e saltos de diversos estilos. Felizmente para Emily, William não exigiu os saltos mais complexos, como aquele em que você precisa passar por baixo de uma barra e virar 360° enquanto isso. Nem o terrível “salto King Kong”, em que você tem que atirar os pés para o alto e usar apenas as mãos para ultrapassar o obstáculo, enquanto mantém um equilíbrio quase contra a gravidade. Mas ela ficou bastante orgulhosa de seu salto do gato na parede de escalada, porque ela conseguiu se agarrar com bastante firmeza, e depois completou tudo com um salto do macaco e com uma queda com final em roulade frontal. Mas o melhor mesmo foi seu movimento de tic tac, quando ela usou a parede de escalada para tomar impulso e chegar à barra, fazendo um giro de 180° e caindo depois com graça e firmeza em segurança na grama.

Pelo menos, era isso o que William estava falando, enquanto colocava solenemente o chapéu de formatura na cabeça dela.

— Parabéns, pequena padawan! Que a Força continue sempre com você!**

— Obrigada!

William a abraçou, sem se importar que os dois estivessem totalmente suados.

— E agora...? — Ela se sentou, pegando a garrafa d’água. — Fase três?

— Sim. Parkour de gente grande, agora.

— Que quer dizer?

Os olhos dele brilharam daquele jeito que ela já conhecia. E que a assustava um pouco, para ser sincera.

— Vamos dominar San Francisco.

~~ ♦ ~~

Quando Emily acordou na manhã seguinte, sentiu aquela conhecida dor na base das costas. Ah não. Por favor, não.

Ela se sentou na cama e chutou o lençol, atirando-o ao chão. Como previsto, havia uma pequena mancha vermelha no lençol de elástico que cobria o colchão. Emily gemeu baixinho, com raiva. Essa era a parte que menos gostava desse corpo. Por que é que não inventavam uma forma de parar isso? Todo mês era a mesma coisa! Resmungando, ela tomou as duas pílulas matinais e se levantou, correndo em direção ao banheiro.

~~ ♦ ~~

Quando ela finalmente chegou ao parque, William já estava no lugar de sempre, ouvindo música no celular. Ele sorriu quando a viu chegando e tirou os fones do ouvido:

— Pensei que tinha desistido! Tudo bem?

— Tudo. Eu tive um pequeno probleminha de manhã, mas está tudo bem.

— Tem certeza? Eu posso ajudar em alguma coisa?

— Não, eu já resolvi. Obrigada.

— Certo... — Ele continuou olhando para ela, parecendo pouco convencido.

— Mas eu pensei que minha formatura do parquinho tivesse sido ontem! Por que ainda estamos aqui?

— Eu pensei em deixar você escolher para onde vamos agora.

— Como assim?

— Leste... — Ele apontou. — Oeste... Norte... Ou sul?

Ela olhou em volta. Havia quatro ruas partindo do parque, nas direções que ele apontava. Qualquer uma delas parecia boa o bastante.

— Sul.

— Tudo bem. Algum motivo especial?

— É para lá que fica Hollywood. — Ela deu de ombros. — A cidade dos sonhos.

William sorriu.

— Parece bom. Então... Vamos nessa?

— Tá, mas o que exatamente vamos fazer?

Parkour.

— Eu sei, mas...?

— Só... Siga seu coração. Pense: você treinou todas aquelas coisas, aqueles saltos, aqueles movimentos. Tudo isso para ser livre. E agora você é. Pode fazer qualquer coisa. O que você quiser.

— Parece bom. — Ela sorriu. — Mas não sei se consigo.

— Consegue. Basta acreditar em si mesma. Mas sem esquecer da filosofia do parkour!

— Nada de ser idiota.

— Isso aí. Pronta?

— Pronta!

Ele sorriu e, sem dizer mais nada, saiu correndo na direção que ela tinha apontado antes. Ela estava um pouco apreensiva, porque ainda podia sentir o incômodo na base das costas, mesmo tendo tomado o Corta Dor. Aquele não era, definitivamente, o melhor dia para ela começar com aquilo. Mas de jeito nenhum ia dizer aquilo para William. Então, ela se apressou em correr atrás dele.

Por alguns minutos, os dois ficaram correndo e saltando pelas ruas naquela direção, usando qualquer coisa que achavam pelo caminho como apoio: escadas, postes, bancos de pontos de ônibus. Se não havia nada, William usava as próprias paredes como base para dar mortais perigosos para trás. Emily não se arriscava tanto. Não por medo, mas porque realmente não se sentia confortável. Na verdade, ela não estava se sentindo nada bem...

— Em?

Ela ergueu a cabeça, olhando para ele. Não tinha percebido que ele tinha se afastado tanto. Ele voltou andando até ela, com uma expressão preocupada no rosto:

— O que aconteceu? Você está pálida!

— Nada... Eu estou bem. Vamos continuar!

Ele a olhou por um momento, avaliando-a.

— Não está, não. Vem aqui, é melhor você se sentar um pouco.

Ela se sentia suando, o que era totalmente esperado, já que eles estavam correndo. Mas também havia uma sensação estranha, como se seus membros estivessem ficando leves demais. Quando William se aproximou e colocou o braço em sua cintura, ela sentiu a visão escurecendo levemente e pôs o braço no ombro dele para se apoiar. Os sons das pessoas e dos carros pareciam errados, distantes demais.

— Respire fundo, Emily. — Ele instruiu. — Não precisa ter pressa, vamos andar devagar. Tem uma praça bem ali adiante, com uma sombra boa para a gente se sentar.

— Eu... Tá tudo bem, Will. — Mesmo dizendo isso, ela fez o que ele falou, respirando devagar pelo nariz e soltando o ar pela boca.

— Eu sei. — Ele disse, num tom gentil.

De fato, eles não precisaram andar muito para chegar até a tal praça. Ela era bem pequena e tinha formato circular. No centro, havia um chafariz quadrado, em cujo centro estava a estátua de um homem narigudo que William não fazia ideia de quem era. Perto dele, havia uma árvore grande que projetava uma sombra larga. William guiou Emily até lá, onde havia um banco de pedra levemente sujo. Ele afastou as folhas secas de cima dele, e os dois se sentaram.

— Muito bem... Respire, agora.

Ela desistiu de falar que estava bem, e continuou a respirar devagar, fechando os olhos. William pegou um panfleto que estava jogado no chão ali e começou a abaná-la. Isso ajudou muito, e alguns minutos depois, ela reabriu os olhos.

— Melhor? — Ele perguntou, sorrindo levemente.

— Melhor. Obrigada.

— Mas você ainda está pálida... Vem cá. — Ele se levantou e a ajudou a se levantar também. Mantendo a mão dela firme na dele, ele a puxou para perto da base do tronco da árvore. — Deite aqui na grama e coloque os pés para cima, apoiando-os na árvore. Isso vai ajudar a oxigenar melhor seu cérebro.

Ela olhou apreensiva para ele, não gostando nada da ideia. No estado em que ela estava...

— Eu... Preciso mesmo?

Ele franziu a testa.

— É para o seu próprio bem. Se não, é capaz de você ficar tonta de novo daqui a pouco.

— Foi só um mal-estar passageiro, Will. Eu já estou bem!

— Emily...

— É sério! Por favor...

Ele a encarou, lendo seus olhos. Ela percebeu que as sobrancelhas dele estavam levemente franzidas, como sempre ficavam quando ele estava preocupado. Subitamente, ele baixou os olhos, parecendo avaliar a roupa dela por um momento, e depois olhou de volta para o rosto dela:

— Tudo bem, então. Mas então.... Você espera aqui um pouquinho? Eu já volto!

— Aonde você vai?

— Só vou dar um pulinho ali rapidinho. Espere ali no banco.

— Tá...

Ela se sentou no banco e ficou observando a fonte. Ela gostava da forma como a água subia quase um metro e meio no ar, e depois caía em todas as direções. Além disso, as gotículas que se espalhavam pelo ar tornavam o ambiente mais fresco. E o cheiro era bom, indicando que a fonte devia estar muito limpa, o que não a surpreendia. Ela fechou os olhos por um momento, apreciando a sensação.

Reabrindo os olhos, ela se deixou dominar pelas cores. Eles estavam em plena primavera, então havia flores por toda a parte. Mais adiante, havia um casal de namorados, e ele estava pegando uma flor e colocando nos cabelos dela. Emily sorriu levemente, observando a cena.

E de repente, uma barra de chocolate apareceu diante dos olhos dela.

— Boo!

Ela se virou para olhá-lo, e William estava sorrindo. Ele deu a volta no banco e se sentou ao lado dela. Ela retribuiu o sorriso.

— O que é isso? — Ela pegou a barra.

— Bom... Você parece estar num desses dias em que uma garota precisa de chocolate. Acertei?

Ela corou intensamente, olhando para os próprios pés. Só então notou que estava na hora de pôs aqueles tênis para lavar.

— Sim... — respondeu baixinho.

William sorriu de novo e, sem dizer nada, pôs o braço sobre os ombros dela e se aproximou, dando-lhe um beijo no rosto. Ela olhou para ele, surpresa:

— Por quê...?

— Bom, além de chocolate, garotas precisam de carinho, em dias como esse. Ajuda a aliviar a dor e o desconforto, sabia? Cientificamente comprovado.

Pensando agora, ela realmente se sentia melhor. E nem havia aberto o chocolate ainda. Ela sorriu timidamente:

— Verdade?

— Hnm-hnm.

— Como você sabe disso?

— Ah, sei lá! Li em algum lugar. Se não abrir o chocolate, eu vou pegar de volta!

— Nem pensar! — Ela puxou a barra, afastando-a dele, e começou a abri-la.

Ele riu de leve e aceitou quando ela lhe ofereceu um pedaço.

Por algum tempo, eles apenas comeram em silêncio, sorrindo ocasionalmente um para o outro, até que acabaram com a barra inteira. William pegou o papel e enfiou no bolso da calça.

— Melhor?

— Muito! Obrigada! — Ela sorriu para ele.

— De nada. — Ele se levantou. — Bom... Eu acho que vou te acompanhar até o metrô, então. Acho melhor nós pararmos por hoje.

— Mas... Eu disse que estou melhor!

— E eu acredito! Mas acho melhor você dar uma pausa do parkour por uns dias. Acho que vai até fazer bem. Estamos treinando há mais de um mês sem parar!

— Mas... — Ela sentiu sua expressão desmoronando. Não conseguia imaginar mais passar um dia que fosse sem aqueles treinos.

— Três dias. Vão passar rápido. Vai ser até bom, na verdade. Eu preciso resolver umas coisas...

— Que coisas?

— Nada demais. Minha mãe me pediu ajuda, ela comprou um computador novo. E meu pai fica reclamando que eu não passo mais tempo com eles, só fico na rua.

— Ah... Entendo.

— Você também deve ter coisas para fazer... Não tem?

— Tenho. Um monte. — Ela forçou um sorriso para ele, não querendo que ele soubesse que na verdade não havia mais nada na vida dela.

Ele a encarou por um momento, parecendo em dúvida. Ela se viu desejando que ele mudasse de ideia, e se sentiu mal por isso. Então ele assentiu:

— Tudo bem. Mas você acha que teria um tempo para mim, digamos... Na terça à noite? — Ele sorriu levemente. — A gente podia ver um filme.

— Sim! Q-Quero dizer... Acho que sim. É, acho que não tenho nada marcado para terça à noite.

O sorriso dele se ampliou:

— Tudo bem. Cinema na terça à noite, então. E na quarta-feira, voltamos a treinar!

— Sim, mestre! — Ela sorriu de volta.

~~ ♦ ~~

Aqueles foram os três dias mais longos da vida humana de Emily. Não. De todas as suas três vidas. E olhe que os dias no Mundo Cantor duravam muito mais tempo que os da Terra, objetivamente falando.

Mas tinham passado, e agora ela olhava desconsoladamente para o guarda-roupas aberto. Honestamente, não fazia a menor ideia do que vestir. Não importava quanto tempo passasse nesse corpo, ela achava que nunca iria se sentir segura na hora de se vestir.

Uma hora depois, ela finalmente se decidiu por um jeans preto e uma blusa roxa estilosa, com as palavras “Dream out loud” escritas em glitter prateado na frente. E uma sandália roxa combinando. Depois de colocar os brincos prateados, ela se olhou no espelho de novo. Tinha deixado os cabelos soltos, e eles caíam em ondas até pouco abaixo dos ombros. Ela achava que estava bonita, mas continuava sentindo aquela mesma sensação de desconforto, como se nada que não fosse o preto absoluto e deprimente combinasse com aquele corpo. Era ruim. Ela tinha falado sobre isso com o Confortador várias vezes, e ele tinha lhe dito para continuar lutando. Mas era difícil.

Talvez ela devesse ter ido vê-lo ontem, quando começou a se sentir de novo terrivelmente sozinha.

Mas agora não dava mais. Ela olhou no relógio, e quase teve um ataque ao perceber o horário. Se não pegasse um taxi imediatamente, ia se atrasar com certeza.

~~ ♦ ~~

Ela fingiu não notar as pessoas olhando enquanto corria, meio esbaforida, até o Cineworld. Ainda de longe, ela avistou William. Ele estava encostado tranquilamente à parede marrom-clara, parecendo totalmente despreocupado com o tempo. Isso a fez diminuir um pouco o ritmo, mas só um pouco.

Ele ergueu a cabeça quando a viu se aproximando e estendeu os braços bem a tempo de segurá-la antes que ela perdesse o equilíbrio ao tentar parar bruscamente.

— Ei! Calma! Está indo tirar Jack Sparrow da forca?

— Tirar... quem...?

— Hnm. Certo. Nota mental: precisamos assistir “Piratas do Caribe” qualquer dia. É cultura pré-colonial!

Ela não disse nada, apenas olhando para ele enquanto tentava recuperar o fôlego. Ele abriu um sorriso torto para ela. Ele vestia uma calça jeans acinzentada, uma camiseta azul-escura, uma jaqueta jeans e tênis. Nada muito diferente do que ela estava acostumada. Os cabelos dele estavam para o alto, como sempre.

— E aí... O que você quer assistir? — Ele perguntou.

— Pensei que você tivesse algo em mente.

— Não tenho. Eu só queria assistir um filme com você. Mas se puder não escolher aquele da menina que trabalha na revista de moda, eu agradeceria.

Ela riu de leve, sem compreender a estranha sensação borbulhante que sentiu na boca do estômago quando ele disse que só queria sair com ela. Tentando não pensar muito a respeito, ela entrou no cinema e foi em direção aos cartazes dos filmes que estavam em exibição. Ele a seguiu, colocando as mãos nos bolsos.

— Hnm... Que tal esse?

Ele olhou e ergueu uma sobrancelha para ela:

— Um filme de artes marciais? Certeza?

— Ação. Ação é bom.

Ele sorriu.

— Onde você estava esse tempo todo?

— O quê?

— Nada. — Ele segurou a mão dela. — Vem, vamos pegar os ingressos.

~~ ♦ ~~

O filme foi melhor do que William estava esperando. Tinha mesmo muitas cenas de ação e até de violência. Os atores principais eram humanos, o que certamente contribuiu. Era provável que o diretor e o roteirista também fossem. Infelizmente, o final tinha sido um tanto decepcionante. Tinha sido muito ameno, muito “solução pacífica e final feliz” para o gosto dele. Era isso o que ele estava tentando explicar para Emily, enquanto eles tomavam um sorvete, mas ela não concordava de jeito nenhum.

— Uma solução dialogada é sempre melhor, Will, não adianta! — Ela ainda estava usando a jaqueta dele, que ele tinha colocado sobre os ombros dela no meio do filme, quando a sala ficou fria demais por causa do ar-condicionado.

— Ah, mas ele treinou o filme inteiro! Podia pelo menos ter dado umas porradas pro Sun Tzu largar de ser besta!

— Mas o Sun Tzu aprendeu a lição! Mesmo sem violência.

— Mas não fez sentido o cara treinar o filme todo, pra depois eles simplesmente fazerem as pazes.

— Mas é pra isso que o karatê serve, você não estava ouvindo? O mestre falou: “O karatê não serve para fazer guerra, e sim para fazer paz com os inimigos”.

— Estranho o fato de o ator que fazia o mestre ser uma alma, não?

— Que é que tem?

William revirou os olhos e deu língua pra ela.

— Uma vez uma alma, sempre uma alma, pelo visto.

— Por que é que pra vocês tudo tem que se resolver na base da violência? É por isso que vocês estavam quase explodindo seu planeta quando nós chegamos aqui.

— Certo, certo... — Ele fez pouco caso, atirando o guardanapo dele numa lixeira ali perto. — Bom, vamos indo? Está ficando tarde... E não quero ninguém se atrasando para o parkour amanhã, ouviu, mocinha?

Ela saltou do banquinho alto em que estava e começou a andar com ele em direção à escada rolante. Ambos andavam muito devagar, como se não quisessem realmente ir.

— Tudo bem. No parque, de novo?

— Hnm... Não. A gente podia se encontrar naquela estação de metrô que tem perto dele. Sabe qual?

— A que tem aquela loja azul na frente?

— Essa mesmo.

— Tudo bem. Eu costumo parar lá. Mas por quê?

— Sabe a entrada? A de cima, que dá acesso ao subterrâneo?

— Sei.

— Já reparou na altura daquelas barras do corrimão? É um ótimo lugar para o parkour. Achei que a gente podia brincar lá.

Emily se lembrou, apreensiva, que no ponto mais alto, aquelas barras deviam ficar a três metros do chão, pelo menos.

— Ah. Legal! Vai ser... Divertido.

— Ouvi a voz do medo falando?

Ela se empertigou, empinando o nariz.

— Claro que não! Eu sou uma traceuse!

Ele riu.

— Assim é que se fala. Hey, seu taxi chegou!

Ela olhou, não conseguindo evitar que a decepção se espalhasse por seu rosto ao perceber que ele tinha razão. William não deixou de notar. Ele a abraçou.

— Obrigado pela companhia hoje.

— Não, obrigada a você pelo convite! Eu me diverti muito.

— Podemos repetir mais vezes. O que acha?

— Ótimo!

— Ótimo. — Ele confirmou com a cabeça, olhando intensamente nos olhos dela.

O taxi buzinou uma vez, mas ela não conseguia se libertar dos olhos dele. Por um momento, ele baixou os olhos para os lábios dela, e depois tornou a olhar em seus olhos. O motorista buzinou de novo, desta vez mais enfaticamente, e William desviou o olhar, soltando o ar com um som de impaciência.

— Boa noite, Em. Até amanhã! — Ele se aproximou e deu um beijo no rosto dela.

— Boa noite...! — Ela cumprimentou, meio desconcertada, e se apressou até o taxi.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

* Frase do Mestre Yoda, de Star Wars.

** Mais referências a Star Wars: “padawan” é um jedi iniciante. E a Força é... Bom, a Força. A energia que é sagrada para os jedi e lhes concede poder na hora de lutar e tudo o mais.

—----------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Bom, como extra deste capítulo, vou postar mais uma vez o link do vídeo dos saltos básicos do parkour. Eu sei que as minhas descrições não são muito boas (é difícil descrever esse negócio! x3x'), então talvez seja melhor vocês verem por si mesmos, hehe! Aqui vai: https://www.youtube.com/watch?v=-T4VZM2VyDg



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Le parkour: o percurso" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.